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Fábula de um arquiteto – João Cabral de Melo Neto

A arquitetura como construir portas,de abrir; ou como construir o aberto;construir, não como ilhar e prender,nem construir como fechar secretos;construir portas abertas, em portas;casas exclusivamente portas e tecto.O arquiteto: o que abre para o homem(tudo se sanearia desde casas abertas)portas por-onde, jamais portas-contra;por onde, livres: ar luz razão certa. Até que, tantos livres o amedrontando,renegou …

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Eu-Mulher – Conceição Evaristo

Uma gota de leiteme escorre entre os seios.Uma mancha de sangueme enfeita entre as pernas.Meia palavra mordidame foge da boca.Vagos desejos insinuam esperanças.Eu-mulher em rios vermelhosinauguro a vida.Em baixa vozviolento os tímpanos do mundo.Antevejo.Antecipo.Antes-vivoAntes – agora – o que há de vir.Eu fêmea-matriz.Eu força-motriz.Eu-mulherabrigo da sementemoto-contínuodo mundo. Conceição Evaristo Autor: Conceição Evaristo

Eu-Mulher

Uma gota de leiteme escorre entre os seios.Uma mancha de sangueme enfeita entre as pernas.Meia palavra mordidame foge da boca.Vagos desejos insinuam esperanças.Eu-mulher em rios vermelhosinauguro a vida.Em baixa vozviolento os tímpanos do mundo.Antevejo.Antecipo.Antes-vivoAntes – agora – o que há de vir.Eu fêmea-matriz.Eu força-motriz.Eu-mulherabrigo da sementemoto-contínuodo mundo. Autor: Conceição Evaristo

Trilhos urbanos

O melhor o tempo escondeLonge, muito longeMas bem dentro aquiQuando o bonde dava a volta aliNo cais de Araújo PinhoTamarindeirinhoNunca me esqueci Onde o imperador fez xixi Cana doce, Santo AmaroGosto muito raroTrago em mim por tiE uma estrela sempre a luzirBonde da Trilhos Urbanos Vão passando os anosE eu não te perdiMeu trabalho é te traduzir …

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Natal das crianças

Natal, natal das crianças, natal de noite de luzNatal da estrela guia, natal do Menino JesusNatal, Natal das crianças, natal da noite de luzNatal da estrela guia, natal do Menino JesusBlim, blom, blim, blom, blim blomBate o sino na matriz, papai, mamães rezandoPra o mundo ser felizBlim blom, blim blom, blim blomO Papai Noel chegou, …

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Meus tempos de criança

Eu daria tudo que eu tivesse Pra voltar aos dias de criança Eu não sei pra que que a gente cresce Se não sai da gente essa lembrança Aos domingos, missa na matriz Da cidadezinha onde eu nasci Ai, meu Deus, eu era tão feliz No meu pequenino Miraí Que saudade da professorinha Que me …

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Mano a Mano

Meu pára-choque com seu pára-choque Era um toque Era um pó que era um só Eu e meu irmão Era porreta Carreta parelha a carreta Dançando na reta Meu irmão Na beira de estrada valeu O que era dele era meu Eu era ele Ele era eu Ela era estrela Era flor do sertão Era …

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Frevo Diabo

É bom, é brabo, é o frevo Diabo no corpo, torto, corpo Pára mais não Fogo no rabo de qualquer cristão Solta o frevo diabo e adeus procissão Pelo sinal da santa cruz pandemônio No dia da padroeira Não tem romeira, tem, são morenas Não tem novenas, diabo, a gente é feliz Não tem sermão, …

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A Permuta dos Santos

[…]Outro recurso muito eficaz, o mais eficaz de todos eles, consiste em “contrariar” os santos. […] levava-se para ali o S. Sebastião da igreja local, trazendo-se, em troca, […] a imagem do Senhor do Bonfim, tudo processionalmente, com rezas e cânticos. Enquanto não chovia os santos não voltavam para seus lugares. (Dicionário do Folclore Brasileiro, …

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Documento

Não se aplica a regra não tem arrego não tem explicação passei do limite, do procedimento não tem explicação não procurei veio a mim não dói de noite a fumaça o meu jornal, era só meu o meu jornal era só traça me alimentava de explosão queria ver fogo e paixão novos, renomados, juvenis queria …

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Palpite Infeliz

Quem é você que não sabe o que diz? Meu Deus do Céu, que palpite infeliz! Salve Estácio, Salgueiro, Mangueira, Oswaldo Cruz e Matriz Que sempre souberam muito bem Que a Vila Não quer abafar ninguém, Só quer mostrar que faz samba também Fazer poema lá na Vila é um brinquedo Ao som do samba …

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Aqueles Morros

Alô, Alô rapaziada Essa é uma homenagem para os morros do lado de lá e do lado de cá Entendeu malandragem Mas antes, Antes, aqueles morros não tinham nomes Foi pra lá o elemento homem, fazendo barraco, batuque e festinha Nasceu Mangueira, Salgueiro, São Carlos e Cachoeirinha – Bis Coro Andaraí, Caixa D’água, Congonha, Alemão …

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