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"O eu lírico dessa música carrega uma profunda melancolia, onde experiências do passado deixaram cicatrizes emocionais que ele precisa enfrentar. Ele reflete sobre os efeitos do tempo, as marcas das relações, e a solidão que se impõe como um deserto—árido e imenso. A Dureza das Palavras e o Peso do Passado No início, ele lamenta a dureza que demonstrou em momentos de raiva. As metáforas "o aço dos meus olhos" e "o fel das minhas palavras" representam seu olhar frio e suas palavras amargas, que aliviavam o peso do silêncio interno, mas deixaram marcas tanto nele quanto nas pessoas que estiveram ao seu lado. Essa estrofe sugere arrependimento, como se agora, ao olhar para trás, percebesse que a sua dureza teve consequências irreversíveis. A Solidão e a Perda do Vigor Ao afirmar "Se hoje sou deserto", ele se reconhece como alguém solitário, vazio, sem as flores que um dia coloriram sua vida. As flores podem simbolizar parceiras amorosas, sentimentos intensos ou até sua própria juventude, e a metáfora de que "com o tempo perdem a força" sugere que ele não percebeu que, para durar, esses elementos precisavam de cuidado. Agora, restou apenas o vazio. A "ventania" vindo mais forte pode representar desafios da vida adulta, como solidão, dificuldades emocionais e o impacto de escolhas passadas. A Perda da Fé no Amor e no Brilho da Vida Ele enfatiza que não acredita mais na paixão, chamando-a de "fogo ingênuo", indicando um desencanto. O brilho que havia em cada "ponto de partida", talvez momentos de recomeço ou esperança, há muito o deixou, reforçando que essa descrença foi um processo lento. Ele não se vê mais como alguém capaz de amar com a mesma intensidade de antes—como se o tempo e as experiências tivessem roubado esse sentimento dele. A Jornada Solitária e a Aceitação da Solidão O refrão "Nessa estrada, só quem pode me seguir sou eu" é um dos momentos mais marcantes, pois revela que ele agora entende que precisa seguir sozinho. Pode ser uma escolha consciente, mas também um resultado das perdas e do afastamento emocional que ele experimentou. Ele não busca mais alguém para acompanhá-lo, pois percebeu que sua jornada é interna e individual. O eu lírico é um homem marcado pelo tempo, pelas relações que desvaneceram e pelas escolhas que o levaram ao isolamento. Há um misto de arrependimento, cansaço e aceitação da solidão, como se ele compreendesse que esse vazio é parte da sua história, assim aceitando que precisa seguir sozinho. A música transmite um amadurecimento penoso, uma espécie de conformação com a dureza da vida e a impossibilidade de recuperar o brilho dos sentimentos do passado. É um relato profundo sobre amadurecimento e a necessidade de conviver com as consequências dos próprios atos e do passar dos anos, uma reflexão intensa sobre mudanças internas, cicatrizes emocionais e o peso das experiências vividas."

Hiago Rezende em Noturno (Fagner)

"É, sem sombra de dúvidas, uma música muito linda e particularmente, para mim, uma das minhas preferidas do Jorge Ben Jor. Enfim, acredito que o resto da música seja bem fácil de compreender, pois são todas coisas que pensam na nossa cabeça no dia a dia: uma casa para velhice, dinheiro para fazer investimentos ou mesmo ser mais forte emocionalmente. A primeira parte da música, que, acredito eu, é a mais enigmática. Primeiramente, começa com a vontade não necessariamente súbita, mas certamente uma necessidade de entender a si e ao mundo em que vive. Essa parte é fazê-lo com outra música, "Descobri que eu sou um anjo", que fala sobre autovalorização do eu e autodescoberta, tema bem recorrente nessa música também. Mas o misterioso é a parte dos cinco inimigos. Primeiramente, o que é um inimigo? Para as definições da Oxford, é alguém que faz oposição. Oposição a quê, nesse sentido da música? Provavelmente a descoberta que eu lírico desejo saber. E quem seria o inimigo de uma pessoa que quer descobrir isso? Porque, como se um inimigo já não bastasse, existem cinco! Aí é que eu te respondo, que muito provavelmente esses cinco inimigos se referem aos cinco sentidos: tato, olfato, audição, visão e paladar. Quem responde o porquê deles serem nossos inimigos nessa vertente é Immanuel Kant, um filósofo iluminista. Não sou um filósofo nem estudo sobre de uma maneira veemente, mas o que ele afirma é que tudo que aprendemos é partir do nosso aparelho corporal. Sentimos, ouvimos, olhamos, tocamos e cheiramos. Então, se pudéssemos somar tudo o que podemos aprender usando nossos sentidos, chegaríamos ao total de coisa que podemos aprender, não? Pois, se não fosse por eles, não poderíamos aprender nada. Mas e se existir algo que não possamos aprender usando as ferramentas do sentido? Pois certamente existem essas coisas. Um gás, por exemplo, que não enxergamos nem ouvimos, e podemos também não conseguir cheirar, mas ele pode ser mortal. É nesse sentido - não necessariamente de não conseguir sentir o gás mortal rs - que o eu lírico afirma ter cinco inimigos, pois eles fazem a oposição para a descoberta. Os sentidos vão obstruir o descobrimento, pois ele não pode conhecer com totalidade nem o mundo, nem a si, por possuir limites."

pedro m em É proibido pisar na grama (Jorge Ben Jor)

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