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Assim que vi você – Alice Ruiz

assim que vi vocêlogo vi que ia dar coisacoisa feita pra durarbatendo duro no peitoaté eu acabar virandoalguma coisaparecida com você parecia ter saídode alguma lembrança antigaque eu nunca tinha vivido alguma coisa perdidaque eu nunca tinha tido alguma voz amigaesquecida no meu ouvido agora não tem mais jeitocarrego você no peitopoema na camisetacom a …

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Poema simples – Adalgisa Nery

Deixa-me recolher as rosas que estão morrendo nos jardins da noite, Deixa-me recolher o fruto antes que este volva as raízes da terra, Deixa-me recolher a estrela úmida Antes que sua luz desapareça na madrugada, Deixa-me recolher a tristeza da alma Antes que a lágrima banhe a pálpebra Do órfão abandonado e faminto, Deixa-me recolher a ternura …

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O que é simpatia (a uma menina) – Casimiro de Abreu

Simpatia – é o sentimentoQue nasce num só momento,Sincero, no coração;São dois olhares acesosBem juntos, unidos, presosNuma mágica atração. Simpatia – são dois galhosBanhados de bons orvalhosNas mangueiras do jardim;Bem longe às vezes nascidos,Mas que se juntam crescidosE que se abraçam por fim. São duas almas bem gêmeasQue riem no mesmo riso,Que choram nos mesmos …

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A valsa – Casimiro de Abreu

Tu, ontem,Na dançaQue cansa,VoavasCo’as facesEm rosasFormosasDe vivo,LascivoCarmim;Na valsaTão falsa,Corrias,Fugias,Ardente,Contente,Tranqüila,Serena,Sem penaDe mim! Quem deraQue sintasAs doresDe amoresQue loucoSenti!Quem deraQue sintas!…— Não negues,Não mintas…— Eu vi!… Valsavas:— Teus belosCabelos,Já soltos,Revoltos, Saltavam,Voavam,BrincavamNo coloQue é meu;E os olhosEscurosTão puros,Os olhosPerjurosVolvias,Tremias,Sorrias,P’ra outroNão eu! Quem deraQue sintasAs doresDe amoresQue loucoSenti!Quem deraQue sintas!…— Não negues,Não mintas…— Eu vi!… Meu Deus!Eras belaDonzela,Valsando,Sorrindo,Fugindo,Qual silfoRisonhoQue em …

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Risos – Casimiro de Abreu

Ri, criança, a vida é curta, O sonho dura um instante. Depois… o cipreste esguio Mostra a cova ao viandante! A vida é triste – quem nega? – Nem vale a pena dize-lo . Deus a parte entre seus dedos Qual um fio de cabelo! Como o dia, a nossa vida Na aurora é – toda venturas, De tarde – doce tristeza. Casimiro de Abreu …

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Deus – Casimiro de Abreu

Eu me lembro! eu me lembro! – Era pequeno E brincava na praia; o mar bramia E, erguendo o dorso altivo, sacudia A branca escuma para o céu sereno. E eu disse a minha mãe nesse momento: “Que dura orquestra! Que furor insano! “Que pode haver maior do que o oceano, “Ou que seja mais forte do que o vento?!” – Minha mãe …

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Clara – Casimiro de Abreu

Não sabes, Clara, que penaEu teria se – morenaTu fosses em vez de clara!Talvez… Quem sabe?… não digo…Mas refletindo comigoTalvez nem tanto te amara! A tua cor é mimosa, Brilha mais da face a rosa,Tem mais graça a boca breve.O teu sorriso é delírio…És alva da cor do lírio,És clara da cor da neve! A morena …

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Um história – Casimiro de Abreu

A brisa dizia à rosa:– “Dá, formosa,Dá-me, linda, o teu amor;Deixa eu dormir no teu seioSem receio,Sem receio minha flor! Da tarde virei da selvaSobre a relvaOs meus suspiros te dar;E de noite na correnteMansamenteMansamente te embalar!” – E a rosa dizia à brisa:– “Não precisaMeu seio dos beijos teus;Não te adoro… és inconstante…Outro amante,Outro …

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Saudades – Casimiro de Abreu

Nas horas mortas da noiteComo é doce o meditarQuando as estrelas cintilamNas ondas quietas do mar;Quando a lua majestosaSurgindo linda e formosa,Como donzela vaidosaNas águas se vai mirar! Nessas horas de silêncio,De tristezas e de amor,Eu gosto de ouvir ao longe,Cheio de mágoa e de dor,O sino do campanárioQue fala tão solitárioCom esse som mortuárioQue …

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Sonhando – Casimiro de Abreu

Um dia, oh linda, embaladaAo canto do gondoleiro,Adormeceste inocenteNo teu delírio primeiro,– Por leito o berço das ondas,Meu colo por travesseiro! Eu, pensativo, cismavaNalgum remoto desgosto,Avivado na tristezaQue a tarde tem, ao sol-posto,E ora mirava as nuvens,Ora fitava teu rosto. Sonhavas então, querida,E presa de vago anseioDebaixo das roupas brancasSenti bater o teu seio,E meu …

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Moreninha – Casimiro de Abreu

Moreninha, Moreninha,Tu és do campo a rainha,Tu és senhora de mim;Tu matas todos d’amores,Faceira, vendendo as floresQue colhes no teu jardim. Quando tu passas n’aldeiaDiz o povo à boca cheia:– “Mulher mais linda não há“Ai! vejam como é bonita“Co’as tranças presas na fita,“Co’as flores no samburá! – Tu és meiga, és inocenteComo a rola que …

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Segredos – Casimiro de Abreu

Eu tenho uns amores – quem é que os não tinhaNos tempos antigos? – Amar não faz mal;As almas que sentem paixão como a minhaQue digam, que falem em regra geral.– A flor dos meus sonhos é moça e bonitaQual flor entreaberta do dia ao raiar,Mas onde ela mora, que casa ela habita,Não quero, não …

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Meus oito anos – Casimiro de Abreu

Oh ! que saudades que eu tenhoDa aurora da minha vida,Da minha infância queridaQue os anos não trazem mais !Que amor, que sonhos, que flores,Naquelas tardes fagueirasÀ sombra das bananeiras,Debaixo dos laranjais ! Como são belos os diasDo despontar da existência !– Respira a alma inocênciaComo perfumes a flor;O mar é – lago sereno,O céu …

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Violeta – Casimiro de Abreu

Sempre teu lábio severoMe chama de borboleta!– Se eu deixo as rosas do pradoÉ só por ti – violeta! Tu és formosa e modesta,As outras são tão vaidosas!Embora vivas na sombraAmo-te mais do que às rosas. A borboleta travessaVive de sol e de flores.– Eu quero o sol de teus olhos,O néctar dos teus amores! …

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Sim, foi você

Sim, foi você quem não quis voltarToda noite a saudade vai de verdadeAgora lhe procurarComo a mim que a tristeza temPara sempre perdido além do sorrisoJá sem poder chorarAh, nosso amor foi bomFoi de não se esquecerEra pra sempre, foi tão bonitoEra de se esperar renascerMas foi você quem não quis voltarToda noite a saudade …

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Fazendo assim

Vi que você tá sozinhoCoincidência, eu tô tambémSerá que hoje eu consigoAcabar contigo?Eu vou falar no pé do ouvidoO que eu quero com vocêEu tô querendo, eu admitoAcabar contigo O melhor é você já se prepararJá tô vendo aonde isso vai pararNossos corpos dançando na horizontal, nada vai separarEssa noite você não foge de mimVou …

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Sim ou não

AjáAnitta, MalumaBrasil, Colombia Se quiser jogar, vemMas tem que arriscar, vemVai ser sim ou nãoOu não, ou não, não (ou não) Se quiser jogar, vemMas tem que arriscar, vemVai ser sim ou nãoOu não, ou não, não (ou não) Y tú lo sabesQue me gustas, daleMueve el cuerpo suavePa’ mí, así (yeh, yeh, yeh, yeh) …

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Eu bebo sim

Eu bebo simEstou vivendoTem gente que não bebe e está morrendoEu bebo sim Eu bebo simOlha, eu estou vivendoTem gente que não bebe e está morrendo Tem gente que já está com o pé na covaNão bebeu e isto é provaQue a bebida não faz malUm pro santoBota o choro e a saideiraEsvazia a prateleiraE …

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Assim você mata o papai

Ai,ai! Ai ai ai ai Essa mina tá me olhandoAcho que tá dando moleEla tá me provocando já faz tempoIsso não vai prestarNão vai Ela é maravilhosa, tem um sorriso marotoO que será que ela tá querendo?Vou chamar pra dançar Vem cá mulherVem cá, dançarComigo agarradinho, vem cá que você vai gostar!Ah, vai! Isso, assim, …

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Sim

Sim, se chega pro meu lado eu digo simCê tá jogando charme e é pra mimTe falo, cê passou, mas o teu cheiroTá aqui Cabelo bagunçado, moreninDum jeito de sorrir bem gostosinJá to imaginando algum momentoNosso Cê vem chegando de jeitoPegando no meu cabeloMas o que eu quero é te ouvir O papo é bom …

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Por te amar assim (Por Amarte Asi)

Você ficou em mimDentro de minha almaFeito uma tempestadeQue nunca se acalmaAmor que me pegouDe um jeito inesperado… Teu nome é um gritoPreso na gargantaTe vendo acompanhadaParecendo santaE eu querendo serQuem está do seu lado… Será!Do jeito que você quiserAssim seráMesmo que toda vidaTenha que esperarEu ficarei guardadoNeste sentimento… Por te amar assimA felicidadeÉ o …

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Simples e absurdo

O olho claro no cabelo cor da noiteRiso branco feito açoite no olhar de paranóiaAqui é cúmplice o que é simples e absurdo:Esmeralda no veludo, onça negra com jibóia O que é quente se reúne ao que é gelado:Dois vaga-lume agarrado na casaca do pingüimO que é sagrado vaticina o que é pecado:Dois louva-deus afogado …

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Comigo é assim

A nossa vida tem sido um horrorE o culpado é só você que não me tem amorSe eu chego tarde você quer brigarBota banca de infelizNão pára de falarJá lhe avisei para tomar cuidadoPois você está seguindo um caminho erradoOra, deixe de toliceTrate com ternura e com meiguiceEsse seu benzinhoPra lhe agradarTudo já fizSó pra …

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Comigo é assim

A nossa vida tem sido um horrorE o culpado é so você que não me tem amorSe eu chego tarde você quer brigarBota banca de infelizNão pára de falarJá lhe avisei para tomar cuidadoPois você está seguindo um caminho erradoOra, deixe de toliceTrate com ternura e com meiguiceEsse seu benzinhoPra lhe agradarTudo já fizSó pra …

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Ser mais simples

Estou saindo e vou sozinho sem discutir Hoje eu acordei em paz E não me venha com listas de mágoas Só pra me deter Sempre existe o momento adequado Um outro lado a refletir No caminho penso se ainda quero voltar Eu te amava tanto, nem dá para acreditar E não adianta insistir Em olhar …

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Perfeita simetria

Toda vez que toca o telefone, eu penso que é você Toda noite de insônia eu penso em te escrever Pra dizer que teu silêncio me agride E não me agrada ser um calendário do ano passado Pra dizer que teu crime me cansa E não compensa entrar na dança Depois que a música parou …

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Simples de coração

Volta pra casa Me traz na bagagem Tua viagem sou eu Novas paisagens Destino, passagem Tua tatuagem sou eu Casa vazia, luzes acesas Só pra dar a impressão Cores e vozes, conversas animadas É só a televisão Já perdemos muito tempo Brincando de perfeição Esquecemos o que somos: Simples de coração Volta voando Vinda do …

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Eu bebo sim

Eu bebo sim! Eu tô vivendo Tem gente que não bebe E tá morrendo Eu bebo sim! Eu tô vivendo Tem gente que não bebe E tá morrendo Tem gente que já tá com o pé na cova Não bebeu e isso prova Que a bebida não faz mal Uma pro santo,bota o choro,a saidera …

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Assimétrica

Não quero mais ser feliz Ser feliz, quer dizer, sem você Prefiro assim, assimetricamente Viver com você ”Assimetricamantes” nós dois Assim como um mais um são três Algo não se encaixa, mas quem acha que dá certo Somos nós Nós e nós e nós e nós e nós Todos desatados de uma vez Quando nos …

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Assim, sim

Se eu virar o cão Diz pra mim que assim, não Se eu chegar mansin Diz pra mim que assim, sim Se eu descer a mão Diz pra mim que assim, não Se eu fizer carin Diz pra mim que assim, sim Me diz assim, não, quando eu chego reclamando, resmungando, espinafrando, nega Espinafre cru …

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Foi assim

Foi assim Eu tinha alguém que comigo morava Mas tinha um defeito que brigava Embora com razão ou sem razão Encontrei Um dia uma pessoa diferente Que me tratava carinhosamente Dizendo resolver minha questão Mas não Foi assim Troquei essa pessoa que eu morava Por essa criatura que eu julgava Pudesse compreender todo o meu …

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É Tão Simples

Quero mais Quero mais É tão simples abusar do meu espírito ingênuo Já passaram mil romances, caravanas, sentimentos Desarvorados Num tempo sublime Do verbo amar. Amarei aquele que chegou Pra não partir jamais Partiu Agora eu quero mais

Bem Simplesinho

Por causa dessa mulher De tudo que é bom Fui abrindo mão Do futebol com os amigos Barzinho e até meu violão Por causa dessa mulher Que não suportava minhas amigas Aos poucos fui me envolvendo Amolecendo eu mudei de vida Agora eu faço parte De uma classe elitizada Só gosta de coisa chique Só …

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Mesmo Assim

Foram tantas coisas boas não posso te esquecer O meu coração coitado, não pensa em te perder Por isso não estrague o sonho e trate de voltar pra mim Refrão Volta que eu te amo, baby não foge mais de mim (volta) Sim que eu te amo, baby fica perto de mim (volta) Sim que …

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Assim Sem Fim

Não finja um beijo que Já não é mais seu Nem diga que esse chão Da casa, não é mais meu Se tem algo a dizer Que devolva em goles sãos Qual é o tempo dessa solidão? Aonde é o centro desse furacão? Vestida de brisa assim Sob meus olhos de Zeus Que te acompanham …

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Sempre Assim

Já me cansei de esperar, Você não quis ouvir, o que eu tinha pra falar, Agora são histórias, que nunca aconteceram, Somente os desesperos, Você só soube entender os erros, Quando somente tentei achar seus medos, Tudo que eu fiz agora não importa, Esqueça tudo e abra sua porta, Sentir o gosto de uma perda …

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Assim, sim!

Assim, sim Mas assim também não Já não gostas mais de mim Mas eu não te dei razão. Infelizmente este mundo é sempre assim Quem ri muito no começo Chora quando chega o fim. Em mar de rosas começou nossa amizade E depois tu me entregaste A tristeza e a saudade. E muita gente que …

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Sim

A dor é uma coisa real Que a gente está aprendendo a abraçar E não temer A velha história do mal Tão conhecida Que já nem pode mais nos assustar O amor é uma coisa real E a gente nunca deve se esquecer De festejar Cada momento pra nós É pura alegria É tudo o …

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Tive, Sim

Tive, sim Outro grande amor antes do teu Tive, sim O que ela sonhava eram os meus sonhos e assim Íamos vivendo em paz Nosso lar, em nosso lar sempre houve alegria Eu vivia tão contente Como contente ao teu lado estou Tive, sim Mas comparar com o teu amor seria o fim Eu vou …

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Sim

Sim, Deve haver o perdão Para mim Senão nem sei qual será O meu fim Para ter uma companheira Até promessas fiz Consegui um grande amor Mas eu não fui feliz E com raiva para os céus Os braços levantei Blasfemei Hoje todos são contra mim Todos erram neste mundo Não há exceção Quando voltam …

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Versos Simples

Sabe, já faz tempo, Que eu queria te falar Das coisas que trago no peito Saudade, Já não sei se é a palavra certa para usar Ainda lembro do seu jeito Não te trago ouro, Porque ele não entra no céu E nenhuma riqueza deste mundo Não te trago flores, Porque elas secam e caem …

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Você é Assim

Você é assimFeita de sonhos e esperançaNasceu pra amar e ser amada por alguém eternamenteE compartilhar Jesus e a VidaSerem, dois em um, uma família Você é assimPuro romanceChega a ser boba e engraçadaConta adiante, essa sua fé em contos de fadas E vem você agora me dizerQue está desanimada não quer mais saberQue você …

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Uma breve história da música brasileira

A música brasileira tem uma história rica e diversificada, com influências e contribuições de muitas culturas diferentes. A música indígena e africana é uma das principais influências na música brasileira, devido à presença dos índios e escravos africanos no país desde a época colonial. Durante o período colonial, música folclórica e religiosa também desempenharam um …

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História de Chico Buarque

Popularmente conhecido simplesmente como Chico Buarque, Francisco Buarque de Hollanda é um cantor e compositor brasileiro, dramaturgo, escritor e poeta. Chico é mais conhecido por suas músicas, que frequentemente incluíam comentários sociais, econômicos e culturais sobre o país. Buarque, Filho primogênito de Sérgio Buarque de Hollanda, viveu em diversos locais quando criança. Principalmente no Rio …

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Flamingos

Me deixe viver ou viva comigoMe mande embora ou me faça de abrigoCalifornia dream com uma dream girlMas não sou gringoCamisa suada estampada de flamingo Me deixe viver ou viva comigoMe mande embora ou me faça de abrigoCalifornia dream com uma dream girlMas não sou gringoCamisa suada estampada de flamingo Entro em você mais do …

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É tudo pra ontem

Talvez seja bom partir do finalAfinal, é um ano todo só de sexta-feira trezeCê também podia me ligar de vez em quandoEu ando igual lagarta, triste, sem poder sair Aqui o mantra que nos traz o centroEnquanto lavo um banheiro, uma louça, querendo lavar a almaNa calma da semente que germinaQue eu preciso olhar minhas …

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Principia

[Pastoras do Rosário]Lá-ia, lá-ia, lá-iaLá-ia, lá-ia, lá-iaLá-ia, lá-ia, lá-iaLá-ia, lá-ia, lá-ia [Emicida]Com o cheiro doce da arrudaPenso em buda, calmoTenso, busco uma ajudaÀs vezes me vem um salmoTira a visão que iluda, é tipo um oftalmoE eu, que vejo além de um palmoPor mim, tu, Ubuntu, algo almoSe for pra crer no terrenoSó no que …

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Amor é isso

Uma alegria de luz, o orgasmo da arteUm sonho, uma ardência na alma, uma dor, uma sorteMais que uma oferta egoísta e possessivaUma canção de ninar em carne vivaUm universo inteiro de prazer no céuA ressonância da paz no coração do seioNobre ilusão do horizonte, da febre sem fimE o som da banda avisando que …

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Viagem passageira

O sonho é ter tudo resolvidoCom o passar do tempo pela vidaA casca da ferida se formandoA cicatriz na pele do futuroA pele do futuro finalmenteImune ao corte, à lâmina do tempoO tempo finalmente estilhaçadoE a poeira sumindo no horizonte O sonho é ter tudo dissolvidoO corpo, a mente, a fonte da lembrançaEnfim, ponto final …

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Sublime

Não que eu me iludaEu acho até que você gosta de mimNão que eu me iludaEu penso até que você pensa Mas não o suficiente pra ficar assimCalado colado sem beijo apressadoSem olhar pro ladoSem tomar cuidado com o fim Não que eu me iludaEu sinto até que você sente um frissonO que não mudaQuando …

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Neguinho

Neguinho não lê, neguinho não vê, não crê, pra quê?Neguinho nem quer saberO que afinal define a vida de neguinho Neguinho compra o jornal, neguinho fura o sinalNem bem nem mal, prazerVotou, chorou, gozou: o que importa, neguinho? Rei, rei, neguinho reiSim, sei, neguinhoRei, rei, neguinho é reiSei não, neguinho Se nego pensa que é …

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Vaca profana

Respeito muito minhas lágrimasMas ainda mais minha risadaEscrevo, assim, minhas palavrasNa voz de uma mulher sagrada Vaca profana, põe teus cornosPra fora e acima da manadaVaca profana, põe teus cornosPra fora e acima da manada Ê, ê, êDona de divinas tetasDerrama o leite bom na minha caraE o leite mau na cara dos caretas Segue …

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Pegando fogo

Meu coração amanheceu pegando fogo, fogo, fogoFoi uma morena que passou perto de mimE que me deixou assimMorena boa que passaCom sua graça infernalMexendo com nossa raçaDeixando a gente até malMande chamar o bombeiroPra esse fogo apagarE se ele não vem ligeiroNem cinzas vai encontrar

Bloco do prazer

Pra libertar meu coraçãoEu quero muito maisQue o som da marcha lentaEu quero um novo balancêO bloco do prazerQue a multidão comentaNão quero oito nem oitentaEu quero o bloco do prazerE quem não vai querer?Mamã mamãe eu quero simQuero ser mandarimCheirando gasolinaNa fina flor do meu jardimAssim como o carmimDa boca das meninasQue a vida …

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Luz do sol

Luz do solQue a folha traga e traduzEm verde de novoEm folha, em graça , em vida em força, em luzCéu azul que venha até onde os pésTocam na terra e a terra inspira e exala seus azuisReza, reza o rio ,Córrego pro rio, rio pro marReza correnteza , roça a beira a doura areiaMarcha …

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Ilusão à toa

Eu acho engraçadoQuando um certo alguémSe aproxima de mimTrazendo exuberânciaQue me extasia Meus olhos sentemMinhas mãos transpiramÉ um amor que eu guardo há muitoDentro em mimE é a voz do coração que canta assimAssim Olha, somente um diaLonge dos teus olhosTrouxe a saudade do amor tão pertoE o mundo inteiro fez-se tão tristonho Mas embora …

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O amor

TalvezQuem sabeUm diaPor uma alamedaDo zoológicoEla também chegaráEla que tambémAmava os animaisEntrará sorridenteAssim como estáNa foto sobre a mesa Ela é tão bonitaEla é tão bonitaQue na certaEles a ressuscitarãoO século trinta venceráO coração destroçado jáPelas mesquinharias Agora vamos alcançarTudo o que nãoPodemos amar na vidaCom o estrelarDas noites inumeráveis Ressuscita-meAindaQue mais não sejaPorque sou …

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Da calma e do silêncio – Conceição Evaristo

Quando eu mordera palavra,por favor,não me apressem,quero mascar,rasgar entre os dentes,a pele, os ossos, o tutanodo verbo,para assim versejaro âmago das coisas.Quando meu olharse perder no nada,por favor,não me despertem,quero reter,no adentro da íris,a menor sombra,do ínfimo movimento.Quando meus pésabrandarem na marcha,por favor,não me forcem.Caminhar para quê?Deixem-me quedar,deixem-me quieta,na aparente inércia.Nem todo viandanteanda estradas,há mundos …

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Boca da noite – Alice Ruiz

boca da noitena calada em silênciograndes lábiosse abrem em sim In: RUIZ, Alice. Pelos pelos. São Paulo: Brasiliense, 1984. p.16. (Cantadas literárias, 24) Alice Ruiz Autor: Alice Ruiz

Projesombras (nós) – Alice Ruiz

por causa deRegina Silveira no mundo das sombrasos objetos inchamgrávidos de outras formas silhuetas dissimulando similaridadesparódias e paradoxoslinearidades em desalinho aquiarmas são a alma das louçasaliprojesombras milimetricamentecalculadas inauguram com humoro outro lado do rigor o primeiro planopassa a pano de fundoo que é o fundo?o que é a figura?o que é a coisa?o que é …

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Saudação da saudade – Alice Ruiz

Minha saudadesaúda tua idamesmo sabendoque uma vindasó é possívelnoutra vida. Aqui, no reinodo escuroe do silênciominha saudadeabsurda e mudaprocura às cegaste trazer à luz. Ali, ondenem mesmo vocêsabe maistalvez, enfimnos espereo esquecimento. Aí, ainda assimminha saudadete saúdae se despedede mim. Alice Ruiz Autor: Alice Ruiz

É duro ter coração mole – Alice Ruiz

Por favornão me aperte tanto assimtenha cuidado, pega leveolha onde pisaisso é meu coraçãomeu ganha-pãoinstrumento de trabalho,meio de vida, profissãomeu arroz com feijãomeu passaportepara qualquer partepara qualquer artenão machuque esse meu coraçãopreciso delepara me levar a Martesem sair do chãonão me apertenão machuquetome cuidadoeu vivo dissopoesia, sonhose outras cançõessem emoçãomorro de fomesinto muitomas não há …

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Terceiro canto – Alberto de Oliveira

I Embala-me, balanço da mangueira,Embala-me, que enquanto vou contigo,Contigo venho, o meu pesar esqueço.Rompe a luz da manhã rosada e linda,Tudo desperta. E essa por quem padeço,Lânguida e preguiçosa,Entre brancos lençóis repousa ainda.Embala-me, pendente da mangueira,Na tensa corda, meu balanço amigo!Em claro a noite inteiraPassei, pensando nela. Ah! que formosaEstava ontem à tarde no mirante,Um …

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Samba jazz – Jenyffer Nascimento

Ele gosta de jazzFrequenta cafés e lugares cult.Já leu Morin, Bourdieu e OswaldFã de Glauber como Deus e o Diabo. A Terra em Transa, transe. De tão existencialistaDivagava horas sobreO tal sentido da vida. Ela não.Só queria saber de viver. Criada no sambaNo ruído da cuíca.Frequentava bares, biroscas, botequins.Além das receitas dos remédios de sua …

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Identidade – Jenyffer Nascimento

Cansei de ser uma foto 3×4Acompanhada por uma sequência de dígitos. Cansei de ser númeroNo RG, CPF, Título de EleitorPassaporte, Carteira de Trabalho.A burocracia nunca me enxerga como gente.  Eles não sabem da cor azulQue fui a Bahia e vi Dona Canô na festa de ReisQue choro quando leio a Cor PúrpuraNem que passo as tardes …

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A coisa pública e a privada – Affonso Romano de Sant`Anna

Entre a coisa públicae a privadaachou-se a Repúblicaassentada. Uns queriam privarda coisa pública,outros queriam provarda privada,conquanto, é claro,que, na provação,a privada, publicamente,parecesse perfumada. Dessa luta intestinaentre a gula pública e a privadaa Repúblicaacabou desarranjadae já ninguém sabiaquando era a empresa públicaprivada públicaoupública privada. Assim ia a rês pública: avacalhadauma rês pública: charqueadauma rês pública, publicamentecorneada, …

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Carta aos – Affonso Romano de Sant`Anna

Carta aosMortosAmigos, nadamudouem essência.Os saláriosmal dão para os gastos,as guerras não terminarame há vírus novos e terríveis,embora o avanço da medicina.Volta e meia um vizinhotomba morto por questão de amor.Há filmes interessantes, é verdade,e como sempre, mulheres portentosasnos seduzem com suas bocas e pernas,mas em matéria de amornão inventamos nenhuma posição nova.Alguns cosmonautas ficam no …

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Meditação – Maria Firmina dos Reis

(À minha querida irmã – Amália Augusta dos Reis)     Vejamos pois esta deserta praia, Que a meiga lua a pratear começa, Com seu silêncio se harmoniza esta alma, Que verga ao peso de uma sorte avessa. Oh! meditemos na soidão da terra, Nas vastas ribas deste imenso mar; Ao som do vento, que sussurra triste, Por entre os leques do gentil …

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Humanidade – Carolina Maria de Jesus

Depôis de conhecer a humanidadesuas perversidadessuas ambiçõesEu fui envelhecendoE perdendoas ilusõeso que predomina é amaldadeporque a bondade:Ninguem praticaHumanidade ambiciosaE gananciosaQue quer ficar rica!Quando eu morrer…Não quero renasceré horrivel, suportar a humanidadeQue tem aparência nobreQue encobreAs pesimas qualidades Notei que o ente humanoÉ perverso, é tiranoEgoista interesseirosMas trata com cortêziaMas tudo é ipocresiaSão rudes, e trapaçêiros– …

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Solidão – Adalgisa Nery

O espírito da tempestade que executa a minha palavra Partiu E minha forma assim abandonada Caiu. Vieram depois a aflição e a agonia E cresceram em mim Como a aurora e o dia. E se eu quisesse contar, homens irmãos, Desde quando meu coração está isento de alegria, Acreditem, Não poderia. Há muitos séculos mora …

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Escultura – Adalgisa Nery

Eu já te amava pelas fotografias. Pelo teu ar triste e decadente dos vencidos, Pelo teu olhar vago e incerto Como o dos que não pararam no riso e na alegria. Te amava por todos os teus complexos de derrota, Pelo teu jeito contrastando com a glória dos atletas E até pela indecisão dos teus …

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Eu em ti – Adalgisa Nery

Desejaria estar contigo quando eras no pensamento de Deus, Quando tua mãe te concebeu e te alimentou com sua vida, Desejaria estar contigo na primeira vez que distinguiste as formas, [as cores e os sons, Na tua primeira lágrima eu quisera estar contigo e assim na tua [primeira alegria, Desejaria estar contigo na tua infância …

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Olhando no espelho – Abdias do Nascimento

(Para meus netos Samora, Alan e Henrique Alberto)Ao espelho te vejo negrinhote reconheço garoto negrovivemos a mesma infânciaa melancolia partilhada do teu profundo olharera a senha e a contra-senhaidentificando nosso destinoconfraria dos humilhadosa povoar de terna lembrançaesta minha evocação de FrancaÉramos um só olharnos papagaios empinadosao sopro fresco do entardecerNegrinho garota negravivemos a mesma infâncianos …

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A um homem – Adalgisa Nery

Quando numa rocha porosa Cansado te encostares E dela vires surgir a umidade e depois a gota, Pensa, amado meu, com carinho, Que aí esta a minha boca. Se teus olhos ficarem nas praias E vires o mar ensalivando a areia Com alegria pensa amado meu Num corpo feliz Porque é só teu. Se descansares …

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Indiferente – Júlia Cortines

E vão assim as horas! – Vão fugindoUm após outro os dias voadores,Ao túmulo do olvido conduzindoAs alegrias como os dissabores,O sonho agita as asas multicores,E vai-se e vai-se rápido sumindo,Enquanto a vaga quérula das doresSoluça, e rola pelo espaço infindo…A mim, porém a mim, a mim que importa,A mim, cuja esperança há muito é …

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O infinito – Júlia Cortines

(G. LEOPARDI)AO DR. ESPERIDIÃO ELOY FILHO. Sempre caro me foi este ermo cole,Mais esta sebe, que de tanta parteO longínquo horizonte à vista oculta.Mas, se me assento, contemplando-a, espaçosIntérminos além, e sobre-humanoSilêncio, e profundíssima quietudeMeu pensamento fantasia; e quaseSe me apavora o coração. Se o ventoOuço fremir nas árvores, aqueleInfinito silêncio a este murmúrioVou comparando: …

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Poesia perdida – Jacinta Passos

Ó! a poesia deste momento que passa,a grande poesia vivida neste instantepor todos os seres da terra,que palpita nas coisas mais simplescomo um rastro luminoso da Belezae, sem uma voz humana para eternizá-la,se perde para sempre, inutilmente…Por que existo, Senhor, quando não posso cantar?– Jacinta Passos (1933?), em  parte I “Momentos de Poesia”, do livro …

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Cantigas das mães – Jacinta Passos

(para minha mãe)Fruto quando amadurececai das árvores no chão,e filho depois que crescenão é mais da gente, não.Eu tive cinco filhinhose hoje sozinha estou.Não foi a morte, não foi,oi!foi a vida que roubou.Tão lindos, tão pequeninos,como cresceram depressa,antes ficassem meninosos filhos do sangue meu,que meu ventre concebeu,que meu leite alimentou.Não foi a morte, não foi,oi!foi …

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Crepúsculo – Jacinta Passos

Vai lentamente agonizando o dia…O poente onde, há pouco, o sol ardia,se tingiu de cor de ouro, luminosa.Tons desmaiados de lilás e rosalistram o puro azul do firmamento– um poema de luz, neste momento.A sombra de mansinho vem caindoe o contorno das coisas, diluindo.Pesa um grande silêncio, enorme e mudo.Desce suavemente sobre tudo,uma bênção dulcíssima …

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O rio – Jacinta Passos

Tantos rios como eu abriram leito de pedrase pranto. Um dia perguntávamos:– Dizei-me, curva, onde vou? casa trono rocha soisaqueles que ficam, minha lei é não parar. Sigofio de água, água humilde sou, para onde? Ó curva,falai. Água de revolta, espuma e ódio nos porosna garganta no útero, pranto de mulher, águade fel antigo, quem …

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Relâmpago – Ivan Junqueira

A navalha de luz do relâmpagorasga a carne da escuridãocom um estrondo que reboamais alto que as trombetas do Juízo.Será assim o clarão que nos cegaquando a alma, extenuada,galga os degraus da imortalidade?– Ivan Junqueira, em “Essa música”. Rio de Janeiro: Rocco, 2014. Ivan Junqueira Autor: Ivan Junqueira

Aviso aos náufragos – Paulo Leminski

Esta página, por exemplo,não nasceu para ser lida.Nasceu para ser pálida,um mero plágio da Ilíada,alguma coisa que cala,folha que volta pro galho,muito depois de caída. Nasceu para ser praia,quem sabe Andrômeda, AntártidaHimalaia, sílaba sentida,nasceu para ser últimaa que não nasceu ainda. Palavras trazidas de longepelas águas do Nilo,um dia, esta pagina, papiro,vai ter que ser …

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Contranarciso – Paulo Leminski

em mimeu vejoo outroe outroenfim dezenastrens passandovagões cheios de gente centenas o outroque há em mim é vocêvocêe você assim comoeu estou em vocêeu estou neleem nóse só quandoestamos em nósestamos em pazmesmo que estejamos a sós Paulo Leminski Autor: Paulo Leminski

Riso para Gil – Paulo Leminski

teu risoreflete no teu canto rima ricaraio de solem dente de ouro “everything is gonna be alright” teu risodiz simteu riso satisfaz enquanto o solque imita teu risonão sai Paulo Leminski Autor: Paulo Leminski

Coco de Pagu – Raul Bopp

Pagu tem os olhos moles uns olhos de fazer doer. Bate-côco quando passa. Coração pega a bater. Eh Pagu eh!Dói porque é bom de fazer doer. Passa e me puxa com os olhos provocantissimamente.Mexe-mexe bamboleiapra mexer com toda a gente. Eli Pagu eh!Dói porque é bom de fazer doer. Toda a gente fica olhando o seu corpinho de vai-e-vem umbilical e …

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Dor elegante – Paulo Leminski

Um homem com uma dorÉ muito mais eleganteCaminha assim de ladoCom se chegando atrasadoChegasse mais adiante Carrega o peso da dorComo se portasse medalhasUma coroa, um milhão de dólaresOu coisa que os valha Ópios, édens, analgésicosNão me toquem nesse dorEla é tudo o que me sobraSofrer vai ser a minha última obra Paulo Leminski Autor: …

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Invernáculo – Paulo Leminski

Esta língua não é minha,qualquer um percebe.Quem sabe maldigo mentiras,vai ver que só minto verdades.Assim me falo, eu, mínima,quem sabe, eu sinto, mal sabe.Esta não é minha língua.A língua que eu falo travauma canção longínqua,a voz, além, nem palavra.O dialeto que se usaà margem esquerda da frase,eis a fala que me lusa,eu, meio, eu dentro, …

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M. de memória – Paulo Leminski

Os livros sabem de cormilhares de poemas.Que memória!Lembrar, assim, vale a pena.Vale a pena o desperdício,Ulisses voltou de Tróia,assim como Dante disse,o céu não vale uma história.um dia, o diabo veioseduzir um doutor Fausto.Byron era verdadeiro.Fernando, pessoa, era falso.Mallarmé era tão pálido,mais parecia uma página.Rimbaud se mandou pra África,Hemingway de miragens.Os livros sabem de tudo.Já …

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Desencanto – Manuel Bandeira

Eu faço versos como quem choraDe desalento… de desencanto…Fecha o meu livro, se por agoraNão tens motivo nenhum de pranto. Meu verso é sangue. Volúpia ardente…Tristeza esparsa… remorso vão…Dói-me nas veias. Amargo e quente,Cai, gota a gota, do coração. E nestes versos de angústia roucaAssim dos lábios a vida corre,Deixando um acre sabor na boca. …

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Lápide – Ariano Suassuna

Quando eu morrer, não soltem meu Cavalonas pedras do meu Pasto incendiado:fustiguem-lhe seu Dorso alardeado,com a Espora de ouro, até matá-lo. Um dos meus filhos deve cavalgá-lonuma Sela de couro esverdeado,que arraste pelo Chão pedroso e pardochapas de Cobre, sinos e badalos. Assim, com o Raio e o cobre percutido,tropel de cascos, sangue do Castanho,talvez …

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Com licença poética – Adélia Prado

Quando nasci um anjo esbelto,desses que tocam trombeta, anunciou:vai carregar bandeira.Cargo muito pesado pra mulher,esta espécie ainda envergonhada.Aceito os subterfúgios que me cabem,sem precisar mentir.Não tão feia que não possa casar,acho o Rio de Janeiro uma beleza eora sim, ora não, creio em parto sem dor.Mas, o que sinto escrevo. Cumpro a sina. Inauguro linhagens, …

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Momento – Adélia Prado

Enquanto eu fiquei alegre,permaneceram um bule azul com um descascado no bico,uma garrafa de pimenta pelo meio,um latido e um céu limpidíssimocom recém-feitas estrelas.Resistiram nos seu lugares, em seus ofícios,constituindo o mundo pra mim, anteparopara o que foi um acometimento:súbito é bom ter um corpo pra rire sacudir a cabeça. A vida é mais tempoalegre …

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Fragmento – Adélia Prado

Bem-aventurado o que pressentiuquando a manhã começou:não vai ser diferente da noite.Prolongados permanecerão o corpo sem pouso,o pensamento dividido entre deitar-se primeiroà esquerda ou à direitae mesmo assim anunciou o paciente ao meio-dia:algumas horas e já anoitece, o mormaço abranda,um vento bom entra nessa janela. Adélia Prado Autor: Adélia Prado

Um jeito – Adélia Prado

Meu amor é assim, sem nenhum pudor.Quando aperta eu grito da janela— ouve quem estiver passando —ô fulano, vem depressa.Tem urgência, medo de encanto quebrado,é duro como osso duro.Ideal eu tenho de amar como quem diz coisas:quero é dormir com você, alisar seu cabelo,espremer de suas costas as montanhas pequenininhasde matéria branca. Por hora dou …

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Apanhador de desperdícios – Manoel de Barros

Uso a palavra para compor meus silêncios.Não gosto das palavrasfatigadas de informar.Dou mais respeitoàs que vivem de barriga no chãotipo água pedra sapo.Entendo bem o sotaque das águasDou respeito às coisas desimportantese aos seres desimportantes.Prezo insetos mais que aviões.Prezo a velocidadedas tartarugas mais que a dos mísseis.Tenho em mim um atraso de nascença.Eu fui aparelhadopara …

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Prefácio – Manoel de Barros

Assim é que elas foram feitas (todas as coisas) —sem nome.Depois é que veio a harpa e a fêmea em pé.Insetos errados de cor caíam no mar.A voz se estendeu na direção da boca.Caranguejos apertavam mangues.Vendo que havia na terraDependimentos demaisE tarefas muitas —Os homens começaram a roer unhas.Ficou certo pois nãoQue as moscas iriam …

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Soneto do amigo – Vinícius de Moraes

Enfim, depois de tanto erro passadoTantas retaliações, tanto perigoEis que ressurge noutro o velho amigoNunca perdido, sempre reencontrado. É bom sentá-lo novamente ao ladoCom olhos que contêm o olhar antigoSempre comigo um pouco atribuladoE como sempre singular comigo. Um bicho igual a mim, simples e humanoSabendo se mover e comoverE a disfarçar com o meu …

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O elefantinho – Vinícius de Moraes

Onde vais, elefantinhoCorrendo pelo caminhoAssim tão desconsolado?Andas perdido, bichinhoEspetaste o pé no espinhoQue sentes, pobre coitado?— Estou com um medo danadoEncontrei um passarinho Vinícius de Moraes Autor: Vinícius de Moraes

O pinguim – Vinícius de Moraes

Bom-dia, PinguimOnde vai assimCom ar apressado?Eu não sou malvadoNão fique assustadoCom medo de mim.Eu só gostariaDe dar um tapinhaNo seu chapéu de jacaOu bem de levinhoPuxar o rabinhoDa sua casaca. Vinícius de Moraes Autor: Vinícius de Moraes

Poema de Natal – Vinícius de Moraes

Para isso fomos feitos:Para lembrar e ser lembradosPara chorar e fazer chorarPara enterrar os nossos mortos —Por isso temos braços longos para os adeusesMãos para colher o que foi dadoDedos para cavar a terra.Assim será nossa vida:Uma tarde sempre a esquecerUma estrela a se apagar na trevaUm caminho entre dois túmulos —Por isso precisamos velarFalar …

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Fumaça – Miriam Alves

Estou a toque de máquina corro, louca, voo, suo a fumaça sou eu Estou a toque de nada vivo, ando como a comida envenenada e o comido sou eu estou a toque de selva os ferros torcidos, sacudidos dentro de uma marmita e a marmita sou eu Nego, mas vivo dizendo Sim a tudo que …

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Relíquia íntima – Machado de Assis

Ilustríssimo, caro e velho amigo, Na quinta-feira, nove do corrente,Preciso muito de falar contigo. E aproveitando o portador te digo,Que nessa ocasião terás presente,A esperada gravura de patenteEm que o Dante regressa do Inimigo. Manda-me pois dizer pelo bombeiroSe às três e meia te acharás postadoJunto à porta do Garnier livreiro: Senão, escolhe outro lugar …

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Visio – Machado de Assis

Eras pálida. E os cabelos,Aéreos, soltos novelos,Sobre as espáduas caíamOs olhos meio-cerradosDe volúpia e de ternuraEntre lágrimas luziamE os braços entrelaçados,Como cingindo a ventura,Ao teu seio me cingiram Depois, naquele delírio,Suave, doce martírioDe pouquíssimos instantesOs teus lábios sequiosos,Frios trêmulos, trocavamOs beijos mais delirantes,E no supremo dos gozosAnte os anjos se casavamNossas almas palpitantesDepois a verdade,A …

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Desejo – Hilda Hilst

Quem és? Perguntei ao desejo. Respondeu: lava. Depois pó. Depois nada. IPorque há desejo em mim, é tudo cintilância.Antes, o cotidiano era um pensar alturasBuscando Aquele Outro decantadoSurdo à minha humana ladradura.Visgo e suor, pois nunca se faziam.Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivoTomas-me o corpo. E que descanso me dásDepois das lidas. Sonhei penhascosQuando …

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Passeio – Hilda Hilst

De um exílio passado entre a montanha e a ilhaVendo o não ser da rocha e a extensão da praia.De um esperar contínuo de navios e quilhasRevendo a morte e o nascimento de umas vagas.De assim tocar as coisas minuciosa e lentaE nem mesmo na dor chegar a compreendê-las.De saber o cavalo na montanha. E …

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Tenta-me de novo – Hilda Hilst

E por que haverias de querer minha almaNa tua cama?Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperasObscenas, porque era assim que gostávamos.Mas não menti gozo prazer lascíviaNem omiti que a alma está além, buscandoAquele Outro. E te repito: por que haveriasDe querer minha alma na tua cama?Jubila-te da memória de coitos e acertos.Ou tenta-me de novo. Obriga-me. Hilda …

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Círculo vicioso – Machado de Assis

Bailando no ar, gemia inquieto vagalume:“Quem me dera que eu fosse aquela loira estrelaQue arde no eterno azul, como uma eterna vela!”Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:“Pudesse eu copiar-te o transparente lume,Que, da grega coluna à gótica janela,Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela”Mas a lua, fitando o sol com azedume:“Mísera! Tivesse eu …

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I-Juca-Pirama – Gonçalves Dias

                      I No meio das tabas de amenos verdores, Cercadas de troncos – cobertos de flores, Alteiam-se os tetos d’altiva nação; São muitos seus filhos, nos ânimos fortes, Temíveis na guerra, que em densas coortes Assombram das matas a imensa extensão. São rudos, severos, sedentos de glória, Já prélios incitam, já …

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Amavisse – Hilda Hilst

Como se te perdesse, assim te quero.Como se não te visse (favas douradasSob um amarelo) assim te apreendo bruscoInamovível, e te respiro inteiro Um arco-íris de ar em águas profundas. Como se tudo o mais me permitisses,A mim me fotografo nuns portões de ferroOcres, altos, e eu mesma diluída e mínimaNo dissoluto de toda despedida. …

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Eu – Clarice Lispector

Sou composta por urgências:minhas alegrias são intensas;minhas tristezas, absolutas.Entupo-me de ausências,Esvazio-me de excessos.Eu não caibo no estreito,eu só vivo nos extremos. Pouco não me serve,médio não me satisfaz,metades nunca foram meu forte! Todos os grandes e pequenos momentos,feitos com amor e com carinho,são pra mim recordações eternas.Palavras até me conquistam temporariamente…Mas atitudes me perdem ou …

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Solidão – Clarice Lispector

…Que minha solidão me sirva de companhia.que eu tenha a coragem de me enfrentar.que eu saiba ficar com o nadae mesmo assim me sentircomo se estivesse plena de tudo. Clarice Lispector Autor: Clarice Lispector

Retrato – Cecília Meireles

Eu não tinha este rosto de hoje,Assim calmo, assim triste, assim magro,Nem estes olhos tão vazios,Nem o lábio amargo. Eu não tinha estas mãos sem força,Tão paradas e frias e mortas;Eu não tinha este coraçãoQue nem se mostra. Eu não dei por esta mudança,Tão simples, tão certa, tão fácil:— Em que espelho ficou perdidaa minha …

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A lucidez perigosa – Clarice Lispector

Estou sentindo uma clareza tão grandeque me anula como pessoa atual e comum:é uma lucidez vazia, como explicar?assim como um cálculo matemático perfeitodo qual, no entanto, não se precise. Estou por assim dizervendo claramente o vazio.E nem entendo aquilo que entendo:pois estou infinitamente maior que eu mesma,e não me alcanço.Além do que:que faço dessa lucidez?Sei …

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Vozes da morte – Augusto dos Anjos

Agora, sim! Vamos morrer, reunidos,Tamarindo de minha desventura,Tu, com o envelhecimento da nervuraEu, com o envelhecimento dos tecidos! Ah! Esta noite é a noite dos Vencidos!E a podridão, meu velho! E essa futuraUltrafatalidade de ossatura,A que nos acharemos reduzidos! Não morrerão, porém tuas sementes!E assim, para o Futuro, em diferentesFlorestas, vales, selvas, glebas, trilhos, Na …

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