Eu te vejo sair por aí
Te avisei que a cidade era um vão
– Dá tua mão
– Olha pra mim
– Não faz assim
– Não vai lá não
Os letreiros a te colorir
Embaraçam a minha visão
Eu te vi suspirar de aflição
E sair da sessão, frouxa de rir
Já te vejo brincando, gostando de ser
Tua sombra a se multiplicar
Nos teus olhos também posso ver
As vitrines te vendo passar
Na galeria, cada clarão
É como um dia depois de outro dia
Abrindo um salão
Passas em exposição
Passas sem ver teu vigia
Catando a poesia
Que entornas no chão
ana paim disse:
Ele é um observador… (teu vigia) Ela é amada sem saber que o é… Ela é simples e autêntica (frouxa de rir) E ele é encantado…
Renan B. Costa disse:
O eu lírico é o admirador da moça que não o conhece, caso conheça, não sabe que é amada. Chico utiliza sua abilidade inigulável com as palavras para caracterizar os espaços e as acções da moça. Como o eu-lírico diz nos últimos 3 versos, o vigia é apenas o poeta, quem o insipira é sua amada.
Café das quartro disse:
Concordo com os amigos que mostraram a sua interpretação.
o diálogo em que o protagonista da historia não é respondido, é como se estivesse falando sozinho, suspirando por ela, sem que ela imagine!
– Dá tua mão…
– Olha pra mim…
– Não faz assim…
– Não vai lá não…
Roberta disse:
Ela é uma prostituta.
Alan Scipião disse:
Prezados, Fiz uma análise dessa música em meu blog.
Abaixo o link:
http://decifrandoamusica.blogspot.com.br/2012_08_01_archive.html
Ricardo disse:
Puro Ghost
Ana disse:
O que faz da música uma obra-prima é a sensibilidade com a qual Chico Buarque
conseguiu captar a imagem e pensamento
do eu lírico. Trata-se do cego pela paixão e a ‘exposição’ de sua musa, mas é a visita ao seu ponto de vista que impressiona
quem interpreta a canção. Que ao ouvir, eu acompanho a passagem dela, e os olhos dele que não piscam e seguem seus passos. Que para ele o
mundo a colore e também a vê andar. Incita-me a vontade de sentar a seu lado e
também observar a aflição do vigia que poetiza o trocar de pernas da mulher.
Cesar Barbosa disse:
A impressão que tenho é que o protagonista ama a moça, a tem, mas não tem controle sobre ela. É um caso. Ela é deusa para ele. A imaginação do que sofre por amor atua fortemente, e supõe um brilho da moça que lhe causa perigo e aflição.
A canção é belíssima. Não seu como Chico consegue fazer isto. Suas músicas tem tanto talento quanto seu mau gosto político. Impressionante!
JUNIOR GUERREIRO disse:
A IMPRESSÃO QUE DÁ É QUE O PROTAGONISTA AMA (DIFÍCIL NOTAR QUE TIPO DE AMOR: DE PAI OU ADMIRADOR) DESESPERADAMENTE UMA PESSOA QUE ENVEREDOU PELA BUSCA DE “VIDA FÁCIL”, (“…Eu te vejo sumir por aí
Te avisei que a cidade era um vão
Dá tua mão, olha prá mim
Não faz assim, não vá lá, não…”) E QUE APESAR DA AFLIÇÃO COM AS INCERTEZAS DE PRINCIPIANTE NO RAMO, A MESMA, AO SE DEPARAR COM O SUCESSO DOS “PASSEIOS”, LIBERTA ALÍVIO NO SEMBLANTE COM O FINAL FELIZ DOS PROGRAMAS. “…Os letreiros a te colorir
Embaraçam a minha visão
Eu te vi suspirar de aflição
E sair da sessão frouxa de rir
Já te vejo brincando gostando de ser
Tua sombra se multiplicar…”
Aline disse:
Parece que ele se apaixonou por uma prostituta em Amsterdã ele fala sobre vitrine, galeria, sessão…
Asdrubal disse:
O protagonista está com a filha pequena em um shopping, perde ela de vista e segue procurando.
Thiago disse:
Asdrubal está correto. As vitrines do shopping, a sessão de cinema, a primeira vez que a filha saiu com um namoradinho. A música é a tradução do ciúme de um pai.
ThipW disse:
Pra mim a melhor análise da música. Mas não uma filha pequena, mas sim uma filha adolescente ou recém entrada na vida adulta que sai do interior e vai se deslumbrar em uma cidade grande
Marcelo Baptista de Almeida disse:
Perfeito.
F.Vivian disse:
Encontrei semelhança com a música “O mundo é um moinho”-Cartola.
Excelente música!
Léo disse:
Essa Música é do LP “Almanaque” de 1981 em plena Ditadura Militar, onde na parte interna está escrito “MAGAZINE ANNUAL ILUSTRADO. Anecdotas, Caricaturas, Informações, Charadas, etc.” Na Época Adelaide, a mãe do Julinho, pseudônimo criado pelo autor para driblar a censura, já criava palavras cruzadas para o Jornal do Brasil.
Chico faz uma brincadeira com espelhamento e rebatimento da letra. Por Exemplo:
“Os letreiros a te colorir
Embaraçam a minha visão
Eu te vi suspirar de aflição
E sair da sessão, frouxa de rir”
Viram:
“Ler os letreiros aí troco
Embaçam a visão marinha
Vi tuas fúrias e predileção
Errar sisuda, sã fora de eixos”
Uma clara e divertida manifestação contra a Ditadura Militar.
Lindamente Melódica.
willyan mozart disse:
soh quem viveu a época mencionada (1981) poderia dar essa interpretação…. eu imaginava que a letra seria a descrição romântica-subversiva da vida de uma prostituta que vaga pelas madrugadas boêmias do rio de janeiro (os letreiros a te colorir) e a quem chico amava, querendo arrancá-la dessa vida através de súplicas (dá tua mão, olha pra mim, não faz assim, não vai lah não); uma mulher muito bonita que acabou se acostumando à vida mundana, saindo “da sessão, frouxa de rir” e que acaba por viver a vida “um dia, depois de outro dia”
Raissa disse:
Essa música retrata uma pessoa narcisista em fuga se perdendo a cada momento de si mesma. Algúem tenta chamá-la, trazer de volta a si mesma, à razão, mas o seu narcisismo não permite que isso aconteça. Assim, ela prefere sumir de si própria e da racionalidade e escapa de tudo.
sa disse:
E você tem bom gosto político?
Iuri Korolev disse:
Essa é uma das letras mais misteriosas do Chico, e sei lá.., qualquer opinião, pra mim pode se equivocar. Dizem que fala sobre ele admirando as vitrines das Galeries Lafayette em Paris. Não sei.. Mas é uma combinação letra/música (não consigo dissociar na análise) que transmite profunda espiritualidade e força poética arrebatadora.Acho que é a grande força dela.Coisa de gênio.Mas o Chico também sempre teve o melhor em termos de arranjadores e músicos.
Robert Camar disse:
Vi este comentário anonimo em um outro blog e concordo com ele:
“Ela é, na verdade, uma prostituta, trabalha na noite letreiros coloridos que embaraçam a visão.
Sessão é um programa, aflita nos primeiros programas frouxa de rir depois.”
Maria Vieria disse:
Imagino nessa belissima letra talvez um.pouco emblemática uma fantasia, algo imaginário e ao mesmo tempo um.amor que precisa de proteção.