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Feminismo no Estácio

Saiu só com a roupa do corpo
Num toró danado
Foi pros cafundó-do-Judas
Apanhou um resfriado

Voltou com a blusa rasgada
Entrou, não disse nada
Tô com dor-de-cotovelo
E com a cabeça inchada

É de amargar, é de amargar
Mas ela é maior e vacinada (2x)

Meu chapa eu caí das nuvens com cara-de-tacho
Essa nega tá pisando em mim, essa não, não sou capacho
Agora ando com a pulga atrás da orelha
A telha dessa nega tá avariada

Nega sem modos
Só não chio, nem te dou pancada
Porque você é maior e vacinada (2x)

Sempre que a nega me torra penso em ir à forra
Se o distinto tem problema igual não é conselho, mas olha:
Fique sabendo quem se mete a manda-chuva
Quase, quase sempre é um chove-não-molha

Bem que eu queria dar com fé uma cacarecada
Mas minha nêga é maior e vacinada (2x)

Vaso ruim não quebra

Eu já quebrei
E vou te contar no que deu:
Desesperei
Mas não chiei.
Sei que valeu.
Ô meu:
Só vaso ruim não quebra,
É bom lembrar.
Só coração de pedra
Não sabe amar.
Romão – laurinha e eu nos gostamos
Num caminhão pau-de-arara.
Laurinha – junto chegamos ao rio,
Juntos quebramos a cara.
Romão virou camelô.
Romão – laura foi ser governanta.
Laurinha – nossa paixão se amarrou.
Romão – que nem um nó na garganta.
Laurinha – romão bancou o mão-leve.
Romão – laurinha até deu massagem.
Laurinha – mas as barrigas em greve
Romão – transmitiram essa mensagem:
Romão & laurinha – muita atenção, gente fina,
Que quem se aperta é funil:
Quando o pastor late forte
O bassê faz piu-piu.

Jardins de infância

É como um conto de fadas tem sempre uma bruxa pra apavorar
O dragão comendo gente, a bela adormecida sem acordar
Tudo o que o mestre mandar e a cabra cega roda sem enxergar
E você se escondeu, e você esqueceu
Pic-papos tem distância, pés pisando em ovos veja você
Um tal de pular fogueira, pistolas, morteiros, vejam vocês
Pega malhação de judas e quebra-cabeças, vejam vocês
E você se escondeu, e você não quis ver
Olha o bobo na berlinda, olha o pau no gato, polícia e ladrão
Tem carniça e palmatória bem no teu portão
Você vive o faz de conta, diz que é de mentira, brinca até cair
Chicotinho tá queimando, mamãe posso ir
Pic-papos tem distância, pés pisando em ovos, bruxa dragão
Um tal de pular fogueira e a cabra cega vai de roldão
Pega malhação de judas e um passarinho morto no chão
E você conheceu, e você aprendeu!

Galos de briga

Cristas de incêndio crispadas,
cristas de fogo de espadas,
cristas de luz suicida,
lúcidas de sangue futuro.
Cristas crismadas em rubro;
não rubro rosa assustada,
de rosa estufa, canteiro,
mas rubro vinho maduro,
rubro capa, bandarilha,
rosa atirada ao toureiro.
Não o rubrancor da vergonha,
mas os rubros de ataduras,
o rubro das brigas duras
dos galos de fogo puro,
rubro gengivas de ódio
antes das manchas do muro.

Terra dourada

Cenário de cor
Beleza de luz
De pedra, de sal
Deitada no azul
Nos Braços da cruz
Te vejo infernal
Na barra que nem
Em Honolulu, Caxias, Xerém
Verão de Babel
No baixo da noite
Eu cruzo meu bem
Ô oba lá lá lá
Difícil sacar
Seu jogo de azar
Mais fácil entender
Alguém que só quer
Sua boca angorá, amor
Morena.

Eu não sei seu nome inteiro

Eu não sei seu nome inteiro
Nem de onde você veio
Não conheço que cabelo
Você tem antes do espelho
E o que pensa sua boca
Por trás do batom vermelho
Qual a placa do seu carro
Os seus sonhos de menina
A marca do seu cigarro
Seus silêncios, sua sina
Pra que porto você ruma
Suas âncoras, seu medo
Se dormiu com meu futuro
Ou querendo partir cedo
Eu não sei qual o seu signo
Se prefere outros assuntos
De que filmes você gosta
Quanto tempo temos juntos

Siameses

Amiga inseparável,
rancores siameses
nos unem pelo olhar.
Infelizes pra sempre
Em comunhão de males
obrigação de amar.
E amas em mim a cruel indiferença.
Aspiro em ti a maldade e a doença.
Vives grudada em mim,
gerando a pedra
em teu ventre de ostra
e eu conservo o fulgor do nosso ódio
estreitando a velha concha…
Amiga inseparável,
tu és meu acaso
e por acaso eu sou tua sina,
somos sorte e azar,
tu és minha relíquia,
seu sou tua ruína.
(ela)
Vivo grudada em ti,
gerando a pedra
em meu ventre de ostra.
Conservas o fulgor do nosso ódio
estreitando a velha concha…
Amigo inseparável,
eu sou teu acaso
e por acaso tu és minha sina,
somos sorte e azar,
eu sou tua relíquia,
tu és minha ruína

Amigos novos e antigos

As frases e as manhãs
são espontâneas
Levantam do escuro
e ninguém pode evitar
Eu tento apenas
mostrar cantando
O lado oculto do meu coração
Eu tenho às vezes
no olhar tardes de chuva
E sons percorrendo
alamedas na memória
Eu tento apenas
mostrar cantando
O que há nos lagos
do meu coração

“Quando para mucho
me amore de felice corazon
Mundo paparazzi me amore
chika ferdy para sol
Questo obrigado tanta mucho
que can eat it carrosel”

Alguém entrou no
meu peito agora
Mas só depois
vou saber quem é.

Linha de passe

Toca de tatu, lingüiça e paio e boi zebu
Rabada com angu, rabo-de-saia
Naco de peru, lombo de porco com tutu
E bolo de fubá, barriga d’água
Há um diz que tem e no balaio tem também
Um som bordão bordando o som, dedão, violação

Diz um diz que viu e no balaio viu também
Um pega lá no toma-lá-dá-cá, do samba
Um caldo de feijão, um vatapá, e coração
Boca de siri, um namorado e um mexilhão
Água de benzê, linha de passe e chimarrão

Babaluaê, rabo de arraia e confusão…

Eh, yeah, yeah . . .
(Valeu, valeu, Dirceu do seu gado deu…)

Cana e cafuné, fandango e cassulê

Sereno e pé no chão, bala, camdomblé

E o meu café, cadê? Não tem, vai pão com pão

Já era Tirolesa, o Garrincha, a Galeria
A Mayrink Veiga, o Vai-da-Valsa, e hoje em dia
Rola a bola, é sola, esfola, cola, é pau a pau
E lá vem Portela que nem Marquês de Pombal
Mal, isso assim vai mal, mas viva o carnaval
Lights e sarongs, bondes, louras, King-Kongs
Meu pirão primeiro é muita marmelada

Puxa saco, cata-resto, pato, jogo-de-cabresto
E a pedalada

Quebra outro nariz, na cara do juiz
Aí, e há quem faça uma cachorrada
E fique na banheira, ou jogue pra torcida
Feliz da vida

Toca de tatu, lingüiça e paio e boi zebu
Rabada com angu, rabo-de-saia
Naco de peru, lombo de porco com tutu

E bolo de fubá, barriga d’água
Há um diz que tem e no balaio tem também
Um som bordão bordando o som, dedão, violação
Diz um diz que viu e no balaio viu também
Um pega lá no toma-lá-dá-cá do samba

Jade

Aqui, meu irmão, ela é coisa rara de ver
E joia do Xá, retina de um mar
De olhar verde jade derramante
Abriu-se Sézamo em mim

Ah! meu irmão aqualouca tara que tem ímã
Mergulha no ar, me arrasta, me atrai
Pro fundo do oceano que dá
Pra lá de Babá, pra cá de ali

Pedra que lasca seu brilho
E que queima no lábio um quilate de mel
E que deixa na boca melante
Um gosto de língua no céu

Luz talismã, misterioso Cubanacã
Delícia sensual de maçã
Saborosa manhã
Vou te eleger, vou me despejar de prazer
Essa noite o que mais quero é ser
1001 pra você
Jade, Jade, Jade

Mestre sala dos mares

Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão no mar reapareceu
Na figura de um bravo feiticeiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como navegante negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala
E ao acenar pelo mar na alegria das regatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas
Rubras cascatas jorravam das costas dos santos entre cantos e chibatas
Inundando o coração do pessoal do porão
Que a exemplo do feiticeiro gritava então
Glória aos piratas, às mulatas, às sereias
Glória à farofa, à cachaça, às baleias
Glórias a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história
Não esquecemos jamais
Salve o navegante negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais

O ronco da cuíca

Roncou, roncou
Roncou de raiva a cuíca, roncou de fome
Alguém mandou
Mandou parar a cuíca
É coisa dos home
A raiva dá pra parar, pra interromper
A fome não dá pra interromper
A raiva e a fome é coisa dos home
A fome tem que ter raiva pra interromper

A raiva e a fome de interromper

A fome e a raiva é coisa dos home
É coisa dos home
É coisa dos home
A raiva e a fome

Mexendo a cuíca

Vai ter que roncar

Desenho de giz

Quem quer viver um amor
Mas não quer suas marcas, qualquer cicatriz
Ah, ilusão, o amor
Não é risco na areia, desenho de giz
Eu sei que vocês vão dizer
A questão é querer, desejar, decidir
Aí diz o meu coração
Que prazer tem bater se ela não vai ouvir
Aí minha boca me diz
Que prazer tem sorrir
Se ela não me sorrir também
Quem pode querer ser feliz
Se não for por um bem de amor

Eu sei que vocês vão dizer
A questão é querer, desejar, decidir
Aí diz o meu coração
Que prazer tem bater se ela não vai ouvir
Cantar, mas me digam pra quê
E o que vou sonhar
Só querendo escapar à dor
Quem pode querer ser feliz
Se não for por amor
Quem pode querer ser feliz
Se não for por amor
Quem pode querer ser feliz

Kid cavaquinho

Óia que foi só pega no cavaquinho
Pra nego bater
Mas se eu contar o que é que pode
Um cavaquinho os home não vai crer

Quando ele se fere fere firme
Dói que nem punhal
Quando ele invoca até parece
Um pega na geral

Genésio a mulher do vizinho
Sustenta aquele vagabundo
Veneno é com o meu cavaquinho
Pois se eu to com ele encaro todo mundo

Se alguém pisa no meu calo
Puxo o cavaquinho pra cantar de galo
Se alguém pisa no meu calo

Sinhá

Se a dona se banhou
Eu não estava lá
Por Deus Nosso Senhor
Eu não olhei Sinhá
Estava lá na roça
Sou de olhar ninguém
Não tenho mais cobiça
Nem enxergo bem

Para que me pôr no tronco
Para que me aleijar
Eu juro a vosmecê
Que nunca vi Sinhá
Por que me faz tão mal
Com olhos tão azuis
Me benzo com o sinal
Da santa cruz

Eu só cheguei no açude
Atrás da sabiá
Olhava o arvoredo
Eu não olhei Sinhá
Se a dona se despiu
Eu já andava além
Estava na moenda
Estava para Xerém

Por que talhar meu corpo
Eu não olhei Sinhá
Para que que vosmincê
Meus olhos vai furar
Eu choro em iorubá
Mas oro por Jesus
Para que que vassuncê
Me tira a luz

E assim vai se encerrar
O conto de um cantor
Com voz do pelourinho
E ares de senhor
Cantor atormentado
Herdeiro sarará
Do nome e do renome
De um feroz senhor de engenho
E das mandingas de um escravo
Que no engenho enfeitiçou Sinhá

De frente pro crime

Tá lá o corpo estendido no chão
Em vez de rosto, uma foto de um gol
Em vez de reza, uma praga de alguém
E um silêncio servindo de amém

O bar mais perto depressa lotou
Malandro junto com trabalhador
Um homem subiu na mesa do bar
E fez discurso pra vereador

Veio o camelô vender!
Anel, cordão, perfume barato
Baiana pra fazer
Pastel e um bom churrasco de gato

Quatro horas da manhã
Baixou o santo na porta bandeira
E a moçada resolveu
Parar, e então

Tá lá o corpo estendido no chão
Em vez de rosto uma foto de um gol
Em vez de reza uma praga de alguém
E um silêncio servindo de amém

Sem pressa, foi cada um pro seu lado
Pensando numa mulher ou no time
Olhei o corpo no chão e fechei
Minha janela de frente pro crime

Veio o camelô vender!
Anel, cordão, perfume barato
Baiana pra fazer
Pastel e um bom churrasco de gato

Quatro horas da manhã
Baixou o santo na porta bandeira
E a moçada resolveu
Parar, e então

Tá lá o corpo
Estendido no chão

Incompatibilidade de gênios

Dotô,
jogava o Flamengo, eu queria escutar.
Chegou,
Mudou de estação, começou a cantar.
Tem mais,
Um cisco no olho, ela em vez de assoprar,
Sem dó falou,
sem dó falou ,que por ela eu podia cegar.

Se eu dou,
Um pulo, um pulinho, um instantinho no bar,
Bastou,
Durante dez noites me faz jejuar
Levou,
As minhas cuecas pro bruxo rezar.
Coou,
Meu café na calça prá me segurar

Se eu tô
Devendo dinheiro e vem um me cobrar
Dotô,
A peste abre a porta e ainda manda sentar
Depois,
Se eu mudo de emprego que é prá melhorar
Vê só,
Convida a mãe dela prá ir morar lá

Dotô,
Se eu peço feijão ela deixa salgar
Calor,

Mas veste o casaco veste casaco prá me atazanar
E ontem,
Sonhando comigo mandou eu jogar
No burro,
E deu na cabeça a centena e o milhar

Ai, quero me separar

Papel machê

Cores do mar, festa do sol
Vida é fazer
Todo o sonho brilhar
Ser feliz
No teu colo dormir
E depois acordar
Sendo o seu colorido
Brinquedo de Papel Machê…(2x)

Dormir no teu colo
É tornar a nascer
Violeta e azul
Outro ser
Luz do querer…

Não vai desbotar
Lilás cor do mar
Seda cor de batom
Arco-íris crepom
Nada vai desbotar
Brinquedo de Papel Machê…

Dormir no teu colo
É tornar a nascer
Violeta e azul
Outro ser
Luz do querer…

Não vai desbotar
Lilás cor do mar
Seda cor de batom
Arco-íris crepom
Nada vai desbotar
Brinquedo de Papel Machê…

Ai Ai Ai Ai Ai Ai!!
Lê Lê Lê Lê Lê Lê Lê
Lon Lon Lon Lon Ah!
Lê Lê Lê Lê Lê Lê Lê
Lon Lon Lon Lon Ah!…

O bêbado e a equilibrista

Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto
Me lembrou Carlitos

A lua tal qual a dona do bordel
Pedia a cada estrela fria
Um brilho de aluguel

E nuvens lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas
Que sufoco!
Louco, o bêbado com chapéu coco
Fazia irreverências mil
Pra noite do Brasil, meu Brasil

Que sonha com a volta do irmão do Henfil
Com tanta gente que partiu
Num rabo de foguete

Chora a nossa pátria, mãe gentil
Choram Marias e Clarisses
No solo do Brasil

Mas sei que uma dor assim pungente
Não há de ser inutilmente
A esperança dança
Na corda bamba de sombrinha
E em cada passo dessa linha
Pode se machucar

Azar, a esperança equilibrista
Sabe que o show de todo artista
Tem que continuar

Corsário

Meu coração tropical está coberto de neve, mas
Ferve em seu cofre gelado
E à voz vibra e a mão escreve mar
Bendita lâmina grave que fere a parede e traz
As febres loucas e breves
Que mancham o silêncio e o cais
Roserais, Nova Granada de Espanha
Por você, eu, teu corsário preso
Vou partir a geleira azul da solidão
E buscar a mão do mar
Me arrastar até o mar, procurar o mar
Mesmo que eu mande em garrafas
Mensagens por todo o mar
Meu coração tropical partirá esse gelo e irá
Com as garrafas de náufragos
E as rosas partindo o ar
Nova Granada de Espanha
E as rosas partindo o ar
Iela, iela, iela, iela la la la

Quando o amor acontece

Coração
Sem perdão
Diga fale por mim
Quem roubou toda a minha alegria
O amor me pegou
Me pegou pra valer
Aí que a dor do querer
Muda o tempo e a maré
Vendaval sobre o mar azul

Tantas vezes chorei
Quase desesperei
E jurei nunca mais seus carinhos
Ninguém tira do amor
Ninguém tira, pois é
Nem doutor nem pajé
O que queima e seduz, enlouquece
O veneno da mulher

O amor quando acontece
A gente esquece logo
Que sofreu um dia
Ilusão
O meu coração marcado
Tinha um nome tatuado
Que ainda doía
Pulsava só a solidão

O amor quando acontece
A gente esquece logo
Que sofreu um dia,
Esquece sim
Quem mandou chegar tão perto
Se era certo um outro engano
Coração cigano
Agora eu choro assim