Poeta: Alice Ruiz

Socorro – Alice Ruiz

Socorro, eu não estou sentindo nada.Nem medo, nem calor, nem fogo,não vai dar mais pra chorarnem pra rir. Socorro, alguma alma, mesmo que penada,me empreste suas penas.Já não sinto amor nem dor,já não sinto nada. Socorro, alguém me dê um coração,que esse já não bate nem apanha.Por favor, uma emoção pequena,qualquer coisa que se sinta,tem …

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Alguma coisa em mim – Alice Ruiz

Alguma coisa em mimainda vai longealguma coisa em mimnão vai dar péalguma coisa em mimparece que foi ontemalguma coisa em mimquer aconteceralguma coisa em mimnão é mais minhaalguma coisa em mimsaiu da linhaalguma coisa em mimnão disse a que veioalguma coisa em mimacerta em cheioalguma coisa em mimnão tá na caraalguma coisa em mimnão tá …

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Avesso – Alice Ruiz

Pode parecer promessamas eu sinto que você é a pessoamais parecida comigoque eu conheçosó que do lado do avesso. Pode ser que seja enganobobagem ou ilusãode ter você na minhamas acho que com você eu me esqueçoe em seguida eu aconteço. Por isso deixo aqui meu endereçose você me procurareu apareçose você me encontrarte reconheço. …

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Questões III – Alice Ruiz

Se a preguiça é pecado,o que Deus estará fazendo agora?Em que se ocupa aquele que tudo pode?Terá restado algo por fazerdepois que o mundo foi criado? Se o desejo é fraqueza,Deus nunca deseja?Mas se é verdade que nos criou,algo nele desejou. Se a vaidade é um erro,por que nos fezÀ sua imagem e semelhança?Ou terá …

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Haicai – Alice Ruiz

primaveraaté a cadeiraolha pela janela luzes acesasvozes amigaschove melhor Alice Ruiz Autor: Alice Ruiz

Boca da noite – Alice Ruiz

boca da noitena calada em silênciograndes lábiosse abrem em sim In: RUIZ, Alice. Pelos pelos. São Paulo: Brasiliense, 1984. p.16. (Cantadas literárias, 24) Alice Ruiz Autor: Alice Ruiz

Ladainha – Alice Ruiz

Era uma vez uma mulherque via um futuro grandiosopara cada homem que a tocavaum diaela se tocou… Eu pensava que o amorme faria uma rainhae quando você chegassenão seria mais sozinha. Você chega da gandaiasó pensando numazinhaseu amor é pouca palhapara minha fogueirinha. O que você jogou foraé para poucoso meu mal foi jogarpérolas aos …

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Assim que vi você – Alice Ruiz

assim que vi vocêlogo vi que ia dar coisacoisa feita pra durarbatendo duro no peitoaté eu acabar virandoalguma coisaparecida com você parecia ter saídode alguma lembrança antigaque eu nunca tinha vivido alguma coisa perdidaque eu nunca tinha tido alguma voz amigaesquecida no meu ouvido agora não tem mais jeitocarrego você no peitopoema na camisetacom a …

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Lembra – Alice Ruiz

Lembra o tempoem que você sentia e sentirera a formamais sábia de saber E você nem sabia? Alice Ruiz Autor: Alice Ruiz

Sou uma moça polida – Alice Ruiz

sou uma moça polidalevandouma vida lascada cada instantepinta um grilopor cimada minha sacada Publicado no livro Navalhanaliga (1980). In: RUIZ, Alice. Pelos pelos. São Paulo: Brasiliense, 1984. (Cantadas literárias, 24 Alice Ruiz Autor: Alice Ruiz

Saudação da saudade – Alice Ruiz

Minha saudadesaúda tua idamesmo sabendoque uma vindasó é possívelnoutra vida. Aqui, no reinodo escuroe do silênciominha saudadeabsurda e mudaprocura às cegaste trazer à luz. Ali, ondenem mesmo vocêsabe maistalvez, enfimnos espereo esquecimento. Aí, ainda assimminha saudadete saúdae se despedede mim. Alice Ruiz Autor: Alice Ruiz

Se – Alice Ruiz

se por acasoa gente se cruzasseia ser um caso sériovocê ia rir até amanhecereu ia ir até acontecerde dia um improvisode noite uma farraa gente ia vivercom garra eu ia tirar de ouvidotodos os sentidosia ser tão divertidotocar um solo em dueto ia ser um risoia ser um gozoia ser todo diaa mesma foliaaté deixar …

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É duro ter coração mole – Alice Ruiz

Por favornão me aperte tanto assimtenha cuidado, pega leveolha onde pisaisso é meu coraçãomeu ganha-pãoinstrumento de trabalho,meio de vida, profissãomeu arroz com feijãomeu passaportepara qualquer partepara qualquer artenão machuque esse meu coraçãopreciso delepara me levar a Martesem sair do chãonão me apertenão machuquetome cuidadoeu vivo dissopoesia, sonhose outras cançõessem emoçãomorro de fomesinto muitomas não há …

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Renga da noite – Alice Ruiz

noite escurade luz a luznenhuma dívida ontem hoje amanhãtrabalho pra madrugadanoites tardes manhãs noite no matoo cheiro de açucenaé nosso lume noite de verãoescrevendo ventoeu e o vento noite de verãovem com a brisaum cheiro de primavera noite no escuropensando que era baratamatei o vagalume noite cheialua minguantemeu quarto crescente Alice Ruiz Autor: Alice Ruiz

Noite e dia – Alice Ruiz

Não me agradamessas coisas que despertambarulho, susto, água friatudo na minha caramais nenhum sonho por perto. Não me agradamessas coisas que adormecemvazio, escuro, calmariatudo que lembra mortequando nada mais dá certo. Não me agradamessas coisas sem poesiauma noite só noiteum dia só dia. Alice Ruiz Autor: Alice Ruiz

Projesombras (nós) – Alice Ruiz

por causa deRegina Silveira no mundo das sombrasos objetos inchamgrávidos de outras formas silhuetas dissimulando similaridadesparódias e paradoxoslinearidades em desalinho aquiarmas são a alma das louçasaliprojesombras milimetricamentecalculadas inauguram com humoro outro lado do rigor o primeiro planopassa a pano de fundoo que é o fundo?o que é a figura?o que é a coisa?o que é …

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Teu corpo seja brasa – Alice Ruiz

teu corpo seja brasae o meu a casaque se consome no fogo um incêndio bastapra consumar esse jogouma fogueira chegapra eu brincar de novo Alice Ruiz Autor: Alice Ruiz

Na esquina da Consolação – Alice Ruiz

na esquina da consolaçãocom a paulistame perdi de vistavirei artistaequilibristameio mãemeio meninameio meia-noitemeio inteirainteiramente alheiatoda lua cheia In: RUIZ, Alice. Vice-versos. São Paulo: Brasiliense, 1988. (Cantadas literárias Alice Ruiz Autor: Alice Ruiz

Enchemos a vida – Alice Ruiz

enchemos a vidade filhosque nos enchem a vida um me enche de lembrançasque me enchemde lágrimas uma me enche de alegriasque enchem minhas noitesde dias outro me enche de esperançase receiosenquanto me inchamos seios Publicado no livro Paixão xama paixão (1983). In: RUIZ, Alice. Pelos pelos. São Paulo: Brasiliense, 1984. (Cantadas literárias, 24 Alice Ruiz …

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Lá ia eu – Alice Ruiz

lá ia eutoda expostaàquele olharde garfo e facavendoa mesa postaminhas postas em fatiasouvindo dos convivaspiadas macarrônicas Publicado no livro Navalhanaliga (1980). In: RUIZ, Alice. Pelos pelos. São Paulo: Brasiliense, 1984. (Cantadas literárias, 24 Alice Ruiz Autor: Alice Ruiz

Drumundana – Alice Ruiz

e agora maria? o amor acaboua filha casouo filho mudouteu homem foi pra vidaque tudo criaa fantasiaque você sonhouapagouà luz do dia e agora maria?vai com as outrasvai vivercom a hipocondria Publicado no livro Navalhanaliga (1980). In: RUIZ, Alice. Pelos pelos. São Paulo: Brasiliense, 1984. (Cantadas literárias, 24) NOTA: Paródia do poema “José”, do livro …

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HAI-KAIS – Alice Ruiz

apaga a luzantes de amanhecerum vagalume vento secoentre os bambusbarulho d água tanta poesia no gestonenhum poemao diria o relógio marca48 horas sem te versei lá quantas para te esquecer circuluarsonho imparacordo par desacertoentre nóssó etceteras Alice Ruiz Autor: Alice Ruiz

Topa um pacto de sangue – Alice Ruiz

topa um pacto de sanguecom essa cigana do futuroque lêo passado na tua bocao presente no teu corpoe nos teus olhostanto quanto nos astros? Publicado no livro Paixão xama paixão (1983). In: RUIZ, Alice. Pelos pelos. São Paulo: Brasiliense, 1984. (Cantadas literárias, 24 Alice Ruiz Autor: Alice Ruiz