Lado B Lado A

Se eles são Exu
Eu sou Iemanjá
Se eles matam o bicho
Eu tomo banho de mar
Com o corpo fechado
Ninguém vai me pegar
Lado A lado B
Lado B lado A

No bê abá da chapa quente
Eu sou mais Jorge Ben
Tocando bem alto
No meu walkman
Esperando o carnaval
Do ano que vem
Não sei se o ano
Vai ser do mal
Ou se vai ser do bem
Se vai ser do bem
Do bem, do bem
Se vai ser do bem
Se vai ser do bem, do bem
Do bem!

O que te guarda a lei dos homens
O que me guarda a lei de Deus
Não abro mão da mitologia negra
Para dizer que
Eu não pareço com você
Há um despacho
Na esquina pro futuro
Com oferendas
Carimbadas todo dia
E eu vou chegar
Pedir e agradecer
Pois a vitória de um homem
As vezes se esconde
Num gesto forte
Que só ele pode ver

Eu sou guerreiro
Sou trabalhador
E todo dia vou encarar
Com fé em Deus
E na minha batalha
Espero estar bem longe
Quando o rodo passar!
Espero estar bem longe
Quando tudo isso passar


Letra Composta por: Lauro Farias, Marcelo Falcão, Marcelo Lobato, Marcelo Yuka, e Xandão
Melodia Composta por:
Álbum: LADO B LADO A
Ano: 1999
Estilo Musical:

12 comentários em “Lado B Lado A”

  1. “se eles são Exu, eu sou Iemanjá” pode ter 2 interpretações, o tráfico que se acha o mais forte na comunidade, ou a policia que toca o terror achando que qualquer um favelado é vagabundo.

    “Pois a vitória de um homem as vezes se esconde num gesto forte que só ele pode ver” se esconde na fé de cada um

    “espero estar bem longe quando o rodo passar ” é quando tiver confronto na favela etc…

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  2. “Se eles são Exu
    Eu sou Iemanjá
    Matam o bicho
    Eu tomo banho de mar
    Com o corpo fechado
    Ninguém vai me pegar
    Lado A lado B
    Lado B lado A…”

    Se eles são de uma religião, “eu” sou de outra. Ou se eles são mais apegados a uma entidade, “eu” sou apegado a outra. Se eles fazem um ritual, eu faço outro, para me proteger.

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  3. luciana lima

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    Se eles são Exu
    Eu sou Iemanjá
    Matam o bicho
    Eu tomo banho de mar
    Com o corpo fechado
    Ninguém vai me pegar
    Lado A lado B
    Lado B lado A…

    Essa primeira parte faz alusão as religiões Africanas, como o Candomblé ou Umbanda, fazendo referencia as duas forças, o bem e o mal, o a luz e a escuridão, o lado B e o lado A

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    1. Não seria essa a referencia. As duas entidades são do bem. Depende o que você pede e depende da sua religião. Exu não quer dizer ser do mau.

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  4. Rafael Mendes

    “Força, quando mete o pé
    É com força”
    Aqui faz uma afirmação de que quando se faz algo é para ser bem feito, com fé. Ir fundo…

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  5. Leonardo Messias

    É possível interpretar essa música individualmente, porém ela pode ser melhor compreendida se ouvida junto com todas as outras do disco homônimo de 1999, que fala sobre a violência urbana no Rio de Janeiro.
    A música fala sobre um trabalhador, morador de favela, que tenta fugir da guerra entre a polícia e o tráfico.

    “Se eles são Exu eu sou Iemanjá
    Matam bicho, eu tomo banho de mar
    Com o corpo fechado ninguém vai me pegar
    Lado A, Lado B, Lado B, Lado A”

    Nessa faixa do disco, o Lado B e o Lado A estão representados pela polícia e pelo tráfico, o sujeito não está em nenhum dos dois lados, ele está do lado da vida, do lado da sobrevivência. Com o corpo fechado (fé) eles não vão pegar o sujeito, nem a polícia e nem o tráfico de drogas, nem Lado B nem lado A.

    “No beaba da chapa quente eu sou mais um Jorge Ben
    Tocando bem alto no meu walkman
    Esperando o carnaval do ano que vem
    Não sei se o ano vai ser do mal ou se vai ser do bem”

    Na rotina de violência que eles (polícia/traficantes) empregam, o sujeito é mais uma das pessoas que tentam a fuga através da arte, da música (representado por Jorge Ben), esperando o carnaval seguinte, esperando sobreviver por mais um ano, mas ele não sabe se o ano vai ser do mal (polícia/tráfico/morte) ou se vai ser do bem (sobrevivência/trabalho/vida).

    “O que te guarda é a lei dos homens
    O que me guarda é a lei de Deus
    Não abro mão da mitologia negra pra dizer
    Eu não pareco com você!”

    Dessa vez voltado apenas à polícia, o enunciador afirma que enquanto eles são o braço armado do governo, e são protegidos pela lei dos homens, ele é protegido pela sua fé, pelo seu corpo fechado, pela lei de Deus; diz que não abre mão de suas raízes e por isso não se assemelha com eles (polícia).

    “Há um despacho na esquina pro futuro
    Com oferendas carimbadas todo dia
    Eu vou chegar pedir e agradecer
    Pois a vitória de um homem as vezes se esconde
    Num gesto forte que só ele pode ver”

    Nesse trecho ele diz que existe um despacho (característico do Candomblé) na esquina pro futuro, ou seja, através da fé, o sujeito vê esperança de mudança em futuro próximo, e pede por isso todo dia, pois ele sabe que a vitória de um homem não está na morte de um inimigo como pensam os policiais e traficantes, mas sim em levantar para lutar e trabalhar todos os dias, ou seja, num gesto forte que só ele pode ver.

    “Eu sou guerreiro, sou trabalhador
    E todo dia vou encarar
    Com fé em Deus e na minha batalha
    Espero estar bem longe quanto o rodo passar
    Espero estar bem longe quanto tudo isso passar”

    Esse é o grito final, o desabafo. O sujeito avisa que quer ficar longe do rodo (guerra) e que ele é guerreiro, trabalhador, não precisa participar de mortes, chacinas, derramamento de sangue para se sentir um vencedor; por isso ele encara a sua batalha pessoal todo dia, sempre com fé em seu Deus e em sua luta diária que um dia vai lhe dar frutos.

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