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Bastidores

Chorei, chorei, até ficar com dó de mim
E me tranquei no camarim
Tomei um calmante
Um excitante e um bocado de gim

Amaldiçoei o dia em que te conheci
Com muitos brilhos me vesti
Depois me pintei, me pintei, me pintei, me pintei

Cantei, cantei
Como é cruel cantar assim
E num instante de ilusão,
Te vi pelo salão
A caçoar de mim

Não me troquei,
Voltei correndo ao nosso lar,
Voltei pra me certificar
Que tu nunca mais vais voltar, vais voltar, vais voltar

Cantei, cantei
Nem sei como eu cantava assim
Só sei que todo cabaré
Me aplaudiu de pé quando cheguei ao fim.

Mas não bisei,
Voltei correndo ao nosso lar,
Voltei pra me certificar
Que tu nunca mais vais voltar, vais voltar, vais voltar

Cantei, cantei
Jamais cantei tão lindo assim
E os homens lá pedindo bis
Bebâdos e febris à se rasgar por mim

Chorei, chorei até ficar com dó de mim.

As quatro estações

Sol, se o dia é de sol
Eu vou te encontrar
Tomar a tua mão
Levar pra aquele bar
Pedir muita cerveja
Pra gente esfriar

Chuva, quando está chovendo
Também vou te encontrar
Tomar a tua mão
Pra um canto te levar
Te dar milhões de beijos
Pra gente esquentar

Quando é outono
Eu tenho mais amor
Na primavera
Te dou amor e flor

Saiba, meu bem, que eu te amo
Nas quatro estações
Parece até que eu tenho
Trezentos corações
E todos transbordando de amor
Para te dar

A raposa e as uvas

Lembro com muita saudade
Daquele bailinho
Onde a gente dançava
Bem agarradinho
Onde a gente ia mesmo
É pra se abraçar

Você com laquê no cabelo
E um vestido rodado
E aquelas anáguas
Com tantos babados
E você se sentava
Só pra me mostrar

E tudo que a gente transava
Eram três, quatro cubas
Eu era a raposa
Você era as uvas
Eu sempre querendo
Teu beijo roubar

E por mais que você
Se esquivasse
Eu tinha certeza
Que no fim do baile
Na minha lambreta
Aquele broto bonito
Ia me abraçar

Quando a orquestra
Tocava “Besame Mucho”
Eu lhe apertava
E olhava seu busto
Dentro do corpete
Querendo pular

Eu todo cheiroso
À “Lancaster”
E você à “Chanel”
Eu era um menino
Mas fazia o papel
Do homem terrível
Só pra lhe guardar

E tudo que a gente transava
Eram três quatro cubas
Eu era a raposa
Você era as uvas
Eu sempre querendo
Seu beijo roubar

E por mais
Que você se esquivasse
Eu tinha certeza
Que no fim do baile
Na minha lambreta
Contente pra casa
Eu ia te levar

E ao chegar em tua casa
Em frente ao portão
Um beijo, um abraço
Minha mão, tua mão
Com medo que o velho
Pudesse acordar

A pílula já existia
Mas nem se falava
Pois nos muitos conselhos
Que tua mãe te dava
Tinha um que dizia:
“Só depois de casar”

E tudo que a gente transava
Eram três, quatro cubas
Eu era a raposa
Você era as uvas
Eu sempre querendo
Teu beijo roubar

E por mais
Que você se esquivasse
Eu tinha certeza
Que no fim do baile
Na minha lambreta
Aquele corpo bonito
Ia me abraçar

Tudo que a gente transava
Eram três, quatro cubas
Eu era a raposa
Você era as uvas
Eu sempre querendo
Teu beijo roubar

E por mais
Que você se esquivasse
Eu tinha certeza
Que no fim do baile
Na minha lambreta
Aquele corpo bonito
Ia me abraçar

Um romance que ninguém leu

Sim, você disse que eu
Em relação a você
Sou uma fonte que já secou
Um perfume que não cheirou
Um romance que ninguém leu
Uma chuva que não molhou
A semente que não nasceu

Mas eu não vou me entregar
E, pra você, vou mostrar
Que um deserto de muitos anos
Transformou-se num oceano
E onde antes havia espinhos
Hoje planta-se muitas flores
Isso você não viu

E só por mim, eu vou lutar
Se vou! Aham!
Pois pra você eu vou provar
Que eu não sou
Uma roupa que se estragou
Uma chuva que não molhou
A semente que não nasceu
Uma fonte que já secou
Um perfume que não cheirou
Um romance que ninguém leu

Vidro fumê

Num telefonema anônimo
Uma voz disfarçada me falou
Que eu estava sendo traído
Eu não quis acreditar
Pensei que fosse até um trote
Mas no fundo do meu peito
Eu já desconfiava dessa minha sorte

No calor de um momento
Na loucura do meu pensamento
Eu fui atrás
Na busca da verdade
De um segredo
Senti o amor estremecer
Quando eu te vi entrando
Num carro importado de vidro fumê

Quando você chegou em casa
Eu te tratei naturalmente
E quando fiz amor contigo
A noite inteira demoradamente
Foi a canção da despedida
Foi na verdade diferente
A última noite de amor da gente

Marina

Eu estou apaixonado por Marina
Uma moça morena, mas querida
Mas ela não sabe do meu amor
O que vou fazer para conquistar seu coração?
Um dia encontrei-a sozinha
O coração batia a mil por hora
Quando eu disse a ela que a amava
Me deu um beijo e o amor floresceu

Marina, Marina, Marina
Quero casar contigo o mais breve possível
Marina, Marina, Marina
Quero casar contigo o mais breve possível

Ó minha linda morena
Não, não me deixe
Não me deves destruir
Oh, não, não, não, não, não

Ó minha linda morena
Não, não me deixe
Não me deves destruir
Oh, não, não, não, não, não

[Instrumental]

Marina, Marina, Marina
Quero casar contigo o mais breve possível
Marina, Marina, Marina
Quero casar contigo o mais breve possível

Ó minha linda morena
Não, não me deixe
Não me deves destruir
Oh, não, não, não, não, não

Ó minha linda morena
Não, não me deixe
Não me deves destruir
Oh, não, não, não, não, não

Ninguém é de ninguém

Ninguém é de ninguém
Na vida tudo passa
Ninguém é de ninguém
Até quem nos abraça

Não há recordação que não tenha seu fim
Ninguém é de ninguém
O mundo é mesmo assim

Já tive a sensação que amava com fervor
Já tive a ilusão que tinha um grande amor
Talvez alguém pensou no amor que eu sonhei
E que perdi também
E assim vivi a vida
Ninguém é de ninguém

Conceição

Conceição
Eu me lembro muito bem
Vivia no morro a sonhar
Com coisas que o morro não tem

Foi então
Que lá em cima apareceu
Alguém que lhe disse a sorrir
Que, descendo à cidade, ela iria subir

Se subiu
Ninguém sabe, ninguém viu
Pois hoje o seu nome mudou
E estranhos caminhos pisou

Só eu sei
Que tentando a subida desceu
E agora daria um milhão
Para ser outra vez Conceição

O Dinheiro Não é Tudo Mas é 100%

2 mais 2 são 4
Sexta-feira à noite
O quadrado de 69 é pura esculhambação
Que gente besta não conta
É sabido se atrapalha
Pois fazer conta de cabeça, noves fora nada
Legal que só!
Entrar na vida legislativa
Puxar o trem com a caneta
(De trás pra frente)
Cheio de parentes, de agregados,
De aderentes, etc. e tal
2 mais 2 nunca é 4
Segunda-feira de manhã
1000 meu com 1000 seu é a comissão
Que o tesoureiro se assusta
Mas passa o recibo
Diz que não está por dentro e tira 10%
Legal que só!
Entrar pra vida legislativa
Pra me eleger
Posso contar, humildemente
Com meus parentes, meus agregados,
Meus aderentes e depois tchau!

Só é Corno Quem Quer

A minha intenção
Era acabar de vez com isso
Mas eu não consegui
Devido à intervenção do bispo
Não sei se foi o Voltaire
Ou foi um bodegueiro que disse
Que o mundo não se acaba
Quando se ganha um par de chifre
Porque nos grandes lances
Da história universal
Sempre tem um corno
Com algum problema conjugal

Um homem traído, iludido, enganado
Ou é um homem perigoso, ou então é um abestado

É preciso muito equilibrio emocional
um corno esclarecido
É sempre um corno legal
Perigo é o desvio objetal da tal libido
Pois a desilusão
O torna convencido
E o convencimento
É algo assim mesmo cruel
Transforma o cidadão
Num corno vingativo

O corno vingativo
É aquele corno, que quando sabe que a mulher o trai
Então ele passa a da o cú para se vingar.

Todo Castigo pra Corno é Pouco

Quando eu saí do sanatório,
era pleno mês de agosto.
E pra aumentar o meu desgosto,
ela com outro me traiu.
Resolvi, fui ao cinema.
Quando entrei no mictório,
um negão olhou pra mim e disse:
– Good night, my life!
Não sei o que vou fazer…

Sentei na mesa de um bar,
comecei a meditar, procurando a solução
pro futuro da Nação e o Imposto Predial.

Rebolei as suas cartas no aparelho sanitário,
Gastei todo numerário com perfume e soda cáustica.
Resolvi sair de casa,
comprei um chapéu de couro,
Joguei no bicho, deu touro.
Não sei o que vou fazer…