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Inverno

Adriana Calcanhotto

No dia em que fui mais feliz
Eu vi um avião
Se espelhar no seu olhar
Até sumir

De lá pra cá não sei
Caminho ao longo do canal
Faço longas cartas pra ninguém
E o inverno no Leblon é quase glacial

Há algo que jamais se esclareceu:
Onde foi exatamente que larguei
Naquele dia mesmo
O leão que sempre cavalguei

Lá mesmo esqueci que o destino
Sempre me quis só
Num deserto sem saudade, sem remorso só
Sem amarras, barco embriagado ao mar

Não sei o que em mim
Só quer me lembrar
Que um dia o céu reuniu-se à terra um instante por nós dois
Um pouco antes do ocidente se assombrar


Letra Composta por: Adriana Calcanhotto e Antônio Cícero
Melodia Composta por:
Álbum: A fábrica do poema
Ano: 1994
Estilo Musical:

22 Replies to “Inverno”

  1. A letra retrata um grande amor “desfeito”, onde a felicidade era intensa, depois a decepção e separação. A frase “que um dia o céu reuniu-se à terra um instante por nós dois um pouco antes do ocidente se assombrar”, resume o amor e a desilusão com tamanha perfeição. Letra linda, linda que diz muito e explica pouco. A cansão é maravilhosa com instrumentos bem definidos, toca fundo na alma.

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  2. eu só queria que o destino me quisesse com alguém… tenho tanto amor que preciso dividir com alguém.
    Será que nunca mais vou sentir essa sensação de felicidade indestrutível? Eu quero transbordar de novo… Não aguento mais ter que segurar o meu mar

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  3. Gostaria de comentar algo que sempre penso quando escuto essa canção. Não é uma interpretação da letra e sim uma coincidência que vejo com o 11 de setembro . O dia em que fui mais feliz eu vi um avião se espelhar no seu olhar até sumir.
    Não sei o que em mim
    Só quer me lembrar
    Que um dia o céu reuniu-se à terra um instante por nós dois
    Um pouco antes do ocidente se assombrar .
    Como é a composição de 1994, me parece até profético

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    • Essa música pra mim não aborda só uma história. Parece que retrata vários fatos envolvendo só uma história que envolvem uma certa melancolia, típica do inverno.

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      • eu vim ouvindo essa musica hj no carro, e cheguei a essa conclusão, pq uma estrofe nao completa outras, parecem fatos soltos, sobre vários momentos!

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  4. Retrata pra mim um sentimento particular o inverno no Leblon ser quase glacial é a parte que me chama muito atenção pois pra que haja um inverno dessa grandeza é preciso muito frio EMOCIONAL

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    • Quando ela se pergunta “Onde foi exatamente que larguei
      Naquele dia mesmo
      O leão que sempre cavalguei”,. Entendo estar fazendo referência a “Força” emocional,quem sabe.. “Domínio próprio, força de ser”. Tipo um “Cadê aquele eu? Em que instante mesmo eu me perdi de mim mesma? Da minha força? ” Essa música é linda,e reflexiva ao meu ver. Ao mesmo tempo que tem um Q melancólico,nos remete a certa reflexão.

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      • De fato, esse leão é aqueles e aquelas que, vivem só, orgulhosos e orgulhosas de si, e de repente se envolvem em um amor fugaz e acabam se machucando. Essa música, com suas partes aparentemente desconexas, tocam minha alma e faz lembrar algumas situações: um relacionamento desfeito prematuramente, com um rapaz que me prometeu ser meu namorado (meu sonho é ter um) e o sofrimento que me fez adoecer emocionalmente, isso em março de 2018, ano em que saí do armário e pensei que iria ser feliz. Hoje, me considero um homem de 36 anos, vulgo solteirão, não realizado na vida sentimental. Um homem marcado por abandonos, por nãos e desinteresses. Alguém que tentou de todas as formas possíveis para ter um namoro, algo que durasse, uma mão para segurar por mais de uma noite. Mas nada foi em frente. Cansamos, temos limites. Desisti do procurar dar esse amor e de ser amado, tenho pavor de aplicativos de relacionamento. Nisto, ouço Calcanhotto diariamente, é um consolo para essa sina existencial sem perspectivas relacionais. Vou envelhecer sozinho no meu apartamento, com meus livros e meus gatos.

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        • Me sinto assim também. Não consigo alguém pra namorar, alguém que combine comigo. Na realidade não está aparecendo é ninguém. Parece que estou invisível e desinteressante… Mas não sou feia. Não sei o que acontece na minha vida. Acho que vou ser daquelas velhas com gatos e solitária.

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        • Torço para que vc encontre o que tanto almeja.
          O amor aparece quando a gente menos espera.

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    • A força de um grande amor, que se foi… Hoje, não mais cavalga.

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    • Acho que significa a perda de força para lutar contra as adversidades da vida e do amor.
      Nas músicas cantadas pela Adriana, embora com outros compositores , se observa um pensamento existencialista tipo pessimista.

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    • A FORMA DURA QUE MUITOS ESCOLHEM PRA ENFRENTAR A VIDA, EM ALGUM MOMENTO ELA ACEITOU A SOLIDÃO E SE SENTIU MAIS LEVE, PAROU DE BRIGAR COM O PRÓPRIO DESTINO.

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    • Ficou para trás, juntamente com o amor desfeito. Não há mais a força do leão… “la mesmo esqueci que destino sempre me quis só”

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  5. NUM DIA DE INVERNO FRIO E MELANCÓLICO, ELA RECORDA DE UM AMOR PASSADO. O DIA EM QUE ELA FOI MAIS FELIZ, UM BELO DIA DE SOL, DEITADOS AO SOM DO MAR, FOI POSSÍVEL VER OLHANDO NOS OLHOS DE SEU AMOR O REFLEXO DE UM AVIÃO ATÉ SUMIR.

    SOZINHA ELA ESCREVE CARTAS PARA SI, PROCURANDO COMPANHIA EM SEUS PENSAMENTOS.

    ALGO NUNCA FOI ESCLARECIDO, COMO A FORÇA DE UM AMOR PODE DEIXÁ-LA TÃO VULNERÁVEL, ONDE ESTÁ O LEÃO (FRUTO DE DECEPÇÕES ANTERIORES) QUE SEMPRE CARREGOU ?

    APESAR DE TUDO, ELA SÓ QUER SE LEMBRAR DAQUELE DIA, EM QUE FOI MAIS FELIZ, ONDE SOL SE UNIU A TERRA POR UM INSTANTE EM UM LINDO POR DO SOL, POUCO ANTES DO OCIDENTE SE ASSOMBRAR.

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  6. Sobre o trecho “eu vi uma Avião se espelhar no seu olhar e até sumir”: Acredito que este trecho pode se referir a uma percepção que o eu lírico tem, de que seu parceiro almeja ir embora; deixa-lo ou estar longe. O olhar representaria a vontade do outro alguém e o avião o ato de partir ou mudar drasticamente de vida.

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  7. Eu concordo com todas as interpretações, pois essa música nos toca, ao mesmo tempo, da mesma forma e de formas distintas. Quanto ao trecho “[…] e o inverno no Leblon é quase glacial”, gosto de pensar que ela está destacando uma particularidade (do ponto de vista dela) desse lugar que é o Leblon (que nos faz ir até ele em pensamentos). Trata-se de um lugar que, por causa da visibilidade do Rio na TV e em outras mídias, é repleto de imaginários coletivos/pessoais – quem, que vai ao Rio, não quer conhecer o Leblon, talvez quem sabe, e especialmente, esse da música?
    Quis destacar essa passagem porque ela me desperta sensações e sentimentos (nesse caso mais pro lado da tristeza, solidão, saudade…), me faz lembrar de pessoas e projetar momentos. Mesmo efeito causado por outras músicas que evocam qualidades dos lugares, como os citados por Caetano Veloso em “Sem cais”; ou pelo grupo Blitz em “Dali de Salvador”; ou por Vinícius e Toquinho em “Tarde em Itapuã”; ou por Kleiton e Kledir em “Deu pra ti”…

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  8. No dia em que fui mais feliz
    Eu vi um avião
    Se espelhar no seu olhar
    Até sumir
    – Essa parte é sobre ela sair da cidade dela (Porto Alegre, RS) e ir fazer a carreira dela em outro estado (Rio de Janeiro), ela deixou um relacionamento profundo em Porto Alegre.

    De lá pra cá não sei
    Caminho ao longo do canal
    Faço longas cartas pra ninguém
    E o inverno no Leblon é quase glacial
    – Ela se encontra em outro estado, sozinha ,na cidade mais elitista do RJ, no inverno, em frente a praia (MUITO frio), tenta se abrir através da escrita, mas o que ela escreve não vinga, porquê ela não consegue se expressar, ela tenta não ignorar seus sentimentos inconscientemente, por tanto que tenta escrever, mas ela reprime eles como uma forma de não sofrer, age friamente.

    Há algo que jamais se esclareceu:
    Onde foi exatamente que larguei
    Naquele dia mesmo
    O leão que sempre cavalguei
    – Quando ela conheceu aquela pessoa que deixou, ela se entregou, tirou seus escudos, e antes ela não se entregava, ela era fria (Adriana é Libriana). Talvez seja uma reflexão “Como me entreguei dessa forma quando a conheci? Eu podia ter evitado esse sofrimento sendo fria, eu era tão corajosa e segura de mim, eu não me abalava dessa forma, não tirava meus escudos antes de conhecê-la.”

    Lá mesmo esqueci que o destino
    Sempre me quis só
    Num deserto sem saudade, sem remorso só
    Sem amarras, barco embriagado ao mar
    – Quando ela conheceu a pessoa, foi tão deslumbrante, tão magnífico aquele encontro de almas, que ela deixou o pensamento de ser fria de lado, ela não pensou em colocar seus pés no chão. E aí ela fala de coisas dela com ela mesma, o que ela sente do destino e suas crenças sobre relacionamentos amorosos. ‘Sem amarras (não se deixar vulnerável)’, ‘Barco embriagado ao mar (acho que talvez referência a canção Maresia de Marina Lima e Antônio Cícero)’.

    Não sei o que em mim
    Só quer me lembrar
    Que um dia o céu reuniu-se à terra um instante por nós dois
    Um pouco antes do ocidente se assombrar
    – Ela sempre lembra daquele dia que conheceu a pessoa que ela deixou em Porto Alegre, aquelas sensações de transcender com outra pessoa, com aquela pessoa, antes de tudo mudar. (Essa parte fica muito no ar, pode ser depressão de uma das partes ou até de ambas, uma tempestade após o dia que o céu e a terra se reuniram para eles, brigas entre eles, ou até mesmo o fato de ela saber que vai pra outro estado e esse processo de término ter sido mais complicado, até porque, pelo visto a pessoa a acompanha até o aeroporto quando ela se muda. Pode ser que o assombrar é eles terminarem por ela ter que se mudar.)

    Muitas camadas dessa poeta imortal!

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