Autor: Augusto dos Anjos
A Dias Paredes
Quando ela passa: – a veste desgrenhada,
O cabelo revolto em desalinho,
No seu olhar feroz eu adivinho
O mistério da dor que a traz penada.
Moça, tão moça e já desventurada;
Da desdita ferida pelo espinho,
Vai morta em vida assim pelo caminho,
No sudário de mágoa sepultada.
Eu sei a sua história. – Em seu passado
Houve um drama d’amor misterioso
– O segredo d’um peito torturado –
E hoje, para guardar a mágoa oculta,
Canta, soluça – coração saudoso,
Chora, gargalha, a desgraçada estulta.
quem nunca se viu na poesia e porque não amou com desenvoltura necessária, a vida plena é passada por amores e paixões, todas as regras infringidas e razões abandonadas, só assim é que são as feridas construídas, aquelas dores gostosas e que causam saudades, assim é o amar.