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Bom vaqueiro

Quem foi vaqueiro que vê
Outro vaqueiro aboiar
Fica lembrando dos tempo
Que vivia a vaquejar

Sofre igual quem ama alguém
E vê com outro, passar

Ô

Mestre Costa bom vaqueiro
No sertão do Maranhão
Muntado no seu cavalo
Num cachorro um barbatão
E com carreira e meia
Não jogasse ele no chão

Ô

Hoje em vez de peitoral
Traz no peito uma paixão
De não poder vaquejar
Nem vestir o seu gibão
Passa boi passa boiada
Pisa no seu coração

Ô

Mestre Costa na fazenda
Hoje só abre cancela
Mocidade deixou ele
Ele também deixou ela
A véice montou nele
Ele desmontou da sela

Ô

Mestre Costa na fazenda
Hoje só abre cancela
Mocidade deixou ele
Ele também deixou ela
A véice montou nele
Ele desmontou da sela

Ô

Retrovisor

Onde a máquina me leva
Não há nada
Horizontes e fronteiras
São iguais
Se agora tudo
Que eu mais quero
Já ficou prá trás…

Qualquer um que leva a vida
Nessa estrada
Só precisa de uma sombra
Prá chegar
A saudade vai batendo
E o coração dispara…

Mas de repente
A velocidade chora
Não vejo a hora
De voltar prá casa
A luz do teu olhar
No fim do túnel
E no espelho
A minha solidão…

O céu da ilusão
Que não se acaba
A música do vento
Que não pára
Será que a luz do meu destino
Vai te encontrar…

Vejo a manhã de sol
Entrando em casa
Iluminando os gritos
Das crianças
Os momentos mais bonitos
Na lembrança
Não vão se apagar…

Ai quem me dera encontrar
Contigo agora
E esquecer as curvas
Dessa estrada
Eu prefiro sonhar com os rios
E lavar minh’alma…

Alguém sentando
À beira do caminho
Jamais entenderá
O que é que eu sinto agora
Sou levado pelo movimento
Que tua falta faz…

Havia tanta paz no teu carinho
Na despedida fez um dia lindo
Quem sabe tudo estará sorrindo
Quando eu voltar…

Ai quem me dera encontrar
Contigo agora
E esquecer as curvas
Dessa estrada
Eu prefiro sonhar com os rios
E lavar minh’alma…

Alguém sentando
À beira do caminho
Jamais entenderá
O que é que eu sinto agora
Sou levado pelo movimento
Que tua falta faz…

Havia tanta paz no teu carinho
Na despedida fez um dia lindo
Quem sabe tudo estará sorrindo
Quando eu voltar…

Quando eu voltar
Ah!
Quando eu voltar
Ah! Ah! Ah! Ah!
Quando eu voltar
Ah! Ah!
Quando eu voltar…

Lua do Leblon

Enquanto cai a lua do Leblon
Uma mulher tocando violão
Enquanto o sol flutua no Japão
Ouço as estrelas mais difíceis de se ver

Você também podia aparecer
Eu já pedí até aos deuses do verão pra que
O céu ficasse azul, pra que o planeta fosse um
Do outro lado do seu coração

Há fotografias de Hiroshima
Nos olhos das meninas do sertão
Pássaros perdidos na neblina
E o medo de se apaixonar

Mas há um pássaro que vence um avião
Por quem Picasso explodiu seu coração
Pra que o céu ficasse azul
Pra que o planeta fosse um
E a Humanidade encontrasse a mãe

Fim do mundo

Faça comigo, cantoria de alegria
Juro que sou assim
Do fim do mundo, do fim
Faça comigo, um embarque sem retorno
Juro que sou assim
Do fim do mundo, do fim
Faça comigo um pouquinho de cuidado
Juro que sou assim
Do fim do mundo, do fim
Se junto a mim
O rio dos meus sonhos
Hoje é todo paraíso
E hoje se fez manhã
Parece que chorando eu chego perto
E nós nesse deserto
Filhos nascidos do sol, da noite, da lua
Parece o fim do mundo, o fim.

Acalanto para um punhal

Dorme bandoleiro
Dorme bandoleiro
Dorme punhal, coração
Dos irmãos dos cavalos
Ponta de sal na raiz dos gemidos
Arma branca das trevas
Invejará o ardor
Do teu aço na flor
Que esconde a beleza em profundas crateras
Sangue na prata da lua
Na prata da lua
Fere a paixão no capim
Mancha o leito carmim
Clarão, violão
Mesmo sol de granada
Acordarás com meu grito
Acordarás com meu grito
Rasga o silêncio do amor
Mancha o leito de dor
Punhal, violão
Amanhece a campina

À sombra de um vulcão

Nunca houve uma mulher como você
Em milhões de anos luz de solidão

Minhas noites novamente são azuis

Minhas tardes são douradas de verão

Você é o meu paraíso
A pessoa que eu tanto preciso

Com loucura e paixão

E rezo com o teu olhar

Eu gozo com a tua voz

Esse amor arrebenta com tudo
Parece até que o mundo

Não sobrevive sem nós

Nunca ouve uma mulher como você

Entre tantas que já tive em minhas mãos

Eu preciso acreditar que sou feliz

Mas persigo os teus mistérios como um cão

E tudo parece tão claro
E tudo parece perfeito

Mas quando acordo e me vejo

O espelho diz que não

Quem sonha contigo molha a cama

Quem te ama dorme à sombra de um vulcão

Quem sonha contigo molha a cama

Quem te ama dorme à sombra de um vulcão
Parece até que o mundo

Não sobrevive sem nós

Nunca ouve uma mulher como você

Entre tantas que já tive em minhas mãos

Eu preciso acreditar que sou feliz

Mas persigo os teus mistérios como um cão

E tudo parece tão claro

E tudo parece perfeito

Mas quando acordo e me vejo

O espelho diz que não

Quem sonha contigo molha a cama

Quem te ama dorme à sombra de um vulcão

Quem sonha contigo molha a cama

Quem te ama dorme à sombra de um vulcão

Quem sonha contigo molha a cama

Viajante

É viajando pelas estradas
Desse nosso, vosso grande país
Eu vou cantando pelas alvoradas
O som tão bom
Dessa canção que diz:
Ai que saudade, saudade, saudade
Ai que maldade, maldade, maldade
Que vem nas entranhas da beleza
Que só tem nas montanhas da tristeza
Debaixo de um céu todo estrelado
Seus olhos são fogos de artifício
O amor é um ser todo iluminado
Que joga nos jogos da beira do precipício
Assim eu vou pro futuro
De todos os momentos
E eu vou cantar no duro
É no muro dos lamentos
Oi vê, oi vê, oi vê, oi vê
Oi vê, oi vê, oi vê, oi vê
Oh! deus, vê se vê
Nosso padecer
Oi vê, oi vê, oi vê oi vê

É viajando pelas estradas
Desse nosso, vosso grande país
Eu vou cantando pelas alvoradas
O som tão bom
Dessa canção que diz:
Ai que saudade, saudade, saudade
Ai que maldade, maldade, maldade
Que vem nas entranhas da beleza
Que só tem nas montanhas da tristeza
Debaixo de um céu todo estrelado
Seus olhos são fogos de artifício
O amor é um ser todo iluminado
Que joga nos jogos da beira do precipício
Assim eu vou pro futuro
De todos os momentos
E eu vou cantar no duro
É no muro dos lamentos
Oi vê, oi vê, oi vê, oi vê
Oi vê, oi vê, oi vê, oi vê
Oh! deus, vê se vê
Nosso padecer

Cintura fina
Cintura de pilão
Cintura de menina

Cabecinha no ombro

Encosta a tua cabecinha no meu ombro e chora
E conta logo a tua mágoa toda para mim

Quem chora no meu ombro eu juro que não vai embora,
Que não vai embora
Que não vai embora
Encosta a tua cabecinha no meu ombro e chora
E conta logo a tua mágoa toda para mim

Quem chora no meu ombro eu juro que não vai embora,
Que não vai embora
Porque gosta de mim

Amor, eu quero o teu carinho, porque eu vivo tão sozinho
Não sei se a saudade fica ou se ela vai embora,
Se ela vai embora,se ela vai embora
Não sei se a saudade fica ou se ela vai embora,
Se ela vai embora,porque gosta de mim

Guerreiro menino (um homem também chora)

Um homem também chora
Menina morena
Também deseja colo
Palavras amenas
Precisa de carinho
Precisa de ternura
Precisa de um abraço
Da própria candura
Guerreiros são pessoas
São fortes, são frágeis
Guerreiros são meninos

No fundo do peito
Precisam de um descanso
Precisam de um remanso
Precisam de um sonho
Que os tornem perfeitos
É triste ver este homem
Guerreiro menino
Com a barra de seu tempo
Por sobre seus ombros
Eu vejo que ele berra
Eu vejo que ele sangra

A dor que traz no peito
Pois ama e ama
Um homem se humilha
Se castram seu sonho
Seu sonho é sua vida
E a vida é trabalho
E sem o seu trabalho
Um homem não tem honra
E sem a sua honra
Se morre, se mata
Não dá pra ser feliz
Não dá pra ser feliz

Noturno

O aço dos meus olhos
E o fel das minhas palavras
Acalmaram meu silêncio
Mas deixaram suas marcas…

Se hoje sou deserto
É que eu não sabia
Que as flores com o tempo
Perdem a força
E a ventania
Vem mais forte…

Hoje só acredito
No pulsar das minhas veias
E aquela luz que havia
Em cada ponto de partida
Há muito me deixou
Há muito me deixou…

Ai, Coração alado
Desfolharei meus olhos
Nesse escuro véu
Não acredito mais
No fogo ingênuo, da paixão
São tantas ilusões
Perdidas na lembrança…

Nessa estrada
Só quem pode me seguir
Sou eu!
Sou eu! Sou eu!…

Hoje só acredito
No pulsar das minhas veias
E aquela luz que havia
Em cada ponto de partida
Há muito me deixou
Há muito me deixou…

Ai, Coração alado
Desfolharei meus olhos
Nesse escuro véu
Não acredito mais
No fogo ingênuo, da paixão
São tantas ilusões
Perdidas na lembrança…

Nessa estrada
Só quem pode me seguir
Sou eu!
Sou eu! Sou eu! Sou eu!…

Ai, Coração alado
Desfolharei meus olhos
Nesse escuro véu
Não acredito mais
No fôgo ingênuo, da paixão
São tantas ilusões
Perdidas na lembrança…

Nessa estrada
Só quem pode me seguir
Sou eu!
Sou eu! Sou eu! Sou eu!…

Revelação

Um dia vestido
De saudade viva
Faz ressuscitar
Casas mal vividas
Camas repartidas
Faz se revelar

Quando a gente tenta
De toda maneira
Dele se guardar
Sentimento ilhado
Morto, amordaçado
Volta a incomodar

Años

El tiempo pasa
Nos vamos poniendo viejos
El amor no nos reflejo como ayer
En cada conversacion
Cada beso, cada abrazo
Se impone siempre um pedazo de razón

Passam os anos
E como muda o que eu sinto
O que ontem era amor
Vai se tornando outro sentimento
Porque anos atrás
Tomar tua mão, roubar-te um beijo
Sem forçar o momento
Fazia parte de uma verdade …

El tiempo pasa …

Vamos viviendo
Viendo las horas que van passando
Las viejas discussiones
Se van perdiendo entre las razones …
A todo dices que si
A nada digo que no
Para poder construir
Essa tremenda harmonia
Que pone viejo los corazones

El tiempo pasa …

Vamos vivendo
Vendo as horas que vão passando
As velhas discussões
Vão se perdendo entre as razões
A tudo dizes que sim
A nada digo que não
Para poder construir …
Esa tremenda harmonia
Que pone viejo los corazones

O tempo passa …

Fanatismo

Minh’ alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver
Não és sequer a razão do meu viver
Pois que tu és já toda minha vida
Não vejo nada assim enlouquecida
Passo no mundo, meu amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história, tantas vezes lida!
Tudo no mundo é frágil, tudo passa
Quando me dizem isto, toda a graça
De uma boca divina, fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros
(Ah! Podem voar mundos, morrer astros
Que tu és como um Deus: Princípio e fim!)

Eu já te falei de tudo, mas tudo isso é pouco
Diante do que sinto

Romance no deserto (Romance In Durango)

Eu tenho a boca que arde como o sol
O rosto e a cabeça quente
Com Madalena vou-me embora
Agora ninguém vai pegar a gente

Dei minha viola num pedaço de pão
Um esconderijo e uma aguardente
Mas um dia eu arranjo outra viola
E na viagem vou cantar pra Madalena

Não chore não querida que este deserto finda
Tudo aconteceu e eu nem me lembro
Me abraça minha vida, me leva em teu cavalo
Que logo no paraíso chegaremos

Vejo cidades, fantasmas e ruínas
A noite escuto o seu lamento
São pesadelos e aves de rapina
No sol vermelho do meu pensamento

Será que eu dei um tiro no cara da cantina
Será que eu mesmo acertei seu peito
Vem, vamos voando minha Madalena
O que passou, passou, não tem mais jeito

Naquela sombra vou armar a minha rede
E olhar os solitários viajantes
Beber, cantar e matar a minha sede
Lá longe onde tudo é verdejante

Não chore não querida que este deserto finda
Tudo aconteceu e eu nem me lembro
Me abraça minha vida, me leva em teu cavalo
Que logo no paraíso estaremos

O padre vai rezar uma prece tão antiga
Domingo na capela da fazenda
Brinco de ouro e botas coloridas
Nós dois aprisionados nesta lenda

Ouço um trovão e penso que é um tiro
A noite escura me condena
Não sei se vivo, morro ou deliro
Depressa pegue a arma, Madalena

Tem uma luz por traz daquela serra
Mira, mas não erra minha pequena
A noite é longa e é tanta terra
Poderemos estar mortos noutra cena

Não chore não querida que este deserto finda
Tudo aconteceu e eu nem me lembro
Me abraça minha vida, me leva em teu cavalo
Que logo no paraíso dançaremos

Pensamento

Perdido em meus pensamentos
É que me encontro tão só
Na boca um sabor de veneno
No peito aquele nó
Esperando em qualquer caminho
Um dia te encontrar
Peito a peito, frente a frente
Meu amor o que é que há
Ah! meu amor a vida pode se acabar
Que queres mais que eu faça
Além do grito no ar
A ilusão do tempo a esperar por mim
Te quero o tempo todo perto de mim
Não sei o que é de direito
Mas tudo em mim é você
Quando é pra falar de amor
Já começo a enlouquecer
Ai coração faz o teu fogo arder
Naquele abraço amigo
Na noite que vai chover
Não sei o que é de direito
Mas tudo em mim é você
Quando é pra falar de amor
Já começo a enlouquecer
Ai coração faz o teu fogo arder
Naquele abraço amigo
Na noite que vai chover
Naquele abraço amigo

Canteiros

Quando penso em você
Fecho os olhos de saudade
Tenho tido muita coisa
Menos a felicidade

Correm os meus dedos longos
Em versos tristes que invento
Nem aquilo a que me entrego
Já me dá contentamento

Pode ser até manhã
Cedo, claro, feito o dia
Mas nada do que me dizem
Me faz sentir alegria

Eu só queria ter do mato
Um gosto de framboesa
Pra correr entre os canteiros
E esconder minha tristeza

E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza
E deixemos de coisa, cuidemos da vida
Pois senão chega a morte
Ou coisa parecida
E nos arrasta moço
Sem ter visto a vida

Eu só queria ter do mato
Um gosto de framboesa
Pra correr entre os canteiros
E esconder minha tristeza

E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza
E deixemos de coisa, cuidemos da vida
Pois senão chega a morte
Ou coisa parecida
E nos arrasta moço
Sem ter visto a vida

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol
São as águas de março fechando o verão
É promessa de vida em nosso coração

Vaca Estrela e boi Fubá

Seu doutor me dê licença pra minha história contar.
Hoje eu tô na terra estranha, é bem triste o meu penar
Mas já fui muito feliz vivendo no meu lugar.
Eu tinha cavalo bom e gostava de campear.
E todo dia aboiava na porteira do curral.

Ê ê ê ê la a a a a ê ê ê ê Vaca Estrela,
ô ô ô ô Boi Fubá.

Eu sou filho do Nordeste , não nego meu naturá
Mas uma seca medonha me tangeu de lá pra cá
Lá eu tinha o meu gadinho, num é bom nem imaginar,

Minha linda Vaca Estrela e o meu belo Boi Fubá
Quando era de tardezinha eu começava a aboiar

Ê ê ê ê la a a a a ê ê ê ê Vaca Estrela,
ô ô ô ô Boi Fubá.

Aquela seca medonha fez tudo se atrapalhar,
Não nasceu capim no campo para o gado sustentar
O sertão esturricou, fez os açude secar
Morreu minha Vaca Estrela, já acabou meu Boi Fubá
Perdi tudo quanto tinha, nunca mais pude aboiar

Ê ê ê ê la a a a a ê ê ê ê Vaca Estrela,
ô ô ô ô Boi Fubá.

Hoje nas terra do sul, longe do torrão natá
Quando eu vejo em minha frente uma boiada passar,
As água corre dos olho, começo logo a chorá
Lembro a minha Vaca Estrela e o meu lindo Boi Fubá
Com saudade do Nordeste, dá vontade de aboiar

Ê ê ê ê la a a a a ê ê ê ê Vaca Estrela,
ô ô ô ô Boi Fubá.

A Carne

A carne mais barata do mercado é a carne negra
A carne mais barata do mercado é a carne negra
A carne mais barata do mercado é a carne negra
A carne mais barata do mercado é a carne negra
A carne mais barata do mercado é a carne negra

Que vai de graça pro presídio
E para debaixo do plástico
Que vai de graça pro subemprego
E pros hospitais psiquiátricos

A carne mais barata do mercado é a carne negra
A carne mais barata do mercado é a carne negra
A carne mais barata do mercado é a carne negra
A carne mais barata do mercado é a carne negra
A carne mais barata do mercado é a carne negra

Que fez e faz história
Segurando esse país no braço
O cabra aqui não se sente revoltado
Porque o revólver já está engatilhado
E o vingador é lento
Mas muito bem intencionado
E esse país
Vai deixando todo mundo preto
E o cabelo esticado

Mas mesmo assim
Ainda guardo o direito
De algum antepassado da cor
Brigar sutilmente por respeito
Brigar bravamente por respeito
Brigar por justiça e por respeito
De algum antepassado da cor
Brigar, brigar, brigar

A carne mais barata do mercado é a carne negra
A carne mais barata do mercado é a carne negra
A carne mais barata do mercado é a carne negra
A carne mais barata do mercado é a carne negra
A carne mais barata do mercado é a carne negra

Pedras que cantam

Quem é rico mora na praia
mas quem trabalha nem tem onde morar
Quem não chora dorme com fome
mas quem tem nome joga prata no ar

Ô tempo duro no ambiente,
ô tempo escuro na memória,
o tempo é quente
E o dragão é voraz….

Vamos embora de repente,
vamos embora sem demora,
vamos pra frente
que pra trás não dá mais

Pra ser feliz num lugar
pra sorrir e cantar
tanta coisa a gente inventa,

mas no dia que a poesia se arrebenta
É que as pedras vão cantar

Joana Francesa

Tu ris, tu mens trop
Tu pleures, tu meurs trop
Tu as le tropique
Dans le sang et sur la peau
Geme de loucura e de torpor
Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda

Mata-me de rir
Fala-me de amor
Songes et mensonges
Sei de longe e sei de cor
Geme de prazer e de pavor
Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda

Vem molhar meu colo
Vou te consolar
Vem, mulato mole
Dançar dans mes bras
Vem, moleque me dizer
Onde é que está
Ton soleil, ta braise

Quem me enfeitiçou
O mar, marée, bateau
Tu as le parfum
De la cachaça e de suor
Geme de preguiça e de calor
Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda, acorda

Ton soleil, ta braise

Quem me enfeitiçou
O mar, marée, bateau
Tu as le parfum
De la cachaça e de suor
Geme de preguiça e de calor
Já é madrugada
Acorda, acorda, acorda, acorda, acord’ accord

D’accord, d’accord, d’accord, d’accord, d’accord, d’accord, d’accord

Acorda, acorda, acorda, acorda, acord’ accord

Súplica Cearense

Oh! Deus, perdoe este pobre coitado
Que de joelhos rezou um bocado
Pedindo pra chuva cair sem parar

Oh! Deus, será que o senhor se zangou
E só por isso o sol se arretirou
Fazendo cair toda chuva que há

Senhor, eu pedi para o sol se esconder um tiquinho
Pedir pra chover, mas chover de mansinho
Pra ver se nascia uma planta no chão

Meu Deus, se eu não rezei direito o Senhor me perdoe,
Eu acho que a culpa foi
Desse pobre que nem sabe fazer oração

Meu Deus, perdoe eu encher os meus olhos de água
E ter-lhe pedido cheinho de mágoa
Pro sol inclemente se arretirar

Desculpe eu pedir a toda hora pra chegar o inverno
Desculpe eu pedir para acabar com o inferno
Que sempre queimou o meu Ceará

Tempestade

Eu nem sabia
Desse cinema mudo nos teus olhos
Dessa chuva caindo como um dia
Desse rio sem mar
Do riso agora

Eu nem pensava
Em ter a tempestade entre os dentes
E o luar nas mãos como se um peixe
Pudesse respirar longe do aquário

Eu nem sabia
Que os dias eram meus como um tesouro
E a paixão um risco no asfalto
Aonde os carros sofrem sem poesia

Eu nem pensava
Que o meu desejo era um trem de ferro
Que a música parecia silêncio
E a vida era uma flor desavisada
Florindo o chão rachado do sertão

Te Esperei

Te esperei
Vinte e quatro horas ou mais
De cada dia que eu vivi
Te esperei
Mais de sete dias por semana
Sem um só dia te trair
Te esperei
Te esperei mais de nove meses
Sem poder parir
Te esperei
Te esperei mais de doze vezes
Doze meses
E te esperava
Até um novo século surgir
Te esperei
Vinte marços
E mais fevereiros
Eu te esperei
E espero ainda
Nos campos
Nos mares
E nas avenidas
Nesse novo janeiro
Quero te dar boas vindas
Te esperei

Difícil Acreditar

A vida ensinou-me a ser forte
Na hora em que eu mais devia ser
Venci montanhas, raios e moinhos
Sem me abater

Fui aprendendo a ser destemido
Vivendo além do que se pode ser
E resistindo a mares tão bravios
Querendo viver

Assim eu fui em frente, sem me perder jamais
E mesmo indo embora ficava muito mais
Você me ensinava a não querer fugir nem mais um dia

E mesmo indo em frente, sem ter onde chegar
Com tudo diferente no mesmo lugar
Você me esperava e sempre estava assim como eu queria

Cruzei três vezes o mesmo horizonte
Não te perdi de visto nem aí
Na volta é que se acha o caminho que tem que seguir

A vida me deixou bem mais sincero
E tu que me fizeste não mudar
E mesmo olhando assim, a vida é diferente
Não era tão difícil acreditar

Desfez de Mim

Desfez de mim
E agora pede o meu perdão
Desfez de mim
Despedaçou meu coração
Eu digo não
Não faz assim
Desfez de mim
Desfez de mim
E agora pede pra ficar
Desfez de mim
Eu já nem sei te perdoar
Desfez de mim
Não faz assim
Desfez de mim
Eu sempre falei pra você
De um amor exclusivo
Parece você nem ligou
Hoje tem seu castigo
Não sei dividir com ninguém
Um amor que é da gente
Você já devia saber
Eu queria pra sempre
Me diz como posso abraçar
O teu corpo marcado
Por mãos tão estranhas
E beijos que não foram meus
Me diz como vou te mudar
Me diz como posso aceitar
Me diz como não te dizer
Simplesmente adeus

Olhar Matreiro

Quando eu voltar pra você
Eu vou voltar inteiro
Quando eu chegar
Com o meu olhar matreiro

Quando eu tocar a campainha
Me aninha
Estou certo que você é minha rainha

Eu tenho andado tão triste
Feito lixo ao sol
Pode dizer que não quer
Mas você vai ser de novo minha mulher

É que eu sou tão diferente
Daquele que te maltratou
Você vai ver, você vai gostar

Olha a lua lá no céu
Magrinha, turca
Olha o ar, olha o mar, olha as estrelas

Nada disso tem importância
A natureza é uma coisa
Tão sem importância
Contra a tua natureza

Astro Vagabundo

Velha estampa na parede, a toalha do jantar
Na fumaça um anjo negro vai chegar
Por traz da veneziana, a cigana me falar
Que um inferno monstruoso vai entrar

Mas se o astro vagabundo
na verdade vai chegar
Não quero ver o fim do mundo
Vou dormir em seu jardim

Mulher

Tu és mulher
Tu és um ser
Que pode ser mais do que é
Um passarinho fruta qualquer
Pode ser doce
O fel até

Pode não ser como quiser
Mas serás a guerra e a paz
Serás o bem e não será demais
O mal me quer
Ser se quiseres

Pois as mulheres são tão iguais
À natureza e aos rapazes
Que tudo fazem ou nada fazem
Senão viver como capazes

De fazer de acontecer
De adormecer quando chover
Ou de morrer de um amor comum
Que qualquer um pode querer

Pode levar na bandeja
A cabeça de um cristão
Pode servir ou vir a ser
O seu próprio sim ou não

Amor Escondido

Quando se tem um amor escondido
Querendo aflorar
É se guardar um rio perdido
Que não encontra o mar
Mas brilha tanto cada sorriso
E brilha mais que o olhar
Quando o desejo é claro e preciso
Quem pode ocultar
Tento esquecer te digo baixinho
Não sei se vou voltar
Mas nada prende mais que um carinho
Já vou te procurar
Vai pensamento voa no vento
Vai bem depressa corre pra lá
Conta pra ela meu sofrimento
Diga pra me esperar
Se passo o dia sem seu carinho
Me sinto sufocar
Pássaro mudo longe do ninho
Sem força pra voar

Motivos Banais

Eu só queria encontrar
Com você outra vez
Para fazer tudo aquilo
Que a gente não fez…

Reencontrar
O desejo e a paixão
Essas loucuras
Que meu coração
Só admite sentir
Quando está com você…

Eu só queria tentar
Pela última vez
Para entender por que foi
Que esse amor se desfez…

Felicidade
Ficando prá trás
Coisas pequenas
Motivos banais
Pena que a gente só vê
Quando é tarde demais…

Mais uma vez
Eu e você
Paixão da minha vida
Mais uma vez
Quem sabe, talvez
A gente encontre
Outra saída…

Mais uma vez
Prá gente saber
Que não se amou inutilmente
Mais uma vez, a última vez
A vida deve isso prá gente…

Eu só queria tentar
Pela última vez
Para entender por que foi
Que esse amor se desfez…

Felicidade
Ficando prá trás
Coisas pequenas
Motivos banais
Pena que a gente só vê
Quando é tarde demais…

Mais uma vez
Eu e você
Paixão da minha vida
Mais uma vez
Quem sabe, talvez
A gente encontre
Outra saída…

Mais uma vez
Prá gente saber
Que não se amou inutilmente
Mais uma vez, a última vez
A vida deve isso prá gente…

Mais uma vez
Prá gente saber
Que não se amou inutilmente
Mais uma vez, a última vez
A vida deve isso prá gente…

Mistério de Amor

Um mistério de amor
Renasce no momento
Em que atravesso a porta do teu apartamento
O silêncio profundo de teus olhos em brasa
Os respingos da chuva, o relógio que atrasa

E sentados no chão num dilúvio de sonhos
Bebendo a explosão de soluços risonhos
Corremos pelo trilho da cortina fechada
Enfrentamos o brilho da vidraça molhada
Tuas taças azuis tua boca escarlate
Meu terror me conduz, cão que morde não late
Quando eu despertar na escuridão
Procurando pedaços de razão
Deixa a chave na porta por favor
Que agora eu vou fugir
Pra não morrer de amor

A Tua Boca

Não é veneno
A tua boca
Quando chama a luz do dia
Quando diz que a chama é pouca
Quando ama tão vadia
Se reclama ser tão pouca
A outra boca que esvazia
Quando beija ou abandona
Quando clama entre as chamas quando chia

Quando pia entre as ramas
Quando adoça é como ardia
Não é veneno quando mata
Quando salva e quando adia
Quando louca
Não é veneno a tua boca
Quando é coisa de magia

Quando cobra que se enrosca
Quando água que se afoga
Quando forca que alivia.

Quatro Graus

Céu de vidro azul fumaça
Quatro Graus de latitude
Rua estreita, praia e praça
Minha arena e ataúde

Não permita Deus que eu morra
Sem sair desse lugar
Sem que um dia eu vá embora
Pra depois poder voltar

Quero um dia ter saudade
Desse canto que eu cantei
E chorar se der vontade
De voltar prá quem deixei
De voltar prá quem deixei.

Deslizes

Não sei por que
Insisto tanto em te querer
Se você sempre faz de mim
O que bem quer
Se ao teu lado
Sei tão pouco de você
É pelos outros que eu sei
Quem você é

Eu sei de tudo
Com quem andas, aonde vais
Mas eu disfarço o meu ciúme
Mesmo assim
Pois aprendi
Que o meu silêncio vale mais
E desse jeito eu vou trazer
Você pra mim

E como prêmio
Eu recebo o teu abraço
Subornando o meu desejo
Tão antigo
E fecho os olhos
Para todos os teus passos
Me enganando
Só assim somos amigos

Por quantas vezes
Me dá raiva de querer
Em concordar com tudo
Que você me faz
Já fiz de tudo
Pra tentar te esquecer
Falta coragem pra dizer
Que nunca mais

Nós somos cúmplices
Nós dois somos culpados
No mesmo instante
Em que teu corpo toca o meu
Já não existe
Nem o certo, nem errado
Só o amor que por encanto
Aconteceu

E é só assim que eu perdoo
Os teus deslizes
E é assim o nosso jeito de viver
Em outros braços
Tu resolves tuas crises
Em outras bocas
Não consigo te esquecer
Te esquecer

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Borbulhas de Amor (Tenho Um Coração) (Borbujas de Amor)

Tenho um coração
Dividido entre a esperança
E a razão
Tenho um coração
Bem melhor que não tivera…

Esse coração
Não consegue se conter
Ao ouvir tua voz
Pobre coração
Sempre escravo da ternura…

Quem dera ser um peixe
Para em teu límpido
Aquário mergulhar
Fazer borbulhas de amor
Prá te encantar
Passar a noite em claro
Dentro de ti…

Um peixe
Para enfeitar de corais
Tua cintura
Fazer silhuetas de amor
À luz da lua
Saciar esta loucura
Dentro de ti…

Canta coração
Que esta alma necessita
De ilusão
Sonha coração
Não te enchas de amargura…

Esse coração
Não consegue se conter
Ao ouvir tua voz
Pobre coração
Sempre escravo da ternura…

Quem dera ser um peixe
Para em teu límpido
Aquário mergulhar
Fazer borbulhas de amor
Prá te encantar
Passar a noite em claro
Dentro de ti…

Um peixe
Para enfeitar de corais
Tua cintura
Fazer silhuetas de amor
À luz da lua
Saciar esta loucura
Dentro de ti…

Uma noite
Para unir-nos até o fim
Cara-cara, beijo a beijo
E viver
Para sempre dentro de ti…

Quem dera ser um peixe
Para em teu límpido
Aquário mergulhar
Fazer borbulhas de amor
Prá te encantar
Passar a noite em claro
Dentro de ti…

Um peixe
Para enfeitar de corais
Tua cintura
Fazer silhuetas de amor
À luz da lua
Saciar esta loucura
Dentro de ti…(3x)

Para sempre
Dentro de ti…

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