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São Paulo menino grande

Lembrar, deixa-me lembrar, laiarálalaiálaiá

São Paulo, menino grande
Cresceu não pode mais parar
E o pátio do colégio quem lhe viu nascer
Um velho ipê parece chorar
Não tem a sua mãe preta
Na rua com seu pregão
Cafezinho quentinho, sinhô,
Pipoca, pamonha e quentão.

Lembrar, deixa-me lembrar, laiarálalaiálaiá

Agora que o menino cresceu
Perdeu sua simplicidade
Desprezou o seu amor perfeito
E um cravo vermelho, amigo do peito
São Paulo de Anchieta
E de João Ramalho
Onde estão seus boêmios,
A sua garoa, cadê seu orvalho?

A vida é dura

Conheço um cara que só fala em se dar bem
Mas sempre dá mancada
Vive dizendo que cansou de ver o jogo da arquibancada
Mas, quando ele quer a bola, toda vez entra de sola
Sempre cheio de armação e cria muita confusão
Parece até que sabe tudo, mas, no fundo, ele não sabe nada

Meu Deus! Esse rapaz só deixa furo e não se manca
E nunca perde a esperança
Remexe, mexe, mexe por aí, entra na dança
Passando o conto e não se cansa
Inventa sempre um plano infalível o tempo inteiro
Só pensa em rios de dinheiro
Mas, quando chega a hora de fazer o que ele quer
É com a mesada da mulher

A vida é dura e tá difícil se virar e segurar a barra
Ele tem charme e sabe o jeito de agradar e de ganhar na marra
Por trás daquele cidadão há um tremendo gavião
Armou em cima de alguém e acabou se dando bem
Outras pessoas é que têm o seu valor e ele leva a fama

Meu Deus! Esse rapaz só deixa furo e não se manca
E nunca perde a esperança
Remexe, mexe, mexe por aí, entra na dança
Passando o conto e não se cansa
Inventa sempre um plano infalível o tempo inteiro
Só pensa em rios de dinheiro
Mas, quando chega a hora de fazer o que ele quer
É com a mesada da mulher

Fica mais um pouco amor

Fica mais um pouco, amor
Que eu ainda não dancei com você
Somos quase vizinhos, fazemos o mesmo caminho,
Vamos, me dê sua mão
Quando o baile acabar, eu deixo você no seu portão.

Eu não vou pedir, mas se você quiser me dar
Aquele beijo, ao qual eu faço jús
Espero você entrar, acender e apagar a luz
Abrir a janela e me dizer:
“boa noite, zé, té manhã se deus quiser”.
Tá tudo legal

Tiro ao Álvaro

De tanto levar
Flechada do teu olhar
Meu peito até
Parece sabe o quê?
Táuba de tiro ao Álvaro
Não tem mais onde furar
Não tem mais!…

De tanto levar
Frechada do teu olhar
Meu peito até
Parece sabe o quê?
Táuba de tiro ao Álvaro
Não tem mais onde furar…

Teu olhar mata mais
Que bala de carabina
Que veneno estricnina
Que peixeira de baiano…

Teu olhar mata mais
Que atropelamento
De automóvel
Mata mais
Que bala de revólver…

De tanto levar
Frechada do teu olhar
Meu peito até
Parece sabe o quê?
Táuba de tiro ao Álvaro
Não tem mais onde furar
Não tem mais!…

De tanto levar
Frechada do teu olhar
Meu peito até
Parece sabe o quê?
Táuba de tiro ao Álvaro
Não tem mais onde furar…

Teu olhar mata mais
Que bala de carabina
Que veneno estricnina
Que peixeira de baiano…

Teu olhar mata mais
Que atropelamento
De automóvel
Mata mais
Que bala de revólver…

De tanto levar
Frechada do teu olhar
Meu peito até
Parece sabe o quê?
Táuba de tiro ao Álvaro
Não tem mais onde furar…

Sanfoneiro folgado

Dona Candinha tira essa cadeira
Que essa rancheira é mesmo pra dançar
Pendura o lenço lá no candeeiro
Tira um cavaiero e vamos rancherar

Vamos zanzando pro salão de dentro
Pára-se um momento pra tomar quentão
E o sanfoneiro campeão da zona
Pega na sanfona e faz a marcação

Olha só Dona Candinha
Que sanfoneiro folgado
A sanfona está gemendo
E ele está correndo o dedo no teclado

Olha os companheiros dele
São gente de qualidade
Quando entram num pagode
Fazem o que pode
Pra deixar saudade.

Progréssio (Conselho de mulher)

Quando deus fez o homem
Quis fazer um vagolino que nunca tinha fome
E que tinha no destino
Nunca pegar no batente e viver forgadamente
O homem era feliz enquanto deus assim quis
Mas depois pegou adão, tirou uma costela e fez a mulher
Deis di intão, o homem trabalha prela
Mai daí, o homem reza todo dia uma oração
Se quiser tirar de mim arguma coisa de bão
Que me tire o trabaio, a muié não!

Pogressio, pogressio
Eu sempre iscuitei falar, que o pogressio vem do trabaio
Então amanhã cedo, nóis vai trabalhar

Quanto tempo nóis perdeu na boemia
Sambando noite e dia, cortando uma rama sem parar
Agora iscuitando o conselho das mulheres
Amanhã vou trabalhar, se deus quiser, mas deus não quer!

Pogressio, pogressio
Eu sempre iscuitei falar, que o pogressio vem do trabaio
Então amanhã cedo, nóis vai trabalhar

Quanto tempo nóis perdeu na boemia
Sambando noite e dia, cortando uma rama sem parar
Agora iscuitando o conselho das mulheres
Amanhã vou trabalhar, se deus quiser, mas deus não quer!

As mariposas

As mariposa quando chega o frio
Fica dando volta em volta da lâmpida pra se esquentar
Elas roda, roda, roda e dispois se senta
Em cima do prato da lâmpida pra descansar (2x)

Eu sou a lâmpida
E as muié é as mariposa
Que fica dando volta em volta de mim
Toda noite só pra me beijar

Quem bate sou eu

Ô de casa, quem bate? Quem bate sou eu
Sou eu amigo que venho pedir-lhe abrigo
Ô de casa, quem bate? Quem bate sou eu
Sou eu amigo que venho pedir-lhe abrigo

Cheguei tarde no barraco, o incidente aconteceu
Fui acendê o fugão de querosene, exprudiu
Incendiou, queimou tudo que era meu

Falado:Êta negão o que houve?
Negão vou te contá:
Cheguei de fogo no barraco e fui acendê o fogão de
Querosene
E catabum, exprudiu
Tá vendo negão, tá sempre de fogo
E cada vez mais acontece isso

Samba do Arnesto

Paiz Paiz Paiz Paiz Paiz Paiz
Paiz Paiz Paiz Paiz Paiz Paiz
Paiz Paiz Paiz Paiz Paiz Paiz
Lalarirurirurá!
Paiz Paiz Paiz Paiz Paiz Paiz
Paiz Paiz Paiz Paiz Paiz Paiz
Paiz Paiz Paiz Paiz Paiz Paiz…

O Arnesto nos convidô
Pr’um samba
Ele mora no Brás
Nós fumos
Não encontremos ninguém
Nóis vortemos
Cuma baita duma reiva
Da outra vez
Nós num vai mais
Nós num semos tatu!…

O Arnesto nos convidô
Pr’um samba
Ele mora no Brás
Nós fumos
Não encontremos ninguém
Nós vortemos
Cuma baita duma reiva
Da outra vez
Nós num vai mais…

N’outro dia encontremos
“Cá” Arnesto
Que pidiu descurpa
Mas nós não aceitemos
Isso não se faz Arnesto
Nós não se importa
Mas você devia
Ter punhado um recado
Na porta…

Anssim:
“Ói turma
Num deu pá esperar
Não faz már
Há de ver que isso
E não tem importância
É, mas Arnesto se arretô
Da outra vez
Nós esticar essa cara
Que ocê vai ver
Como é que ocê
Vai entrar bem
Aqui cum nós”

O Arnesto nos convidô
Pr’um samba
Ele mora no Brás
Nós fumos
Não encontremos ninguém
Nós vortemos
Cuma baita duma reiva
Da outra vez
Nós num vai mais…

N’outro dia encontremos
Com o Arnesto
Que pidiu descurpa
Mas nós não aceitemos
Isso não se faz Arnesto
Nós não se importa
Mas você devia
Ter punhado um recado
Na porta…

Paiz Paiz Paiz Paiz Paiz Paiz
Paiz Paiz Paiz Paiz Paiz Paiz
Paiz Paiz Paiz Paiz Paiz Paiz
Lalarirurirurá!
Paiz Paiz Paiz Paiz Paiz Paiz
Paiz Paiz Paiz Paiz Paiz Paiz
Paiz Paiz Paiz Paiz Paiz Paiz…
-Num faz már!

Um Samba No Bexiga

Domingo nós fumo num samba no bexiga
Na rua major, na casa do nicola
A mesa não deu conta
Saiu uma baita duma briga
Era só pizza que avuava junto com as braxola
Nóis era estranho no lugar
E não quisemo se meter
Não fumos lá pra briga, nós fumo lá pra come
Na hora “h” se enfiemo de baixo da mesa
Fiquemo ali, que beleza vendo a nicola briga
Dali a pouco escutemo a patrulha chegá
E o sargento oliveira falá

Num tem importância
Foi chamada as ambulância
Carma pessoal,
A situação aqui está muito cínica
Os mais pior vai pras clínica

Iracema

Iracema, eu nunca mais te vi
Iracema meu grande amor foi embora
Chorei, eu chorei de dor porque
Iracema meu grande amor foi você

Iracema, eu sempre dizia
Cuidado ao atravessar essas ruas
Eu falava, mas você não escutava não
Iracema você atravessou na contra mão

E hoje ela vive la no céu
Ela vive bem juntinho de nosso senhor.
De lembrança guardo somente suas meias e seu sapato
Iracema, eu perdi o seu retrato.

Iracema, faltava vinte dias para o nosso casamento, que nóis ia se casar
Você atravessou a rua são joão, veio um carro, te pega, te pincha no chão
Você foi para assistência
O chofer não teve culpa iracema
Paciência

E hoje ela vive lá no céu
Ela vive bem juntinho de nosso senhor
De lembrança guardo somente suas meias e seu sapato
Iracema, eu perdi o seu retrato

Apaga o fogo Mané

Inez saiu dizendo que ia comprar
Um pavio pro lampião
Pode me esperar Mané
Que eu já volto já

Acendi o fogão
Botei a água pra esquentar
E fui pro portão
Só pra ver Inez chegar

Anoiteceu e ela não voltou
Fui pra rua feito louco
Pra saber o que aconteceu

Procurei na Central
Procurei no hospital e no xadrez
Andei a cidade inteira
E não encontrei Inez

Voltei pra casa, triste demais
O que Inez me fez não se faz
E no chão bem perto do fogão
Encontrei um papel
Escrito assim
Pode apagar o fogo Mané
Que eu não vorto mais

Saudosa maloca

Se o senhor não tá lembrado
Dá licença de contar
Ali onde agora está
Este adifício arto
Era uma casa véia, um palacete assobradado

Foi aqui seu moço
Que eu, Mato Grosso e o Joca
Construimos nossa maloca

Mas um dia
Nóis nem pode se alembrá
Veio os home com as ferramenta
E o dono mandô derrubá

Peguemos todas nossas coisas
E fumos pro meio da rua apreciá a demolição
Que tristeza que nóis sentia
Cada táuba que caía
Doía no coração

Matogrosso quis gritar
Mas em cima eu falei
Os home tá cá razão
Nóis arranja outro lugar

Só se conformemo
Quando o Joca falou
Deus dá o frio conforme o cobertô

E hoje nós pega a paia
Nas grama do jardim
E pra esquecer nóis cantemos assim

Saudosa maloca, maloca querida
Dim dim donde nóis passemo os dias feliz de nossa vida

Saudosa maloca, maloca querida
Dim dim donde nóis passemo os dias feliz de nossa vida

Chora na rampa

Chora na rampa negão
Chora na rampa
Chora que etus olhos se destampa

Ó Florisvarda
Eu chorei na tua campa
Chora negão na rampa
Ó Esmerarda
A chaleira está sem tampa
Chora negão na rampa

Ó Ermengarda
Tás bebendo minha úca às pampa
Chora negão na rampa
Tô sem bufunfa
Prá pagar a luz da lampa
Chora negão na rampa

Casamento do Moacir

A turma da favela convidaram-nos
Para irmos assistir
O casamento da gabriela com o moacir
Arranjemos uma beca preta
E um sapato branco bem apertado no pé
E se apreparemos para ir
Na catedral lá da vila ré

Quando os noivos estava no artar
O padre começou a perguntar
Umas coisas assim em latim:
Qualquer um de vodis aqui presenti
Tem alguma coisa de falar contra esses bodis?

Seu padre, apara o casamento!
O noivo é casado, pai de sete rebento
Fora o que está pra vir
O pai é esse aí – o moacir!

Que vexame!
A noiva começou a soluçar
Porque o noivo não passou no exame nupiciar
Já acabou-se a festa
Porque nóis descobriu
O moacir era casado
Cinco vez, lá no estado do rio

Arranjei outro lugar

Falei, com mato grosso a noite inteira
Pra ele se aguentá
Falei, que já arranjemo outro lugar
Pra nóis tudo ir morá!
Ele chora feito criança
Não qué se conformá
Tá sempre cantando assim

Saudosa maloca
Maloca querida
Dim dim donde nóis passemo
Dias feliz de nossa vida

Trem das Onze

Quais, quais, quais, quais, quais, quais
Quaiscalingudum
Quaiscalingudum
Quaiscalingudum

Quais, quais, quais, quais, quais, quais,
Quaiscalingudum
Quaiscalingudum
Quaiscalingudum

Não posso ficar
Nem mais um minuto com você
Sinto muito, amor
Mas não pode ser
Moro em Jaçanã
Se eu perder esse trem
Que sai agora às onze horas
Só amanhã de manhã

Não posso ficar
Nem mais um minuto com você
Sinto muito, amor
Mas não pode ser
Moro em Jaçanã
Se eu perder esse trem
Que sai agora às onze horas
Só amanhã de manhã

E além disso, mulher
Tem outra coisa
Minha mãe não dorme
Enquanto eu não chegar

Sou filho único
Tenho minha casa pra olhar

Quais, quais, quais, quais, quais, quais
Quaiscalingudum
Quaiscalingudum
Quaiscalingudum

Quais, quais, quais, quais, quais, quais
Quaiscalingudum
Quaiscalingudum
Quaiscalingudum

Quaisgudum, tchau!