Autor: Maria Firmina dos Reis
Seu nome! em repeti-lo a planta, a erva, A fonte, a solidão, o mar, a brisa Meu peito se extasia! Seu nome é meu alento, é-me deleite; Seu nome, se o repito, é dúlia nota De infinda melodia.Seu nome! vejo-o escrito em letras d’ouro No azul sideral à noite quando Medito à beira-mar: E sobre as mansas águas debruçada, Melancólica, e bela eu vejo a lua, Na praia a se mirar.Seu nome! é minha glória, é meu porvir, Minha esperança, e ambição é ele, Meu sonho, meu amor! Seu nome afina as cordas de minh’harpa, Exalta a minha mente, e a embriaga De poético odor.Seu nome! embora vague esta minha alma Em páramos desertos, – ou medite Em bronca solidão: Seu nome é minha idéia – em vão tentara Roubar-mo alguém do peito – em vão – repito, Seu nome é meu condão.Quando baixar benéfico a meu leito, Esse anjo de deus, pálido, e triste Amigo derradeiro. No seu último arcar, no extremo alento, Há de seu nome pronunciar meus lábios, Seu nome todo inteiro!… |
[ CANTOS À BEIRA MAR, São Luís do Maranhão, 1871, pags. 71-72 ]
Maria Firmina dos Reis