Search Results for: ELO

Cabelo

Cabelo, cabeleiraCabeluda, descabelaCabelo, cabeleiraCabeluda, descabelada Quem disse que cabelo não senteQuem disse que cabeloNão gosta de penteCabelo quando cresce é tempoCabelo embaraçado é ventoCabelo vem lá de dentroCabelo é como pensamentoQuem pensa que cabelo é matoQuem pensa que cabelo é pastoCabelo com orgulho é crinaCilindros de espessura finaCabelo quer ficar prá cimaLaque, fixador, gomalina Cabelo, …

Cabelo Leia mais »

Jogada pelo mundo

A felicidade não manda avisarQuando vai chegar a ninguém, a ninguémPode vir de noite ou de diaÉ sempre um motivo de alegria Eu tenho sol, a flor e o marTenho o luar e o arrebolTenho as mais lindas alvoradasTenho montanhas azuladasTenho a canção dos pescadoresTenho essa vida de mil amoresMolho os meus pésNas águas limpas …

Jogada pelo mundo Leia mais »

Morte e Vida Severina (trecho) – João Cabral de Melo Neto

— O meu nome é Severino,como não tenho outro de pia.Como há muitos Severinos,que é santo de romaria,deram então de me chamarSeverino de Maria;como há muitos Severinoscom mães chamadas Maria,fiquei sendo o da Mariado finado Zacarias.Mais isso ainda diz pouco:há muitos na freguesia,por causa de um coronelque se chamou Zacariase que foi o mais antigosenhor …

Morte e Vida Severina (trecho) – João Cabral de Melo Neto Leia mais »

Fábula de um arquiteto – João Cabral de Melo Neto

A arquitetura como construir portas,de abrir; ou como construir o aberto;construir, não como ilhar e prender,nem construir como fechar secretos;construir portas abertas, em portas;casas exclusivamente portas e tecto.O arquiteto: o que abre para o homem(tudo se sanearia desde casas abertas)portas por-onde, jamais portas-contra;por onde, livres: ar luz razão certa. Até que, tantos livres o amedrontando,renegou …

Fábula de um arquiteto – João Cabral de Melo Neto Leia mais »

A educação pela pedra – João Cabral de Melo Neto

Uma educação pela pedra: por lições;Para aprender da pedra, frequentá-la;Captar sua voz inenfática, impessoal(pela de dicção ela começa as aulas).A lição de moral, sua resistência friaAo que flui e a fluir, a ser maleada;A de poética, sua carnadura concreta;A de economia, seu adensar-se compacta:Lições da pedra (de fora para dentro,Cartilha muda), para quem soletrá-la. Outra …

A educação pela pedra – João Cabral de Melo Neto Leia mais »

Psicologia da composição (trecho) – João Cabral de Melo Neto

Saio de meu poemacomo quem lava as mãos.Algumas conchas tornaram-se,que o sol da atençãocristalizou; alguma palavraque desabrochei, como a um pássaro.Talvez alguma conchadessas (ou pássaro) lembre,côncava, o corpo do gestoextinto que o ar já preencheu;talvez, como a camisavazia, que despi.Esta folha brancame proscreve o sonho,me incita ao versonítido e preciso.Eu me refugionesta praia puraonde nada …

Psicologia da composição (trecho) – João Cabral de Melo Neto Leia mais »

O relógio – Vinícius de Moraes

Passa, tempo, tic-tacTic-tac, passa, horaChega logo, tic-tacTic-tac, e vai-te emboraPassa, tempoBem depressaNão atrasaNão demoraQue já estouMuito cansadoJá perdiToda a alegriaDe fazerMeu tic-tacDia e noiteNoite e diaTic-tacTic-tacTic-tac… Vinícius de Moraes Autor: Vinícius de Moraes

Relógio – Mário Quintana

O mais feroz dos animais domésticosé o relógio de parede:conheço um que já devoroutrês gerações da minha família. Mário Quintana Autor: Mário Quintana

Na velocidade

O que é que você sente quando olhaE não vê nada ao redor?É que o sentimento passaNa velocidade por você E quando você olha e não vê o que acreditaNem acredita no que vêSeu sorriso mergulha no silêncio É você não chega à tempoNem perde a chance de ser normalE é tão diferente da decoração …

Na velocidade Leia mais »

Negra melodia

Negra melodiaQue vem do sangue do coraçãoI know how to dance, danceLike a black, young blackAmerican black do Brás do BrasilDance, dance, dance My baby don’t try to stop meMy woman don’t cry, everything is gonna be all right Negra melodiaQue vem do sangue do coraçãoI know how to dance, danceLike a black, young blackAmerican …

Negra melodia Leia mais »

AmarElo

[Belchior]Presentemente eu posso me considerar um sujeito de sortePorque apesar de muito moço, me sinto são e salvo e forteE tenho comigo pensado: Deus é brasileiro e anda do meu ladoE assim já não posso sofrer no ano passado Tenho sangrado demaisTenho chorado pra cachorroAno passado eu morriMas esse ano eu não morroTenho sangrado demaisTenho …

AmarElo Leia mais »

Pesadelo

Quando o muro separa uma ponte uneSe a vingança encara o remorso puneVocê vem me agarra, alguém vem me soltaVocê vai na marra, ela um dia volta E se a força é tua ela um dia é nossaOlha o muro, olha a ponte, olhe o dia de ontem chegandoQue medo você tem de nós, olha …

Pesadelo Leia mais »

Respeitem meus cabelos, brancos

Respeitem meus cabelos, brancosChegou a hora de falarVamos ser francosPois quando um preto falaO branco cala ou deixa a salaCom veludo nos tamancos Cabelo veio da áfricaJunto com meus santos Benguelas, zulus, gêgesRebolos, bundos, bantosBatuques, toques, mandingasDanças, tranças, cantosRespeitem meus cabelos, brancos Se eu quero pixaim, deixaSe eu quero enrolar, deixaSe eu quero colorir, deixaSe …

Respeitem meus cabelos, brancos Leia mais »

Esta melodia

Quando vem rompendo o diaEu me levanto, começo logo a cantarEsta doce melodia que me faz lembrarDaquela linda noite de luarQue eu tinha um alguém sempre a me esperarDesde o dia em que ela foi emboraEu guardo está canção na memória Eu tinha esperança que um dia ela voltassePara a minha companhiaDeus deu resignaçãoAo meu …

Esta melodia Leia mais »

Bachianas Brasileiras No. 5 – Dança (Martelo)

Irerê, meu passarinhoDo sertão do cariri,Irerê, meu companheiro,Cadê viola?Cadê meu bem?Cadê maria?Ai triste sorte a do violeiro cantadô!Sem a viola em que cantava o seu amô,Seu assobio é tua flauta de irerê:Que tua flauta do sertão quando assobia,A gente sofre sem querê! Teu canto chega lá do fundo do sertãoComo uma brisa amolecendo o coração. …

Bachianas Brasileiras No. 5 – Dança (Martelo) Leia mais »

Melodia sentimental

acorda, vem ver a luaque dorme na noite escuraque surge tão bela e brancaderramando doçuraclara chama silenteardendo meu sonharAs asas da noite que surgeme correm o espaço profundooh, doce amada, despertavem dar teu calor ao luarQuisera saber-te minhana hora serena e calmaa sombra confia ao ventoo limite da esperaquando dentro da noitereclama o teu amorAcorda, …

Melodia sentimental Leia mais »

Começar pelo recomeço

Não vou lamentarLamento muito, mas agora não dáNão me lembro mais do tal momentoQue você me deu, que você me deuDoeu, meu bem, doeuMas não vou lamentarO que nem sequer aconteceuAgradeço mas prefiro recomeçarPelo recomeçoAgradeço o seu preçoE pelo seu endereçoPeço perdão, de coraçãoPeço perdão

Fio de cabelo

Quando a gente amaQualquer coisa serve para relembrarUm vestido velho da mulher amadaTem muito valorAquele restinho do perfume dela que ficou no frascoSobre a penteadeiraMostrando que o quartoJá foi o cenário de um grande amor E hoje o que encontrei me deixou mais tristeUm pedacinho dela que existeUm fio de cabelo no meu paletóLembrei de …

Fio de cabelo Leia mais »

Nelore valente

Na fazenda que eu nasciVovô era retireiroEm criança eu aprendiPrender o gado leiteiroUm dia de manhãzinhaVejam só que desesperoTinha um bezerro doenteE a ordem do fazendeiroMate já este animalE desinfete o mangueiroSe esse doença espalharPoderá contaminarO meu rebanho inteiro Eu notei que o meu avôFicou bastante abatidoPor ter que sacrificarO animal, recém nascidoNas lágrimas dos …

Nelore valente Leia mais »

Nega do cabelo duro

Nêga do cabelo duroQual é o pente que te penteia?Qual é o pente que te penteia?Qual é o pente que te penteia?(Ô Nêga!) Nêga do cabelo duroQual é o pente que te penteia?Qual é o pente que te penteia?Qual é o pente que te penteia? Ondulado, permanenteTeu cabelo é de sereiaE a pergunta sai da …

Nega do cabelo duro Leia mais »

Os cegos do castelo

Eu não quero mais mentirUsar espinhos que só causam dorEu não enxergo mais o inferno que me atraiuDos cegos do castelo me despeçoE vou a pé até encontrarUm caminho, o lugarPro que eu sou Eu não quero mais dormirDe olhos abertos me esquenta o solEu não espero que um revólver venha explodirNa minha testa se …

Os cegos do castelo Leia mais »

Cabelos negros

Eu quero seus cabelos negros Nas minhas mãos Eu quero seus olhinhos ciganos Nos meus sonhos Eu quero você minha vida inteira Como doce mania Fosse qualquer maneira Eu queria você assim como é Sem mentir, nem dizer O que não quiser Eu quero você criança Caída no chão Eu quero você brilhando Brincando de …

Cabelos negros Leia mais »

Doce melodia

Fiu-furiu-fiu A buzina tocou E eu corri para ver o portão Fiu-furiu-fiu Cadillac encostou mesmo na contramão Eu entrei só pra ver Porque o rapaz insistiu Fiu-furiu-fiu Lá na esquina da rua O carro sumiu Fui até ao Joá Que é tão bom E amei ao luar Na areia do Leblon Quando às quatro Eu …

Doce melodia Leia mais »

Passarinho do relógio “Cuco”

Cuco-cuco-cuco! O passarinho do relógio Está maluco Ainda não é hora do batente Ele fica impertinente Acordando toda gente Eu pego às oito e quarenta e cinco E levanto às sete, Pra tomar banho e café Mas quando são mais ou menos Três e cinco, ele começa: Cuco-cuco-cuco! E só termina Quando estou de pé

Cabelo de cachoeira

Ê menina moça Ê menina moça Ê menina moça Ê menina moça Seu viver Está na luz dos seus olhos Seus olhos de flor Cabelo de cachoeira Encontrando o mar Tudo o que eu quero nessa vida Eu só quero é te amar Ê menina moça Ê menina moça Ê menina moça Ê menina moça

Pelos ares

Não lhe peço nada mas se acaso você perguntar por você não há o que eu não faça Guardo inteira em mim a casa que mandei um dia pelos ares e a reconstruo em todos os detalhes intactos e implacáveis Eis aqui bicicleta, planta, céu, estante cama e eu logo estará tudo no seu lugar …

Pelos ares Leia mais »

A seca (Naná Vasconcelos, Alceu Valença, Dino Braia e Mércia Rangel)

A seca Nas patas do meu cavalo Galopei do meu sertão Vi a seca, vi a fome Lobisomem e assombração Riacho virou caminho Graveto virou tição E as pedras ardendo em brasa (Repete introdução) Asa Branca na amplidão Riacho virou caminho De pedras ardendo em fogo No poço secou a água Menino morreu sem nome …

A seca (Naná Vasconcelos, Alceu Valença, Dino Braia e Mércia Rangel) Leia mais »

As várias pontas de uma estrela (Milton Nascimento e Caetano Veloso)

Estrela de cinco pontas Cinco estrelas no cruzeiro Trilhões de estrelas no céu Três pontas mil corações E o menino brasileiro Com os olhos duas contas Atravessa o imenso véu De brilhos e escuridões Que Deus segue esse menino Que deuses o seguirão Meu verso de sete patas Notas desta melodia Quem me ensina essa …

As várias pontas de uma estrela (Milton Nascimento e Caetano Veloso) Leia mais »

Ângulos (Arrigo Barnabé, Eduardo Gudin e Caetano Veloso)

Curvas dos sapatosEspelhando esquinasNúmeros exatosCortam-se na brisaSóis luzem nos dentesVocê me dizVamos pararOs ângulos retosDomam seus cabelosAutomóveis pretosRefletem sapatosLábios quase opacosVocê me dizVamos pararNa sua vozPassam tantas notasQue não param pra notarDedos na mãoQue dorme à sombra do momentoContam tempos soltos pelo barE o amorNuvem nos toposNão encontra lagosA curva dos coposReflete automóveisOlhos quase secosVocê …

Ângulos (Arrigo Barnabé, Eduardo Gudin e Caetano Veloso) Leia mais »

Acrilirico (Rogério Duarte, Caetano Veloso e Rogério Duprat)

Olhar colíricoLirios plásticos do campo e do contracampoTelástico cinemascope teu sorriso tudo issoTudo ido e lido e lindo e vindo do vividoNa minha adolescidadeIdade de pedra e paz Teu sorriso quieto no meu canto Ainda canto o ido o tido o ditoO dado o consumidoO consumadoAtoDo amor morto motor da saudade Diluído na grandicidadeIdade de …

Acrilirico (Rogério Duarte, Caetano Veloso e Rogério Duprat) Leia mais »

Enxugando o Gelo

Enxugando o gelo, sua realidade segura por um fiapo de cabelo Apego pelo tempo, melhor não tê-lo; segurá-lo, não quero, nem há como contê-lo No último capítulo, vimos nosso herói encontrar-se em maus lençóis No momento crucial em que teve sua piada mensal fatiada, ao realizar a manobra arriscada de manter ao mesmo tempo: comida …

Enxugando o Gelo Leia mais »

Cabelo Preto

Vê se larga de besteira Tô aqui dando bobeira Querendo te amar E já faz tempo que eu te quero Há tanto tempo que eu te espero Vê se para pra pensar Tô com saudade do teu cheiro E desse seu cabelo preto Se espalhando sobre mim Sua boca pedindo beijo E aumentando meu desejo …

Cabelo Preto Leia mais »

Martelo Bigorna

Muito do que eu faço Não penso, me lanço sem compromisso. Vou no meu compasso Danço, não canso a ninguém cobiço. Tudo o que eu te peço É por tudo que fiz e sei que mereço Posso, e te confesso. Você não sabe da missa um terço Tanto choro e pranto A vida dando na …

Martelo Bigorna Leia mais »

Fio de Cabelo

ôô aí, Fio de Cabelo! ôô aí, Seu magricelo.. ôô aí, Fio de Cabelo! ôô aí, Seu magricelo.. Fio de cabelo era mesmo muito magro Com seu calção rasgado, Quando ele apareceu Tinha na mão uma cesta de cocada Uma prancha amarelada Que um outro brother deu Cabelo loiro, meio oxigenado Muleque era folgado e …

Fio de Cabelo Leia mais »

Cabelo

Vou pintar meu cabelo com cor e com cheiro de uma bela flor que entre tantas tão belas é somente ela que tem meu amor mas se fosse contigo meu bem claro que eu pintaria também meu cabelo não tem compromisso com isso não deve a ninguém uooo e vai pintar amor ooo no meu …

Cabelo Leia mais »

Homem Amarelo

O Homem Amarelo do Samba do Morro Do Hip Hop do Santa Marta Agarraram um louro na descida da ladeira Malandro da baixada em terra estrangeira A salsa cubana do negro oriental Já é ouvida na central Que pega o buzum, que fala outra língua Reencontra subúrbios e esquinas É o comando em mesa de …

Homem Amarelo Leia mais »

Abandonados Pelo Sistema (Babylon System)

Nestes dias confusos Vibrações negativas rolando pelo mundo afora Como sentir-se feliz, sentir-se seguro Se a realidade a cada dia piora Todos os dias notícias explodem Revelam um novo problema Enquanto crianças padecem e morrem Abandonadas pelo sistema (babylon system) Vitimadas pelo sistema (babylon system) Órfãos do sistema (babylon system) Omisso sistema (babylon system) Todos …

Abandonados Pelo Sistema (Babylon System) Leia mais »

Pelo Avesso

E você reservada tão quieta, não fala Mas sabe convencer Me levar por caminhos, por ninhos contidos Por amor e por prazer Se inflama na chama, sufoca, me enrosca De forma natural Se entrega, me pega, me laça, me abraça Como mulher fatal. E você reservada, tão quieta, não fala Mas vem me induzir Aos …

Pelo Avesso Leia mais »

Martelo

Pena leve prega a batida do martelo Martelo de carpinteiro pena leve cela Martelo de homem simples só pega Pancada do martelo que o juiz prega Pena escreve a batida do martelo Pancada do martelo prega pesada pena Batida do martelo prega a peça Pancada do martelo causa pena Homem sem cabeça, cabeça de prego …

Martelo Leia mais »

Cogumelos Azuis

Saí de caminhada Pelas estradas, Caminhando a pé Pedindo carona Violão na costa Eu vim pra São Tomé Loco, loco, locomélo “Mutcho” loco, locomélo Cogumelos azuis Loco, loco, locomélo “Mutcho” loco, locomélo Cogumelos de Zebu Zebu morreu, ele se fudeu, cogumelo é meu Zebu morreu, ele se fudeu, cogumelo é nosso Sou maluco banguelo, de …

Cogumelos Azuis Leia mais »

Tempo Amarelo

Amarelo do papel que embrulha a viagem Amarelo, amarelo Amarelo como o canário do antigo império Amarelo, amarelo Amarelo do cabo da enxada Vivendo no chão ja cansado e antigo De cara rachada Do sorriso encardido No rosto do povo fudido e sofrido Com a carapaça cansada Amarelo, amarelo Amarelo, amarelo da Oxun Tempo amarelo, …

Tempo Amarelo Leia mais »

Nu Gelo

Barulho de telefone – Alo – E ae xis? – Caralho, Quem ta Falando? – É o codorna, mano – E ae mano? – E ae que c me diz? – Puta mano mó sono mano. Que horas são mano? – Agora é meio dia e meio meu amigo. – Mano c me tirou de …

Nu Gelo Leia mais »

Sítio do Pica-Pau Amarelo

Marmelada de banana, bananada de goiabaGoiabada de marmeloSítio do Pica-Pau amareloSítio do Pica-Pau amarelo Boneca de pano é gente, sabugo de milho é genteO sol nascente é tão beloSítio do Pica-Pau amareloSítio do Pica-Pau amarelo Rios de prata, pirataVôo sideral na mata, universo paraleloSítio do Pica-Pau amareloSítio do Pica-Pau amarelo No país da fantasia, num …

Sítio do Pica-Pau Amarelo Leia mais »

A música brasileira nos anos 1980

Os anos 80 foram uma época de grande diversidade e evolução na música brasileira, com vários gêneros diferentes se desenvolvendo e ganhando popularidade. Uma das principais tendências da década foi o surgimento e o aumento da popularidade da MPB (música popular brasileira). Artistas como Milton Nascimento, Elis Regina, Gal Costa, Tom Jobim, e João Gilberto, …

A música brasileira nos anos 1980 Leia mais »

A Música Brasileira nos Anos 1990

Os anos 90 foram uma época de grande diversidade e evolução na música brasileira, com vários gêneros diferentes se desenvolvendo e ganhando popularidade. Um dos principais gêneros que se destacou nesta década foi o pagode, um estilo musical derivado do samba que incorpora elementos de funk, soul e R&B. O pagode tornou-se muito popular entre …

A Música Brasileira nos Anos 1990 Leia mais »

Uma breve história da música brasileira

A música brasileira tem uma história rica e diversificada, com influências e contribuições de muitas culturas diferentes. A música indígena e africana é uma das principais influências na música brasileira, devido à presença dos índios e escravos africanos no país desde a época colonial. Durante o período colonial, música folclórica e religiosa também desempenharam um …

Uma breve história da música brasileira Leia mais »

O que aconteceu com os prêmios da MTV?

A MTV Brasil premiava artistas através dos prêmios MTV Video Music Brasil, que foi realizado entre 1995 e 2014. Durante esse período, muitos artistas e bandas foram premiados em diferentes categorias, incluindo melhor artista, melhor banda, melhor clipe, entre outros. Alguns dos artistas e bandas que ganharam prêmios incluem: Atualmente a MTV apresenta o prêmio …

O que aconteceu com os prêmios da MTV? Leia mais »

História de Chico Buarque

Popularmente conhecido simplesmente como Chico Buarque, Francisco Buarque de Hollanda é um cantor e compositor brasileiro, dramaturgo, escritor e poeta. Chico é mais conhecido por suas músicas, que frequentemente incluíam comentários sociais, econômicos e culturais sobre o país. Buarque, Filho primogênito de Sérgio Buarque de Hollanda, viveu em diversos locais quando criança. Principalmente no Rio …

História de Chico Buarque Leia mais »

Barreiras

Nosso amor foi marcado por barreirasEnfrentamos mil fronteirasEm nome desse amorLutamos juntos, um pelo outroEu de um lado, você do outro Ah! Quase que te perdiQuase que enlouqueciPor causa desse amorAh! Tempestades de mentirasQueriam ver as nossas brigasMas nada adiantou À noite eu te olho ao meu ladoQuando lembro do passadoDe tudo que a gente …

Barreiras Leia mais »

Te Amo Disgraça

(Vai, senta firme)(Vai, senta, senta, senta) Eu sou Exú!(Vai, senta firme, vai)Facção carinhosa, ê, ê(Vai, senta firme)(Vai, senta, senta, senta)(Vai, senta firme)(Vai, senta, senta, senta) Bebendo vinho, quebrando as taçaFudendo por toda a casaSe eu divido o maço, eu te amo, desgraçaTe amo, desgraçaBebendo vinho e quebrando as taçaFudendo por toda a casaSe divido o …

Te Amo Disgraça Leia mais »

Flamingos

Me deixe viver ou viva comigoMe mande embora ou me faça de abrigoCalifornia dream com uma dream girlMas não sou gringoCamisa suada estampada de flamingo Me deixe viver ou viva comigoMe mande embora ou me faça de abrigoCalifornia dream com uma dream girlMas não sou gringoCamisa suada estampada de flamingo Entro em você mais do …

Flamingos Leia mais »

É tudo pra ontem

Talvez seja bom partir do finalAfinal, é um ano todo só de sexta-feira trezeCê também podia me ligar de vez em quandoEu ando igual lagarta, triste, sem poder sair Aqui o mantra que nos traz o centroEnquanto lavo um banheiro, uma louça, querendo lavar a almaNa calma da semente que germinaQue eu preciso olhar minhas …

É tudo pra ontem Leia mais »

Principia

[Pastoras do Rosário]Lá-ia, lá-ia, lá-iaLá-ia, lá-ia, lá-iaLá-ia, lá-ia, lá-iaLá-ia, lá-ia, lá-ia [Emicida]Com o cheiro doce da arrudaPenso em buda, calmoTenso, busco uma ajudaÀs vezes me vem um salmoTira a visão que iluda, é tipo um oftalmoE eu, que vejo além de um palmoPor mim, tu, Ubuntu, algo almoSe for pra crer no terrenoSó no que …

Principia Leia mais »

Nossos momentos

Momentos são iguais àquelesEm que eu te amei,Palavras são iguais àquelasQue eu te dediquei. Eu escrevi na fria areiaUm nome para amar,O mar chegou, tudo apagou,Palavras leva o mar. Teu coração, praia distanteEm meu perdido olhar,Teu coração, mais inconstanteQue a incerteza do mar. Teu castelo de carinhosEu nem pude terminar,Momentos meus, que foram teusAgora é …

Nossos momentos Leia mais »

Vaca profana

Respeito muito minhas lágrimasMas ainda mais minha risadaEscrevo, assim, minhas palavrasNa voz de uma mulher sagrada Vaca profana, põe teus cornosPra fora e acima da manadaVaca profana, põe teus cornosPra fora e acima da manada Ê, ê, êDona de divinas tetasDerrama o leite bom na minha caraE o leite mau na cara dos caretas Segue …

Vaca profana Leia mais »

Mil perdões

e perdôo por fazeres mil perguntasQue em vidas que andam juntas ninguém fazTe perdôo por pedires perdãoPor me amares demais te perdôoTe perdôo por ligares pra todos os lugares de onde eu vim Te perdôo por ergueres a mãoPor bateres em mim te perdôoQuando anseio pelo instante de sairE rodar exuberante me perder de tiTe …

Mil perdões Leia mais »

O amor

TalvezQuem sabeUm diaPor uma alamedaDo zoológicoEla também chegaráEla que tambémAmava os animaisEntrará sorridenteAssim como estáNa foto sobre a mesa Ela é tão bonitaEla é tão bonitaQue na certaEles a ressuscitarãoO século trinta venceráO coração destroçado jáPelas mesquinharias Agora vamos alcançarTudo o que nãoPodemos amar na vidaCom o estrelarDas noites inumeráveis Ressuscita-meAindaQue mais não sejaPorque sou …

O amor Leia mais »

Inquietação

Quem se deixou escravizarE no abismo despencarDe um amor qualquerQuem no aceso da paixãoEntregou o coraçãoA uma mulherNão soube o mundo compreenderNem a arte de viverNem chegou mesmo de leve a perceberQue o mundo é sonho, fantasiaDesengano, alegriaSofrimento, ironiaNas asas brancas da ilusãoNossa imaginaçãoPelo espaço vai, vai, vaiSem desconfiarQue mais tarde caiPara nunca mais voar

Natureza morta – Uncategorized

Os livros são dorsos de estantes distantes quebradas.Estou dependurada na parede feita um quadro.Ninguém me segurou pelos cabelos.Puseram um prego em meu coração para que eu não me movaEspetaram, hein? a ave na paredeMas conservaram os meus olhosÉ verdade que eles estão parados.Como os meus dedos, na mesma frase.Espicharam-se em coágulos azuis.Que monótono o mar!Os …

Natureza morta – Uncategorized Leia mais »

Para a menina – Conceição Evaristo

Para todas as meninas e meninos de cabelos trançados ou sem tranças. Desmancho as tranças da meninae os meus dedos trememmedos nos caminhosrepartidos de seus cabelos. Lavo o corpo da meninae as minhas mãos tropeçamdores nas marcas-lembrançasde um chicote traiçoeiro. Visto a meninae aos meus olhosa cor de sua vesteinsiste e se confundecom o sangue …

Para a menina – Conceição Evaristo Leia mais »

Vozes-mulheres – Conceição Evaristo

A voz de minha bisavóecoou criançanos porões do navio.ecoou lamentosde uma infância perdida. A voz de minha avóecoou obediênciaaos brancos-donos de tudo. A voz de minha mãeecoou baixinho revoltano fundo das cozinhas alheiasdebaixo das trouxasroupagens sujas dos brancospelo caminho empoeiradorumo à favela. A minha voz aindaecoa versos perplexoscom rimas de sangueefome. A voz de minha …

Vozes-mulheres – Conceição Evaristo Leia mais »

Do velho ao jovem – Conceição Evaristo

Na face do velhoas rugas são letras,palavras escritas na carne,abecedário do viver. Na face do jovemo frescor da pelee o brilho dos olhossão dúvidas. Nas mãos entrelaçadasde ambos,o velho tempofunde-se ao novo,e as falas silenciadasexplodem. O que os livros escondem,as palavras ditas libertam.E não há quem ponhaum ponto final na históriaInfinitas são as personagens…Vovó Kalinda, …

Do velho ao jovem – Conceição Evaristo Leia mais »

Do azul, num soneto – Alphonsus de Guimaraens Filho

Verificar o azul nem sempre é puro.Melhor será revê-lo entre as ramadasE os altos frutos de um pomar escuro— Azul de ténues bocas desoladas. Melhor será sonhá-lo em madrugadas,Claro, inconstante azul sempre imaturo,Azul de claridades sufocadasLatejando nas pedras — nascituro. Não este azul, mas outro e dolorido,Evanescente azul que na orvalhadaFicou, pétala ingênua, torturada. Recupero-o, …

Do azul, num soneto – Alphonsus de Guimaraens Filho Leia mais »

Nostalgia dos anjos – Alphonsus de Guimaraens Filho

País da sombraVem do olhar do morto,Vem do olhar cerrado,Vem da face extintaSob a noite grave,O gemido suave,Desumanízado. Ah! é a melodiaDos momentos frios,Dos momentos velhos,Desaparecidos.Risos esquecidos,Casarões vazios. Vem do corpo em sombraUma saudade mansa.Voz de outros desterrosPara além de nós.Gritos de criançasE as lembranças doídasPara além de nós.Canta, esquece, sonha.Já nem tenho voz. Ó …

Nostalgia dos anjos – Alphonsus de Guimaraens Filho Leia mais »

Negro-Estrela – Conceição Evaristo

Em memória de Osvaldo, doce companheiro meu, pelo tempo que a vida nos permitiu Quero te viver na plenitudedo momento gastovivido em toda sua essênciasem sobra ou falta. Quero te viver,vivendo o tempo exatode nossa vida. Quero te viverme vivendo plenado teu, do nossovazio buraco.Quero te viver, Negro-Estrela,compondo em mim constelaçõesde tua presençapara quando um …

Negro-Estrela – Conceição Evaristo Leia mais »

Enchemos a vida – Alice Ruiz

enchemos a vidade filhosque nos enchem a vida um me enche de lembrançasque me enchemde lágrimas uma me enche de alegriasque enchem minhas noitesde dias outro me enche de esperançase receiosenquanto me inchamos seios Publicado no livro Paixão xama paixão (1983). In: RUIZ, Alice. Pelos pelos. São Paulo: Brasiliense, 1984. (Cantadas literárias, 24 Alice Ruiz …

Enchemos a vida – Alice Ruiz Leia mais »

Drumundana – Alice Ruiz

e agora maria? o amor acaboua filha casouo filho mudouteu homem foi pra vidaque tudo criaa fantasiaque você sonhouapagouà luz do dia e agora maria?vai com as outrasvai vivercom a hipocondria Publicado no livro Navalhanaliga (1980). In: RUIZ, Alice. Pelos pelos. São Paulo: Brasiliense, 1984. (Cantadas literárias, 24) NOTA: Paródia do poema “José”, do livro …

Drumundana – Alice Ruiz Leia mais »

Topa um pacto de sangue – Alice Ruiz

topa um pacto de sanguecom essa cigana do futuroque lêo passado na tua bocao presente no teu corpoe nos teus olhostanto quanto nos astros? Publicado no livro Paixão xama paixão (1983). In: RUIZ, Alice. Pelos pelos. São Paulo: Brasiliense, 1984. (Cantadas literárias, 24 Alice Ruiz Autor: Alice Ruiz

Boca da noite – Alice Ruiz

boca da noitena calada em silênciograndes lábiosse abrem em sim In: RUIZ, Alice. Pelos pelos. São Paulo: Brasiliense, 1984. p.16. (Cantadas literárias, 24) Alice Ruiz Autor: Alice Ruiz

Assim que vi você – Alice Ruiz

assim que vi vocêlogo vi que ia dar coisacoisa feita pra durarbatendo duro no peitoaté eu acabar virandoalguma coisaparecida com você parecia ter saídode alguma lembrança antigaque eu nunca tinha vivido alguma coisa perdidaque eu nunca tinha tido alguma voz amigaesquecida no meu ouvido agora não tem mais jeitocarrego você no peitopoema na camisetacom a …

Assim que vi você – Alice Ruiz Leia mais »

Sou uma moça polida – Alice Ruiz

sou uma moça polidalevandouma vida lascada cada instantepinta um grilopor cimada minha sacada Publicado no livro Navalhanaliga (1980). In: RUIZ, Alice. Pelos pelos. São Paulo: Brasiliense, 1984. (Cantadas literárias, 24 Alice Ruiz Autor: Alice Ruiz

Lá ia eu – Alice Ruiz

lá ia eutoda expostaàquele olharde garfo e facavendoa mesa postaminhas postas em fatiasouvindo dos convivaspiadas macarrônicas Publicado no livro Navalhanaliga (1980). In: RUIZ, Alice. Pelos pelos. São Paulo: Brasiliense, 1984. (Cantadas literárias, 24 Alice Ruiz Autor: Alice Ruiz

HAI-KAIS – Alice Ruiz

apaga a luzantes de amanhecerum vagalume vento secoentre os bambusbarulho d água tanta poesia no gestonenhum poemao diria o relógio marca48 horas sem te versei lá quantas para te esquecer circuluarsonho imparacordo par desacertoentre nóssó etceteras Alice Ruiz Autor: Alice Ruiz

Afrodite – Alberto de Oliveira

I Móvel, festivo, trépido, arrolando,À clara voz, talvez da turba iriadaDe sereias de cauda prateada,Que vão com o vento os carmes concertando, O mar, — turquesa enorme, iluminada,Era, ao clamor das águas, murmurando,Como um bosque pagão de deuses, quandoRompeu no Oriente o pálio da alvorada. As estrelas clarearam repentinas,E logo as vagas são no verde …

Afrodite – Alberto de Oliveira Leia mais »

Fantástica – Alberto de Oliveira

Erguido em negro mármor luzidio,Portas fechadas, num mistério enorme,Numa terra de reis, mudo e sombrio,Sono de lendas um palácio dorme. Torvo, imoto em seu leito, um rio o cinge,E, à luz dos plenilúnios argentados,Vê-se em bronze uma antiga e bronca esfinge,E lamentam-se arbustos encantados. Dentro, assombro e mudez! quedas figurasDe reis e de rainhas; penduradasPelo …

Fantástica – Alberto de Oliveira Leia mais »

Aspiração – Alberto de Oliveira

Ser palmeira! existir num píncaro azulado,Vendo as nuvens mais perto e as estrelas em bando;Dar ao sopro do mar o seio perfumado,Ora os leques abrindo, ora os leques fechando; Só de meu cimo, só de meu trono, os rumoresDo dia ouvir, nascendo o primeiro arrebol,E no azul dialogar com o espírito das flores,Que invisível ascende …

Aspiração – Alberto de Oliveira Leia mais »

Reféns da metrópole – Jenyffer Nascimento

Não me espereDevo chegar atrasadaComo tantas outras vezes. Este que insiste em me acordarFinge controlar o tempoMas não passa de um objeto amorfoPonteiros em busca de uma identidade. O sol adentra a janelaVivaz como nuncaImpondo obrigações a algunsCriando possibilidades para outros. Buzinas, sirenes, faróisCompõem a poética da manhãNada mais que remetaAo baixo meretrício da noite …

Reféns da metrópole – Jenyffer Nascimento Leia mais »

Carta aos – Affonso Romano de Sant`Anna

Carta aosMortosAmigos, nadamudouem essência.Os saláriosmal dão para os gastos,as guerras não terminarame há vírus novos e terríveis,embora o avanço da medicina.Volta e meia um vizinhotomba morto por questão de amor.Há filmes interessantes, é verdade,e como sempre, mulheres portentosasnos seduzem com suas bocas e pernas,mas em matéria de amornão inventamos nenhuma posição nova.Alguns cosmonautas ficam no …

Carta aos – Affonso Romano de Sant`Anna Leia mais »

Seu nome – Maria Firmina dos Reis

Seu nome! em repeti-lo a planta, a erva, A fonte, a solidão, o mar, a brisa Meu peito se extasia! Seu nome é meu alento, é-me deleite; Seu nome, se o repito, é dúlia nota De infinda melodia.Seu nome! vejo-o escrito em letras d’ouro No azul sideral à noite quando Medito à beira-mar: E sobre as mansas águas debruçada, Melancólica, e bela eu vejo …

Seu nome – Maria Firmina dos Reis Leia mais »

Ensaio sobre nós – Elizandra Souza

Nossas afinidades Tardes de preciosidades suco de cacau com graviola um samba de Cartola ele fumaça, eu incenso ele melodia, eu silêncio Nossas contendas Resolvemos com oferendas Ervas de benzedura Mordida na cintura Lambida no pescoço Esquecemos do almoço Somos estações do ano Períodos de estiagem Épocas de chuva Uma manhã ele me seduz Uma …

Ensaio sobre nós – Elizandra Souza Leia mais »

Redemoinhos – Elizandra Souza

Quem pode prender essa ventania que mora em mim? Essa fertilidade de espalhar boas sementes De unir elementos contraditórios dentro de si Tempo que se fecha sem chover, poeira do meu indizível. Fogo que alastra indomável pelo caminho Águas que recuam e voltam com intensidade Nesta instabilidade de nascer tempestade e dissipar-se fogo Fecha meu …

Redemoinhos – Elizandra Souza Leia mais »

Dois – Adão Ventura

de pés no chão palmilhei duros eitos movidos a chuva e sol. de pé no chão atravessei frios ghetos de duras cicatrizes. de pés no chão Teodoro, meu avô  envelheceu mansamente as suas mãos escravas. – Adão Ventura, em “Cor da pele”. 5ª ed., Belo Horizonte: Edição do Autor, 1988. Adão Ventura Autor: Adão Ventura

Flash back – Adão Ventura

áfricas noites viajadas em navios e correntes, imprimem porões de amargo sal no meu rosto, construindo paredes de antigas datas e ferrugens, selando em elos e cadeias, o mofo de velhos rótulos deixados no puir dos olhos. – Adão Ventura, em “Costura de nuvens” (Antologia poética).. [organização e seleção Jaime Prado Gouvêa e Sebastião Nunes]. …

Flash back – Adão Ventura Leia mais »

Iam – Adão Ventura

não sei não. mas aqui a gente conversa assuntos que na Capital necas /nadas lá é aquela gente correndo — corredeira sem-fim pra qualquer decá aquela palha. – Adão Ventura, em “Jequitinhonha: poemas do Vale”. Belo Horizonte: Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais, 1980, p. 45.  Adão Ventura Autor: Adão Ventura

Minha avó – Adão Ventura

vovó justina preta minas preta mina preta forra preta de forno & fogão. vovó justina preta forró preta mucama preta de cama & cambão. – Adão Ventura, em “A cor da pele”. Belo Horizonte: Edição do Autor, 1988.  Adão Ventura Autor: Adão Ventura

Natal II – Adão Ventura

Um menino lerdo num lençol de embira mesmo qu’uma fonte de estimada ira. um menino lama num anzol que fira algum porte e corpo e alma de safira. um menino cápsula de tesoura e crina – ritual de crisma sem fé ou parafina. um menino-corpo de machado e chão a arrastar cueiros de chistes e …

Natal II – Adão Ventura Leia mais »

Papai-moçambique – Adão Ventura

papai-moçambique-viola e sapateio-desafio de versosfogosos.papai-moçambiquesenta pé na fogueira&de um saltopára o olhono arbanzando saudadesd´outras Áfricas.– Adão Ventura, em “Cor da pele”. 5ª ed., Belo Horizonte: Edição do Autor, 1988.  Adão Ventura Autor: Adão Ventura

Procissão – Adão Ventura

Gente de velas na mão vela-se ao santo. entre as curvas das ruas curva-se ao santo. no dobrar das esquinas dobram-se ao santo os joelhos genuflexos e puros para o milagre. – Adão Ventura, em “Jequitinhonha: poemas do Vale”. Belo Horizonte: Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais, 1980,  p. 27. Adão Ventura Autor: Adão …

Procissão – Adão Ventura Leia mais »

Quilombo – Adão Ventura

mundo onde me fechoeu-zumbicaçador de capitão do mato,traço tudo no tiro e asso em coivaras– Adão Ventura, em “Texturaafro”. Belo Horizonte: Editora Lê, 1992. Adão Ventura Autor: Adão Ventura

Senzala – Adão Ventura

senzalaé minha carne retalhadapelo dia-a-dia senzalaé a sombra que tenho aprisionadanos ghetos da minha pele.– Adão Ventura, em “A cor da pele”. Belo Horizonte: Edição do Autor, 1980. Adão Ventura Autor: Adão Ventura

Três – Adão Ventura

o meu sangue-cachoeira é terreiro de folia, dor jogada ao vento, cachaça engolida inteira, sapateio de meia-noite, noite de São João, -jogo de cartas, conversas de preto velho. – Adão Ventura, em “Cor da pele”. 5ª ed., Belo Horizonte: Edição do Autor, 1988.  Adão Ventura Autor: Adão Ventura

Um – Adão Ventura

em negro teceram-me a pele. enormes correntes amarraram-me ao tronco de uma Nova África. carrego comigo a sombra de longos muros tentando me impedir que meus pés cheguem ao final dos caminhos. mas o meu sangue está cada vez mais forte, tão forte quanto as imensas pedras que os meus avós carregaram para edificar os …

Um – Adão Ventura Leia mais »

Poema essencialista – Adalgisa Nery

Sinto o conteúdo da existência. Procuro ultrapassá-lo com enorme exaltação poética, Rompo as grades do mundo com o espetáculo das formas, Dos sons e das cores. Tudo me afoga em nostalgia de outras eras, De outras vidas que cristalizaram As tendências da minha infância. A utilização das coisas plásticas Altera o equilíbrio da visão. Distribuo …

Poema essencialista – Adalgisa Nery Leia mais »

Ternura – Adalgisa Nery

Antes que eu me transforme em água E corra com os rios Cantando para as florestas escuras A canção sublime Deixa-me contemplar tua face amada Para que a canção se eternize. Antes que os meus olhos se transformem nos minúsculos vermes Que movimentam o solo Deixa-me receber a luz de tua boca Para que eu …

Ternura – Adalgisa Nery Leia mais »

Eterno tédio – Adalgisa Nery

Muitas vezes esgotando o meu destino Com o olhar em pranto E o coração pungente como um dobrar de sino, Ouço ruídos seculares que unem como um canto, Crescendo de intensidade, Mergulhando os meus sentidos Na maior profundidade! Muitas vezes, considerando a vida Com desumana indiferença, Por toda a esperança perdida, Pelo abrir de um …

Eterno tédio – Adalgisa Nery Leia mais »

Escultura – Adalgisa Nery

Eu já te amava pelas fotografias. Pelo teu ar triste e decadente dos vencidos, Pelo teu olhar vago e incerto Como o dos que não pararam no riso e na alegria. Te amava por todos os teus complexos de derrota, Pelo teu jeito contrastando com a glória dos atletas E até pela indecisão dos teus …

Escultura – Adalgisa Nery Leia mais »

Instante – Adalgisa Nery

O espanto abriu meu pensamento Com idioma vindo do delírio, Dos receios indefesos, dos louvores sem raízes, No perdão oferecido sem razão. O espanto abriu meu pensamento Na noite carregada de lamentos Em linguagem universal Fluindo do eco perdido Com passos de presságio amanhecendo. Corpos florindo na pele da terra Acendendo vida nas rosas e …

Instante – Adalgisa Nery Leia mais »

Mulher – Adalgisa Nery

Na face, a geografia da angústia, Dos pânicos e das medrosas alegrias. Cada ruga é um presságio. E auréola da aflição constante O esplendor dos cabelos brancos. Uma só raiz para frutos diversos, Uma só vida para destinos tão complexos, Um só pranto para dores tão diversas. O útero que gera o herói, o sábio, …

Mulher – Adalgisa Nery Leia mais »

Oriki da Elisa – Abdias do Nascimento

Amor em Saudade    desatado    de carência física    embotadoAmor de amor pleno    tranbordante    música pungente    latejanteLateja amor as têmporas   as taclas teclam amor   agudo punhal inclemente   apunhalando a dorDor do desamor que   não é meu   nem teu   meu é o   bemquerer que não morreu   associado partilhado   na partilha do que …

Oriki da Elisa – Abdias do Nascimento Leia mais »

Anseio – Adalgisa Nery

Quero que desça sobre mim a grande sombra que alivia, Aquela que arranca do meu coração a revolta que me impede de ser mansa. Quero descansar… Quero encontrar aquele que é mais belo que o sol, Que aumenta o meu sofrimento e que ajuda na minha redenção, Que reparte suas angústias comigo para que lhe …

Anseio – Adalgisa Nery Leia mais »

A poesia se esfrega nos seres e nas cousas – Adalgisa Nery

Nunca sentiste uma força melodiosaCercando tudo o que teus olhos vêem,um misto de tristeza numa paisagem grandiosaOu um grito de alegria na morte de um ser que queres bem?Nunca sentiste nostalgia na essência das cousas perdidasDeparando com um campo devolutoSemelhante a uma viagem esquecida?Num circo,nunca se apoderou de ti um amargor sutilVendo animais amestrados E logo …

A poesia se esfrega nos seres e nas cousas – Adalgisa Nery Leia mais »

Abandono – Adalgisa Nery

A exaustão faminta Procura elementos ainda vivos no meu ser Talvez guardados em escuros vácuos Que carrego sem saber. Alimenta-se do sopro das imagens Desenhadas pela minha imaginação Pelo tato dos meus sentimentos, Pelo pânico do desconhecido. Aparece como febre constante dilatando as minhas carnes Descoloridas e sem sabor de vida. A exaustão sobe pelos meus pés, Cobre os meus gestos incipientes, Prende a minha língua, Suga o …

Abandono – Adalgisa Nery Leia mais »

Cemitério Adalgisa – Adalgisa Nery

Moram em mim Fundos de mares, estrelas-d′alva, Ilhas, esqueletos de animais, Nuvens que não couberam no céu, Razões mortas, perdões, condenações, Gestos de amparo incompleto, O desejo do meu sexo E a vontade de atingir a perfeição. Adolescências cortadas, velhices demoradas, Os braços de Abel e as pernas de Caim. Sinto que não moro. Sou morada pelas coisas como a terra das sepulturas É habitada pelos corpos. Moram …

Cemitério Adalgisa – Adalgisa Nery Leia mais »

Estigma – Adalgisa Nery

Não receio que partas para longe, Que faças por fugir, por te livrares Da força da minha voz E da compreensão do meu olhar. Não temo que os mares te levem No bojo dos transatlânticos Nem tampouco me amedronta Que em possantes aviões No céu e na terra, Em todos os seres me encontrarás Cortes …

Estigma – Adalgisa Nery Leia mais »

A um homem – Adalgisa Nery

Quando numa rocha porosa Cansado te encostares E dela vires surgir a umidade e depois a gota, Pensa, amado meu, com carinho, Que aí esta a minha boca. Se teus olhos ficarem nas praias E vires o mar ensalivando a areia Com alegria pensa amado meu Num corpo feliz Porque é só teu. Se descansares …

A um homem – Adalgisa Nery Leia mais »

Evocação da rosa – Abdias do Nascimento

(Para Yemanjá – no seu décimo aniversário)Era uma vez uma rosa que não era vegetal nem rosa mineralcarecia até da cor de rosaera uma gata formosanegra amarela e brancosairrequietamente caprichosavestida de suave pêlo multicorBichana terrivelmente amorosados laços dos seus encantosnenhum gato jamais se livrou pelos telhados miava dengosasuspirava a noite inteira seduzindo namoradeiratoda a gataria aoluar da lua alcoviteiraCerto …

Evocação da rosa – Abdias do Nascimento Leia mais »

Via dolorosa – Júlia Cortines

Alma, galgando vais o teu Calvário abrupto,Em farrapos, em sangue, em lágrimas, em luto,Por fragas arrastando, em convulsões de dor,O lenho, que te verga ao peso esmagador.Ruge em torno de ti a tempestade; o açoiteDo vento dilacera a cortina da noite.Como um túrbido mar, roto pelo escarcéu,Vês na altura rolar o proceloso céu,E em baixo, …

Via dolorosa – Júlia Cortines Leia mais »

V – Júlia Cortines

Do mês de Maio a luz do sol mais brandoDesce do espaço em leves frocos de ouro,E, pelos frios ares ondulando,Envolve a mata e espelha o sorvedouro.Se enrola o raio aveludado e louroPelos ramos, aos quais, se aproximandoAs horas do crepúsculo, cantandoVoltam as aves em alegre coro.Mas nem sequer eu na janela assomo.Só vejo a …

V – Júlia Cortines Leia mais »

Amanhã – Patativa do Assaré

Amanhã, ilusão doce e fagueira, Linda rosa molhada pelo orvalho: Amanhã, findarei o meu trabalho, Amanhã, muito cedo, irei à feira.Desta forma, na vida passageira, Como aquele que vive do baralho, Um espera a melhora no agasalho E outro, a cura feliz de uma cegueira.Com o belo amanhã que ilude a gente, Cada qual anda …

Amanhã – Patativa do Assaré Leia mais »

Sina – Patativa do Assaré

Eu venho desde menino Desde muito pequenino Cumprindo o belo destino Que me deu Nosso Senhor Não nasci pra ser guerreiro Nem infeliz estrangeiro Eu num me entrego ao dinheiro Só ao olhar do meu amor Carrego nesses meus ombros O sinal do Redentor E tenho nessa parada Quanto mais feliz eu sou Eu nasci …

Sina – Patativa do Assaré Leia mais »

Um peixe – Patrícia Galvão

Um pedaço de trapo que fosse Atirado numa estrada Em que todos pisam Um pouco de brisa Uma gota de chuva Uma lágrima Um pedaço de livro Uma letra ou um número Um nada, pelo menos Desesperadamente nada. Patrícia Galvão Autor: Patrícia Galvão

Anfitrite – Júlia Cortines

(Sobre uma página de Fénelon) Tinta a escama de azul e de oiro, solevandoEm seus brincos a vaga espúmea, pelo bandoDos alegres tritões, que os búzios retorcidosSopram, enchendo o ar de músicos ruídos,Acompanhados, vão os ligeiros golfinhosSeguindo de Anfitrite o carro, que marinhosCorcéis, – que têm na cor cetinosa do peloA brancura da neve e …

Anfitrite – Júlia Cortines Leia mais »

Em vão – Júlia Cortines

É a ilusão, bem vejo: em tua fronte Inda fulge um resplendor de aurora. Tens o mesmo sorriso com que outrora Deliciavas a minha alma insonte. Debalde apontas para além do monte Prainos que a ardência do verão enflora; Asas vibrando pelos céus em fora, Céus sem nuvens, sem raias o horizonte… Esta grandiosa e …

Em vão – Júlia Cortines Leia mais »

Entre abismos – Júlia Cortines

Mistérios só, de um lado, e sombras…Em seguida,A estrada tortuosa e aspérrima da vida,Onde impreca a Revolta, onde brada o Terror,Onde geme a Saudade e se lastima a Dor,E, co’o gesto convulso e os traços descompostos,Batidos pelo vento, à tempestade expostos,Atropelam-se, em doida e febril confusão,O Desespero, a Raiva, a Cólera, a Paixão,Cujo concerto de …

Entre abismos – Júlia Cortines Leia mais »

Sair da versão mobile