Receita para um dálmata (ou: Soneto branco com bolinhas pretas)

Autor: Gregório Duvivier


Pegue um papel, ou uma parede, ou algo

que seja quase branco e bem vazio.

Amasse-o até que tome forma

de um animal: focinho, corpo, patas.

Em cada pata ponha muitas unhas

e em sua boca muitos dentes. (Caso

queira, pinte o focinho de qualquer

cor que pareça rosa). Atrás, na bunda,

ponha um fiapo nervoso: será seu

rabo. Pronto. Ou quase: deixe-o lá

fora e espere chover nanquim. Agora

dê grama ao bicho. Se ele rejeitar,

é dálmata. Se comer (e mugir),

é uma vaca que tens. Tente outra vez.

Deixe sua análise

Escreva aqui o significado, análise, o seu pensamento. O que te faz gostar dessa letra? Seu email não será publicado.