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Já que o som não acabou

Dançou no bom sentido bom menino
Dançar desse jeitinho meu amor
No ritmo do toque do zabumba
Da sanfona, do pandeiro
Já que o som não acabou

Dançou no bom sentido bom menino
Dançar desse jeitinho meu amor
No ritmo do toque do zabumba
Da sanfona, do pandeiro
Já que o som não acabou

Já que o som não acabou e nunca vai acabar
Só apago o candeeiro quando o dia clarear
Já que o som não acabou pois a vida verdadeira
Eu vou cantar a noite inteira
E quem quiser pode dançar

Já que o som não acabou e nunca vai acabar
Só apago o candeeiro quando o dia clarear, morô?
Já que o som não acabou pois a vida verdadeira
Eu vou cantar a noite inteira
E quem quiser pode dançar

Vou balançar, vou brincar com meu amor
Encosta aqui no meu peito o dia ainda não raiou
E corre na veia um suingue, o sangue duro da cor

O som guiando o coração da gente
Bate diferente só querendo amar
E na pisada desse arrasta pé eu vou botando fé
Já que o som vai continuar

Dançou no bom sentido bom menino
Dançar desse jeitinho meu amor
No ritmo do toque do zabumba
Da sanfona, e do pandeiro
Já que o som não acabou

Dançou no bom sentido bom menino
Dançar desse jeitinho meu amor
No ritmo do toque do zabumba
Da sanfona, do pandeiro
Já que o som não acabou

Já que o som não acabou e nunca vai acabar
Só apago o candeeiro quando o dia clarear, viu?
Já que o som não acabou pois a vida verdadeira
Eu vou cantar a noite inteira
E quem quiser pode dançar

Já que o som não acabou e nunca vai acabar
Só apago o candeeiro quando o dia clarear
Já que o som não acabou pois a vida verdadeira
Eu vou cantar a noite inteira
E quem quiser pode dançar

Vou balançar, vou brincar com meu amor
Encosta aqui no meu peito o dia ainda não raiou
E corre na veia um suingue, o sangue duro da cor

O som guiando o coração da gente
Bate diferente só querendo amar
E na pisada desse arrasta pé eu vou botando fé
Já que o som vai continuar

O som guiando o coração da gente
Bate diferente só querendo amar
E na pisada desse arrasta pé eu vou botando fé
Já que o som vai continuar

Geraldinho foi muito bom cantar com você
Lembrando o nosso grande amigo
Jackson do pandeiro o rei do ritmo

Novena

Sei que são nove dias, nove apenas
Enquanto espero, aumentam
O mundo se faz esquecido
Na terra dos homens de luzes
Coloridas
Enquanto família reza a novena
As notícias
Que montam cavalos ligeiros
Vão tomando todo o mundo
Na casa, no lar
Esquecidos, todos ficam longe
De saber o que foi que aconteceu
E ali ninguém percebeu
Tanta pedra de amor cair
Tanta gente se partir
No azul dessa incrível dor
Enquanto a família reza
Alguém segue a novena no abismo
De preces divididas
Do sossego de uma agonia
Sem fim
Nessa hora, se Deus, amém
Padre, Filho, Espírito Santo
Essa é a primeira cantiga
Que nessa casa eu canto

Enquanto a família reza a novena
Nove dias se passam marcados
Sem tempo e sem nada, sem fim
No meio do mundo, do medo
E de mim despedaçado
Tanto verso então
De orações a fala se faz
E lá fora se esquece a paz
Uma bomba explodiu por lá
Sobre os olhos de meu bem
E assim me mata também
Enquanto a novena chega ao fim
Bambas, bandeiras, benditos
Passando pela vida
E a novena se perde esquecida
De nós

Nessa hora, se Deus, amém
Padre, Filho, Espírito Santo
Essa é a última cantiga
Que nessa casa eu canto

Papagaio do futuro

Estou montado no futuro indicativo
Já num corro mais perigo
Nada tenho a declarar
Terno de vidro costurado a parafuso
Papagaio do futuro
Num para-raio ao luar

Eu fumo e tusso
Fumaça de gasolina
Eu fumo e tusso
Fumaça de gasolina
Eu fumo e tusso

Estou montado no futuro indicativo
Já num corro mais perigo
Nada tenho a declarar
Terno de vidro costurado a parafuso
Papagaio do futuro
Num para-raio ao luar

Eu fumo e tusso
Fumaça de gasolina
Eu fumo e tusso
Fumaça de gasolina
Eu fumo e tusso

Quem sabe, sabe, quem não sabe, sobra
Cobra caminha sem ter direção
Quem sabe a cabra das barbas do bode
A águia avoa sem ser avião

Quem sabe, sabe, quem não sabe, sobra
Cobra caminha sem ter direção
Quem sabe a cabra das barbas do bode
A águia avoa sem ser avião

Quem sabe, sabe, quem não sabe, sobra
Cobra caminha sem ter direção
Quem sabe a cabra das barbas do bode
A águia avoa sem ser avião

Planetário

Esperei no Planetário o meu amor
Ela foi ao analista e ainda não voltou
Esperei no Planetário o meu amor
Ela foi ao analista e ainda não voltou

São mil horas, mil estrelas
Que nos separam dela
O Cruzeiro do Sul
E essa super-novela

Esperei no Planetário o meu amor
Ela foi ao analista e ainda não voltou
Esperei no Planetário o meu amor
Ela foi ao analista e ainda não voltou

Os ruídos dos carros
A moral, a ciência
A psico-neuro-violência

E essa estrela muito branca
De cristal

Esperei no Planetário o meu amor
E essa lua é de gesso ou isopor?
Esperei no Planetário o meu amor
E essa lua é de gesso ou isopor?

Heloísa não viu
Uma estrela caiu
E o som imaginário
Foi tomando o Planetário
E a ursa menor apagou…

Talismã

Diana me dê um talismã
Um talismã

Viajar
Você já pensou ir mais eu viajar?
Quando o sol desmaiar
Ahhh vou viajar

Diana me dê um talismã,
Um talismã

Viajar
Você já pensou ir mais eu viajar?
Quando o sol desmaiar
Ahhh vou viajar

Olha essa sombra, esse rastro de mim
Olha essa sobra, essa réstia de sol

Que da poeira, tossiu
Que da poeira…

Ah, Diana nem ligou
Uuuuuuuh

Pastorinhas

A estrela d’alva
No céu desponta
E a lua anda tonta
Com tamanho esplendor
E as pastorinhas
Pra consolo da lua
Vão cantando na rua
Lindos versos de amor

Linda pastora
Morena da cor 
De Madalena
Tu não tens pena
De mim 
Que vivo tonto
Com o teu olhar
Linda criança
Tu não me sais 
Da lembrança
Meu coração 
Não se cansa
De sempre 
E sempre te amar

Espelho cristalino

essa rua sem céu, sem horizontes
foi um rio de águas cristalinas
serra verde molhada de neblina
olho d’agua sangrava numa fonte
meu anel cravejado de brilhantes
são os olhos do capitão corisco
e é a luz que incendeia meu ofício
nessa selva de aço e de antenas
beija-flor estou chorando suas penas derretidas na insensatez do asfalto

mas eu tenho meu espelho cristalino
que uma baiana me mandou de maceió
ele tem uma luz que alumia
ao meio-dia clareia a luz do sol

que me dá o veneno da coragem
pra girar nesse imenso carrossel
flutuar e ser gás paralisante
e saber que a cidade é de papel
ter a luz do passado e do presente
viajar pelas veredas do céu
pra colher três estrelas cintilantes 
e pregar nas abas do meu chapéu
vou clarear o negror do horizonte
é tão brilhante a pedra do meu anel

Chá de panela

Hermeto foi na cozinha
Pra pegar o instrumental
Do facão à colherinha tudo é coisa musical
Trouxe concha e escumadeira, ralador, colher de pau
Barril, tirrina, e peneira – tudo é coisa musical

Me convidou pra uma pinga
Meu não pesou com dó
Piscou um olho só
Disse que eu tiro da seringa
Que home que não bebe e nega mocotó
Acaba quenga em vez de guinga
Se veste de filó, afrouxa o fiofó
E o ferrão já nem respinga
Encolhe feito um nó e vai ficar menó

Assoprou numa chaleira
Bateu numa bacia
Jesus, Ave Maria, era uma sinfonia!
Secador e geladeira entraram no compasso
Dançou a farinheira, saleiro no pedaço

E tudo era coisa musical
Funil mandando: Ôi!
Fogão gritando: Uau!

Fez um chocalho de arroz e outro de feijão
No talo do mamão
Cortou a fruta que já vi
Tocá mais doce, irmão
Direto ao coração

Assoprou numa chaleira
Bateu numa bacia
Jesus, Ave Maria, era uma sinfonia!
Secador e geladeira entraram no compasso
Dançou a farinheira, saleiro no pedaço

E tudo era coisa musical
Funil mandando: Ôi!
Fogão gritando: Uau!

Nesse chá de panela que eu senti a vocação
Vi que música é tudo que avoa e rasga o chão
Foi Hermeto Paschoal que magistral me deu o dom
De entender que do lixo ao avião em tudo há tom

E que até pinico da bom som
Se a criação é mais
Se o músico for bom

Me convidou pra uma pinga
Meu não pesou com dó
Piscou um olho só
Disse que eu tiro da seringa
Que home que não bebe e nega mocotó
Acaba quenga em vez de guinga
Se veste de filó, afrouxa o fiofó
E o ferrão já nem respinga
Encolhe feito um nó e vai ficar menó

Assoprou numa chaleira
Bateu numa bacia
Jesus, Ave Maria, era uma sinfonia!
Secador e geladeira entraram no compasso
Dançou a farinheira, saleiro no pedaço

E tudo era coisa musical
Funil mandando: Ôi!
Fogão gritando: Uau!

Nesse chá de panela que eu senti a vocação
Vi que música é tudo que avoa e rasga o chão
Foi Hermeto Paschoal que magistral me deu o dom
De entender que do lixo ao avião em tudo há tom

E que até pinico da bom som
Se a criação é mais
Se o músico for bom

A moça e o polvo

Havia a moça na tarde 
De besta me comovia 
Tão linda com seu cachorro 
E a noite mordia o dia 
E a violenta Ipanema 
Atropelando o poema 
Que nunca mais eu faria 

Ai a solidão das capitais 
É um não vou, não vens, não vais 
Ela me olhava e não me via 

E havia o povo na tarde 
De besta se iludia 
A moça, o povo, a cidade 
Realidade tão fria 
E a violência da cena 
Atropelando o poema 
Que nunca mais eu faria 

Ai a solidão das capitais 
É um não vou, não vens, não vais 
Meu povo não, não se entendia

Ateu comovido

Eu vinha descendo a ladeira
E ouvi no sussurro do vento
Que a vida se dá por inteiro
Ao homem que é só sentimento

Descendo a ladeira
Da Igreja da Sé
Ateu comovido
Em busca de fé

Fé em Deus, fé na terra, nos astros
Nos riachos, nas matas, nos lagos
No trabalho, fé nos sindicatos
Fé nos búzios, nas conchas do mar

Anjo de fogo

Eu sou como o vento que varre a cidade
Você me conhece e não pode me ver

Presente de grego, cavalo de Tróia
Sou cobra jibóia, Saci Pererê

Um anjo de fogo endemoniado
Que vai ao cinema, comete pecado
Que bebe cerveja e cospe no chão

Um anjo caolho que olhou os dois lados
Dormiu no presente, sonhou no passado
Olhou pro futuro e me disse que não
Não!

Andar, andar

Eu compus essa canção
Andando de Ipanema
Para o Baixo Leblon
Procurando te encontrar
No meu Rio de Janeiro

Eu compus esta canção
Andando de Ipanema
Para o Baixo Leblon
Feito um cão abandonado
Como o povo brasileiro

Andar, andar
Nas ruas do Rio
Do Rio de Janeiro
Dezembro, abril

“A todo mundo eu dou psiu
perguntando por meu bem”

Ainda resta um assobio
Um desejo, nada além
Tudo vira desejo
Desejo de te encontrar
Conjugação de desejos
Nascendo do verbo amar

Amor de amar
Céu de anil
Serra do Mar
Meu pau-brasil
Somos filhos de um só ventre
Dessa terra mãe gentil
E as elites nos dividem
Como vai mal meu Brasil

E tudo vira desejo
Desejo e nada mais
Brasil, nação de desejos
Na triste praça da paz

Amor que vai

Amor que vai, amor que vem
Amor foge e vai embora
Amor que leva seus teréns
Pra não termotivo de voltar
Amor que vai
Num cavalo alado chamado brisa
Amor que vem
Num galope rasgado na beira-mar
Amor maltrata, deseja
Amor comendo a maçã
Amor é pura incerteza
O que será amanhã?

Amor covarde

Amor covarde, que morde que arde
A minha amada é metade de mim
A madrugada se arrasta, tão lenta assim

Dor…dor…dor
Moça bonita, novilha tão rara
Não há quem valha metade de mim
A dor do amor, navalhada que arde assim

Dor…dor…dor
Estrela d´alva, pedaço de lua
A pele nua, cheirando a jasmim
Boca cereja, bandeja de prata, Do-In

Dor…dor…dor
Moça bonita, novilha tão rara
Não há quem valha metade de mim
Nascemos sós, sós seremos serenos no fim

Amigo da arte

Caboclinho, é bonito te ver
Com sua flecha, cocar e tacape
A minha amada tem olhos de festa
E o nosso amor é amigo da arte
Dos caboclinhos de Tamandaré
Tejipió Chié

Caboclinho, eu carrego no peito
Teu coração rebelde e selvagem
A minha amada tem olhos de flecha
E o nosso amor é amigo da arte

Amiga de graça

Amiga de graça de aparecida
Tu lembras das patas dos porcos
Da casa amiga
Dos velhos telhados das vozes da brisa
Timbu coroado dançando nos caibros, amiga
Amiga de graça de aparecida
Minha amiga de graça desaparecida
Tu lembras das patas dos porcos
Da casa amiga
Nas novas barracas com búzios e figas.
Amigos do peito beberam
E trataram nossas feridas

Alga marinha

Maria, minha rainha
Como nos contos de fadas
Te chamarei de Esmeralda
Que é pedra da cor do Mar
Minha Maria Esmeralda
Isadora, tua dança
Te chamarei de Esperança
Ilha de Itamacaracá
Maria, alga marinha
Como os peixes
Como as águas
Tu és mãe
Pois és Maria
Tu és filha de Iemanjá

Ai de ti, Copacabana

Eu te procuro
No Leblon, Copacabana
Vejo velas de umbanda
Um buquê jogado ao mar
Um marinheiro, estrangeiro, desumano
Deixou seu amor chorando querendo se afogar

No mar,
Oh, oh, no mar

Eu te procuro nos lençóis da minha cama
Ai de ti, Copacabana, será duro o teu penar
Pelo pecado de esconderes quem me ama
Ai de ti, Copacabana, serás submersa ao mar

No mar
Oh, oh, no mar

O riacho navega pro rio
E o rio desagua no mar
Pororoca faz um desafio
No encontro do rio com o mar

No mar
Oh, oh, no mar

Então mergulho no meu sonho absurdo
Entre carros, conchas, búzios
Entre os peixinhos do mar
Lembro Caymmi, Rubem Braga, João de Barro
E sigo no itinerário da princesinha do mar

No mar
Oh, oh, no mar

Agalopado

Quando eu canto o seu coração se abala
Pois eu sou porta-voz da incoerência
Desprezando seu gesto de clemência
Sei que meu pensamento lhe atrapalha
Cego o sol seu cavalo de batalha
E faço a lua brilhar no meio-dia
Tempestade eu transformo em calmaria
E dou um beijo no fio da navalha
Pra dançar e cair nas suas malhas
Gargalhando e sorrindo de agonia
Se acaso eu chorar não se espante
O meu riso e o meu choro não têm planos
Eu canto a dor, o amor, o desengano
E a tristeza infinita dos amantes
Don Quixote liberto de Cervantes
Descobri que os moinhos são reais
Entre feras, corujas e chacais
Viro pedra no meio do caminho
Viro rosa, vereda de espinhos
Incendeio esses tempos glaciais

Absurdo blues (Zé Ramalho e Alceu Valença)

Você já pensou
Em me ver mais livre
Que um peixe num aquário
É um peixe no mar
Você já pensou
Em me ver mais preso
Nas páginas sangrentas
De uma coluna policial
Você já pensou
Em me ver sorrindo
Pulando num frevo
Ao som desse blues
Morrendo de medo
De nojo e cansaço
Dizendo: “Está certo
Eu quero esse blues”

A seca (Naná Vasconcelos, Alceu Valença, Dino Braia e Mércia Rangel)

A seca

Nas patas do meu cavalo
Galopei do meu sertão
Vi a seca, vi a fome
Lobisomem e assombração
Riacho virou caminho
Graveto virou tição
E as pedras ardendo em brasa

(Repete introdução)

Asa Branca na amplidão
Riacho virou caminho
De pedras ardendo em fogo
No poço secou a água
Menino morreu sem nome
Na Caatinga o homem chora
O boi que morreu de sede
A roça que era verde

(Repete introdução)

A seca torrou garrancho

(Repetir 1ª parte)

Senhor mande chuva pro Nordeste!

(Repete introdução)
Senhor mande chuva pro Sertão!

A misteriosa

Se você chegasse, morena
Sem abrir a porta
Sem tocar no trinco
Dando cambalhotas no ar
E trouxesse a vida
Na ponta dos dedos
E a felicidade
Sem nenhum segredo
Se cantasse um samba
E dançasse um frevo
E na primeira troça, morena
Me desse um beijo

78 rotações

Ela vinha numa manhã
Rachada
Pelo vento que soprou
De madrugada
No frio de uma manhã de maio
De franja na testa
Tentava esconder o pensamento
Que só pensava em mim
Ela pensava em nós
Meu cigarro clareando
A madrugada
Nosso quarto, nossa vida, nossa casa
Na beira do mangue
Na beira da lama
Na beira de Olinda

Eu nem me lembro da casinha
pequenina
Na beira do mangue
Na beira da lama
Na beira de Olinda

Perdida em 78 rotações…

A chegada do quiabo

Traz sais, traz sais, traz sais
O velho chegou agora
Traz sais, traz sais, traz sais
O velho chegou agora
Estou chegando de Cuba, ai, ai
Com minha manjuba de fora

Amor que fica

Fica o dito e não dito
Fica o dedo e fica o dado
Fica o feito e o desfeito
O carinho e o cuidado
Fica a chama, fica a vela
Fica a casa e fica a rua
A toalha na janela
Linda, caminhavas nua

Amor que fica é amor que fica
Fica a cama, fica o quarto
Um retrato e uma figa
Duas mãos e não mais quatro
Duas vidas divididas

Pelas ruas que andei

Na Madalena revi teu nome
Na Boa Vista quis te encontrar
Rua do Sol, da Boa Hora
Rua da Aurora, vou caminhar

Rua das Ninfas, Matriz, Saudade
Da Soledade de quem passou
Rua Benfica, boa viagem
Na Piedade tanta dor

Pelas ruas que andei, procurei
Procurei, procurei te encontrar
Lê, lê, lê, rê, lê, lê, lê, rê, lê, lê, lê, eia
Lê, lê, lê, rê, lê, lê, lê, rê, lê, lê, lê, lai

Cana Caiana

Pernambuco da cana caiana
Do verde imburana
Do cajá do mel
Se destina vida severina
A moer na usina o amargor do fel

Pernambucano dos olhos de holanda
Do negro luanda cheirando a bangüê
Se destina vida severina
A moer na usina, remoer, moer

No remoer de sol a sol
Para mover velho bangüê
Remoer fazer forró
Arrasta pé no massapé

A dança das borboletas

As borboletas estão voando
A dança louca das borboletas
As borboletas estão girando
Estão virando sua cabeça
As borboletas estão invadindo
Os apartamentos, cinemas e bares
Esgotos e rios e lagos e mares
Em um rodopio de arrepiar
Derrubam janelas e portas de vidro
Escadas rolantes e das chaminés
Mergulham e giram num véu de fumaça
E é como um arco-iris no centro do céu

Hino de Pernambuco

Coração do Brasil! em teu seio
Corre sangue de heróis – rubro veio
Que há de sempre o valor traduzir
És a fonte da vida e da história
Desse povo coberto de glória,
O primeiro, talvez, no porvir.

REFRÃO
“Salve! Ó terra dos altos coqueiros!
De belezas soberbo estendal!
Nova Roma de bravos guerreiros
Pernambuco, imortal! Imortal!”

Esses montes e vales e rios,
Proclamando o valor de teus brios,
Reproduzem batalhas cruéis.
No presente és a guarda avançada,
Sentinela indormida e sagrada
Que defende da Pátria os lauréis.

REFRÃO

Do futuro és a crença, a esperança,
Desse povo que altivo descansa
Como o atleta depois de lutar…
No passado o teu nome era um mito,
Era o sol a brilhar no infinito
Era a glória na terra a brilhar!

REFRÃO

A República é filha de Olinda,
Alva estrela que fulge e não finda
De esplender com seus raios de luz.
Liberdade! Um teu filho proclama!
Dos escravos o peito se inflama
Ante o Sol dessa terra da Cruz!”

REFRÃO(2X)

Solidão

A solidão é fera, a solidão devora.
É amiga das horas prima irmã do tempo,
E faz nossos relógios caminharem lentos,
Causando um descompasso no meu coração.

A solidão é fera, a solidão devora.
É amiga das horas prima irmã do tempo,
E faz nossos relógios caminharem lentos,
Causando um descompasso no meu coração.

A solidão é fera,
É amiga das horas,
É prima-irmã do tempo,
E faz nossos relógios caminharem lentos
Causando um descompasso no meu coração.

A solidão dos astros;
A solidão da lua;
A solidão da noite;
A solidão da rua.

A solidão é fera, a solidão devora.
É amiga das horas prima irmã do tempo,
E faz nossos relógios caminharem lentos,
Causando um descompasso no meu coração.

A solidão é fera,
É amiga das horas,
É prima-irmã do tempo,
E faz nossos relógios caminharem lentos
Causando um descompasso no meu coração.

A solidão dos astros;
A solidão da lua;
A solidão da noite;
A solidão da rua.

Como dois animais

Uma moça bonita
De olhar agateado
Deixou em pedaços
Meu coração
Uma onça pintada
E seu tiro certeiro
Deixou os meus nervos
De aço no chão…

Mas uma moça bonita
De olhar agateado
Deixou em pedaços
Meu coração
Uma onça pintada
E seu tiro certeiro
Deixou os meus nervos
De aço no chão…

Foi mistério e segredo
E muito mais
Foi divino brinquedo
E muito mais
Se amar como
Dois animais…(2x)

Meu olhar vagabundo
De cachorro vadio
Olhava a pintada
E ela estava no cio
E era um cão vagabundo
E uma onça pintada
Se amando na praça
Como os animais…

Uma moça bonita
De olhar agateado
Deixou em pedaços
O meu coração
Uma onça pintada
E seu tiro certeiro
Deixou os meus nervos
De aço no chão…(2x)

Foi mistério e segredo
E muito mais
Foi divino brinquedo
E muito mais
Se amar como
Dois animais…(2x)

Meu olhar vagabundo
De cachorro vadio
Olhava a pintada
E ela estava no cio
E era um cão vagabundo
E uma onça pintada
Se amando na praça
Como os animais
Se amando na praça
Como os animais…

Girassol

Mar e Sol
Gira, gira, gira
Gira, gira, gira, gira, girassol

Um girassol nos teus cabelos
Batom vermelho, girassol
Morena flor do desejo
Ah, teu cheiro em meu lençol!!!

Desço pra rua, sinto saudade
Gata selvagem, sou caçador
Morena flor do desejo
Ah, teu cheiro matador!!!

Mar e Sol
Gira, gira, gira
Gira, gira, gira, gira, girassol

Mar e Sol
Gira, gira, gira
Gira, gira, gira, gira, girassol

Coração bobo

Meu coração tá batendo
Como quem diz:
“Não tem jeito!”
Zabumba bumba esquisito
Batendo dentro do peito…

Teu coração tá batendo
Como quem diz:
“Não tem jeito!”
O coração dos aflitos
Pipoca dentro do peito
O coração dos aflitos
Pipoca dentro do peito…

Coração-bôbo
Coração-bola
Coração-balão
Coração-São-João
A gente
Se ilude, dizendo:
“Já não há mais coração!”…

Coração-bôbo
Coração
Coração-bola
Coração-balão
Coração-São-João
A gente
Se ilude, dizendo:
“Já não há mais coração!”…

Coração-bôbo
Coração
Coração-bola
Coração-balão
Coração-São-João!
A gente
Se ilude, dizendo:
“Já não há mais coração!”…

Bôbo, bola, balão
São-João
A gente
Se ilude, dizendo:
“Já não há mais coração!”
A gente
Se ilude, dizendo:
“Já não há mais coração!”…

Meu coração tá batendo
Como quem diz:
“Não tem jeito!”
Zabumba bumba esquisito
Batendo dentro do peito…

Teu coração tá batendo
Como quem diz:
“Não tem jeito!”
O coração dos aflitos
Pipoca dentro do peito
O coração dos aflitos
Pipoca dentro do peito…

Coração-bôbo
Coração-bola
Coração-balão
Coração-São-João!
A gente
Se ilude, dizendo:
“Já não há mais coração!”…

Coração-bôbo
Coração
Coração-bola
Coração-balão
Coração-São-João!
A gente
Se ilude, dizendo:
“Já não há mais coração!”…

Bôbo, bôbo, bôbo, bôbo, bola
Bola, bola, bola, bola
Bola, bola de balão
A gente
Se ilude, dizendo:
“Já não há mais coração!”…

Coração-bôbo
Coração-bola
Coração-balão
Coração-São-João!
A gente
Se ilude, dizendo:
“Já não há mais coração!”…

Eita!
Coração-de-bola
Balão, São-João!
A gente
Se ilude, dizendo:
“Já não há mais coração!”…

Coração bôbo, bôbo, bôbo
Bôbo, bola
Bola, bola, bola, bola
Bola, bola de balão!
A gente
Se ilude, dizendo:
“Já não há mais coração!”…

Bôbo, bola, balão, São-João!
A gente
Se ilude, dizendo:
“Já não há mais coração!”…

Anunciação

Na bruma leve das paixões
Que vêm de dentro
Tu vens chegando
Prá brincar no meu quintal
No teu cavalo
Peito nu, cabelo ao vento
E o sol quarando
Nossas roupas no varal…(2x)

Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais…

A voz do anjo
Sussurrou no meu ouvido
Eu não duvido
Já escuto os teus sinais
Que tu virias
Numa manhã de domingo
Eu te anuncio
Nos sinos das catedrais…

Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais…

Ah! ah! ah! ah! ah! ah!
Ah! ah! ah! ah! ah! ah!…

Na bruma leve das paixões
Que vem de dentro
Tu vens chegando
Prá brincar no meu quintal
No teu cavalo
Peito nu, cabelo ao vento
E o sol quarando
Nossas roupas no varal…

Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais…

A voz do anjo
Sussurrou no meu ouvido
Eu não duvido
Já escuto os teus sinais
Que tu virias
Numa manhã de domingo
Eu te anuncio
Nos sinos das catedrais…

Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais…

Ah! ah! ah! ah! ah! ah!
Ah! ah! ah! ah! ah! ah!
Ah! ah! ah! ah! ah! ah!
Ah! ah! ah! ah! ah! ah!…

La Belle De Jour

Ah hei! Ah hei! Ah hei!
Ah! La Belle de Jour!
Ah hei! Ah hei! Ah hei!

Eu lembro da moça bonita
Da praia de Boa Viagem
E a moça no meio da tarde
De um domingo azul
Azul, era Belle de Jour
Era a bela da tarde
Seus olhos azuis como a tarde
Na tarde de um domingo azul
La Belle de Jour!…(2x)

Belle de Jour!
Oh! Oh!
Belle de Jour!

La Belle de Jour
Era a moça mais linda
De toda a cidade
E foi justamente prá ela
Que eu escrevi
O meu primeiro blues…

Mas Belle de Jour
No azul viajava
Seus olhos azuis como a tarde
Na tarde de um domingo azul
La Belle de Jour!…

La Belle de Jour!…

Eu lembro da moça bonita
Da praia de Boa Viagem
E a moça no meio da tarde
De um domingo azul
Azul, era Belle de Jour
Era a bela da tarde
Seus olhos azuis como a tarde
Na tarde de um domingo azul
La Belle de Jour!…(2x)

Belle de Jour!
Oh! Oh!
Belle de Jour!

La Belle de Jour
Era a moça mais linda
De toda a cidade
E foi justamente prá ela
Que eu escrevi
O meu primeiro blues…

Mas Belle de Jour
No azul viajava
Seus olhos azuis como a tarde
Na tarde de um domingo azul
La Belle de Jour!..

Ah hei! Ah hei! Ah hei!
Ah hei! Ah hei! Ah hei!…
(mais…)

Tropicana (Morena Tropicana)

Da manga rosa
Quero gosto e o sumo
Melão maduro, sapoti juá
Jaboticaba teu olhar noturno
Beijo travoso de umbú cajá…

Pele macia
Ai! carne de cajú
Saliva dôce
Dôce mel
Mel de uruçú…

Linda morena
Fruta de vez temporana
Caldo de cana caiana
Vem me desfrutar
Linda morena
Fruta de vez temporana
Caldo de cana caiana
Vou te desfrutar…

Morena Tropicana
Eu quero teu sabor
Ai, ai, ioiô, ioiô…(2x)

Da manga rosa
Quero gosto e o sumo
Melão maduro, sapoti juá
Jaboticaba teu olhar noturno
Beijo travoso de umbú cajá…

Pele macia
Ai! carne de cajú
Saliva dôce
Dôce mel
Mel de uruçú…

Linda morena
Fruta de vez temporana
Caldo de cana caiana
Vou te desfrutar
Linda morena
Fruta de vez temporana
Caldo de cana caiana
Vem me desfrutar…

Morena Tropicana
Eu quero teu sabor
Ai, ai, ioiô, ioiô…(2x)

Morena Tropicana
Eu quero teu sabor
Ai, ai, ioiô, ioiô…(2x)

Da manga rosa
Quero gosto e o sumo
Melão maduro, sapoti juá
Jaboticaba teu olhar noturno
Beijo travoso de umbú cajá…

Pele macia
Ai! carne de cajú
Saliva dôce
Dôce mel
Mel de uruçú…

Linda morena
Fruta de vez temporana
Caldo de cana caiana
Vou te desfrutar
Linda morena
Fruta de vez temporana
Caldo de cana caiana
Vem me desfrutar…

Morena Tropicana
Eu quero teu sabor
Ai, ai, ioiô, ioiô…(2x)

Morena Tropicana!…
(mais…)