Há de ser leve
Um levar suave
Nada que entrave
Nossa vida breve
Tudo que me atreve
A seguir de fato
O caminho exato
Da delicadeza
De ter a certeza
De viver no afeto
Só viver no afeto
Há de ser leve
Um levar suave
Nada que entrave
Nossa vida breve
Tudo que me atreve
A seguir de fato
O caminho exato
Da delicadeza
De ter a certeza
De viver no afeto
Só viver no afeto
Aquilo que dá no coração
E nos joga nessa sinuca
Que faz perder o ar e a razão
E arrepia o pêlo da nuca
Aquilo reage em cadeia
Incendeia o corpo inteiro
Faísca, risca, trisca, arrodeia
Dispara o rito certeiro
Avassalador
Chega sem avisar
Toma de assalto, atropela
Vela de incendiar
Arrebatador
Vem de qualquer lugar
Chega, nem pede licença
Avança sem ponderar
Aquilo bate, ilumina
Invade a retina
Retém no olhar
O lance que laça na hora
Aqui e agora,
Futuro não há
Aquilo se pega de jeito
Te dá um sacode
Pra lá de além
O mundo muda, estremece
O caos acontece
Não poupa ninguém
Avassalador…
Avassalador
Chega sem avisar
Toma de assalto, atropela
Vela de incendiar
Arrebatador
Vem de qualquer lugar
Chega, nem pede licença
Avança sem ponderar
Avassalador…
Chega sem avisar
Arrebatador
Vem de qualquer lugar
Aquilo que dá no coração
Que faz perder o ar e a razão
Aquilo reage em cadeia
Incendeia
Precário, provisório, perecível;
Falível, transitório, transitivo;
Efêmero, fugaz e passageiro
Eis aqui um vivo, eis aqui um vivo!
Impuro, imperfeito, impermanente;
Incerto, incompleto, inconstante;
Instável, variável, defectivo
Eis aqui um vivo, eis aqui…
E apesar…
Do tráfico, do tráfego equívoco;
Do tóxico, do trânsito nocivo;
Da droga, do indigesto digestivo;
Do câncer vil, do servo e do servil;
Da mente o mal doente coletivo;
Do sangue o mal do soro positivo;
E apesar dessas e outras…
O vivo afirma firme afirmativo
O que mais vale a pena é estar vivo!
É estar vivo
Vivo
É estar vivo
Não feito, não perfeito, não completo;
Não satisfeito nunca, não contente;
Não acabado, não definitivo
Eis aqui um vivo, eis-me aqui.
Cadê a esfinge de pedra que ficava ali
Virou areia
Cadê a floresta que o mar já avistou dali
Virou areia
Cadê a mulher que esperava o pescador
Virou areia
Cadê o castelo onde um dia já dormiu um rei
Virou areia
E o livro que o dedo de Deus deixou escrita a lei
Virou areia
Cadê o sudário do salvador
Virou areia
Areia a lua batendo no chão do terreiro
Areia o barro batido subindo no ar
Areia o menino sentado na beira da praia
Areia fazendo com a mão castelo no mar
E a onda que cerquei e que passou
Virou areia
Nasceu no mar e na terra se acabou
Virou areia
Cadê a voz que encantava multidão, cadê
Virou areia
Cadê o passado o presente a paixão
Virou areia
Cadê a muralha do imperador
Virou areia
Umbigo meu nome é umbigo
Gosto muito de conversar comigo
Umbigo meu nome é espelho
Não dou ouvidos nem peço conselhos
Umbigo meu nome é certeza
Só é real o que convém à realeza
Umbigo meu nome é verdade
Sou o dono do mundo e o rei da cidade
Umbigo meu nome é umbigo…
Umbigo meu nome é umbigo…
Eu sou mais eu! dê cá um close no narciso
Umbigo meu nome é umbigo
Me peça tudo, só não peça para ter juízo
Umbigo meu nome é umbigo
Não sei de nada além de mim: o amor é cego
Umbigo meu nome é umbigo
Vivo na sombra e água fresca do meu ego
Eu vou andando, e quem quiser que acerte o passo
Faça o que eu digo, e eu me concentro no que faço
Se um dia o mundo pegar fogo eu salto antes
E dou adeus a seis bilhões de figurantes
Umbigo meu nome é umbigo
Quem está contra mim também está comigo
Umbigo meu nome é guru
Eu caí do céu foi pra mandar em tu
Umbigo meu nome é umbigo
O mundo perde o freio, e eu nem ligo
Comigo só não vai quem já morreu
Umbigo meu nome sou eu
Eu sei!
Tudo por acaso
Tudo por atraso
Mera distração…
Eu sei!
Por impaciência
Por obediência
Pura intuição…
Qualquer dia
Qualquer hora
Tempo e dimensão
O futuro foi agora
Tudo é invenção…
Ninguém vai
Saber de nada
E eu sei
Pelo sentimento
Pelo envolvimento
Pelo coração…
Eu sei!
Pela madrugada
Pela emboscada
Pela contramão…
Qualquer dia
Qualquer hora
Tempo e dimensão
O futuro foi agora
Tudo é invenção…
Ninguém vai
Saber de nada
E eu sei
Por qualquer poesia
Por qualquer magia
Por qualquer razão…
E eu sei!
Tudo por acaso
Tudo por atraso
Mera diversão
Mera diversão…
Qualquer dia
Qualquer hora
Tempo e direção
O futuro foi agora
Tudo é invenção…
Ninguém vai
Saber de nada
E eu sei!…
Eu sou feito de restos de estrelas
Como o corvo, o carvalho e o carvão
As sementes nasceram das cinzas
De uma delas depois da explosão
Sou o índio da estrela veloz e brilhante
O que é forte como o jabuti
O de antes de agora em diante
E o distante galáxias daqui
Canibal tropical, qual o pau
Que dá nome à nação, renasci
Natural, analógico e digital
Libertado astronauta tupi
Eu sou feito do resto de estrelas
Daquelas primeiras, depois da explosão,
Sou semente nascendo das cinzas
Sou o corvo, o carvalho, o carvão
O meu nome é Tupy
Gaykuru
Meu nome é Peri
De Ceci
Eu sou neto de Caramuru
Sou Galdino, Juruna e Raoni
E no Cosmos de onde eu vim
Com a imagem do caos
Me projeto futuro sem fim
Pelo espaço num tour sideral
Minhas roupas estampam em cores
A beleza do caos atual
As misérias e mil esplendores
Do planeta de Neanderthal
É a festa dos negros coroados
No batuque que abala o firmamento
É a sombra dos séculos guardados
É o rosto do girassol dos ventos
É a chuva, o roncar de cachoeiras
Na floresta onde o tempo toma impulso
É a força que doma a terra inteira
As bandeiras de fogo do crepúsculo
Quando o grego cruzou Gibraltar
Onde o negro também navegou
Beduíno saiu de Dacar
E o Viking no mar se atirou
Uma ilha no meio do mar
Era a rota do navegador
Fortaleza, taberna e pomar
Num país Tuaregue e Nagô
É o brilho dos trilhos que suportam
O gemido de mil canaviais
Estandarte em veludo e pedrarias
Batuqueiro, coração dos carnavais
É o frevo a jogar pernas e braços
No alarido de um povo a se inventar
É o conjúrio de ritos e mistérios
É um vulto ancestral de além-mar
Quando o grego cruzou Gibraltar
Onde o negro também navegou
Beduíno saiu de Dacar
E o Viking no mar se atirou
Era o porto pra quem procurava
O país onde o sol vai se por
E o seu povo no céu batizava
As estrelas no sul do Equador
Eu já me perguntei se o tempo poderá realizar meus sonhos e desejos, será que eu já não sei por onde procurar ou todos os caminhos dão no mesmo e o certo é que eu não sei o que virá só posso te pedir que nunca se leve tão a sério nunca se deixe levar, que a vida é parte do mistério, é tanta coisa pra se desvendar
Por tudo que eu andei e o tanto que faltar, não dá pra se prever nem o futuro, o escuro que se vê quem sabe pode iluminar os corações perdidos sobre o muro e o certo que eu não sei o que virá, só posso te pedir que nunca se leve tão a serio, nunca se deixe levar que a vida, a nossa vida passa e não há tempo pra desperdiçar.
Sonhei e fui, sinais de sim,
Amor sem fim, céu de capim,
E eu olhando a vida olhar pra mim.
Sonhei e fui, mar de cristal,
Sol, água e sal, meu ancestral,
E eu tão singular me vi plural.
Sonhei e fui, num sonho à toa,
Uma leoa, água de Goa,
E eu rogando ao tempo:
– Me perdoa
E eu rogando ao tempo:
– Me perdoa
Sonhei pra mim, tanta paixão,
De grão em grão, verso e canção,
E eu tentando nunca ouvir em vão.
Sonhei, senti, sol na lagoa,
Céu de Lisboa, nuvem que voa,
E um país maior que uma pessoa.
Sonhei e vim, mares de Espanha,
Terras estranhas, lendas tamanhas,
E eu subi sorrindo esta montanha.
E eu subi sorrindo esta montanha.
Sonhei, enfim, e vejo agora,
Beijo de Aurora, ventos lá fora,
E eu cantando a Deus e indo embora.
E eu cantando a Deus e indo embora.
Sob o mesmo céu
Cada cidade é uma aldeia
Uma pessoa!
Um sonho, uma nação
Sob o mesmo céu
Meu coração
Não tem fronteiras
Nem relógio, nem bandeira
Só o ritmo
De uma canção maior…
A gente vem
Do tambor do Índio
A gente vem de Portugal
Vem do batuque negro
A gente vem
Do interior e da capital
A gente vem
Do fundo da floresta
Da selva urbana
Dos arranha-céus
A gente vem do pampa
Vem do cerrado
Vem da megalópole
Vem do Pantanal
A gente vem de trem
Vem de galope
De navio, de avião
Motocicleta
A gente vem a nado
A gente vem do samba
Do forró
A gente veio do futuro
Conhecer nosso passado…
Brasil!
Com quantos Brasis
Se faz um Brasil?
Com quantos Brasis
Se faz um país?
Chamado Brasil!
A gente vem
Do rap, da favela
A gente vem
Do centro do subúrbio
Da periferia, eh!
A gente vem
Da maré, das palafitas
Vem dos Orixás da Bahia
A gente traz um desejo
De alegria e de paz
E digo mais:
A gente tem a honra
De estar ao seu lado
A gente veio do futuro
Conhecer nosso passado…
Brasil!
Com quantos Brasis
Se faz um Brasil?
Com quantos Brasis
Se faz um país?
Chamado Brasil!…(2x)
Sob o mesmo céu
Cada cidade é uma aldeia
Uma pessoa!
Um sonho, uma nação
Sob o mesmo céu
Meu coração
Não tem fronteiras
Nem relógios, nem bandeiras
Só ritmo de uma canção
Maior!
A gente vem
Do tambor do Índio
A gente vem de Portugal
Vem do batuque negro
A gente vem
Do interior e da capital
A gente vem
Do fundo da floresta
Da selva urbana
Dos arranha-céus
A gente vem do pampa
Vem do cerrado
Vem da megalópole
Vem do Pantanal
A gente vem de trem
Vem de galope
De navio, de avião
Motocicleta
A gente vem a nado
A gente vem do samba
Do forró
A gente veio do futuro
Conhecer nosso passado…
Brasil!
Com quantos Brasis
Se faz um Brasil?
Com quantos Brasis
Se faz um país?
Chamado Brasil!
A gente veio do futuro
Conhecer nosso passado!
Brasil!
Com quantos Brasis
Se faz um Brasil?
Com quantos Brasis
Se faz um país?
Chamado Brasil!
A gente veio do futuro
Conhecer nosso passado!
Brasil!
Com quantos Brasis
Se faz um Brasil?
Com quantos Brasis
Se faz um país?
Chamado Brasil!…(2x)
A gente veio do futuro!
Já naveguei maremoto e calmaria
No meio-dia tapeia a luz do sol
Incendiei o mar da melancolia
Pra pescar tua alegria
Fui a isca e o anzol
A minha nau capitã dos meus amores
Em cada porto deixou uma paixão
O vento muda a rota dos meus sabores
Naveguei todas as cores
Pra virar camaleão
E agora que eu chegue
Itô querendo te levar
No canto da sereia
No colo de iemanjá
Sou eu, sou eu, sou eu marinheiro
Quem te ensinou a nadar sou eu, sou eu, sou eu
Marinheiro só
No balanço do mar
A terra firme é pra se perder de vista
Eu sigo a pista da reta do meu olhar
Eu vou além da linha do horizonte
Meu desejo é minha ponte
Um mistério a me guiar
Sou a saudade de chico ferreira e bento
Sou a jangada que voltou sem pescador
Sou o farol que orienta o desatento
Eu faço curva no vento
Quem liberta o furacão
Desamarra o mar da praia
Desarruma o rumo, entorta o prumo
Erra sem destino amor
Quem desata o céu da terra
Desfere a flecha, rasga o ar
Tira a luz da treva, razão a terra, erra, desatina, amor
Quem move o mundo todo apenas sendo sentimental
Sentimental
Quem me tira o chão dos pés
E movimenta as marés
Quem semeia o pé de vento do pensamento
Erra sem destino amor
Desintegra o grão da terra
Desagrega o coração
Tira o véu dos olhos, desperta os poros, erra, desatina, amor
Quem move o mundo todo sendo sentimental
Sentimental
Quem desarrasou a quem
abraça o rio arrasto o raio
quem Avassala o medo, repete o erro
Erra sem destino amor
Faz qualquer coisa de mim, Quebra pedra com seu sim
Arrepia o pelo derrete o gelo Erra desatina amor
Quem move o mundo todo sendo sentimental
Sentimental [3x]
Foi na leveza
Só sentimento
E me entregou suas palavras
Como quem dava um pedaço
Delicadeza foi
Disse ao meu coração
E ela me deu a intenção
Do samba que eu não fiz
Ô, sambá
É o que eu quero sentir
Ô, sambá
Quando eu te ver sorrir
Ô, sambá
Coisa melhor que eu fiz
Mundo caiu no samba
Na hora que eu te vi
Você me batucou
Skindô meu coração
Quando eu te vi
Sambar assim
Aqui neste lugar
Onde este mesmo sol
Costuma aparecer
E a lua vem ouvir
O som estéreo do mar
Ô, sambá
Venha me dar seu amor
Ô, sambá
Que eu sambo aonde for
Ô, sambá
É o tempo certo de ser
E eu sambaria o mundo
Só pra encontrar você
Saiu do congo num navio negreiro
Baixou no litoral
Batuque banzo no chão do terreiro
Pra suportar o mal
Correu, fugiu, sofreu, sumiu e subiu o morro
E o horizonte era o fundo do quintal…
Os atabaques gritam na macumba
No tom dos ancestrais
Na voz do blue, no rebolado da rumba
Tem nego por detrás
Vem invadindo todas as fronteiras da história
Rumo ao futuro, em pleno temporal
Minha terra tem palmares onde Zumbi foi eleito
E os negros que lá quilombaram sambavam do mesmo jeito
Mas a negada é pau pra toda obra
E é de decidir
Quem sabe samba e quem não samba sobra
Ou paga pra assistir
Pela avenida foi-se o suor da nega
Mão nas cadeiras, fazendo um carnaval
Minha terra tem palmares onde Zumbi foi eleito
E os negros que lá quilombaram sambavam do mesmo jeito
Os curiosos atrapalham o trânsito
Gentileza é fundamental
Não adianta esquentar a cabeça
Não precisa avançar no sinal
Dando seta pra mudar de pista
Ou pra entrar na transversal
Pisca alerta pra encostar na guia
Pára brisa para o temporal
Já buzinou, espere, não insista,
Desencoste o seu do meu metal
Devagar pra contemplar a vista
Menos peso do pé no pedal
Não se deve atropelar um cachorro
Nem qualquer outro animal
Todo mundo tem direito à vida
Todo mundo tem direito igual
Motoqueiro caminhão pedestre
Carro importado carro nacional
Mas tem que dirigir direito
Para não congestionar o local
Tanto faz você chegar primeiro
O primeiro foi seu ancestral
É melhor você chegar inteiro
Com seu venoso e seu arterial
A cidade é tanto do mendigo
Quanto do policial
Todo mundo tem direito à vida
Todo mundo tem direito igual
Travesti trabalhador turista
Solitário família casal
Todo mundo tem direito à vida
Todo mundo tem direito igual
Sem ter medo de andar na rua
Porque a rua é o seu quintal
Todo mundo tem direito à vida
Todo mundo tem direito igual
Boa noite, tudo bem, bom dia,
Gentileza é fundamental
Pisca alerta pra encostar na guia
Com licença, obrigado, até logo, tiau.
Dolores, dólares…
O verbo saiu com os amigos
Pra bater um papo na esquina.
A verba pagava as despesas,
Porque ela era tudo o que ele tinha.
O verbo não soube explicar depois,
Porque foi que a verba sumiu.
Nos braços de outras palavras
O verbo afagou sua mágoa e dormiu.
O verbo gastou saliva,
De tanto falar pro nada.
A verba era fria e calada,
Mas ele sabia, lhe dava valor.
O verbo tentou se matar em silêncio,
E depois quando a verba chegou,
Era tarde demais
O cadaver jazia,
A verba caiu aos seus pés a chorar
Lágrimas de hipocrisia.
Dolores e dólares…
Que dolor que me da los dólares
Dólares, dólares
Que dolor, que dolor que me da
Tá relampiano
Cadê neném?
Tá vendendo drops
No sinal prá alguém
Tá relampiano
Cadê neném?
Tá vendendo drops
No sinal prá alguém
E tá vendendo drops
No sinal…
Todo dia é dia
Toda hora é hora
Neném não demora
Prá se levantar…
Mãe lavando roupa
Pai já foi embora
E o caçula chora
Prá se acostumar
Com a vida lá de fora
Do barraco…
Hai que endurecer
Um coração tão fraco
Prá vencer o mêdo
Do trovão
Sua vida aponta
A contramão…
Tá relampiano
Cadê neném?
Tá vendendo drops
No sinal prá alguém
Tá relampiano
Cadê neném?
Tá vendendo drops
No sinal prá alguém
E tá vendendo drops
No sinal…
Tudo é tão normal
Todo tal e qual
Neném não tem hora
Prá ir se deitar…
Mãe passando roupa
Do pai de agora
De um outro caçula
Que ainda vai chegar…
É mais uma bôca
Dentro do barraco
Mais um quilo de farinha
Do mesmo saco
Para alimentar
Um novo João Ninguém
A cidade cresce junto
Com neném…(2x)
Tá relampiano
Cadê neném?
Tá vendendo drops
No sinal prá alguém
Tá relampiano
Cadê neném?
Tá vendendo drops
No sinal prá alguém…
Tá relampiano
Cadê neném?
Tá vendendo drops
No sinal prá alguém
E tá vendendo drops
No sinal…
No sub-imundo mundo sub-humano
Aos montes, sob as pontes, sob o sol
Sem ar, sem horizonte, no infortúnio
Sem luz no fim do túnel, sem farol
Sem-terra se transformam em sem-teto
Pivetes logo se tornam pixotes
Meninas, mini-xotas, mini-putas, de pequeninas tetas nos decotes
Quem vai pagar a conta? Quem vai lavar a cruz?
O último a sair do breu, acende a luz
No topo da pirâmide, tirânica
Estúpida, tapada minoria
Cultiva viva como a uma flor
A vespa vesga da mesquinharia
Na civilização eis a barbárie
É a penúria que se pronuncia
Com sua boca oca, sua cárie
Ou sua raiva e sua revelia
Quem vai pagar a conta? Quem vai lavar a cruz?
O último a sair do breu, acende a luz
O que prometeu não cumpriu
O fogo apagou, a luz extinguiu
Pare de querer que eu vá, já que você não vem
Pare de pedir que eu dê o que você já tem
Pare de querer mudar o que transcorre bem
Pare de falar de mim
Pare de espetar, de se meter, de dissecar
Pare de encher!
Pare de encher!
Pare de pensar que eu sou a sua criação
Pare de me espionar à cada ligação
Pare de achar que amor é só competição
Pare de zombar de mim
Pare de zoar, se emborrecer, me censurar
Pare de encher!
Pare de encher!
Pare de encher!
Pare de encher!
Pare de dizer “adeus” na hora do “alô”
Pare de se exibir na hora do meu show
Pare de mudar o filme de mal começou
Pare de abusar de mim
Pare de escrachar, de se conter, de se queixar
Pare de encher!
Pare de encher!
Pare de encher!
Pare de encher!
Pare de encher!
Eu te pedi pra você ficar
Você me disse não
Eu me perdi e fui te procurar
Em nome da paixão
E agora vem você dizer
Que eu não fiz por merecer
Tudo que eu fiz
Eu fiz por você
Não teve jeito de te convencer
Você não quis me ouvir
E o meu defeito foi não perceber
Que era só se divertir
E agora eu não sei se dá
Pra viver sem teu olhar
Tudo que eu fiz
Eu fiz por te amar
Você me alucina
E diz que é brincadeira
Você me fascina
Mas não dá bandeira
De me querer, e eu
Eu querendo você
Você me namora
Uma noite inteira
Mas quer ir embora
Paixão passageira
Sem me querer, e eu
Eu querendo você
Uma canção
Uma melodia
Que faz me lembrar
Da solidão
Nessa noite fria
Não dá pra agüentar, oh não!
E agora não dá pra mentir
Pra negar o que eu senti
Tudo que eu quero
É te seduzir…
Permanentemente, preso ao presente
O homem na redoma de vidro
São raros instantes
De alívio e deleite
Ele descobre o véu
Que esconde o desconhecido,
O desconhecido
E é como uma tomada à distância
Uma grande angular
É como se nunca estivesse existido dúvida,
Existido dúvida
Evidentemente a mente é como um baú
E homem decide o que nele guardar
Mas a razão prevalece,
Impõe seus limites
E ele se permite esquecer de lembrar,
Esquecer de lembrar
É como se passasse a vida inteira
Eternizando a miragem
É como o capuz negro
Que cega o falcão selvagem,
O falcão selvagem
Se na cabeça do homem tem um porão
Onde moram o instinto e a repressão
(diz aí)
O que tem no sótão?
O que tem no sótão?
O que tem no sótão?
Se na cabeça do homem tem um porão
Onde moram o instinto e a repressão
(diz aí)
O que tem no sótão?
O que tem no sótão?
O que tem no sótão?
O que tem no sótão?
O que tem no sótão?
O que tem no sótão?
Tremenda correria
Some com a mercadoria
Sujou, sujou, sujou, rapaziada
É penalty, é penalty
Os homens tão na área
Levaram, levaram
Levaram na mão grande
É grande, é grande, é grande a confusão
É um armário esse negão
Derruba o tabuleiro
Mas parece um caminhão
Derruba o tabuleiro
Que barra pesada
Os caras tão aí
E a tal turma do rapa
Rapadura de engolir
Que barra pesada
Os caras tão aí
E a tal turma do rapa
Vai ser duro de engolir
Batida, batida
Não tem colher de chá
Batida, batida
Não dá nem pra trampar
Batida, batida
Que bode de vida
Não dá nem pra trampar
Solidão, o silêncio das estrelas, a ilusão
Eu pensei que tinha o mundo em minhas mãos
Como um deus e amanheço mortal
E assim, repetindo os mesmos erros, dói em mim
Ver que toda essa procura não tem fim
E o que é que eu procuro afinal?
Um sinal, uma porta pro infinito, o irreal
O que não pode ser dito, afinal
Ser um homem em busca de mais, de mais…
Afinal, como estrelas que brilham em paz, em paz…
Solidão, o silêncio das estrelas, a ilusão
Eu pensei que tinha o mundo em minhas mãos
Como um deus e amanheço mortal
Um sinal, uma porta pro infinito, o irreal
O que não pode ser dito, afinal
Ser um homem em busca de mais…
O que é bonito
É o que persegue o infinito
Mas eu não sou
Eu não sou, não…
Eu gosto é do inacabado
O imperfeito, o estragado que dançou
O que dançou…
Eu quero mais erosão
Menos granito
Namorar o zero e o não
Escrever tudo o que desprezo
E desprezar tudo o que acredito
Eu não quero a gravação, não
Eu quero o grito
Que a gente vai, a gente vai
E fica a obra
Mas eu persigo o que falta
Não o que sobra
Eu quero tudo
Que dá e passa
Quero tudo que se despe
Se despede e despedaça
O que é bonito…
O mundo é pequeno prá caramba
Tem alemão, italiano, italiana
O mundo, filé à milanesa
Tem coreano, japonês, japonesa…
O mundo é uma salada russa
Tem nego da Pérsia
Tem nego da Prússia
O mundo é uma esfiha de carne
Tem nego do Zâmbia
Tem nego do Zaire…
O mundo é azul lá de cima
O mundo é vermelho na China
O mundo tá muito gripado
Açúcar é doce
O sal é salgado…
O mundo caquinho de vidro
Tá cego do olho
Tá surdo do ouvido
O mundo tá muito doente
O homem que mata
O homem que mente…
Por que você me trata mal?
Se eu te trato bem!
Por que você me faz o mal?
Se eu só te faço bem!…(2x)
O mundo é pequeno pra caramba
Tem alemão, italiano, italiana
O mundo, filé à milanesa
Tem coreano, japonês, japonesa…
O mundo é uma salada russa
Tem nêgo da Pérsia
Tem nêgo da Prússia
O mundo é uma esfiha de carne
Tem nêgo do Zâmbia
Tem nêgo do Zaire…
O mundo é azul lá de cima
O mundo é vermelho na China
O mundo tá muito gripado
Açucar é doce
O sal é salgado…
O mundo caquinho de vidro
Tá cego do olho
Tá surdo do ouvido
O mundo tá muito doente
O homem que mata
O homem que mente…
Por que você me trata mal?
Se eu te trato bem!
Por que você me faz o mal?
Se eu só te faço bem!…(2x)
Todos somos filhos de Deus
Todos somos filhos de Deus
Só não falamos
As mesmas línguas…(4x)
Everybody filhos de God
Everybody filhos de God
Só não falamos
As mesmas línguas…
Everybody filhos de Gandhi
Everybody filhos de Gandhi
Só não falamos
As mesmas línguas…
Pelos auto-falantes do universo
Vou louvar-vos aqui na minha loa
Um trabalho que fiz noutro planeta
Onde nave flutua e disco voa:
Fiz meu marco no solo marciano
Num deserto vermelho sem garoa
Este marco que eu fiz é fortaleza.
Elevando ao quadrado Gibraltar!
Torreão, levadiça, raio-laser
E um sistem internet de radar:
Não tem sonda nem nave tripulada
Que consiga descer nem decolar.
Construi o meu marco na certeza
Que ninguém, cibernético ou humano.
Poderia romper as minhas guardas
Nem achar qualquer falha no meu plano
Ficam todos em Fobos ou em Deimos
Contemplando o meu marco marciano
O meu marco tem rosto de pessoa
Tem ruínas de ruas e cidades
Tem muralhas, pirâmides e restos
De culturas, demônios, divindades:
A história de Marte soterrada
Pelo efêmero pó das tempestades
Construi o meu marco gigantesco
Num planalto cercado por montanhas
Precipícios gelados e falésias
Projetando no ar formas estranhas
Como os muros Ciclópicos de Tebas
E as fatais cordilheiras da Espanha
Bem na praça central. um monumento
Embeleza meu marco marciano:
Um granito em enigma recortado
Pelos rudes martelos de Vulcano:
Uma esfinge em perfil contra o poente
Guardiã mortal do meu arcano..
Quando você
Piscou por mim o aroma
Me despertou
De um estado de coma
Quando você
Partiu prá mim o embaraço
Deu ferrugem
Nos meus nervos de aço
Meus Olhos de Raio X
Cegaram de medo
Pois tua alma
É de chumbo e segredo
Quando você
Ciscou por mim indecisa
Eu fui a razão
Do riso da Monalisa
Quando você
Sorriu prá mim um beijo
Na hora “H” foi como detonar
A bomba do meu desejo
Meus Olhos de Raio X
Cegaram de medo
Pois tua alma
É de chumbo e segredo
Meus Olhos!
Meus Olhos!
Meus Olhos!
Meus Olhos de Raio X
Quando você
Piscou por mim o aroma
Me despertou
De um estado de coma
Quando você
Partiu pra mim o embaraço
Deu ferrugem
Nos meus nervos de aço
Meus Olhos de Raio X
Cegaram de medo
Pois tua alma
É de chumbo e segredo
Quando você
Ciscou por mim indecisa
Eu fui a razão
Do riso da Monalisa
Quando você
Sorriu prá mim um beijo
Na hora “H” foi como detonar
A bomba do meu desejo
Meus Olhos de Raio X
Cegaram de medo
Pois tua alma
É de chumbo e segredo
Meus Olhos!
Meus Olhos!
Meus Olhos!
Meus Olhos de Raio X
A nave quando desceu, desceu no morro
Ficou da meia-noite ao meio-dia
Saiu, deixou uma gente
Tão igual e diferente
Falava e todo mundo entendia
Os homens se perguntaram
Por que não desembarcaram
em São Paulo, em Brasilia ou Natal?
Vieram pedir socorro
Pois quem mora lá no morro
Vive perto do espaço sideral
Pois em toda via láctea
Não existe um só planeta
Igual a esse daqui
A galáxia tá em guerra
Paz so existe na terra
A paz começou aqui
Sete Artes e dez mandamentos
Só tem aqui
Cinco sentidos, terra, mar, firmamento
Só tem aqui
Essa coisa de riso e de festa
Só tem aqui
Baticum, ziriguidum, dois mil e um
Só tem aqui
A nave estremeceu, subiu de novo
Deixou um rastro de luz do meio-dia
Entrou de volta nas trevas Foi buscar futuras levas
Pra conhecer o amor e a alegria
A nave quando desceu, desceu no morro
Cheia de ET vestido de Orixá
Vieram pedir socorro
E se deram vez ao morro
Todo o universo vai sambar…
O curupira pirou na cor da branca de neve
Daí o curupira pisou de neve
O curupira parou e se ligou na branquinha
Surrupiou a desbotada da fada e da carochinha
Foi paixão à primeira vista
Foi paixão de segunda mão
Foi paixão com terceiras intenções
Foi paixão a perder de vista
Foi paixão em plena contramão
Foi paixão e as últimas considerações
É que o curupira pirou
O curupira virou o pirão
O curupira pirou de paixão
Era uma vez uma história mal contada
Uma paixão incontrolada, uma virada de visão
Branca de neve, leve cabelo de fogo
Curupira, diabo louro, ta comendo em sua mão
Pro Curupira, dessa vez não foi moleza
Levado na correnteza, naufragou nessa paixão
E hoje em dia nem dá pra reconhecer
Deixou a barba crescer e ???
Sai desce anonimato, Curupira
Não é pra você, menino
Que tem os pés virados, Curupira
Volta pro teu destino
O céu é muito
Para o sol
Alcança só
O que gravita
O tempo é longo
Pra quem fica
A terra gira
Pra nós dois
Um ano é pouco
Pra depois
O mundo é largo
Pra quem fita
A lua é manto
Para o mar
Querer é tanto
Para a vida
A lua é longe
O sol é mais
Por que você
Não acredita?
Ningém me contou
Foi meu mano que viu na marujada
Meu amor botou
O meu nome no pano da jangada
O meu carretel de linha
Ta guardado na gaveta
Venho lá de alagoinha
Linha branca e linha preta
Vou vestida de rainha
De sombrinha violeta
Para ser a pastorinha
Lá da nau catarineta
Meu marujo carapinha
Vai de sabre e baioneta
De uma farda que ele tinha
De capitão de corveta
Ela sai no vassourinha
No bumba toca corneta
Mete o pau na bacurinha
Do pastoril do faceta.
Malucos e donas de casa
Vocês aí na porta do bar
Os cães sem dono, os boiadeiros
As putas Babalorixás…
Os Gênios, os caminhoneiros
Os sem terra e sem teto
Atôres, Maestros, Djs
Os Undergrounds, os Megastars
Os Rolling Stones e o Rei…
Ninguém faz idéia
De quem vem lá!
De quem vem lá!
De quem vem lá!
Ninguém faz idéia
De quem vem lá!…
Ciganas e neo-nazistas
O bruxo, o mago pajé
Os escritores de science fiction
Quem diz e quem nega o que é…
Os que fazem greve de fome
Bandidos, cientistas do espaço
Os prêmios nobel da paz
O Dalai Lama, o Mister Bean
Burros, Intelectuais…
Eu pensei!
Ninguém faz idéia
De quem vem lá!
De quem vem lá!
De quem vem lá!
Ninguém faz idéia
De quem vem lá!…(2x)
Os líderes de última hora
Os que são a bola da vez
Os encanados, divertidos
Os tais que traficam bebês…
O que bebe e passa da conta
Os do cyber espaço
A capa do mês da playboy
O novo membro da academia
E o mito que se auto destrói…
Eu sei!
Ninguém faz idéia
De quem vem lá!
De quem vem lá!
De quem vem lá!
Ninguém faz idéia
De quem vem lá!…
Os duros, os desclassificados
A vanguarda e quem fica prá traz
Os dorme sujos, os emergentes
Os espiões industriais…
Os que catam restos de feira
Milicos piratas da rede
Crianças excepcionais
Os exilados, os executivos
Os clones e os originais…
É a lei!
Ninguém faz idéia
De quem vem lá!
De quem vem lá!
De quem vem lá!
Ninguém faz idéia
De quem vem lá!…(2x)
Os Anjos, os Exterminadores
Os Velhos jogando bilhar
O Vaticano, a CIA
O Boy que controla radar
Anarquista, Mercenários, quem é?
Quem é e quem fabrica notícia
Quem crê na reencarnação
Os Clandestinos, os Ilegais
Os Gays, os Chefes da Nação
Ninguém faz idéia
De quem vem lá…
Hoje eu encontrei a Lua
Antes dela me encontrar
Me lancei pelas estrelas
E brilhei no seu lugar
Derramei minha saudade
E a cidade se acendeu
Por descuido ou por maldade
Você não apareceu
Hoje eu acordei o dia
Antes dele te acordar
Fui a luz da estrela-guia
Pra poder te iluminar
Derramei minha saudade
E a cidade escureceu
Desabei na tempestade
Por um beijo seu
REFRÃO:
Nem a Lua, nem o Sol, nem Eu
Quem podia imaginar
Que o amor fosse um delirio seu
E o meu fosse acreditar
Hoje o Sol não quis o dia
Nem a noite o luar.
Olho na pressão, tá fervendo
Olho na panela
Dinamite é o feijão cozinhando
Dentro do molho dela
A bruxa acendeu o fogo
Se liga, rapaziada
Tem mandinga de cabôco
Mandando nessas parada
Garrafada de serpente
Despacho de cachoeira
Quanto mais o fogo sobe
Mais a panela cheira
Olho na pressão, tá fervendo
Olho na panela
Dinamite é o feijão cozinhando
Dentro do molho dela
A bruxa mexeu o caldo
Se liga aí, ô galera
Tá pingando na mistura
Saliva da besta-fera
Chacina no centro-oeste
E guerrilha na fronteira
Emboscada na avenida
Tiro e queda na ladeira
Mas feitiço é bumerangue
Perseguindo a feiticeira
Eu sou aquele navio
no mar sem rumo e sem dono.
Tenho a miragem do porto
pra reconfortar meu sono,
e flutuar sobre as águas
da maré do abandono
Ê lá no mar
Eu vi uma maravilha.
Vi o rosto de uma ilha
Numa noite de luar
Êta luar
Lumiou meu navio,
Quem vai lá no mar bravio
Não sabe o que vai achar
E sou a ilha deserta
Onde ninguém quer chegar.
Lendo a rota das estrelas,
na imensidão do mar
chorando por um navio
ai, ai, ui, ui
Que passou sem lhe avistar.
Minha cidade
menina dos olhos do mar
dos rios que levam meu coração
do sol que começa a raiar
é por você que eu peço na minha loa
por essa gente tão boa
abre um sorriso e canta
Minha cidade
das vilas, dos manguezais
dos altos e dos coqueiros
da fé que move o futuro
oh, Conceição, Senhora, abençoai
essa cidade que só quer crescer
e ser feliz
Recife eu te dou meu coração…
Recife eu te dou
Olha o Recife
da grande festa popular
dos bravos guerreiros que a história nos deu
dos arranha-céus e sobrados
É pra você
que a gente oferece a loa
por essa terra tão boa
abre a janela e canta
Minha cidade
menina dos olhos do mar
dos mascates, dos mercados
das pontes dos tempos de Holanda
oh, Conceição, senhora, abençoai
o meu Recife que só quer crescer
e ser feliz
Teus bairros mostram a coragem residente
e reflete a luta no olhar
dessa gente humilde que procura vencer
ensina ao Recife e ao mesmo tempo aprender
minha cidade em evidência, silêncio e harmonia
com a beleza da noite e a intensidade do dia
vamos lembrar dos mestres e poetas
vamos lembrar dos que fizeram do Recife
essa festa
vamos lembrar frei caneca, Ascenço Ferreira
Nelson Ferreira, Brennand, Canibal,
Capiba, João Cabral, Chico Science, Josué,
vamos lembrar dos batutas de São José
Mestre Salú, Ariano, Zero Quatro, Roger
daqui do Alto Zé do Pinho, mandando prá você
da Nação Zumbi, Nação Pernambuco,
mangaba, faceta, Faces do Subúrbio…
é o Recife que o povo daqui descobriu
do marco zero para o ano 2000
Recife eu te dou meu coração
meu coração vai nas águas do rio…
Ela é minha delicia
O meu adorno
Janela de retorno
Uma viagem sideral
Ela é minha festa
Meu requinte
A única ouvinte
Da minha radio nacional
Ela é minha sina
O meu cinema
A tela da minha cena
A cerca do meu quintal
Minha meta, minha metade
Minha seta, minha saudade
Minha diva, meu divã
Minha manha, meu amanhã….2x
Ela é minha orgia
Meu quitute
Insaciável apetite
Numa ceia de natal
Ela é minha bela
Meu brinquedo
Minha certeza, meu medo
É meu céu e meu mal
Ela é o meu vício
E dependência
Incansável paciência
E o desfecho final
Minha meta, minha metade
Minha seta, minha saudade
Minha diva, meu divã
Minha manha, meu amanhã….2x
Meu fá, minha fã
A massa e a maçã
Minha diva, meu divã
Minha manha, meu amanhã
Meu lá, minha lã
Minha paga, minha pagã
Meu velar, meu avelã
Amor em Roma, aroma de romã
O sal e o são
O que é certo, o que é sertão
Meu Tao, e meu tão…
Nau de Nassau, minha nação.
Muito do que eu faço
Não penso, me lanço sem compromisso.
Vou no meu compasso
Danço, não canso a ninguém cobiço.
Tudo o que eu te peço
É por tudo que fiz e sei que mereço
Posso, e te confesso.
Você não sabe da missa um terço
Tanto choro e pranto
A vida dando na cara
Não ofereço a face nem sorriso amarelo
Dentro do meu peito uma vontade bigorna
Um desejo martelo
Tanto desencanto
A vida não te perdoa
Tendo tudo contra e nada me transtorna
Dentro do meu peito um desejo martelo
Uma vontade bigorna
Vou certo
De estar no caminho
Desperto.
A leste das montanhas da nação Cherokee
Um índio na motocicleta cruza o deserto
Ao longe o cemitério onde dorme o pai,
Mas ele sabe que seu pai não está ali,
É mais além
Mais além)
A linha que separa
O mar do céu de chumbo
A gaivota caça o peixe radioativo
O náufrago retém a última miragem
E morre como se continuasse vivo
É mais, é mais além
(Mais além)
Um pouco de exagero, não é nada demais
Um olho nas estrelas, outro olho aqui
O astrônomo lunático
Brincando com o sol
Descobre que a distância
Não é mais que um cálculo
É mais, é mais, é mais além
(Mais além)
A lua metafísica na poça de lama,
Ponteiros que disparam
Ao contrário das horas
Hora de saber o que mudou em você,
Que olha no espelho e não vê ninguém
É mais, é mais, é mais, é mais além
(Mais além)
O homem sobre a areia como era no início
Roçando duas pedras, uma em cada mão
Descobre a fagulha
Que incendeia o paraíso
E imaginou que havia inventado Deus
É mais, é mais, é mais, é mais, é mais além
(Mais além)
Moça
Pernas de pinça
Alta
Corpo de lança
Magra
Olhos de corça
Leve
Toda cortiça
Passa
Como que nua
Calma
Finge que voa
Brasa
Chama na areia
Bela
Como eu queria
Magra, leve, calma
Toda ela bela
Tudo nela chama
Segue
Enquanto suspiro
Toda
Cor de tempero
Cheira
Um cheiro tão raro
Clara
Cura o escuro
Ela
Braços de linha
Dengo
Cheio de manha
Durmo
E peço que venha
Acordo
E sonho que é minha
Magra, leve, calma
Toda ela bela
Tudo nela chama
Sou o coração do folclore nordestino
Eu sou Mateus e Bastião do Boi Bumbá
Sou o boneco do Mestre Vitalino
Dançando uma ciranda em Itamaracá
Eu sou um verso de Carlos Pena Filho
Num frevo de Capiba
Ao som da orquestra armorial
Sou Capibaribe
Num livro de João Cabral
Sou mamulengo de São Bento do Una
Vindo no baque solto de Maracatu
Eu sou um auto de Ariano Suassuna
No meio da Feira de Caruaru
Sou Frei Caneca do Pastoril do Faceta
Levando a flor da lira
Pra Nova Jerusalém
Sou Luis Gonzaga
E eu sou mangue também
Eu sou mameluco, sou de Casa Forte
Sou de Pernambuco, sou o Leão do Norte
Sou Macambira de Joaquim Cardoso
Banda de Pife no meio do Canavial
Na noite dos tambores silenciosos
Sou a calunga revelando o Carnaval
Sou a folia que desce lá de Olinda
O homem da meia-noite puxando esse cordão
Sou jangadeiro na festa de Jaboatão
Eu sou mameluco…
Ah! Lavadeira do rio
Muito lençol pra lavar
Fica faltando uma saia
Quando o sabão se acabar
Mas corra pra beira da praia
Veja a espuma brilhar
Ouça o barulho bravio
Das ondas que batem na beira do mar
Ê, ô, o vento soprou
Ê, ô, a folha caiu
Ê, ô, cadê meu amor
Que a noite chegou fazendo frio
Ô, Rita, tu sai da janela
Deixe esse moço passar
Quem não é rica, e é bela
Não pode se descuidar
Ô, Rita tu sai da janela
Que as moças desse lugar
Nem se demora donzela
Nem se destina a casar
Ê, ô, o vento soprou…
Daqui desse momento
Do meu olhar pra fora
O mundo é só miragem
A sombra do futuro
A sobra do passado
A sombra uma paisagem
Quem vai virar o jogo
E transformar a perda
Em nossa recompensa
Quando eu olhar pro lado
Eu quero estar cercado
Só de quem me interessa
Às vezes é um instante
A tarde faz silêncio
O vento sopra ao meu favor
Às vezes eu pressinto
E é como uma saudade
De um tempo que ainda não passou
Me traz o seu sossego
Atrasa o meu relógio
Acalma a minha pressa
Me dá sua palavra
Sussura em meu ouvido
Só o que me interessa
A lógica do vento
O caos do pensamento
A paz na solidão
A órbita do tempo
A pausa do retrato
A voz da intuição
A curva do universo
A fórmula do acaso
O alcance da promessa
O salto do desejo
O agora e o infinito
Só o que me interessa…
Eu vim plantar meu castelo
Naquela serra de lá,
Onde daqui a cem anos
Vai ser uma beira-mar…
Vi a cidade passando,
Rugindo, através de mim…
Cada vida
Era uma batida
Dum imenso tamborim.
Eu era o lugar, ela era a viagem
Cada um era real, cada outro era miragem.
Eu era transparente, era gigante
Eu era a cruza entre o sempre e o instante.
Letras misturadas com metal
E a cidade crescia como um animal,
Em estruturas postiças,
Sobre areias movediças,
Sobre ossadas e carniças,
Sobre o pântano que cobre o sambaqui…
Sobre o país ancestral
Sobre a folha do jornal
Sobre a cama de casal onde eu venci.
Eu vim plantar meu castelo
Naquela serra de lá,
Onde daqui a cem anos
Vai ser uma beira-mar…
A cidade
Passou me lavrando todo…
A cidade
Chegou me passou no rodo…
Passou como um caminhão
Passa através de um segundo
Quando desce a ladeira na banguela…
Veio com luzes e sons.
Com sonhos maus, sonhos bons.
Falava como um camões,
Gemia feito pantera.
Ela era…
Bela… fera.
Desta cidade um dia só restará
O vento que levou meu verso embora…
Mas onde ele estiver, ela estará:
Um será o mundo de dentro,
Será o outro o mundo de fora.
Vi a cidade fervendo
Na emulsão da retina.
Crepitar de vida ardendo,
Mariposa e lamparina.
A cidade ensurdecia,
Rugia como um incêndio,
Era veneno e vacina…
Eu vim plantar meu castelo
Naquela serra de lá,
Onde daqui a cem anos
Vai ser uma beira-mar…
Eu pairava no ar, e olhava a cidade
Passando veloz lá embaixo de mim.
Eram dez milhões de mentes,
Dez milhões de inconscientes,
Se misturam… viram entes…
Os quais conduzem as gentes
Como se fossem correntes
Dum rio que não tem fim.
Esse ruído
São os séculos pingando…
E as cidades crescendo e se cruzando
Como círculos na água da lagoa.
E eu vi nuvens de poeira
E vi uma tribo inteira
Fugindo em toda carreira
Pisando em roça e fogueira
Ganhando uma ribanceira…
E a cidade vinha vindo,
A cidade vinha andando,
A cidade intumescendo:
Crescendo… se aproximando.
Eu vim plantar meu castelo
Naquela serra de lá,
Onde daqui a cem anos
Vai ser uma beira-mar…
Tanto faz se é pirata ou rei
O reinado de um rei
Nas mãos de um pirata de lei
Se apaga
Tanto faz se rei ou pirata
A nau de um pirata
Nas mãos de um rei de lata
Se afoga…
Tanto faz se o rei pirateou
Eu tô lá e lô
Tanto faz se o pirata reinou
Eu tô de lá e lô
Mangueira, Ilê Aiê e viva o baticum
Quando a Padre Miguel encontra com Olodum
Caymmi com Noel, no Tom maior Jobim
A Penha, a Candelária, o Senhor do Bonfim
Irmão São Salvador e São Sebastião
Tamborim, berimbau na marcação
Pontal do Arpoador, final de Itapoã
Meninos do Pelô, da Flor do Amanhã
Diga aí, diga lá
Você já foi à Bahia, nega? Não? Então vá
Diga lá, diga aí
Você já foi até o Rio, nego? Não? Tem que ir
Rocinha faz parelha lá com Curuzu
Centelha, luz, axé que vem do fundo azul
Do céu, do mar, de Maré até Maricá
No reino de água e sal de mãe Iemanjá
É tanta coisa afim, tanto lá, como cá
Tem Barras, Piedades e Jardim de Alah
São trios e afoxés
Blocos de empolgação
De arranco, negro e branco
Tudo de roldão
Diga aí, diga lá
Você já foi à Bahia, nega? Não? Então vá
Diga lá, diga aí
Você já foi até o Rio, nega? Não? Tem que ir
João, Benjor, Cartola
da Viola, Gil, Velô
Coquejo, Alcyvando
Chico, Ciro, Osmar, Dodô
Geraldos e Ederaldos
Elton, Candeia e Xangô
Rufino, Aldir, Patinhas
da Vila, Ismael, Melô
Monsueto e Batatinha
Silas, Ciata e Sinhô
Salve Mãe Menininha
Clementina voz da cor
Alô, Carlos Cachaça “pedra noventa”, falou…
falei: Rio e Bahia…simpatia é quase amor…
Diga aí, diga lá…
Jack Soul Brasileiro
E que som do pandeiro
É certeiro e tem direção
Já que subi nesse ringue
E o país do swing
É o país da contradição…
Eu canto pro rei da levada
Na lei da embolada
Na língua da percussão
A dança mugango dengo
A ginga do mamolengo
Charme dessa nação…
Quem foi?
Que fez o samba embolar?
Quem foi?
Que fez o coco sambar?
Quem foi?
Que fez a ema gemer na boa?
Quem foi?
Que fez do coco um cocar?
Quem foi?
Que deixou um oco no lugar?
Quem foi?
Que fez do sapo
Cantor de lagoa?…
E diz aí Tião!
Tião! Oi!
Foste? Fui!
Compraste? Comprei!
Pagaste? Paguei!
Me diz quanto foi?
Foi 500 reais
Me diz quanto foi?
Foi 500 reais
Olha Tião!
Oi!
Foste? Fui!
Compraste? Comprei!
Pagaste? Paguei!
Me diz quanto foi?
Foi 500 reais
Me diz quanto foi?
E foi 500 reais…
Jack Soul Brasileiro
Do tempero, do batuque
Do truque, do picadeiro
E do pandeiro, e do repique
Do pique do funk rock
Do toque da platinela
Do samba na passarela
Dessa alma brasileira
Eu despencando da ladeira
Na zueira da banguela
Nessa alma brasileira
Eu despecando da ladeira
Na zueira da banguela…(2x)
Quem foi?
Que fez o samba embolar?
Quem foi?
Que fez o coco sambar?
Quem foi?
Que fez a ema gemer na boa?
Quem foi?
Que fez do coco um cocar?
Quem foi?
Que deixou um oco no lugar?
Quem foi?
Que fez do sapo
Cantor de lagoa?…
E diz aí Tião!
Tião! Oi!
Fosse? Fui!
Comprasse? Comprei!
Pagasse? Paguei!
Me diz quanto foi?
Foi 500 réis…
Eu só ponho BEBOP no meu samba
Quando o tio Sam
Pegar no tamborim
Quando ele pegar
No pandeiro e no zabumba
Quando ele entender
Que o samba não é rumba
Aí eu vou misturar
Miami com Copacabana
Chiclete eu misturo com banana
E o meu samba, e o meu samba
Vai ficar assim…
Ah! ema gemeu…(5x)
Aaaaah ema gemeu!
É bonito se ver na beira da praia
A gandaia das ondas que o barco balança
Batendo na areia, molhando os cocares dos coqueiros
Como guerreiros na dança
Oooh, quem não viu vai ver(4x)
A onda do mar crescer
Olha que brisa é essa
Que atravessa a imensidão do mar
Rezo, paguei promessa
E fui a pé daqui até Dakar
Praia, pedra e areia
Boto e sereia
Os olhos de Iemanjá
Água, mágoa do mundo
Por um segundo
Achei que estava lá
Olha que luz é essa
Que abre caminho pelo chão do mar
Lua, onde começa
E onde termina
O tempo de sonhar
Praia, pedra e areia
Boto e sereia
Os olhos de Iemanjá
Água, mágoa do mundo
Por um segundo
Achei que estava lá
Eu tava na beira da praia
Ouvindo as pancadas das ondas do mar
Não vá, oooh, morena
Morena lá
Que no mar tem areia
Meu bem meu menino
Me dê o seu sorriso
A sua gargalhada escancarada
Me empreste seus pés morenos.
Coberto de sol
Veloz sobre o areal
Em corrida descalça descarada
Rei da praia herói sem igual
Me devolva meu coco
Seu moleque bonitinho
Me dê a sua bochecha
Pra eu lhe pôr um beijinho
Não ria de mim
Ria para mim.
Quer comer?
Quero!
Farofa com arroz
Batata com feijão
Vai jiboiar três dia inteirinho.
Tu vai inté a cidade
E eu vou também
Tu vai com a praia
Eu vou com ninguém
Quem chegar primeiro
Tem direito um pedido
Tu quer uma flor
Eu quero um vestido.
Não ria de mim
Ria para mim
Quer comer?
Quero!
Farofa com arroz
Batata com feijão
Vai jiboiar três dia inteirinho.
Meu bem meu menino
Me dê o seu sorriso
Essa sua risada encantada
Seus saltos mortais salgados.
Porta voz, bandeira
Liberdade geral
Flor de areia voando sem parar
Rei da praia
Veloz e sem mal.
O que se abre aberto
Se aproxima perto
Pra esvaziar o já deserto
Desorienta o incerto
Ruma sem trajeto
Nunca existiu mas eu deleto
Querer sem objeto
Voz sem alfabeto
Enchendo um corpo já repleto
O excesso, o exceto
O etcétera e todo resto
Do chão ao céu, da boca ao reto
Eu só eu
No meu vazio
Se não morreu
Nem existiu
Só eu só
No meu pavio
Futuro pó
Que me pariu
Era um menino com o destino
Do mundo nas mãos
Olhos no dilúvio
E os dedos num violão…
Dançam cordilheiras
Ondeando, ofegando no ar
Roda, minha vida
Se eu quiser
Posso abrir um mar…
E eu irei
Em qualquer direção
E voltarei
Eu sou meu guia
Eu sou meu guia…
Parto com a lua
Derramada no espelho do mar
Cartas de um futuro
Tenho o mundo prá se revelar…
Era o outro lado do sol
E um perfume
De fruta e de flor
Roda, minha vida
Nas trapaças do Criador…
E eu irei
Em qualquer direção
E voltarei
Eu sou meu guia
Eu sou meu guia…
Quando o sol vem brilhar
E um resto de estrela
Da noite clareia a manhã
Terra e sol, vento e mar
O segredo que eu trago
Guardado no meu talismã…
No meu talismã!
No meu talismã!…
Era um menino
Com o destino
Do mundo nas mãos
Olhos no dilúvio
E os dedos num violão…
Era o outro lado do sol
E um perfume
De fruta e de flor
Roda, minha vida
Nas trapaças do Criador…
Fui até o outro dia
Dia! Dia! Dia!…
“Meu mal, minha mão
O que é nal e o que é não?
Meu pau, e meu pão
Santo Graal, e meu grão”…
Rússia brazuca
Brasa sivuca
Baiões na neve
Acordeonde
Terras do longe
Sertões Kiev
Caymminino
Singra sozinho
O alto mar negro
E os pescadores
Versejadores
Ouvem arpejos
Arpões não ferem
Lapões não querem
Mais ventania
Param no porto
Cantam me coro
Sua baía
O resultado
Não poderia
Ser diferente
Todo ligado
Luz, sinergia
Canções da gente
Gente dispersa
Gente diversa
Almas parentes
Rumos incertos
Perto, por certo
Seres viventes
O mar de vagas
Invade o volga
E enquanto isso
Faz-se a enchente
E o encantamento
Joga o caniço
Isso ou aquilo
Tudo é o mesmo
Muda é o estilo
Uiva a raposa
Canta a cigarra
Rebate o grilo
Muda é o estilo
Tudo é o mesmo
Isso ou aquilo
Rebate a raposa
Uiva a cigarra
Canta o grilo.
Rebenta na Febem rebelião
um vem com um refém e um facão
a mãe aflita grita logo: não!
e gruda as mãos na grade do portão
aqui no caos total do cu do mundo cão
tal a pobreza, tal a podridão
que assim nosso destino e direção
são um enigma, uma interrogação
Ecos do ão
e, se nos cabe apenas decepção,
colapso, lapso, rapto, corrupção?
e mais desgraça, mais degradação?
concentração, má distribuição?
então a nossa contribuição
não é senão canção, consolação?
não haverá então mais solução?
não, não, não, não, não…
Ecos do ão
pra transcender a densa dimensão
da mágoa imensa então, somente então
passar além da dor da condição
de inferno e céu nossa contradição
nós temos que fazer com precisão
entre projeto e sonho a distinção
para sonhar enfim sem ilusão
o sonho luminoso da razão
Ecos do ão
e se nos cabe só humilhação
impossibilidade de ascensão
um sentimento de desilusão
e fantasias de compensação
e é só ruina, tudo em construção
e a vasta selva, só devastação
não haverá então mais salvação?
não, não, não, não, não…
Ecos do ão
porque não somos só intuição
nem só pé-de-chinelo, pé no chão
nós temos violência e perversão
mas temos o talento e a invenção
desejos de beleza em profusão
ideias na cabeça, coração
a singeleza e a sofisticação
o choro, a bossa, o samba e o violão
Ecos do ão
mas, se nós temos planos, e eles são
o fim da fome e da difamação
por que não pô-los logo em ação?
tal seja agora a inauguração
da nova nossa civilização
tão singular igual ao nosso ão
e sejam belos, livres, luminosos
os nossos sonhos de nação.
Ecos do ão
Ecos do ão
Daqui desse momento
Do meu olhar pra fora
O mundo é só miragem
A sombra do futuro
A sobra do passado
Assombram a paisagem.
Quem vai virar o jogo
E transformar a perda
Em nossa recompensa
Quando eu olhar pro lado
Eu quero estar cercado
Só de quem me interessa.
Às vezes é um instante
A tarde faz silêncio
O vento sopra a meu favor
Às vezes eu pressinto e é como uma saudade
De um tempo que ainda não passou
Me traz o seu sossego
Atrasa o meu relógio
Acalma a minha pressa
Me dá sua palavra
Sussurra em meu ouvido
Só o que me interessa.
A lógica do vento
O caos do pensamento
A paz na solidão
A órbita do tempo
A pausa do retrato
A voz da intuição
A curva do universo
A fórmula do acaso
O alcance da promessa
O salto do desejo
O agora e o infinito
Só o que me interessa.
Éramos uma pá de apocalípticos,
De meros hippies, com um falso alarme…
Economistas, médicos, políticos
Apenas nos tratavam com escárnio.
Nossas visões se revelaram válidas,
E eles se calaram mas é tarde.
As noites tão ficando meio cálidas…
E um mato grosso em chamas longe arde
O verde em cinzas se converte logo, logo…
É fogo! é fogo!
Éramos uns poetas loucos, místicos
Éramos tudo o que não era são;
Agora são com dados estatísticos
Os cientistas que nos dão razão.
De que valeu, em suma, a suma lógica
Do máximo consumo de hoje em dia,
Duma bárbara marcha tecnológica
E da fé cega na tecnologia?
Há só um sentimento que é de dó e de
Malogro…
É fogo… é fogo…
Doce morada bela, rica e única,
Dilapidada só como se fôsseis
A mina da fortuna econômica,
A fonte eterna de energias fósseis,
O que será, com mais alguns graus celsius,
De um rio, uma baía ou um recife,
Ou um ilhéu ao léu clamando aos céus, se os
Mares subirem muito, em tenerife?
E dos sem-água, o que será de cada súplica,
De cada rogo
É fogo… é fogo…
Em tanta parte, do ártico à antártida
Deixamos nossa marca no planeta:
Aliviemos já a pior parte da
Tragédia anunciada com trombeta.
O estrago vai ser pago pela gente toda;
É foda! é fogo!…
É a vida em jogo!
A curiosidade de saber
O que me prende?
O que me paralisa?
Serão dois olhos
Negros como os teus
Que me farão cruzar a divisa…
É como se eu fosse pr’um Vietnã
Lutar por algo que não será meu
A curiosidade de saber
Quem é você?…
Dois olhos negros!
Dois olhos negros!
Queria ter coragem de te falar
Mas qual seria o idioma?
Congelado em meu próprio frio
Um pobre coração em chamas…
É como se eu fosse um colegial
Diante da equação
O quadro, o giz
A curiosidade do aprendiz
Diante de você…
Dois olhos negros!
Dois olhos negros!
O ocultismo, o vampirismo
O voodoo
O ritual, a dança da chuva
A ponta do alfinete, o corpo nú
Os vários olhos da Medusa…
É como se estivéssemos ali
Durante os séculos fazendo amor
É como se a vida terminasse ali
No fim do corredor…
Dois olhos negros!
Dois olhos negros!
Dois olhos negros!
Dois olhos negros!
Somos Somente a fotografia.
Dois navegantes perdidos no cais
Distantes demais
Somos instantes, palavras, poesia
Dois delirantes ficando reais
Distantes demais
Noites de sol, loucos de amar,
Quem poderia nos alcançar.
Eu e você, sem perceber,
Fomos ficando iguais,
Longe,
Distantes demais
Eu só penso em você
Depois que eu penso em mim
E eu penso tanto em nós dois
Sei que é de cada um
E acho até comum
Pensar assim de nós dois
Vai que a gente pensa igual
E acho isso normal
O igual da diferença
Cada um, todo ser
Tem sua crença
Eu só penso em você
Depois eu penso em mim
E eu me confundo em nós dois
Sei quando viramos um
E aparece um
Que se mistura em nos dois
Vem não há o que pensar
Melhor achar normal
Viver a diferença
Pensa não, deixa assim,
Que a vida pensa
Tanto por viver, tento não jogar
Pra baixo do tapete essa poeira.
Tonto de você tento não pensar besteira.
Tanto por você, para o nosso bem
Às vezes fica um com e o outro sem
Seja como for somos nós e mais ninguém
O que eu quero de você
E você quer de mim
Nós decidimos depois
Eu só penso em você
E tenho aqui pra mim
Que você pensa em nós dois
O contra o encontro a contração
A era o eros a erosão
A fera a fúria o furacão
O como o cosmo a comunhão
A comunhão
O pré a prece a procissão
O pós o póstumo a possessão
A cor a corte a curtição
Amor a morte a continuação
A continuação
De toda terra em que anda
O mar só dança ciranda
Na ilha de itamaracá
E quando o mar cirandeia
Eu cirandeio na areia
Eu cirandeio no mar
Achei na praia um marisco
Com a letra do nome dela
Do lado eu fiz um rabisco
Botando a minha chancela
Tirei da palhoça uma palha
Fiz um cordão de palmeira
Fiz do marisco a medalha
Pro colo da cirandeira
Entrei na roda da sorte
Brinquei de roda com ela
A moça é de casa forte
Eu sou de casa amarela
Mas foi na casa de lia
Numa ciranda praieira
Que eu vi minha estrela-guia
Nos olhos da cirandeira
Lá
Onde o mar bebe o Capibaribe
Coroado leão
Caribenha nação
Longe do Caribe.
Tuaregue Nagô
É a festa dos negros coroados
Num batuque que abala o firmamento;
É a sombra dos séculos guardados
É o rosto do girassol dos ventos.
É a chuva, o roncar de cachoeiras,
Na floresta onde o tempo toma impulso,
É a forca que doma a terra inteira
As bandeiras de fogo do crepúsculo.
Quando o grego cruzou Gibraltar
Onde o negro também navegou,
Beduíno saiu de Dacar
E o Viking no mar se atirou.
Uma ilha no meio do mar
Era a rota do navegador,
Fortaleza, taberna e pomar,
Num país tuaregue e nagô.
É o brilho dos trilhos que suportam
O gemido de mil canaviais;
Estandarte em veludo e pedrarias
Batuqueiro, coração dos carnavais.
É o frevo, a jogar pernas e braços
No alarido de um povo a se inventar;
É o conjuro de ritos e mistérios
É um vulto ancestral de além-mar.
Quando o grego cruzou Gibraltar
Onde o negro também navegou,
Beduíno saiu de Dacar
E o Viking no mar se atirou.
Era o porto para quem procurava
O país onde o sol vai se pôr
E o seu povo no céu batizava
As estrelas ao sul do Equador.
Bate tantã, tambor
Bate pé no andor
Vamos bater perna
Vamos bota mais fé
É ou então não é
Que a vida é eterna
Vamos batê cabeça
Mexer cabaça
Sonar no oco do babaçu
Luz pra quem bebe auasca
Quem masca coca
Quem bebe e masca em Machu Picchu
Vez pra quem sofre e chora
Quem tá na escória
Quem tá por fora e dentro do Iglu
Som no tarol, na caixa
Sensor da malta caribantu
Lá no sertão
Cabra macho não ajoelha
Nem faz parelha
Com quem é de traição
Puxa o facão, risca o chão
Que sai centelha
Porque tem vez
Que só mesmo a lei do cão…
É Lamp, é Lamp, é Lamp
É Lampião
Meu candeeiro encantado
Meu candeeiro encantado…
Enquanto a faca não sai
Toda vermelha
A cabroeira
Não dá sossego não
Revira bucho
Estripa corno, corta orelha
Quem nem já fez
Virgulino, o Capitão…
É Lamp, é Lamp, é Lamp
É Lampião
Meu candeeiro encantado
Meu candeeiro encantado…
Já foi-se o tempo
Do fuzil papo amarelo
Prá se bater
Com poder lá do sertão
Mas lampião disse
Que contra o flagelo
Tem que lutar
Comparabelo na mão…
É Lamp, é Lamp, é Lamp
É Lampião
Meu candeeiro encantado
Meu candeeiro encantado
Meu candeeiro encantado…
Falta o cristão
Aprender com São Francisco
Falta tratar
O nordeste como o sul
Falta outra vez
Lampião, trovão, corisco
Falta feijão
Invés de mandacaru
Falei!…
Falta a nação
Acender seu candeeiro
Faltam chegar
Mais Gonzagas lá de Exú
Falta o Brasil
De Jackson do Pandeiro
Maculêlê, Carimbó
Maracatu…
É Lamp, é Lamp, é Lamp
É Lampião
Meu candeeiro encantado
Meu candeeiro encantado
Meu candeeiro encantado…
Chegou, chegou…
A nossa tribo é o tambor que acorda o carnaval
bebeu, sorriu, cantou…
e organizou o cartel do alto-astral
você que nada e não morre na praia
você que é da gandaia, me diz,
você que é do prazer, abra os seus olhos pra ver
o lado iluminado do país
o Rio de Janeiro continua rindo
é fevereiro e o Suvaco tá na rua
Até o Cristo lá do alto vem seguindo
abraçando o sol, até beijar a lua
aqui qualquer tostão faz uma festa
aqui, qualquer maluco é cidadão
aqui já tá tão bom, se melhorar não presta
só falta consertar o resto da nação
Valeu lavar o verde e o amarelo
Valeu atravessar noventa e dois
Me beija, me dá um gole de cerveja
e o resto deixa pra depois
É bundalelê, é bundalalá
vou no vácuo do Suvaco
até onde me levar
É bundalelê, é bundalalá
juntei a tribo
e tô aqui pra anunciar
Que o Suvaco chegou…
Andei pra chegar tão longe
Daqui de longe eu olhei pra tras
E foi como ver distante
Eu atravessando os meus temporais
Ouvi Anna me chamando
Disse se eu não fosse eu não ia mais
Eu vi o que a gente fez pra chegar aqui
E o que a gente faz
Eu e Anna
Anna e eu
Sonhei muito diferente
Eu bati de frente, corri atrás
E foi como se eu soubesse
Inverter o tempo e arriscar bem mais
Eu vi que era o meu destino
Eu me vi menino
Em outros que fiz, andei pra chegar mais longe
E de lá de longe me ver feliz
Andei pra valer a pena
Olhei pra trás pro que é meu
Nosso passado me acena pelo que foi já valeu.
Alzira bebendo vodka defronte da Torre Malakof
Descobre que o chão do Recife afunda um milímetro a cada gole
Alzira na Rua do Hospício, no meio do asfalto, fez um jardim
Em que paraíso distante, Alzira, ela espera por mim?
Em que paraíso distante, Alzira, ela espera por mim?
(Hei hei hei)
Alzira Ô (Alzira Ô)
Alzira Ô (Alzira Ô)
Alzira Ô (Alzira Ô)
Alzira Ô (Alzira Ô)
Alzira virada pra Lua, rezando na igreja de são ninguém
Se o mundo for só de mentira, só ela acredita que existe além
Que existe outra natureza que venha ocupar o lugar do fim
Em que paraíso distante, Alzira, ela espera por mim?
Em que paraíso distante, Alzira, ela espera por mim?
(Hei hei hei)
Alzira Ô (Alzira Ô)
Alzira Ô (Alzira Ô)
Alzira Ô (Alzira Ô)
Alzira Ô, Alzira Ô, Alzira Ô, Alzira Ô…
É, Alzira zerou seu futuro se escondeu no escuro do furacão
Se a gente vê só alegria só ela antevia a revolução
O mar derrubando o dique, invadindo a cidade enfim
Em que paraíso distante, Alzira, ela espera por mim?
Em que paraíso distante, Alzira, ela espera por mim?
(Hei hei hei)
Alzira Ô (Alzira Ô)
Alzira Ô (Alzira Ô)
Alzira Ô (Alzira Ô)
Alzira Ô (Alzira Ô)
Alzira Ô, Alzira Ô…
Deu raposa na cabeça
Deu bicho no pé do samba
Deu federa na muamba
Deu surfista na central
Deu entulho no canal
E no jornal deu a notícia
Que no cofre da polícia
Muita prova se escondeu
Estranho! Bizarro!
Tudo isso aconteceu,
Acredite, ou não… Inesperado!
Normal só tem você e eu
Metaleiros no Maraca
Japonês na Apoteose
Caretice no Panaca
Overdose no esperto
Tempestade no deserto
Maremoto na piscina
Rififi na Palestina
Bangue-bangue no Borel
Estranho! Bizarro!
Tudo isso aconteceu,
Acredite, ou não… Inesperado!
Normal só tem você e eu
Quando o mar não tá pra peixe
Jacaré vai de canoa
Quando a banda não é boa
Vai play-back e tudo bem
Nesta vida sempre tem
Uma surpresa de emboscada
Muita carta foi marcada
E muito jogo se perdeu
Estranho! Bizarro!
Tudo isso aconteceu,
Acredite, ou não… Inesperado!
Normal só tem você e eu
Dexa que digam, que pensem
que falem
Dexa isso pra lá vem pra cá
o que que tem
Eu não to fazendo nada
você também
Faz mal bater um papo assim
gostoso com alguém
Estranho! Bizarro!
Tudo isso aconteceu,
Acredite, ou não… Inesperado!
Normal só tem você e eu
Ó meu senhor de poderosos braços
Todos os mundos e o seus semi-deuses
Vendo teus braços, teus rostos, teus olhos, teus ventres, tuas cochas, teus dentes terríveis
Se apavora…
Eu também…
Quando eu te vejo Vishnu oni presente…
Enchendo o céu com cores radiantes
O teu olhar flameja
E as bocas escancaradas
Fico amedrontado… amedrontado
Não consigo manter a mente firme
Perco todo meu discernimento
Perco todo meu discernimento
Meu discernimento
Deus dos deuses, protetor do mundo
Por favor, dá-me a tua urgencia
Não posso manter meu equilíbrio
Ao ver teu rostos tão resplandecentes
Como se fosse…
As visões da morte com seus dentes terríveis rangendo
Perdi completamente a direção
Perdi completamente a direção
Nenhum aquário é maior do que o mar
Mas o mar espelhado em seus olhos
Maior, me causa um efeito
De concha no ouvido, barulho de mar
Pipoco de onda, ribombo de espuma e sal
Nenhuma taça me mata a sede
Mas o sarrabulho me embriaga
Mergulho na onda vaga
Eu caio na rede
Não tem quem não caia
Às vezes eu penso que sai dos teus olhos o feixe
De raio que controla a onda cerebral do peixe
Nenhuma rede é maior do que o mar
Nem quando ultrapassa o tamanho da Terra
Nem quando ela acerta, nem quando ela erra
Nem quando ela envolve todo o planeta
Explode, devolve pro seu olhar
O tanto de tudo que eu tô pra te dar
Se a rede é maior do que o meu amor
Não tem quem me prove
Às vezes eu penso que sai dos teus olhos o feixe
De raio que controla a onda cerebral do peixe
Se a rede é maior do que o meu amor, não tem quem me prove
Eu caio na rede, não tem quem não caia…..
Como é que faz pra lavar a roupa?
Vai na fonte, vai na fonte
Como é que faz pra raiar o dia?
No horizonte, no horizonte
Este lugar é uma maravilha
Mas como é que faz pra sair da ilha?
Pela ponte, pela ponte
A ponte não é de concreto, não é de ferro
Não é de cimento
A ponte é até onde vai o meu pensamento
A ponte não é para ir nem pra voltar
A ponte é somente pra atravessar
Caminhar sobre as águas desse momento
A ponte nem tem que sair do lugar
Aponte pra onde quiser
A ponte é o abraço do braço do mar
Com a mão da maré
A ponte não é para ir nem pra voltar
A ponte é somente pra atravessar
Caminhar sobre as águas desse momento
Nagô, nagô, na Golden Gate
Entreguei-te
Meu peito jorrando meu leite
Atrás do retrato-postal fiz um bilhete
No primeiro avião mandei-te
Coração dilacerado
De lá pra cá sem pernoite
De passaporte rasgado
Sem ter nada que me ajeite
Nagô, nagê, na Golden Gate
Coqueiros varam varandas no Empire State
Aceite
Minha canção hemisférica
A minha voz na voz da América
Cantei-te, ah
Amei-te
Cantei-te, ah
Amei-te
A mancha vem comendo pela beira
O óleo já tomou a cabeceira do rio
E avança
A mancha que vazou do casco do navio
Colando as asas da ave praieira
A mancha vem vindo
Vem mais rápido que lancha
Afogando peixe, encalhando prancha
A mancha que mancha,
Que mancha de óleo e vergonha
Que mancha a jangada, que mancha a areia
Negra praia brasileira
Onde a morena gestante
Filha do pescador
Derrama lágrimas negras
Vigiando o horizonte
Esperando o seu amor
La mancha
La mancha viene poco a poco por la orilla
El fuel ya está en la cabecera del río
Y avanza
La mancha que se vertió del casco del navío
Pegando las alas del ave de playa
La mancha está llegando
Viene más rápido que una lancha
Ahogando peces, encallando planchas
La mancha que mancha,
Que mancha de fuel y vergüenza
Que mancha la balsa, que mancha la arena
Negra playa brasileña
Donde la morena gestante
Hija del pescador
Derrama lágrimas negras
Vigilando el horizonte
Esperando a su amor
Eu não alimento nada duvidoso
Eu não dou de comer a cachorro raivoso
Eu não morro de raiva
Eu não mordo no nervo dormente
Eu posso até não achar o seu coração
E talvez esquecer o porquê da missão
Que me faz nessa hora aqui presente
E se a minha balada na hora h
Atirar para o alvo cegamente
Ela é pontiaguda
Ela tem direção
Ela fere rente
Ela é surda, ela é muda
A minha bala, ela fere rente
Eu não alimento nenhuma ilusão
Eu não sou como o meu semelhante
Eu não quero entender
Não preciso entender sua mente
Sou somente uma alma em tentação
Em rota de colisão
Deslocada, estranha e aqui presente
E se a minha balada na hora então
Errar o alvo na minha frente
Ela é cega, ela é burra
Ela é explosão
Ela fere rente
Ela vai, ela fica
A minha bala ela fere rente
A onda ainda quebra na praia,
Espumas se misturam com o vento.
No dia em que ocê foi embora,
Eu fiquei sentindo saudades do que não foi
Lembrando até do que eu não vivi
pensando nós dois.
Eu lembro a concha em seu ouvido,
Trazendo o barulho do mar na areia.
No dia em que ocê foi embora,
Eu fiquei sozinho olhando o sol morrer
Por entre as ruínas de santa cruz lembrando nós dois
Os edifícios abandonados,
As estradas sem ninguém,
Óleo queimado, as vigas na areia,
A lua nascendo por entre os fios dos teus cabelos,
Por entre os dedos da minha mão passaram certezas e dúvidas
Pois no dia em que ocê foi embora,
Eu fiquei sozinho no mundo, sem ter ninguém,
O último homem no dia em que o sol morreu
Tienen miedo del amor y no saber amar
Tienem miedo de la sombra y miedo de la luz
Tienem miedo de pedir y miedo de callar
Miedo que da miedo del miedo que da
Tienem miedo de subir y miedo de bajar
Tienem miedo de la noche y miedo del azul
Tienem miedo de escupir y miedo de aguantar
Miedo que da miedo del miedo que da
El miedo es una sombra que el temor no esquiva
El miedo es una trampa que atrapó al amor
El miedo es la palanca que apagó la vida
El miedo es una grieta que agrandó el dolor
Tenho medo de gente e de solidão
Tenho medo da vida e medo de morrer
Tenho medo de ficar e medo de escapulir
Medo que dá medo do medo que dá
Tenho medo de acender e medo de apagar
Tenho medo de esperar e medo de partir
Tenho medo de correr e medo de cair
Medo que dá medo do medo que dá
O medo é uma linha que separa o mundo
O medo é uma casa aonde ninguém vai
O medo é como un laço que se aperta em nós
O medo é uma força que não me deixa andar
Tienem miedo de reir y miedo de llorar
Tienem miedo de encontrarse y miedo de no ser
Tienem miedo de decir y miedo de escuchar
Miedo que da miedo del miedo que da
Tenho medo de parar e medo de avançar
Tenho medo de amarrar e medo de quebrar
Tenho medo de exigir e medo de deixar
Medo que dá medo do medo que dá
O medo é uma sombra que o temor não desvia
O medo é uma armadilha que pegou o amor
O medo é uma chave, que apagou a vida
O medo é uma brecha que fez crescer a dor
El miedo es una raya que separa el mundo
El miedo es una casa donde nadie va
El miedo es como un lazo que se apierta en nudo
El miedo es una fuerza que me impide andar
Medo de olhar no fundo
Medo de dobrar a esquina
Medo de ficar no escuro
De passar em branco, de cruzar a linha
Medo de se achar sozinho
De perder a rédea, a pose e o prumo
Medo de pedir arrego, medo de vagar sem rumo
Medo estampado na cara ou escondido no porão
O medo circulando nas veias
Ou em rota de colisão
O medo é do Deus ou do demo
É ordem ou é confusão
O medo é medonho, o medo domina
O medo é a medida da indecisão
Medo de fechar a cara
Medo de encarar
Medo de calar a boca
Medo de escutar
Medo de passar a perna
Medo de cair
Medo de fazer de conta
Medo de dormir
Medo de se arrepender
Medo de deixar por fazer
Medo de se amargurar pelo que não se fez
Medo de perder a vez
Medo de fugir da raia na hora H
Medo de morrer na praia depois de beber o mar
Medo… que dá medo do medo que dá
Medo… que dá medo do medo que dá
É como se a gente não soubesse
Pra que lado foi a vida
Por que tanta solidão
E não é a dor que me entristece
É não ter uma saida
Nem medida na paixão
Foi, o amor se foi perdido
Foi tão distraido
Que nem me avisou
Foi, o amor se foi calado
Tão desesperado
Que me machucou
É como se a gente presentisse
Tudo que o amor não disse
Diz agora essa aflição
E ficou o cheiro pelo ar
Ficou o medo de ficar
Vazio demais meu coração
Foi, o amor se foi perdido
Foi tão distraido
Que nem me avisou
Foi, o amor se foi calado
Tão desesperado
Que me maltratou
Não canto mais Babete nem Domingas
Nem Xica nem Tereza, de Ben jor;
Nem Drão nem Flora, do baiano Gil;
Nem Ana nem Luiza, do maior;
Já não homenageio Januária,
Joana, Ana, Bárbara, de Chico;
Nem Yoko, a nipônica de Lennon;
Nem a cabocla, de Tinoco e de Tonico;
Nem a tigreza nem a vera gata
Nem a branquinha, de Caetano;
Nem mesmoa linda flor de Luiz Gonzaga,
Rosinha, do sertão pernambucano;
Nem Risoflora, a flor de Chico Science,
Nenhuma continua nos meus planos.
Nem Kátia Flávia, de Fausto Fawcett;
Nem Anna Júlia do Los Hermanos.
Só você,
Hoje eu canto só você;
Só você,
Que eu quero porque quero, por querer.
Não canto de Melô pérola negra;
De Brown e Hebert, uma brasileira;
De Ari, nem a baiana nem Maria,
Nem a Iaiá também, nem minha faceira;
De Dorival, nem Dora nem Marina
Nem a morena de Itapoã;
Divina garota de Ipanema,
Nem Iracema, de Adoniran.
De Jackson do Pandeiro, nem Cremilda;
De Michael Jackson, nem a Billie Jean;
De Jimi Hendrix, nem a doce Angel;
Nem Ângela nem Lígia, de Jobim;
Nem Lia, Lily Braun nem Beatriz,
Das doze deusas de Edu e Chico;
Até das trinta Leilas de Donato,
E de Layla, de Clapton, eu abdico.
Só você,
Canto e toco só você;
Só você,
Que nem você ninguém mais pode haver.
Nem a namoradinha de um amigo
E nem a amada amante de Roberto;
E nem Michelle-me-belle, do beattle Paul;
Nem Isabel – Bebel – de João Gilberto;
E nem B.B., la femme de Serge Gainsbourg;
Nem, de Totó, na malafemmená;
Nem a Iaiá de Zeca Pagodinho;
Nem a mulata mulatinha de Lalá;
E nem a carioca de Vinícius
E nem a tropicana de Alceu
E nem a escurinha de Geraldo
E nem a pastorinha de Noel
E nem a namorada de Carlinhos
E nem a superstar do Tremendão
E nem a malaguenha de Lecuona
E nem a popozuda do Tigrão
Só você,
Hoje elejo e elogio só você,
Só você,
Que nem você não há nem quem nem quê.
De Haroldo Lobo com Wilson Batista,
De Mário Lago e Ataulfo Alves,
Não canto nem Emília nem Amélia,
Nenhuma tem meus vivas! E meus salves!
E nem Angie, do stone Mick Jagger;
E nem Roxanne, de Sting, do Police;
E nem a mina do mamona Dinho
E nem as mina – pá! – do mano Xiz!
Loira de Hervê e loira do É O Tchan,
Lôra de Gabriel, o Pensador;
Laura de Mercer, Laura de Braguinha,
Laura de Daniel, o trovador;
Ana do Rei e Ana de Djavan,
Ana do outro rei, o do baião
Nenhuma delas hoje cantarei:
Só outra reina no meu coração.
Só você,
Rainha aqui é só você,
Só você,
A musa dentre as musas de A a Z.
Se um dia me surgisse uma moça
Dessas que com seus dotes e seus dons,
Inspira parte dos compositores
Na arte das palavras e dos sons,
Tal como Madallene, de Jacques Brel,
Ou como Madalena, de Martinho;
Ou Mabellene e a sixteen de Chuck Berry,
E a manequim do tímido Paulinho;
Ou como, de Caymmi, a moça prosa
E a musa inspiradora Doralice;
Se me surgisse uma moça dessas.
Confesso que eu talvez não resistisse;
Mas, veja bem, meu bem, minha querida;
Isso seria só por uma vez,
Uma vez só em toda a minha vida!
Ou talvez duas… mas não mais que três…
Só você…
Mais que tudo é só você;
Só você…
As coisas mais queridas você é:
Você pra mim é o sol da minha noite;
É como a rosa, luz de Pixinguinha;
É como a estrela pura aparecida,
A estrela a refulgir, do Poetinha;
Você, ó flor, é como a nuvem calma
No céu da alma de Luiz Vieira;
Você é como a luz do sol da vida
De Steve Wonder, ó minha parceira.
Você é pra mim e o meu amor,
Crescendo como mato em campos vastos,
Mais que a gatinha para Erasmo Carlos;
Mais que a cigana pra Ronaldo bastos;
Mais que a divina dama pra Cartola;
Que a domna pra Ventadorn, Bernart;
Que a honey baby pra Waly Salomão
E a funny valentine pra Lorenz Hart.
Só você,
Mais que tudo e todas, é só você;
Só você,
Que é todas elas juntas num só ser.
Se você quer me seguir
Não é seguro
Você não quer me trancar
Num quarto escuro…
Às vezes parece até
Que a gente deu um nó
Hoje eu quero sair só…
Você não vai me acertar
À queima-roupa
Vem cá, me deixa fugir
Me beija a bôca…
Às vezes parece até
Que a gente deu um nó
Hoje eu quero sair só…
-Não demora eu tô de volta
Vai ver se eu tô lá na esquina
Devo estar!
Já deu minha hora
E eu não posso ficar
A lua me chama
Eu tenho que ir prá rua
A lua me chama
Eu tenho que ir prá rua…
Hoje eu quero sair, só
Hoje eu quero sair, só
Hoje eu quero sair, só…
Hum!
Você não vai me acertar
À queima-roupa, naum!
Vem cá, me deixa fugir
Me beija a bôca…
Às vezes parece até
Que a gente deu um nó
Hoje eu quero sair só…
-Não demora eu tô de volta
Vai ver se eu tô lá na esquina
Devo estar!
Já deu minha hora
E eu não posso ficar
A lua me chama
Eu tenho que ir prá rua
A lua me chama
Eu tenho que ir prá rua
-Vai ver se eu tô lá na esquina
Devo estar!
Já deu minha hora
E eu não posso ficar
A lua me chama
Eu tenho que ir prá rua
A lua me chama, chama…
Hoje eu quero sair, só
Hoje eu quero sair, só
Hoje eu quero sair, só
Hoje eu quero sair, só…
A lua me chama
Eu tenho que ir prá rua
A lua me chama, chama
Eu tenho que ir prá rua…
Hoje eu quero sair, só
Hoje eu quero sair, só
Hoje eu quero sair, só
Hoje eu quero sair, só…
Tá cansada, senta
Se acredita, tenta
Se tá frio, esquenta
Se tá fora, entra
Se pediu, agüenta
Se pediu, agüenta…
Se sujou, cai fora
Se dá pé, namora
Tá doendo, chora
Tá caindo, escora
Não tá bom, melhora
Não tá bom, melhora…
Se aperta, grite
Se tá chato, agite
Se não tem, credite
Se foi falta, apite
Se não é, imite…
Se é do mato, amanse
Trabalhou, descanse
Se tem festa, dance
Se tá longe, alcance
Use sua chance
Use sua chance…
Hê Hô, Hum! Nanananã!
Hê Hô, Hum! Nanananã!
Hê Hô, Hum! Nanananã!
Hê Hô!, Hum!…
Se tá puto, quebre
Ta feliz, requebre
Se venceu, celebre
Se tá velho, alquebre
Corra atrás da lebre
Corra atrás da lebre…
Se perdeu, procure
Se é seu, segure
Se tá mal, se cure
Se é verdade, jure
Quer saber, apure
Quer saber, apure…
Se sobrou, congele
Se não vai, cancele
Se é inocente, apele
Escravo, se rebele
Nunca se atropele…
Se escreveu, remeta
Engrossou, se meta
E quer dever, prometa
Prá moldar, derreta
Não se submeta
Não se submeta…
Hê Hô, Hum! Nanananã!
Hê Hô, Hum! Nanananã!
Hê Hô, Hum! Nanananã!
Hê Hô! Hum!…(2x)
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não pára…
Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara…
Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência…
O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência…
Será que é tempo
Que lhe falta prá perceber?
Será que temos esse tempo
Prá perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara…
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não pára
A vida não pára não…
Será que é tempo
Que lhe falta prá perceber?
Será que temos esse tempo
Prá perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara…
Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não pára
A vida não pára não…
A vida não pára!…
A vida é tão rara!…