Search Results for: TUDO É UM

É tudo pra ontem

Talvez seja bom partir do finalAfinal, é um ano todo só de sexta-feira trezeCê também podia me ligar de vez em quandoEu ando igual lagarta, triste, sem poder sair Aqui o mantra que nos traz o centroEnquanto lavo um banheiro, uma louça, querendo lavar a almaNa calma da semente que germinaQue eu preciso olhar minhas …

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Tudo que vai

Hoje é o diaE eu quase posso tocar o silêncioA casa vaziaSó as coisas que você não quisMe fazem companhiaEu fico à vontade com a sua ausênciaEu já me acostumei a esquecer Tudo que vaiDeixa o gosto, deixa as fotosQuanto tempo fazDeixa os dedos, deixa a memóriaEu nem me lembro Salas e quartosSomem sem deixar …

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É tudo para ontem

Talvez seja bom partir do finalAfinal, é um ano todo só de sexta-feira trezeCê também podia me ligar de vez em quandoEu ando igual lagarta, triste, sem poder sair Aqui o mantra que nos traz o centroEnquanto lavo um banheiro, uma louça, querendo lavar a almaNa calma da semente que germinaQue eu preciso olhar minhas …

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Tudo se transformou

Vai, meu sambaTudo se transformouNem as cordas do meu pinhoPodem mais amenizar Há dor onde havia a luz do solUma nuvem se formouOnde havia uma alegria para mimOutra nuvem carregouA razão desta tristezaÉ saber que o nosso amor passou Violão, até um diaQuando houver mais alegriaEu procuro por vocêCansei de derramarInutilmente em tuas cordasAs desilusões …

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Tudo

Barco é pra quem podebarco é pra quem querpássaro que pousa onde vê Onde está entregatua vibraçãonum abraço, um beijoé teu coração Tá tudo o que importacoisa de irmãoque nunca terminaé só conhecer Raiva, me ajudaque a morte é solidão Conhecer, vibração, onde quertudo o que importaonde quer, vibraçãotudo o que importa Barco é só …

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Tudo passará

Eu te dei meu amorPor um diaE depois sem querer te perdiNão pensei que o amor existiaQue também choraria por ti Mas tudo passa, tudo passaráE nada fica, nada ficaráSó se encontra a felicidadeQuando se entrega o coração Voltarei a querer algum diaHoje eu sei que não vou mais chorarSe em mim já não há …

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Tudo outra vez

Há tempo, muito tempoQue eu estouLonge de casaE nessas ilhasCheias de distânciaO meu blusão de couroSe estragouOh! Oh! Oh! Ouvi dizer num papoDa rapaziadaQue aquele amigoQue embarcou comigoCheio de esperança e féJá se mandouOh! Oh! Oh! Sentado à beira do caminhoPra pedir caronaTenho faladoÀ mulher companheiraQuem sabe lá no trópicoA vida esteja a mil E …

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Tudo bem

Já não tenho dedos pra contarDe quantos barrancos despenqueiE quantas pedras me atiraramOu quantas atireiTanta farpa, tanta mentiraTanta falta do que dizerNem sempre é “so easy” se viver Hoje eu não consigo mais me lembrarDe quantas janelas me atireiE quanto rastro de incompreensãoEu já deixeiTantos bons quanto maus motivosTantas vezes desilusãoQuase nunca a vida é …

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Tudo diferente

Todos caminhos trilham pra a gente se verTodas as trilhas caminham pra gente se achar, viuEu ligo no sentido de meia verdadeMetade inteira chora de felicidade A qualquer distância o outro te alcançaErudito som de batidãoDia e noite céu de pé no chãoO detalhe que o coração atenta Todos caminhos trilham pra a gente se …

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Tudo o que é meu

Só há razão para chorar Quando não se tem um grande amor E não se pode chorar de amor Como hoje choro eu Só há razão de sofrer Prá quem a vida esqueceu Quero ser tua até morrer Toma, amor, tudo o que é meu

Tudo se perdeu

Era somente transar no celular Era só a gente adorar se isolar Era não ter medo de se machucar Meu Deus, olha o que me aconteceu Tudo se perdeu Tudo desandou Agora não vai mais emendar O que se quebrou Caio com Mayza na fossa em francês Ninguém mais aguenta drum´n bossa em inglês Vê …

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Tudo com voce

Quero te conquistar Um pouco mais e mais A cada dia Satisfazer tua vontade Também me sacia Vem me hipnotizar No alto andar, luar Me acaricia Posso morrer de amor Que ninguém desconfia Eu quero tudo com você Que só sabe viver Sabe cantar Não vá pra Nova York Amor, não vá Eu quero tudo …

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Nada/Tudo

Eu cansei de imaginar, se for pra ser, será Não tem como prever, e idealizar Serviu pra eu me prender, e me paralisar De frente com a verdade E crescendo do vazio, se o vazio for crescendo Aceitar o desafio, desafio o próprio tempo Nesses tempos de chegada, nesses tempos de partida Aceitar a caminhada, …

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Tudo por Acaso

Eu sei! Tudo por acaso Tudo por atraso Mera distração… Eu sei! Por impaciência Por obediência Pura intuição… Qualquer dia Qualquer hora Tempo e dimensão O futuro foi agora Tudo é invenção… Ninguém vai Saber de nada E eu sei Pelo sentimento Pelo envolvimento Pelo coração… Eu sei! Pela madrugada Pela emboscada Pela contramão… Qualquer …

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É Tudo Nosso

Fim de semana chegou,tô afim de curtir Acho que vou sair pra dançar, Rever amigos que a tempos não vejo,vou me arrumar Já me contaram que tem um rolê diferente, E acho que é pra lá que eu vou, Eu tô na pista e com disposição, Pode ser que na noite eu encontre um amor! …

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Tudo

Tudo em você é bom demais Tudo o que eu gosto você tem Tudo o que eu quero você faz Minha vida, minha paz É você e mais ninguém Você é o amor da minha vida Com carinho mostra o que não diz Faz a nossa história tão bonita No amor a gente acredita E …

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Tudo Pro Alto

Jogar tudo pro alto me convém Estar acima da razão Só porque somos jovens, só porque somos jovens Desesperado com o mundo eu estou também Escondem tudo com sorriso na TV e não contam a ninguém E não contam a ninguém Estou confuso e joguei tudo pra trás Mas no fundo eu sei que eu …

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Tudo Bem

Tudo bem… A gente pode sentar pra conversar Ai nem sei, mas essas coisas acontecem nesse tipo de lugar Fracassos tão pequenos de nós dois São coisas muito boas pra esquecer Não sei o que eu vou dizer depois Talvez eu nunca venha te dizer Agora eu sei que eu tava errado Fazendo conta de …

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Tudo Certo

Posso? (Pode, tá bom) Demorou Ah Quero que a sorte me ajude Nas batalhas que eu travo Mas do berço ao ataúde Vou manter minha atitude Não importa a latitude ou longitude Povo que não tem virtude Acaba por ser escravo Nem centavo, nem milhão Nem o dobro, nem metade Nem a prata, nem o …

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Tudo Errado

Nao gosto de sair Nao consigo de dançar Eu gosto é de ficar parado Nao sei o que pensar Nao tenho o que falar É bem melhor ficar calado Se tudo esta errado a culpa nao é minha nunca quis atrapalha ninguem Tambem nao vou perder meu tempo tentando mudar a imagem erradaque as pessoas …

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Oi! Tudo Bem?

– Oi, tudo bem? – Tudo Bem… …Fora o tédio que me consome, todas as 24 horas do dia, fora a decepção de ontem a decepção de hoje, e a desesperança crônica no amanhã, tenho vontade de chorar, raiva de não poder, quero gritar até ficar rouco, quero gritar até ficar louco, isso sem contar …

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Fome de Tudo

Sem fastio Com fome de tudo Passando por cima de tudo e de todos A fome universal sempre querendo tudo E com o tempo inteiro a seu favor Um pulo nessa imensidão de famintos Sem leite nem pra pingar no expresso do dia Não vejo a hora de comer já salivando O estômago fazendo a …

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Queimando Tudo

Eu canto assim porque eu fumo maconha Adivinha quem tá de volta explorando a sua vergonha Eu sou melhor do microfone, não dou mole pra ninguém Porque o Planet Hemp ainda gosta da MaryJane Então por favor, não me trate como um marginal Se o papo for por aí, já começamos mal Quer me prender …

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Por Tudo Que For

E depois, A luz se apagou E eu não consigo mais ficar sozinho aqui Sem você é tão ruim, não tem sentido, prazer Não há nada Por favor, Não me interpreta mal Eu não queria nem devia te magoar O vento vem, o tempo vai Passa por mim meio assim, meio assim devagar Vou dormir …

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Estudo Errado

Eu tô aqui Pra quê?Será que é pra aprender?Ou será que é pra sentar, me acomodar e obedecer?Tô tentando passar de ano pro meu pai não me baterSem recreio de saco cheio porque eu não fiz o deverA professora já tá de marcação porque sempre me pegaDisfarçando, espiando, colando toda prova dos colegasE ela esfrega …

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Serra do Luar

Amor, vim te buscarEm pensamentoCheguei agora no ventoAmor, não chora de sofrimentoCheguei agora no ventoEu só voltei prá te contarViajei…Fui prá Serra do LuarEu mergulhei…Ah!!!Eu quis voarAgora vem, vem prá terra descansar Viver é afinar o instrumentoDe dentro prá foraDe fora prá dentroA toda hora, todo momentoDe dentro prá foraDe fora prá dentroA toda hora, …

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Eu e Ela

Um grande amor começa agora Tudo é um sonho lindo para mim Você entrou na minha estória O amor não escolhe a hora Pega a gente e deixa assim As emoções estão nessa estrada Pra se viver a todo momento E quando vem a madrugada Coisas lindas são faladas Nosso amor é mesmo assim Eu …

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Cadê você

O tempo vaiO tempo vemA vida passaE eu sem ninguém Cadê você?Que nunca mais apareceu aquiQue não voltou pra me fazer sorrirQue nem ligou Cadê você?Que nunca mais apareceu aquiQue não voltou pra me fazer sorrirEntão, cadê você? Mas não faz malPois eu me caloTá tudo bemEu sempre falo Cadê você?Que nunca mais apareceu aquiQue …

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História de Chico Buarque

Popularmente conhecido simplesmente como Chico Buarque, Francisco Buarque de Hollanda é um cantor e compositor brasileiro, dramaturgo, escritor e poeta. Chico é mais conhecido por suas músicas, que frequentemente incluíam comentários sociais, econômicos e culturais sobre o país. Buarque, Filho primogênito de Sérgio Buarque de Hollanda, viveu em diversos locais quando criança. Principalmente no Rio …

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Mulher de gado

Eu vou contar a minha históriaHintória de um grande amorSou vaqueiro, sou forte, cabra que tem valorEu vivo de vaquejada, de botar gado no chãoMas vou falar de uma novilhaQue pegou meu coração Ô, ô, ô mulher de gadoÔ, ô, ô mulher de gadoDeixa qualquer vaqueiro apaixonado Quando ela passa sorrindo, começo logo a tremermeu …

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Barreiras

Nosso amor foi marcado por barreirasEnfrentamos mil fronteirasEm nome desse amorLutamos juntos, um pelo outroEu de um lado, você do outro Ah! Quase que te perdiQuase que enlouqueciPor causa desse amorAh! Tempestades de mentirasQueriam ver as nossas brigasMas nada adiantou À noite eu te olho ao meu ladoQuando lembro do passadoDe tudo que a gente …

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Anjo de guarda

Quando estiver só pode chamar que eu vouAh! Com você eu vouPor qualquer estradaNada de chorar eu choro por vocêPra ficar com você topo qualquer parada Sou poeira que o vento não levouSou caminho que só o amor pisouEstou nesta caminhadaSou alguém que você olha e não vêMas eu sigo você como anjo de guarda …

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Madri

Que saudade, amorEstou sabendo que aí na Espanha tudo é lindoVocê me deixouE aqui dentro o meu coração ficou partidoNessa cidade, não vou mais sorrirQue bom seriaSe São Paulo fosse do lado de Madri No puedo más mi corazónTá doendo aqui na solidãoNo puedo más vivir sin tiVolta logo pra São PauloOu eu vou pra …

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Principia

[Pastoras do Rosário]Lá-ia, lá-ia, lá-iaLá-ia, lá-ia, lá-iaLá-ia, lá-ia, lá-iaLá-ia, lá-ia, lá-ia [Emicida]Com o cheiro doce da arrudaPenso em buda, calmoTenso, busco uma ajudaÀs vezes me vem um salmoTira a visão que iluda, é tipo um oftalmoE eu, que vejo além de um palmoPor mim, tu, Ubuntu, algo almoSe for pra crer no terrenoSó no que …

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Realce

Não se incomode, o que a gente pode, podeO que a gente não pode, explodiráA força é bruta e a fonte da força é neutraE de repente a gente poderá Realce, realceQuanto mais purpurina, melhorRealce, realceCom a cor do veludoCom amor, com tudo de real teorDe beleza Realce (realce)Realce (realce)Realce (realce)Realce (realce) Não se impaciente, …

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Viagem passageira

O sonho é ter tudo resolvidoCom o passar do tempo pela vidaA casca da ferida se formandoA cicatriz na pele do futuroA pele do futuro finalmenteImune ao corte, à lâmina do tempoO tempo finalmente estilhaçadoE a poeira sumindo no horizonte O sonho é ter tudo dissolvidoO corpo, a mente, a fonte da lembrançaEnfim, ponto final …

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Segunda

Segunda é dia de brancoVou arrastar meu tamancoQuem não tem dinheiro em bancoMadruga e Deus não ajuda Sexta-feira eu dou o arrancoNo sábado aguento o trancoChega no domingo estancoNa segunda tudo muda Digo isso com alegriaNão vejo o nascer do diaMas pela Virgem MariaTenho dinheiro e patrão Eu mesmo sou mei galegoO meu chefe no …

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Neguinho

Neguinho não lê, neguinho não vê, não crê, pra quê?Neguinho nem quer saberO que afinal define a vida de neguinho Neguinho compra o jornal, neguinho fura o sinalNem bem nem mal, prazerVotou, chorou, gozou: o que importa, neguinho? Rei, rei, neguinho reiSim, sei, neguinhoRei, rei, neguinho é reiSei não, neguinho Se nego pensa que é …

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Cicatrizes

Deus conhece a minha históriaSabe tudo que eu passeiSabe a marca que ficou em mimDor que não passavaAchei que nunca ia esquecerAquela marca que ficou em mim A fé diminuía, a dor só aumentavaEu não falava, mas minh’alma só gritavaE não havia nada que me desse paz Foi quando meu Jesus tocou em minha vidaE …

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Nossos momentos

Momentos são iguais àquelesEm que eu te amei,Palavras são iguais àquelasQue eu te dediquei. Eu escrevi na fria areiaUm nome para amar,O mar chegou, tudo apagou,Palavras leva o mar. Teu coração, praia distanteEm meu perdido olhar,Teu coração, mais inconstanteQue a incerteza do mar. Teu castelo de carinhosEu nem pude terminar,Momentos meus, que foram teusAgora é …

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Nuvem negra

Não adiantaMe ver sorrirEspelho meuMeu riso é seuEu estou ilhadaHoje não ligo a TVNem mesmo pra ver o JôNão vou sairSe ligarem não estouÀ manhã que vemNem bom-dia eu vou darSe chegar alguémA me pedir um favorEu não seiTá difícil ser euSem reclamar de tudoPassa a nuvem negraLarga o diaE vê se leva o malQue …

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Lua de mel

Lua-de-melMamam mamãeEu tô em lua-de-melEu tô morandoNum pedaço do céuComo o diabo gosta…(2x) Todo delitoDoce deleiteTodo desfruteTem permissãoTudo que dá prazerTentação!… O dia inteiroNadar no marBanco de areiaImensidão!Tardes desmaiosNossa cançãoDiiiizzz!…. Lua-de-melMamam mamãeEu tô em lua-de-melEu tô morandoNum pedaço do céuComo o diabo gosta…(2x) Todo delitoDoce deleiteTodo desfruteTem permissãoTudo que dá prazerTentação!… O dia inteiroNadar no …

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Eternamente

Só mesmo o tempoPode revelar o lado oculto das paixõesO que se foiE o que não passaráInesquecíveis sensaçõesQue sempre vão ficarPra nos fazer lembrarDos sonhos, beijosTantos momentos bons Só mesmo o tempoVai poder provarA eternidade das cançõesA nossa música está no arEmocionando os coraçõesPois tudo que é amorParece com vocêPense, lembreNunca vou te esquecer Vou …

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Dom de iludir

Não me venha falar na malíciaDe toda mulherCada um sabe a dor e a delíciaDe ser o que éNão me olhe como se a políciaAndasse atrás de mimCale a bocaE não cale na bocaNotícia ruim Você sabe explicarVocê sabe entenderTudo bemVocê está, você é ,Você faz, você quer,Você temVocê diz a verdadeE a verdade, o …

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O amor

TalvezQuem sabeUm diaPor uma alamedaDo zoológicoEla também chegaráEla que tambémAmava os animaisEntrará sorridenteAssim como estáNa foto sobre a mesa Ela é tão bonitaEla é tão bonitaQue na certaEles a ressuscitarãoO século trinta venceráO coração destroçado jáPelas mesquinharias Agora vamos alcançarTudo o que nãoPodemos amar na vidaCom o estrelarDas noites inumeráveis Ressuscita-meAindaQue mais não sejaPorque sou …

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Vozes-mulheres – Conceição Evaristo

A voz de minha bisavóecoou criançanos porões do navio.ecoou lamentosde uma infância perdida. A voz de minha avóecoou obediênciaaos brancos-donos de tudo. A voz de minha mãeecoou baixinho revoltano fundo das cozinhas alheiasdebaixo das trouxasroupagens sujas dos brancospelo caminho empoeiradorumo à favela. A minha voz aindaecoa versos perplexoscom rimas de sangueefome. A voz de minha …

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Questões III – Alice Ruiz

Se a preguiça é pecado,o que Deus estará fazendo agora?Em que se ocupa aquele que tudo pode?Terá restado algo por fazerdepois que o mundo foi criado? Se o desejo é fraqueza,Deus nunca deseja?Mas se é verdade que nos criou,algo nele desejou. Se a vaidade é um erro,por que nos fezÀ sua imagem e semelhança?Ou terá …

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Drumundana – Alice Ruiz

e agora maria? o amor acaboua filha casouo filho mudouteu homem foi pra vidaque tudo criaa fantasiaque você sonhouapagouà luz do dia e agora maria?vai com as outrasvai vivercom a hipocondria Publicado no livro Navalhanaliga (1980). In: RUIZ, Alice. Pelos pelos. São Paulo: Brasiliense, 1984. (Cantadas literárias, 24) NOTA: Paródia do poema “José”, do livro …

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Noite e dia – Alice Ruiz

Não me agradamessas coisas que despertambarulho, susto, água friatudo na minha caramais nenhum sonho por perto. Não me agradamessas coisas que adormecemvazio, escuro, calmariatudo que lembra mortequando nada mais dá certo. Não me agradamessas coisas sem poesiauma noite só noiteum dia só dia. Alice Ruiz Autor: Alice Ruiz

Jogada pelo mundo

A felicidade não manda avisarQuando vai chegar a ninguém, a ninguémPode vir de noite ou de diaÉ sempre um motivo de alegria Eu tenho sol, a flor e o marTenho o luar e o arrebolTenho as mais lindas alvoradasTenho montanhas azuladasTenho a canção dos pescadoresTenho essa vida de mil amoresMolho os meus pésNas águas limpas …

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A IMPLOSÃO DA MENTIRA OU O EPISÓDIO DO RIOCENTRO – Affonso Romano de Sant`Anna

1 Mentiram-me. Mentiram-me onteme hoje mentem novamente. Mentemde corpo e alma, completamente.E mentem de maneira tão pungenteque acho que mentem sinceramente. Mentem, sobretudo, impune/mente.Não mentem tristes. Alegrementementem. Mentem tão nacional/menteque acham que mentindo história aforavão enganar a morte eterna/mente. Mentem. Mentem e calam. Mas suas frasesfalam. E desfilam de tal modo nuasque mesmo um cego …

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Terceiro canto – Alberto de Oliveira

I Embala-me, balanço da mangueira,Embala-me, que enquanto vou contigo,Contigo venho, o meu pesar esqueço.Rompe a luz da manhã rosada e linda,Tudo desperta. E essa por quem padeço,Lânguida e preguiçosa,Entre brancos lençóis repousa ainda.Embala-me, pendente da mangueira,Na tensa corda, meu balanço amigo!Em claro a noite inteiraPassei, pensando nela. Ah! que formosaEstava ontem à tarde no mirante,Um …

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Fantástica – Alberto de Oliveira

Erguido em negro mármor luzidio,Portas fechadas, num mistério enorme,Numa terra de reis, mudo e sombrio,Sono de lendas um palácio dorme. Torvo, imoto em seu leito, um rio o cinge,E, à luz dos plenilúnios argentados,Vê-se em bronze uma antiga e bronca esfinge,E lamentam-se arbustos encantados. Dentro, assombro e mudez! quedas figurasDe reis e de rainhas; penduradasPelo …

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Aspiração – Alberto de Oliveira

Ser palmeira! existir num píncaro azulado,Vendo as nuvens mais perto e as estrelas em bando;Dar ao sopro do mar o seio perfumado,Ora os leques abrindo, ora os leques fechando; Só de meu cimo, só de meu trono, os rumoresDo dia ouvir, nascendo o primeiro arrebol,E no azul dialogar com o espírito das flores,Que invisível ascende …

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Identidade – Jenyffer Nascimento

Cansei de ser uma foto 3×4Acompanhada por uma sequência de dígitos. Cansei de ser númeroNo RG, CPF, Título de EleitorPassaporte, Carteira de Trabalho.A burocracia nunca me enxerga como gente.  Eles não sabem da cor azulQue fui a Bahia e vi Dona Canô na festa de ReisQue choro quando leio a Cor PúrpuraNem que passo as tardes …

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EPITÁFIO PARA O SÉC XX – Affonso Romano de Sant`Anna

1. Aqui jaz um séculoonde houve duas ou três guerrasmundiais e milharesde outras pequenase igualmente bestiais. 2. Aqui jaz um séculoonde se acreditouque estar à esquerdaou à direitaeram questões centrais. 3. Aqui jaz um séculoque quase se esvaiuna nuvem atômica.Salvaram-no o acasoe os pacifistascom sua homeopáticaatitude— nux-vômica. 4. Aqui jaz o séculoque um muro dividiu.Um …

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Os desaparecidos – Affonso Romano de Sant`Anna

De repente, naqueles dias, começarama desaparecer pessoas, estranhamente.Desaparecia-se. Desaparecia-se muitonaqueles dias. Ia-se colher a flor ofertae se esvanecia.Eclipsava-se entre um endereço e outroou no táxi que se ia.Culpado ou não, sumia-seao regressar do escritório ou da orgia.Entre um trago de conhaquee um aceno de mão, o bebedor sumia.Evaporava o paiao encontro da filha que não …

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Humanidade – Carolina Maria de Jesus

Depôis de conhecer a humanidadesuas perversidadessuas ambiçõesEu fui envelhecendoE perdendoas ilusõeso que predomina é amaldadeporque a bondade:Ninguem praticaHumanidade ambiciosaE gananciosaQue quer ficar rica!Quando eu morrer…Não quero renasceré horrivel, suportar a humanidadeQue tem aparência nobreQue encobreAs pesimas qualidades Notei que o ente humanoÉ perverso, é tiranoEgoista interesseirosMas trata com cortêziaMas tudo é ipocresiaSão rudes, e trapaçêiros– …

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Redemoinhos – Elizandra Souza

Quem pode prender essa ventania que mora em mim? Essa fertilidade de espalhar boas sementes De unir elementos contraditórios dentro de si Tempo que se fecha sem chover, poeira do meu indizível. Fogo que alastra indomável pelo caminho Águas que recuam e voltam com intensidade Nesta instabilidade de nascer tempestade e dissipar-se fogo Fecha meu …

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Quilombo – Adão Ventura

mundo onde me fechoeu-zumbicaçador de capitão do mato,traço tudo no tiro e asso em coivaras– Adão Ventura, em “Texturaafro”. Belo Horizonte: Editora Lê, 1992. Adão Ventura Autor: Adão Ventura

Poema essencialista – Adalgisa Nery

Sinto o conteúdo da existência. Procuro ultrapassá-lo com enorme exaltação poética, Rompo as grades do mundo com o espetáculo das formas, Dos sons e das cores. Tudo me afoga em nostalgia de outras eras, De outras vidas que cristalizaram As tendências da minha infância. A utilização das coisas plásticas Altera o equilíbrio da visão. Distribuo …

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Poema simples – Adalgisa Nery

Deixa-me recolher as rosas que estão morrendo nos jardins da noite, Deixa-me recolher o fruto antes que este volva as raízes da terra, Deixa-me recolher a estrela úmida Antes que sua luz desapareça na madrugada, Deixa-me recolher a tristeza da alma Antes que a lágrima banhe a pálpebra Do órfão abandonado e faminto, Deixa-me recolher a ternura …

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A poesia se esfrega nos seres e nas cousas – Adalgisa Nery

Nunca sentiste uma força melodiosaCercando tudo o que teus olhos vêem,um misto de tristeza numa paisagem grandiosaOu um grito de alegria na morte de um ser que queres bem?Nunca sentiste nostalgia na essência das cousas perdidasDeparando com um campo devolutoSemelhante a uma viagem esquecida?Num circo,nunca se apoderou de ti um amargor sutilVendo animais amestrados E logo …

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Fala – Orides Fontela

Tudoserá difícil de dizer:a palavra realnunca é suave. Tudo será duro:luz impiedosaexcessiva vivênciaconsciência demais do ser Tudo seráCapaz de ferir. SeráAgressivamente real.Tão real que nos despedaça.Não há piedade nos signosE nem no amor: o serÉ excessivamente lúcidoE a palavra é densa e nos fere(toda a palavra é crueldade)– Orides Fontela, do livro “Transposição”, em “Poesia …

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Entre abismos – Júlia Cortines

Mistérios só, de um lado, e sombras…Em seguida,A estrada tortuosa e aspérrima da vida,Onde impreca a Revolta, onde brada o Terror,Onde geme a Saudade e se lastima a Dor,E, co’o gesto convulso e os traços descompostos,Batidos pelo vento, à tempestade expostos,Atropelam-se, em doida e febril confusão,O Desespero, a Raiva, a Cólera, a Paixão,Cujo concerto de …

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Finis – Júlia Cortines

Ouço um surdo, abafado e discorde ruído, Logo após um fragor que pelos ares trona. Qual se dum terremoto o solo sacudido Fosse, em torno de mim tudo se desmorona. O que é feito de vós, altivos monumentos, Que afrontáveis do tempo os inúteis furores, Mergulhando no azul dos largos firmamentos, Mergulhando dos céus nos …

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Por toda parte – Júlia Cortines

Interrogaste a vida: interrogaste o arcano, Misterioso sentir do coração humano; A mesta palidez serena do luar; O murmúrio plangente e soturno do mar; O réptil, que rasteja; o pássaro, que voa; A fera, cujo berro as solidões atroa; A desenfreada fúria insana do tufão; A planta a se estorcer numa atroz convulsão. Interrogaste, enfim, …

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Cantigas das mães – Jacinta Passos

(para minha mãe)Fruto quando amadurececai das árvores no chão,e filho depois que crescenão é mais da gente, não.Eu tive cinco filhinhose hoje sozinha estou.Não foi a morte, não foi,oi!foi a vida que roubou.Tão lindos, tão pequeninos,como cresceram depressa,antes ficassem meninosos filhos do sangue meu,que meu ventre concebeu,que meu leite alimentou.Não foi a morte, não foi,oi!foi …

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Cântico de exílio – Jacinta Passos

Estou cansada, Senhor.Minha alma insaciável,a minha alma faminta de beleza,ávida de perfeição,é perseguida pelo teu amor.Puseste dentro dela esta ânsia infinitacujo ardor queima,como a sede que em pleno deserto escaldantepersegue o viajor.Esta angústia, que cresce e que vibra e palpita,nasceu dentro em mimno mesmo divino instanteem que, morrendo a última ilusão,só me restava afinaluma fria …

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Crepúsculo – Jacinta Passos

Vai lentamente agonizando o dia…O poente onde, há pouco, o sol ardia,se tingiu de cor de ouro, luminosa.Tons desmaiados de lilás e rosalistram o puro azul do firmamento– um poema de luz, neste momento.A sombra de mansinho vem caindoe o contorno das coisas, diluindo.Pesa um grande silêncio, enorme e mudo.Desce suavemente sobre tudo,uma bênção dulcíssima …

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Incerteza – Jacinta Passos

Em meu olhar se espelhaa sombra interior de incerteza angustiante.E em minha alma floresce, como rosa vermelhadum vermelho gritante,como o clangor clarim,esta angústia que vive a vibrar dentro em mim.É a minha vida um longo e ansioso esperar,num amor que há de vir.Amor – prazer que é dor e sofrer que é gozar –Amor que …

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Navio de imigrantes – Jacinta Passos

a Lasar Segall Gestos paradosno limiardo céu e mar.Corpos largadosdesamparados,límpido tempode primaveramora no fundode vossa espera.Navio sombrio, que levas no bojo?– descobre o teu véu:navegas em busca da terra ou do céu?Corpos humanossuportam corpos,seus desenganos.Corpo, cansaço,longa viagem,busca um regaço,terra ou miragemArca ou navio,nau ou galera,vens doutra era,séculos a fio. Qual o teu rumo?Levas o sumoda dor …

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O mar – Jacinta Passos

Múrmuro e lento,o mar ao longe se espraia.Geme e brame, ruge e clamao seu tormento,e, soluçando, vem morrer na praia.O mar imenso…Quando eu escuto o seu rumor soturno,fico a cismar.Pensono destino do mar– ser eterno cantor –cantar a sua dor de eterno insatisfeito,cantar o seu sonho infinito desfeito,cantar o mesmo canto que embaloua infância do …

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Hoje – Ivan Junqueira

A sensação oca de que tudo acabouo pânico impresso na face dos nervoso solitário inverno da carnea lágrima, a doce lágrima impossível…e a chuva soluçando devagarsobre o esqueleto tortuoso das árvores– Ivan Junqueira, em Os mortos”. Rio de Janeiro: Atelier de Arte, 1964. Ivan Junqueira Autor: Ivan Junqueira

Morrer – Ivan Junqueira

Pois morrer é apenas isto:cerrar os olhos vaziose esquecer o que foi visto; é não supor-se infinito,mas antes fáustico e ambíguo,jogral entre a história e o mito; é despedir-se em surdina, sem epitáfio melífluo ou testamento sovina; é talvez como despir o que em vida não vestia e agora é inútil vestir; é nada deixar aqui: memória, pecúlio, estirpe, sequer um traço de si; é findar-se …

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O poema – Ivan Junqueira

Não sou eu que escrevo o meu poema:ele é que se escreve e que se pensa,como um polvo a distender-se, lento,no fundo das águas, entre anêmonasque nos abismos do mar despencam.Ele é que se escreve com a penada memória, do amor, do tormento,de tudo o que aos poucos se relembra:um rosto, uma paisagem, a intensapulsação …

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Quase uma sonata – Ivan Junqueira

É música o rigor com que te movesà fluida superfície do mistério,os pés quase suspensos, a aéreapartitura do corpo, seus acordes. Espaço e tempo são teu solo. E colhem,não tanto a luz que entornas, mas o pólencom que ela cinge e arroja as coisas mortasalém da espessa morte que as enrola.E música o silêncio que te …

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Ritual – Ivan Junqueira

Fecho as janelas desta casa(seus corredores, seus fantasmassua aérea arquitetura de pássaro)fecho a insônia que inundavameu quarto debruçado sobre o nadafecho as cortinas onde a larvado tempo tece agora sua pragafecho a clara algazarra plácidadas vozes sangüíneas da alvoradafecho o trecho taciturno da tocataa chuva percutindo as teclas do telhadoas sombras navegando pelo pátio    …

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Testamento – Ivan Junqueira

Sem trilhas no labirinto,solitário, a passo lento,leio o infausto testamentode um infante agora extinto. O que ensina esse lamentoa quem o escuta e, faminto,só o aprende à luz do instinto,e nunca à do entendimento? Não será acaso o ventoo que nas vértebras sinto?Ou será que apenas minto,e mente-me o pensamento? Não há dor nem sofrimentono …

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Já disse – Paulo Leminski

Já disse de nós.Já disse de mim.Já disse do mundo.Já disse agora,eu que já disse nunca. Todo mundo sabe,eu já disse muito. Tenho a impressãoque já disse tudo.E tudo foi tão de repente… Paulo Leminski Autor: Paulo Leminski

Suprassumo da quintessência – Paulo Leminski

O papel é curto. Viver é comprido. Oculto ou ambíguo, tudo o que eu digo tem ultrassentido. Se rio de mim, me levem a sério. Ironia estéril? Vai nesse ínterim, meu inframistério. Paulo Leminski Autor: Paulo Leminski

XXVII – Jorge de Lima

Há uns eclipses, há; e há outros casos: de sementes de coisas serem outras, rochedos esvoaçados por acasos e acasos serem tudo, coisas todas. Lãs de faces, madeiras invisíveis, visão de coitos entre os impossíveis, folhas brotando de âmagos de bronze, demônios tristes choros nas bifrontes. Tudo é veleiro sobre as ondas íris, condores podem …

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Morte e Vida Severina (trecho) – João Cabral de Melo Neto

— O meu nome é Severino,como não tenho outro de pia.Como há muitos Severinos,que é santo de romaria,deram então de me chamarSeverino de Maria;como há muitos Severinoscom mães chamadas Maria,fiquei sendo o da Mariado finado Zacarias.Mais isso ainda diz pouco:há muitos na freguesia,por causa de um coronelque se chamou Zacariase que foi o mais antigosenhor …

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Fábula de um arquiteto – João Cabral de Melo Neto

A arquitetura como construir portas,de abrir; ou como construir o aberto;construir, não como ilhar e prender,nem construir como fechar secretos;construir portas abertas, em portas;casas exclusivamente portas e tecto.O arquiteto: o que abre para o homem(tudo se sanearia desde casas abertas)portas por-onde, jamais portas-contra;por onde, livres: ar luz razão certa. Até que, tantos livres o amedrontando,renegou …

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Dor elegante – Paulo Leminski

Um homem com uma dorÉ muito mais eleganteCaminha assim de ladoCom se chegando atrasadoChegasse mais adiante Carrega o peso da dorComo se portasse medalhasUma coroa, um milhão de dólaresOu coisa que os valha Ópios, édens, analgésicosNão me toquem nesse dorEla é tudo o que me sobraSofrer vai ser a minha última obra Paulo Leminski Autor: …

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M. de memória – Paulo Leminski

Os livros sabem de cormilhares de poemas.Que memória!Lembrar, assim, vale a pena.Vale a pena o desperdício,Ulisses voltou de Tróia,assim como Dante disse,o céu não vale uma história.um dia, o diabo veioseduzir um doutor Fausto.Byron era verdadeiro.Fernando, pessoa, era falso.Mallarmé era tão pálido,mais parecia uma página.Rimbaud se mandou pra África,Hemingway de miragens.Os livros sabem de tudo.Já …

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A infância – Ariano Suassuna

Sem lei nem Rei, me vi arremessadobem menino a um Planalto pedregoso.Cambaleando, cego, ao Sol do Acaso,vi o mundo rugir. Tigre maldoso. O cantar do Sertão, Rifle apontado,vinha malhar seu Corpo furioso.Era o Canto demente, sufocado,rugido nos Caminhos sem repouso. E veio o Sonho: e foi despedaçado!E veio o Sangue: o marco iluminado,a luta extraviada …

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A valsa – Casimiro de Abreu

Tu, ontem,Na dançaQue cansa,VoavasCo’as facesEm rosasFormosasDe vivo,LascivoCarmim;Na valsaTão falsa,Corrias,Fugias,Ardente,Contente,Tranqüila,Serena,Sem penaDe mim! Quem deraQue sintasAs doresDe amoresQue loucoSenti!Quem deraQue sintas!…— Não negues,Não mintas…— Eu vi!… Valsavas:— Teus belosCabelos,Já soltos,Revoltos, Saltavam,Voavam,BrincavamNo coloQue é meu;E os olhosEscurosTão puros,Os olhosPerjurosVolvias,Tremias,Sorrias,P’ra outroNão eu! Quem deraQue sintasAs doresDe amoresQue loucoSenti!Quem deraQue sintas!…— Não negues,Não mintas…— Eu vi!… Meu Deus!Eras belaDonzela,Valsando,Sorrindo,Fugindo,Qual silfoRisonhoQue em …

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O gato – Vinícius de Moraes

Com um lindo saltoLesto e seguroO gato passaDo chão ao muroLogo mudandoDe opiniãoPassa de novoDo muro ao chãoE pega correBem de mansinhoAtrás de um pobreDe um passarinhoSúbito, paraComo assombradoDepois disparaPula de ladoE quando tudoSe lhe fatigaToma o seu banhoPassando a línguaPela barriga. Vinícius de Moraes Autor: Vinícius de Moraes

Matinal – Mário Quintana

O tigre da manhã espreita pelas venezianas.O Vento fareja tudo.Nos cais, os guindastes domesticados dinossauros – erguem a carga do dia. Mário Quintana Autor: Mário Quintana

Fumaça – Miriam Alves

Estou a toque de máquina corro, louca, voo, suo a fumaça sou eu Estou a toque de nada vivo, ando como a comida envenenada e o comido sou eu estou a toque de selva os ferros torcidos, sacudidos dentro de uma marmita e a marmita sou eu Nego, mas vivo dizendo Sim a tudo que …

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Stella – Machado de Assis

Já raro e mais escassoA noite arrasta o manto,E verte o último prantoPor todo o vasto espaço. Tíbio clarão já coraA tela do horizonte,E já de sobre o monteVem debruçar-se a aurora À muda e torva irmã,Dormida de cansaço,Lá vem tomar o espaçoA virgem da manhã. Uma por uma, vãoAs pálidas estrelas,E vão, e vão …

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Visio – Machado de Assis

Eras pálida. E os cabelos,Aéreos, soltos novelos,Sobre as espáduas caíamOs olhos meio-cerradosDe volúpia e de ternuraEntre lágrimas luziamE os braços entrelaçados,Como cingindo a ventura,Ao teu seio me cingiram Depois, naquele delírio,Suave, doce martírioDe pouquíssimos instantesOs teus lábios sequiosos,Frios trêmulos, trocavamOs beijos mais delirantes,E no supremo dos gozosAnte os anjos se casavamNossas almas palpitantesDepois a verdade,A …

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Esperança – Mário Quintana

Lá bem no alto do décimo segundo andar do AnoVive uma louca chamada EsperançaE ela pensa que quando todas as sirenasTodas as buzinasTodos os reco-recos tocaremAtira-seE — ó delicioso voo!Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,Outra vez criança…E em torno dela indagará o povo:— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?E ela lhes dirá(É …

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Desejo – Hilda Hilst

Quem és? Perguntei ao desejo. Respondeu: lava. Depois pó. Depois nada. IPorque há desejo em mim, é tudo cintilância.Antes, o cotidiano era um pensar alturasBuscando Aquele Outro decantadoSurdo à minha humana ladradura.Visgo e suor, pois nunca se faziam.Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivoTomas-me o corpo. E que descanso me dásDepois das lidas. Sonhei penhascosQuando …

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Porque há desejo em mim – Hilda Hilst

Porque há desejo em mim, é tudo cintilância.Antes, o cotidiano era um pensar alturasBuscando Aquele Outro decantadoSurdo à minha humana ladradura.Visgo e suor, pois nunca se faziam.Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivoTomas-me o corpo. E que descanso me dásDepois das lidas. Sonhei penhascosQuando havia o jardim aqui ao lado.Pensei subidas onde não havia rastros.Extasiada, …

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XXXII – Hilda Hilst

Por que me fiz poeta?Porque tu, morte, minha irmã,No instante, no centroDe tudo o que vejo. No mais que perfeitoNo veio, no gozoColada entre eu e o outro.No fossoNo nó de um íntimo laçoNo haustoNo fogo, na minha hora fria. Me fiz poetaPorque à minha voltaNa humana ideia de um deus que não conheçoA ti, …

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I-Juca-Pirama – Gonçalves Dias

                      I No meio das tabas de amenos verdores, Cercadas de troncos – cobertos de flores, Alteiam-se os tetos d’altiva nação; São muitos seus filhos, nos ânimos fortes, Temíveis na guerra, que em densas coortes Assombram das matas a imensa extensão. São rudos, severos, sedentos de glória, Já prélios incitam, já …

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Ama-me – Hilda Hilst

Aos amantes é lícito a voz desvanecida.Quando acordares, um só murmúrio sobre o teu ouvido:Ama-me. Alguém dentro de mim dirá: não é tempo, senhora,Recolhe tuas papoulas, teus narcisos. Não vêsQue sobre o muro dos mortos a garganta do mundoRonda escurecida? Não é tempo, senhora. Ave, moinho e ventoNum vórtice de sombra. Podes cantar de amorQuando …

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Amavisse – Hilda Hilst

Como se te perdesse, assim te quero.Como se não te visse (favas douradasSob um amarelo) assim te apreendo bruscoInamovível, e te respiro inteiro Um arco-íris de ar em águas profundas. Como se tudo o mais me permitisses,A mim me fotografo nuns portões de ferroOcres, altos, e eu mesma diluída e mínimaNo dissoluto de toda despedida. …

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Mão – Clarice Lispector

Agora preciso de tua mão,não para que eu não tenha medo,mas para que tu não tenhas medo.Sei que acreditar em tudo isso será,no começo, a tua grande solidão.Mas chegará o instante em que me darás a mão,não mais por solidão, mas como eu agora:Por amor. Clarice Lispector Autor: Clarice Lispector

Precisão – Clarice Lispector

O que me tranquilizaé que tudo o que existe,existe com uma precisão absoluta.O que for do tamanho de uma cabeça de alfinetenão transborda nem uma fração de milímetroalém do tamanho de uma cabeça de alfinete.Tudo o que existe é de uma grande exatidão.Pena é que a maior parte do que existecom essa exatidãonos é tecnicamente …

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Quero escrever o borão vermelho de sangue – Clarice Lispector

Quero escrever o borrão vermelho de sanguecom as gotas e coágulos pingandode dentro para dentro.Quero escrever amarelo-ourocom raios de translucidez.Que não me entendampouco-se-me-dá.Nada tenho a perder.Jogo tudo na violênciaque sempre me povoou,o grito áspero e agudo e prolongado,o grito que eu,por falso respeito humano,não dei. Mas aqui vai o meu berrome rasgando as profundas entranhasde …

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Solidão – Clarice Lispector

…Que minha solidão me sirva de companhia.que eu tenha a coragem de me enfrentar.que eu saiba ficar com o nadae mesmo assim me sentircomo se estivesse plena de tudo. Clarice Lispector Autor: Clarice Lispector

Motivo – Cecília Meireles

Eu canto porque o instante existee a minha vida está completa.Não sou alegre nem sou triste:sou poeta. Irmão das coisas fugidias,não sinto gozo nem tormento.Atravesso noites e diasno vento. Se desmorono ou se edifico,se permaneço ou me desfaço,— não sei, não sei. Não sei se ficoou passo. Sei que canto. E a canção é tudo.Tem …

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O menino azul – Cecília Meireles

O menino quer um burrinhopara passear.Um burrinho manso,que não corra nem pule,mas que saiba conversar. O menino quer um burrinhoque saiba dizero nome dos rios,das montanhas, das flores,— de tudo o que aparecer. O menino quer um burrinhoque saiba inventar histórias bonitascom pessoas e bichose com barquinhos no mar. E os dois sairão pelo mundoque …

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Reinvenção – Cecília Meireles

A vida só é possívelreinventada. Anda o sol pelas campinase passeia a mão douradapelas águas, pelas folhas…Ah! tudo bolhasque vem de fundas piscinasde ilusionismo… — mais nada. Mas a vida, a vida, a vida,a vida só é possívelreinventada. Vem a lua, vem, retiraas algemas dos meus braços.Projeto-me por espaçoscheios da tua Figura.Tudo mentira! Mentirada lua, …

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A perfeição – Clarice Lispector

O que me tranqüilizaé que tudo o que existe,existe com uma precisão absoluta.O que for do tamanho de uma cabeça de alfinetenão transborda nem uma fração de milímetroalém do tamanho de uma cabeça de alfinete.Tudo o que existe é de uma grande exatidão.Pena é que a maior parte do que existecom essa exatidãonos é tecnicamente …

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A língua de nhem – Cecília Meireles

Havia uma velhinhaque andava aborrecidapois dava a sua vidapara falar com alguém. E estava sempre em casaa boa velhinharesmungando sozinha:nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem… O gato que dormiano canto da cozinhaescutando a velhinha,principiou também a miar nessa línguae se ela resmungava,o gatinho a acompanhava:nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem… Depois veio o cachorroda casa da vizinha,pato, cabra e galinhade cá, de lá, de além, …

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Despedida – Cecília Meireles

Por mim, e por vós, e por mais aquiloque está onde as outras coisas nunca estão,deixo o mar bravo e o céu tranquilo:quero solidão. Meu caminho é sem marcos nem paisagens.E como o conheces? – me perguntarão.– Por não ter palavras, por não ter imagens.Nenhum inimigo e nenhum irmão. Que procuras? – Tudo. Que desejas? …

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Elegia – Cecília Meireles

Neste mês, as cigarras cantame os trovões caminham por cima da terra,agarrados ao sol.Neste mês, ao cair da tarde, a chuva corre pelas montanhas,e depois a noite é mais clara,e o canto dos grilos faz palpitar o cheiro molhado do chão. Mas tudo é inútil,porque os teus ouvidos estão como conchas vazias,e a tua narina …

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Interlúdio – Cecília Meireles

As palavras estão muito ditase o mundo muito pensado.Fico ao teu lado. Não me digas que há futuronem passado.Deixa o presente — claro murosem coisas escritas. Deixa o presente. Não fales,Não me expliques o presente,pois é tudo demasiado. Em águas de eternamente,o cometa dos meus malesafunda, desarvorado. Fico ao teu lado. Cecília Meireles Autor: Cecilia …

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Idealismo – Augusto dos Anjos

Falas de amor, e eu ouço tudo e calo!O amor da Humanidade é uma mentira.É. E é por isto que na minha liraDe amores fúteis poucas vezes falo. O amor! Quando virei por fim a amá-lo?!Quando, se o amor que a Humanidade inspiraÉ o amor do sibarita e da hetaíra,De Messalina e de Sardanapalo?! Pois …

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Lenço dela – Álvares de Azevedo

Quando, a primeira vez, da minha terraDeixei as noites de amoroso encanto,A minha doce amante suspirandoVolveu-me os olhos úmidos de pranto. Um romance cantou de despedida,Mas a saudade amortecia o canto!Lágrimas enxugou nos olhos belos…E deu-me o lenço que molhava o pranto. Quantos anos, contudo, já passaram!Não olvido porém amor tão santo!Guardo ainda num cofre …

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Morena – Álvares de Azevedo

Ó Teresa, um outro beijo! e abandona-mea meus sonhos e a meus suaves delírios.JACOPO ORTIS É loucura, meu anjo, é loucuraOs amores por anjos… bem sei!Foram sonhos, foi louca ternuraEsse amor que a teus pés derramei! Quando a fronte requeima e delira,Quando o lábio desbota de amor,Quando as cordas rebentam na liraQue palpita no seio …

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