Search Results for: Céu

O que aconteceu com os prêmios da MTV?

A MTV Brasil premiava artistas através dos prêmios MTV Video Music Brasil, que foi realizado entre 1995 e 2014. Durante esse período, muitos artistas e bandas foram premiados em diferentes categorias, incluindo melhor artista, melhor banda, melhor clipe, entre outros. Alguns dos artistas e bandas que ganharam prêmios incluem: Atualmente a MTV apresenta o prêmio …

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Poema que aconteceu – Carlos Drummond de Andrade

Nenhum desejo neste domingo Nenhum problema nesta vida O mundo parou de repente Os homens ficaram calados Domingo sem fim nem começo. A mão que escreve este poema Não sabe o que está escrevendo Mas é possível que se soubesse Nem ligasse Carlos Drummond de Andrade Autor: Carlos Drummond de Andrade

Sétimo céu

Eu e vocêNo mundo da lua de melVocê e euVoando no sétimo céuDê no que dêA gente não quer mais pararAconteceuE eu quero de novoQuero vocêAinda que faça chorarQuero vocêSorrindo querendo ficarDá pra sentirO teu coração bater no meuDá pra saberAonde esse amor vai desagüarPois quem tem amorPode rir ou chorar

Um anjo do céu

Um anjo do céuQue trouxe pra mimÉ a mais bonitaA joia perfeita Que é pra eu cuidarQue é pra eu amarGota cristalinaTem toda inocência Vem, ó, meu bemNão chore nãoVou cantar pra vocêVem, ó, meu bemNão chore nãoVou cantar pra você Um anjo do céuQue me escolheuSerei o seu portoGuardião da purezaQue é pra eu …

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Sob o céu sobre o chão

O céuTeto da boca de um planetaem rotaçãoBrilha quando chão tem menos luzmenos tensãoou pra nós dois no São João O chãoTapete extenso dos mistériosdo finitocarrega tudo que apavorao por virtoda razão sem razão Eu vouMe vingar do mundo em seu sorrisolibertaçãocomo se sua boca fosse a luanascente no céuque finda o dia em tentação

Olha pro céu

Olha pro céu, meu amor Vê como ele está lindo Olha praquele balão multicor Como no céu vai sumindo Olha pro céu, meu amor Vê como ele está lindo Olha praquele balão multicor Como no céu vai sumindo Foi numa noite igual a esta Que tu me deste o coração O céu estava assim em …

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Na terra como no céu

Não viemos por teu pranto Nem viemos pra chorar Viemos ao teu encontro E estamos no teu altar Por seguir nosso caminho Que é também teu caminhar Na força do teu carinho Esperamos nos salvar Na terra como no céu No sertão como no mar Nas serras ou na planura Esperamos nos salvar Estando sempre …

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A seca (Naná Vasconcelos, Alceu Valença, Dino Braia e Mércia Rangel)

A seca Nas patas do meu cavalo Galopei do meu sertão Vi a seca, vi a fome Lobisomem e assombração Riacho virou caminho Graveto virou tição E as pedras ardendo em brasa (Repete introdução) Asa Branca na amplidão Riacho virou caminho De pedras ardendo em fogo No poço secou a água Menino morreu sem nome …

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Sob o Mesmo Céu

Sob o mesmo céu Cada cidade é uma aldeia Uma pessoa! Um sonho, uma nação Sob o mesmo céu Meu coração Não tem fronteiras Nem relógio, nem bandeira Só o ritmo De uma canção maior… A gente vem Do tambor do Índio A gente vem de Portugal Vem do batuque negro A gente vem Do …

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Anjo do Céu

Um anjo do céu. Que trouxe pra mim É a mais bonita, a joia perfeita Que é pra eu cuidar Que é pra eu amar Gota cristalina Tem toda inocencia. Vem ó meu bem Não chore não vou cantar pra você Vem ó meu bem Não chore não vou cantar pra você E um anjo …

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Ela Desapareceu

Ela desapareceu como a lua Que vai por trás das nuvens E tudo escureceu como na rua Quando faltam as luzes Não há ninguém Nas calçadas E se não há mais ninguém, é porque Não há ninguém Dele se escondeu Com mil disfarces úteis Tudo se resolveu na areia Onde fazem casa os avestruzes Eu …

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Sol no Céu

Sol no céu Tempo tão bom Movem-se os pés ao sabor do som Na estrada, aqui estou, Você não sabe aonde vou Quando o sol do amanhã libertar todas as cores Eu também liberto o espelho Sol no céu, aqui vou eu… Será que você ainda não me esqueceu? De manhãzinha eu sigo sonhando De …

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Festa no Céu

O leão ia casa Com sua noiva leoa, E São Pedro, pra agrada, Preparou uma festa boa. Mandou logo um telegrama Convidando o bicho macho Que levasse todas dama Que existisse cá por baixo. Pois tinha uma bela mesa E um piano no salão. Findo o baile, por surpresa, No banquete do leão Os bicho …

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Aconteceu

Aconteceu Eu não esperava, mas aconteceu Todo o bem que fiz, se fiz, ela esqueceu Revelando a sua impudência Construí um lar, o lar que ela pedia Exigiu-me coisas que ela não queria É e aconteceu Hoje ela chora tudo o que perdeu E chorando veio me pedir perdão Fica para ela a lição (Solo) …

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A Idade Do Céu

Não somos mais Que uma gota de luz Uma estrela que cai Uma fagulha tão só Na idade do céu… Não somos o Que queríamos ser Somos um breve pulsar Em um silêncio antigo Com a idade do céu… Calma! Tudo está em calma Deixe que o beijo dure Deixe que o tempo cure Deixe …

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Aconteceu

Aconteceu quando a gente não esperava Aconteceu sem um sino pra tocar Aconteceu diferente das histórias Que os romances e a memória Têm costume de contar Aconteceu sem que o chão tivesse estrelas Aconteceu sem um raio de luar O nosso amor foi chegando de mansinho Se espalhou devagarinho Foi ficando até ficar Aconteceu sem …

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Aconteceu

Aconteceu O que aconteceu Foi melhor assim Estava por um fio Estava por um triz Estava já no fim Todo mundo via Que acontecia Pois aconteceu Era o que devia Quando um descaminho Acha o seu desvio Tudo se alivia Foi melhor assim Quando dei por mim Já estava aqui e agora

Cadê você

O tempo vaiO tempo vemA vida passaE eu sem ninguém Cadê você?Que nunca mais apareceu aquiQue não voltou pra me fazer sorrirQue nem ligou Cadê você?Que nunca mais apareceu aquiQue não voltou pra me fazer sorrirEntão, cadê você? Mas não faz malPois eu me caloTá tudo bemEu sempre falo Cadê você?Que nunca mais apareceu aquiQue …

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A Música Brasileira nos Anos 1990

Os anos 90 foram uma época de grande diversidade e evolução na música brasileira, com vários gêneros diferentes se desenvolvendo e ganhando popularidade. Um dos principais gêneros que se destacou nesta década foi o pagode, um estilo musical derivado do samba que incorpora elementos de funk, soul e R&B. O pagode tornou-se muito popular entre …

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História de Chico Buarque

Popularmente conhecido simplesmente como Chico Buarque, Francisco Buarque de Hollanda é um cantor e compositor brasileiro, dramaturgo, escritor e poeta. Chico é mais conhecido por suas músicas, que frequentemente incluíam comentários sociais, econômicos e culturais sobre o país. Buarque, Filho primogênito de Sérgio Buarque de Hollanda, viveu em diversos locais quando criança. Principalmente no Rio …

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É tudo pra ontem

Talvez seja bom partir do finalAfinal, é um ano todo só de sexta-feira trezeCê também podia me ligar de vez em quandoEu ando igual lagarta, triste, sem poder sair Aqui o mantra que nos traz o centroEnquanto lavo um banheiro, uma louça, querendo lavar a almaNa calma da semente que germinaQue eu preciso olhar minhas …

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Amor é isso

Uma alegria de luz, o orgasmo da arteUm sonho, uma ardência na alma, uma dor, uma sorteMais que uma oferta egoísta e possessivaUma canção de ninar em carne vivaUm universo inteiro de prazer no céuA ressonância da paz no coração do seioNobre ilusão do horizonte, da febre sem fimE o som da banda avisando que …

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Tuareg

Na areia branca do deserto escaldanteEle nasceu, cresceu guerreandoCaminhando dia e noiteNo deserto sem errar Pois com muita fé, ele só para pra rezarPois pela direção do sol e das estrelasNo oásis escondido, água ele vai acharPois o homem de véu azul é o prometido de Alá Pois ele é guerreiroEle é bandoleiroAh, ele é …

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Mar e sol

Um SolEu souPara o seu mar, ó meu amor;VocêO mar éPara o meu Sol, para eu me pôr; Me pôrEm você,Me espelhar, me espalhar;Meu SolDe arrebolDeitar no leito de seu mar – E entrar em você,Em você queimar, arder;Em você tremer, em você,Em você morrer, morrer. Um só,Um nóDe fogo e água, terra e céu,A …

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Cicatrizes

Deus conhece a minha históriaSabe tudo que eu passeiSabe a marca que ficou em mimDor que não passavaAchei que nunca ia esquecerAquela marca que ficou em mim A fé diminuía, a dor só aumentavaEu não falava, mas minh’alma só gritavaE não havia nada que me desse paz Foi quando meu Jesus tocou em minha vidaE …

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Lua de mel

Lua-de-melMamam mamãeEu tô em lua-de-melEu tô morandoNum pedaço do céuComo o diabo gosta…(2x) Todo delitoDoce deleiteTodo desfruteTem permissãoTudo que dá prazerTentação!… O dia inteiroNadar no marBanco de areiaImensidão!Tardes desmaiosNossa cançãoDiiiizzz!…. Lua-de-melMamam mamãeEu tô em lua-de-melEu tô morandoNum pedaço do céuComo o diabo gosta…(2x) Todo delitoDoce deleiteTodo desfruteTem permissãoTudo que dá prazerTentação!… O dia inteiroNadar no …

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Pegando fogo

Meu coração amanheceu pegando fogo, fogo, fogoFoi uma morena que passou perto de mimE que me deixou assimMorena boa que passaCom sua graça infernalMexendo com nossa raçaDeixando a gente até malMande chamar o bombeiroPra esse fogo apagarE se ele não vem ligeiroNem cinzas vai encontrar

Luz do sol

Luz do solQue a folha traga e traduzEm verde de novoEm folha, em graça , em vida em força, em luzCéu azul que venha até onde os pésTocam na terra e a terra inspira e exala seus azuisReza, reza o rio ,Córrego pro rio, rio pro marReza correnteza , roça a beira a doura areiaMarcha …

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Da menina, a pipa – Conceição Evaristo

Da menina a pipae a bola da veze quando a sua íntimapele, macia seda, brincavano céu descoberto da ruaum barbante áspero,másculo cerol, cruelrompeu a tênue linhada pipa-borboleta da menina. E quando o papelseda esgarçadada meninaestilhaçou-se entreas pedras da calçadaa menina rolouentre a dore o abandono. E depois, sempre dilacerada,a menina expulsou de siuma boneca ensangüentadaque …

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Do azul, num soneto – Alphonsus de Guimaraens Filho

Verificar o azul nem sempre é puro.Melhor será revê-lo entre as ramadasE os altos frutos de um pomar escuro— Azul de ténues bocas desoladas. Melhor será sonhá-lo em madrugadas,Claro, inconstante azul sempre imaturo,Azul de claridades sufocadasLatejando nas pedras — nascituro. Não este azul, mas outro e dolorido,Evanescente azul que na orvalhadaFicou, pétala ingênua, torturada. Recupero-o, …

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Terceiro canto – Alberto de Oliveira

I Embala-me, balanço da mangueira,Embala-me, que enquanto vou contigo,Contigo venho, o meu pesar esqueço.Rompe a luz da manhã rosada e linda,Tudo desperta. E essa por quem padeço,Lânguida e preguiçosa,Entre brancos lençóis repousa ainda.Embala-me, pendente da mangueira,Na tensa corda, meu balanço amigo!Em claro a noite inteiraPassei, pensando nela. Ah! que formosaEstava ontem à tarde no mirante,Um …

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Aspiração – Alberto de Oliveira

Ser palmeira! existir num píncaro azulado,Vendo as nuvens mais perto e as estrelas em bando;Dar ao sopro do mar o seio perfumado,Ora os leques abrindo, ora os leques fechando; Só de meu cimo, só de meu trono, os rumoresDo dia ouvir, nascendo o primeiro arrebol,E no azul dialogar com o espírito das flores,Que invisível ascende …

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A cancela da estrada – Alberto de Oliveira

Bate a cancela da estradaConstantemente. Cavaleiro, à disparada,Lá vai no cavalo ardente.Cavaleiro em descuidadaMarcha, lá vem indolente. Passa, ondeia levantadaA poeira, toldando o ambiente. Bate a cancela da estradaConstantemente. Bate, e exaspera-se e bradaOu chora contra o batente:(Ninguém lhe ouve na arrastada,Roufenha voz o que sente) — “Minha vida desgraçadaRepouso não me consente;Vivo a bater …

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Samba jazz – Jenyffer Nascimento

Ele gosta de jazzFrequenta cafés e lugares cult.Já leu Morin, Bourdieu e OswaldFã de Glauber como Deus e o Diabo. A Terra em Transa, transe. De tão existencialistaDivagava horas sobreO tal sentido da vida. Ela não.Só queria saber de viver. Criada no sambaNo ruído da cuíca.Frequentava bares, biroscas, botequins.Além das receitas dos remédios de sua …

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Carta aos – Affonso Romano de Sant`Anna

Carta aosMortosAmigos, nadamudouem essência.Os saláriosmal dão para os gastos,as guerras não terminarame há vírus novos e terríveis,embora o avanço da medicina.Volta e meia um vizinhotomba morto por questão de amor.Há filmes interessantes, é verdade,e como sempre, mulheres portentosasnos seduzem com suas bocas e pernas,mas em matéria de amornão inventamos nenhuma posição nova.Alguns cosmonautas ficam no …

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À minha extremosa amiga D. Ana Francisca Cordeiro – Maria Firmina dos Reis

Donzela, tu suspiras – esse pranto, Que vem do coração banhar teu rosto, Esse gemer de lânguido penar, Revela amarga dor – imo desgosto: Amiga… acaso cismas ao luar, Terno segredo de ignoto amor?!… Soltas madeixas desprendidas voam Por sobre os ombros de nevada alvura; Tua fronte pálida os pesares c’roam Como auréola de martírio… pura, Cândida virgem… que abandono o teu? Sonhas acaso com …

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Meditação – Maria Firmina dos Reis

(À minha querida irmã – Amália Augusta dos Reis)     Vejamos pois esta deserta praia, Que a meiga lua a pratear começa, Com seu silêncio se harmoniza esta alma, Que verga ao peso de uma sorte avessa. Oh! meditemos na soidão da terra, Nas vastas ribas deste imenso mar; Ao som do vento, que sussurra triste, Por entre os leques do gentil …

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Dois – Adão Ventura

de pés no chão palmilhei duros eitos movidos a chuva e sol. de pé no chão atravessei frios ghetos de duras cicatrizes. de pés no chão Teodoro, meu avô  envelheceu mansamente as suas mãos escravas. – Adão Ventura, em “Cor da pele”. 5ª ed., Belo Horizonte: Edição do Autor, 1988. Adão Ventura Autor: Adão Ventura

Paisagem – Adalgisa Nery

Restam nos meus olhos Séculos de planícies áridas E o vento ríspido que trouxe as lamentações Das sombras agitadas Sobre os pântanos desconhecidos Distantes estão os caminhos Onde eu encontraria a suprema fraqueza Para vergar os meus joelhos E deitar no pó a minha boca moribunda Invisíveis estão as estrelas Que me levariam a contemplar …

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Autobiografia – Abdias do Nascimento

EITO que ressoa no meu sanguesangue do meu bisavô pinga de tua foicefoice da tua violação ainda corta o grito de minha avó LEITO de sangue negroemudecido no espanto clamor de tragédia não esquecida crime não punido nem perdoadoqueimam minhas entranhasPEITO pesado ao peso da madrugada de chumboorvalho de fel amargoorvalhando os passos de minha mãena oferta compulsória …

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Cemitério Adalgisa – Adalgisa Nery

Moram em mim Fundos de mares, estrelas-d′alva, Ilhas, esqueletos de animais, Nuvens que não couberam no céu, Razões mortas, perdões, condenações, Gestos de amparo incompleto, O desejo do meu sexo E a vontade de atingir a perfeição. Adolescências cortadas, velhices demoradas, Os braços de Abel e as pernas de Caim. Sinto que não moro. Sou morada pelas coisas como a terra das sepulturas É habitada pelos corpos. Moram …

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Estigma – Adalgisa Nery

Não receio que partas para longe, Que faças por fugir, por te livrares Da força da minha voz E da compreensão do meu olhar. Não temo que os mares te levem No bojo dos transatlânticos Nem tampouco me amedronta Que em possantes aviões No céu e na terra, Em todos os seres me encontrarás Cortes …

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A um homem – Adalgisa Nery

Quando numa rocha porosa Cansado te encostares E dela vires surgir a umidade e depois a gota, Pensa, amado meu, com carinho, Que aí esta a minha boca. Se teus olhos ficarem nas praias E vires o mar ensalivando a areia Com alegria pensa amado meu Num corpo feliz Porque é só teu. Se descansares …

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Reflexo – Orides Fontela

O lago em círculocírculo águacéu apreendidoeternidade no tempo– Orides Fontela, do livro “Helianto”, em “Poesia Reunida [1969-1996]”. São Paulo: Cosac Naify; Rio de Janeiro: 7 Letras, 2006, p. 55. Orides Fontela Autor: Orides Fontela

Evocação da rosa – Abdias do Nascimento

(Para Yemanjá – no seu décimo aniversário)Era uma vez uma rosa que não era vegetal nem rosa mineralcarecia até da cor de rosaera uma gata formosanegra amarela e brancosairrequietamente caprichosavestida de suave pêlo multicorBichana terrivelmente amorosados laços dos seus encantosnenhum gato jamais se livrou pelos telhados miava dengosasuspirava a noite inteira seduzindo namoradeiratoda a gataria aoluar da lua alcoviteiraCerto …

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Via dolorosa – Júlia Cortines

Alma, galgando vais o teu Calvário abrupto,Em farrapos, em sangue, em lágrimas, em luto,Por fragas arrastando, em convulsões de dor,O lenho, que te verga ao peso esmagador.Ruge em torno de ti a tempestade; o açoiteDo vento dilacera a cortina da noite.Como um túrbido mar, roto pelo escarcéu,Vês na altura rolar o proceloso céu,E em baixo, …

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Alma solitária – Júlia Cortines

O que sentias era o que ninguém sentia:– O ódio, o amor, a saudade, a revolta tremenda.Não há ninguém que te ame e te console e entenda.Ninguém compartilhou tua funda agonia.A alma que possuir acreditaste, um dia,Indiferente, vai a trilhar outra senda.Do infinito deserto ergueste a tua tendaEm meio à solidão da paisagem vazia…E ora …

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Em vão – Júlia Cortines

É a ilusão, bem vejo: em tua fronte Inda fulge um resplendor de aurora. Tens o mesmo sorriso com que outrora Deliciavas a minha alma insonte. Debalde apontas para além do monte Prainos que a ardência do verão enflora; Asas vibrando pelos céus em fora, Céus sem nuvens, sem raias o horizonte… Esta grandiosa e …

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Soledade – Júlia Cortines

Poeta, dentro de ti, desmesurado e arcano,Ou se cava, ou se empola, ou se espedaça o oceanoDe tua alma, que exala um contínuo clamor,– Brados de imprecações e soluços de dor!Nele canta e suspira a lânguida sereiaDo Amor; a Mágoa geme; a Cólera estrondeia;E a essas vozes se prende a dolorida vozDa Saudade, chorando o …

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Finis – Júlia Cortines

Ouço um surdo, abafado e discorde ruído, Logo após um fragor que pelos ares trona. Qual se dum terremoto o solo sacudido Fosse, em torno de mim tudo se desmorona. O que é feito de vós, altivos monumentos, Que afrontáveis do tempo os inúteis furores, Mergulhando no azul dos largos firmamentos, Mergulhando dos céus nos …

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Canção atual – Jacinta Passos

Plantei meus pés foi aqui amor, neste chão.Não quero a rosa do tempo abertanem o cavalo de nuvemnão quero as tranças de Julieta.Este chão já comeu coisa tanta que eu mesma nem sei,bichopedralixolumemuita cabeça de rei.Muita cidade madura e muito livro da lei.Quanto deus caiu do céu tanto riso neste chão,fala de servo caladopisadosoluço de …

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Cântico de exílio – Jacinta Passos

Estou cansada, Senhor.Minha alma insaciável,a minha alma faminta de beleza,ávida de perfeição,é perseguida pelo teu amor.Puseste dentro dela esta ânsia infinitacujo ardor queima,como a sede que em pleno deserto escaldantepersegue o viajor.Esta angústia, que cresce e que vibra e palpita,nasceu dentro em mimno mesmo divino instanteem que, morrendo a última ilusão,só me restava afinaluma fria …

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Crepúsculo – Jacinta Passos

Vai lentamente agonizando o dia…O poente onde, há pouco, o sol ardia,se tingiu de cor de ouro, luminosa.Tons desmaiados de lilás e rosalistram o puro azul do firmamento– um poema de luz, neste momento.A sombra de mansinho vem caindoe o contorno das coisas, diluindo.Pesa um grande silêncio, enorme e mudo.Desce suavemente sobre tudo,uma bênção dulcíssima …

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Manhã de sol – Jacinta Passos

Dia azul de Maio. Esplendeum sol de ouro no céu que além se estende. Prolongam-se vibrações do arrebolna clara luz desta manhã de sol.O céu ardente,dum azul luminoso e transparente,tem doçura infinita…Um rumor de asas pelo azul palpita,palpita pelo ar.É carícia sonora, a música do mar.O verde risonhodas árvores é lindo como um sonho.A brisa …

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Meu sonho – Jacinta Passos

O meu sonhomais risonhoé suave e pequeninoresumindo entretanto o meu destino.É de cor azul escuracomo o mar que longe choraÉ cor de infinito e de ânsiacor do céu, cor do mar, cor de distância.Tem a leve suavidadeda saudade,e a cantante doçurade um regato que murmura.Macio e encantadoré carícia de pluma e perfume de flor.O meu …

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Navio de imigrantes – Jacinta Passos

a Lasar Segall Gestos paradosno limiardo céu e mar.Corpos largadosdesamparados,límpido tempode primaveramora no fundode vossa espera.Navio sombrio, que levas no bojo?– descobre o teu véu:navegas em busca da terra ou do céu?Corpos humanossuportam corpos,seus desenganos.Corpo, cansaço,longa viagem,busca um regaço,terra ou miragemArca ou navio,nau ou galera,vens doutra era,séculos a fio. Qual o teu rumo?Levas o sumoda dor …

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O mar – Jacinta Passos

Múrmuro e lento,o mar ao longe se espraia.Geme e brame, ruge e clamao seu tormento,e, soluçando, vem morrer na praia.O mar imenso…Quando eu escuto o seu rumor soturno,fico a cismar.Pensono destino do mar– ser eterno cantor –cantar a sua dor de eterno insatisfeito,cantar o seu sonho infinito desfeito,cantar o mesmo canto que embaloua infância do …

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Sangue Negro – Jacinta Passos

para Jorge Amado Terras curvas do Recôncavoonde adormece o oceano,no teu subsolo circulasangue negro cor da noite,da cor do preto africano,preto cujo sangue escravoregou o solo baiano.Terras curvas do Recôncavoonde adormece o oceano,de tuas veias abertasescorreo petróleo baiano,sangue negro do Brasil. Operário mestiço!tuas ásperas mãos – e tu não sabes disso –tuas mãos quando movem as …

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Catedral – Alphonsus de Guimaraens

Entre brumas, ao longe, surge a aurora.O hialino orvalho aos poucos se evapora,Agoniza o arrebol.A catedral ebúrnea do meu sonhoAparece, na paz do céu risonho,Toda branca de sol. E o sino canta em lúgubres responsos:“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!” O astro glorioso segue a eterna estrada.Uma áurea seta lhe cintila em cadaRefulgente raio de luz.A catedral …

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Elegia íntima – Ivan Junqueira

Minha mãe chorando no fundo da noiterachou o silêncio do quarto adormecido.Meu pai olhava o escuro e não dizia nada,Um relógio preto gotejava barulho.Lá fora o vento lambia as espáduas do céu.Minha mãe chorando no fundo da noiteApunhalou o sono de Deus.– Ivan Junqueira, em “Os mortos”. Rio de Janeiro: Atelier de Arte, 1964. Ivan …

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Razão de ser – Paulo Leminski

Escrevo. E pronto.Escrevo porque preciso,preciso porque estou tonto.Ninguém tem nada com isso.Escrevo porque amanhece,E as estrelas lá no céuLembram letras no papel,Quando o poema me anoitece.A aranha tece teias.O peixe beija e morde o que vê.Eu escrevo apenas.Tem que ter por quê? Paulo Leminski Autor: Paulo Leminski

Aviso aos náufragos – Paulo Leminski

Esta página, por exemplo,não nasceu para ser lida.Nasceu para ser pálida,um mero plágio da Ilíada,alguma coisa que cala,folha que volta pro galho,muito depois de caída. Nasceu para ser praia,quem sabe Andrômeda, AntártidaHimalaia, sílaba sentida,nasceu para ser últimaa que não nasceu ainda. Palavras trazidas de longepelas águas do Nilo,um dia, esta pagina, papiro,vai ter que ser …

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M. de memória – Paulo Leminski

Os livros sabem de cormilhares de poemas.Que memória!Lembrar, assim, vale a pena.Vale a pena o desperdício,Ulisses voltou de Tróia,assim como Dante disse,o céu não vale uma história.um dia, o diabo veioseduzir um doutor Fausto.Byron era verdadeiro.Fernando, pessoa, era falso.Mallarmé era tão pálido,mais parecia uma página.Rimbaud se mandou pra África,Hemingway de miragens.Os livros sabem de tudo.Já …

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A estrada – Ariano Suassuna

No relógio do Céu, o Sol ponteiroSangra a Cabra no estranho céu chumboso.A Pedra lasca o Mundo impiedoso,A chama da Espingarda fere o Aceiro. No carrascal do sol, azul braseiro,Refulge o Girassol rubro e fogoso.Como morrer na sombra do meu Pouso?Como enfrentar as flechas desse Arqueiro? Lá fora, o incêndio: o roxo lampadáriodas Macambiras rubras …

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Momento – Adélia Prado

Enquanto eu fiquei alegre,permaneceram um bule azul com um descascado no bico,uma garrafa de pimenta pelo meio,um latido e um céu limpidíssimocom recém-feitas estrelas.Resistiram nos seu lugares, em seus ofícios,constituindo o mundo pra mim, anteparopara o que foi um acometimento:súbito é bom ter um corpo pra rire sacudir a cabeça. A vida é mais tempoalegre …

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O que é simpatia (a uma menina) – Casimiro de Abreu

Simpatia – é o sentimentoQue nasce num só momento,Sincero, no coração;São dois olhares acesosBem juntos, unidos, presosNuma mágica atração. Simpatia – são dois galhosBanhados de bons orvalhosNas mangueiras do jardim;Bem longe às vezes nascidos,Mas que se juntam crescidosE que se abraçam por fim. São duas almas bem gêmeasQue riem no mesmo riso,Que choram nos mesmos …

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Deus – Casimiro de Abreu

Eu me lembro! eu me lembro! – Era pequeno E brincava na praia; o mar bramia E, erguendo o dorso altivo, sacudia A branca escuma para o céu sereno. E eu disse a minha mãe nesse momento: “Que dura orquestra! Que furor insano! “Que pode haver maior do que o oceano, “Ou que seja mais forte do que o vento?!” – Minha mãe …

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Segredos – Casimiro de Abreu

Eu tenho uns amores – quem é que os não tinhaNos tempos antigos? – Amar não faz mal;As almas que sentem paixão como a minhaQue digam, que falem em regra geral.– A flor dos meus sonhos é moça e bonitaQual flor entreaberta do dia ao raiar,Mas onde ela mora, que casa ela habita,Não quero, não …

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As abelhas – Vinícius de Moraes

A abelha-mestraE as abelhinhasEstão todas prontinhasPara ir para a festaNum zune que zuneLá vão pro jardimBrincar com a cravinaValsar com o jasmimDa rosa pro cravoDo cravo pra rosaDa rosa pro favoE de volta pra rosa Venham ver como dão melAs abelhas do céuVenham ver como dão melAs abelhas do céu A abelha-rainhaEstá sempre cansadaEngorda a …

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Quando ela fala – Machado de Assis

Quando ela fala, pareceQue a voz da brisa se cala;Talvez um anjo emudeceQuando ela fala. Meu coração doloridoAs suas mágoas exala,E volta ao gozo perdidoQuando ela fala. Pudesse eu eternamente,Ao lado dela, escutá-la,Ouvir sua alma inocenteQuando ela fala. Minha alma, já semimorta,Conseguira ao céu alçá-laPorque o céu abre uma portaQuando ela fala. Machado de Assis …

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Stella – Machado de Assis

Já raro e mais escassoA noite arrasta o manto,E verte o último prantoPor todo o vasto espaço. Tíbio clarão já coraA tela do horizonte,E já de sobre o monteVem debruçar-se a aurora À muda e torva irmã,Dormida de cansaço,Lá vem tomar o espaçoA virgem da manhã. Uma por uma, vãoAs pálidas estrelas,E vão, e vão …

Stella – Machado de Assis Leia mais »

Epitáfio do México – Machado de Assis

Dobra o joelho: — é um túmulo.Embaixo amortalhadoJaz o cadáver tépidoDe um povo aniquilado;A prece melancólica Reza-lhe em torno à cruz.Ante o universo atônitoAbriu-se a estranha liça,Travou-se a luta férvidaDa força e da justiça;Contra a justiça, ó século,Venceu a espada e o obus.Venceu a força indômita;Mas a infeliz vencidaA mágoa, a dor, o ódio,Na face …

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I-Juca-Pirama – Gonçalves Dias

                      I No meio das tabas de amenos verdores, Cercadas de troncos – cobertos de flores, Alteiam-se os tetos d’altiva nação; São muitos seus filhos, nos ânimos fortes, Temíveis na guerra, que em densas coortes Assombram das matas a imensa extensão. São rudos, severos, sedentos de glória, Já prélios incitam, já …

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O canto do piaga – Gonçalves Dias

           I Ó guerreiros da Taba sagrada,Ó guerreiros da Tribo Tupi,Falam Deuses nos cantos do Piaga,Ó guerreiros, meus cantos ouvi.     Esta noite – era a lua já morta –Anhangá me vedava sonhar;Eis na horrível caverna, que habito,Rouca voz começou-me a chamar.  Abro os olhos, inquieto, medroso,Manitôs! que prodígios que vi!Arde o pau de …

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O segredo – Clarice Lispector

Há uma palavra que pertence a um reino que me deixa muda de horror. Não espantes o nosso mundo, não empurres com a palavra incauta o nosso barco para sempre ao mar. Temo que depois da palavra tocada fiquemos puros demais. Que faríamos de nossa vida pura? Deixa o céu à esperança apenas, com os …

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A lucidez perigosa – Clarice Lispector

Estou sentindo uma clareza tão grandeque me anula como pessoa atual e comum:é uma lucidez vazia, como explicar?assim como um cálculo matemático perfeitodo qual, no entanto, não se precise. Estou por assim dizervendo claramente o vazio.E nem entendo aquilo que entendo:pois estou infinitamente maior que eu mesma,e não me alcanço.Além do que:que faço dessa lucidez?Sei …

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Meus oito anos – Casimiro de Abreu

Oh ! que saudades que eu tenhoDa aurora da minha vida,Da minha infância queridaQue os anos não trazem mais !Que amor, que sonhos, que flores,Naquelas tardes fagueirasÀ sombra das bananeiras,Debaixo dos laranjais ! Como são belos os diasDo despontar da existência !– Respira a alma inocênciaComo perfumes a flor;O mar é – lago sereno,O céu …

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Despedida – Cecília Meireles

Por mim, e por vós, e por mais aquiloque está onde as outras coisas nunca estão,deixo o mar bravo e o céu tranquilo:quero solidão. Meu caminho é sem marcos nem paisagens.E como o conheces? – me perguntarão.– Por não ter palavras, por não ter imagens.Nenhum inimigo e nenhum irmão. Que procuras? – Tudo. Que desejas? …

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Alucinação a beira mar – Augusto dos Anjos

Um medo de morrer meus pés esfriava.Noite alta. Ante o telúrico recorte,Na diuturna discórdia, a equórea coorteAtordoadoramente ribombava! Eu, ególatra céptico, cismavaEm meu destino!… O vento estava forteE aquela matemática da MorteCom os seus números negros me assombrava! Mas a alga usufructuária dos oceanosE os malacopterígios subraquianosQue um castigo de espécie emudeceu, No eterno horror …

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Vagabundo – Álvares de Azevedo

Eu durmo e vivo ao sol como um cigano,Fumando meu cigarro vaporoso;Nas noites de verão namoro estrelas;Sou pobre, sou mendigo, e sou ditoso! Ando roto, sem bolsos nem dinheiro;Mas tenho na viola uma riqueza:Canto à lua de noite serenatas,E quem vive de amor não tem pobreza. Não invejo ninguém, nem ouço a raivaNas cavernas do …

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Sem título – Álvares de Azevedo

ITenho um seio que deliraComo as tuas harmonias!Que treme quando suspira,Que geme como gemias! IITenho músicas ardentes,Ais do meu amor insano,Que palpitam mais dormentesDo que os sons do teu piano! IIITenho cordas argentinasQue a noite faz acordar,Como as nuvens peregrinasDas gaivotas do alto mar! IVComo a teus dedos lindinhosO teu piano gemer,Vibra-me o seio aos …

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Meu desejo – Álvares de Azevedo

Meu desejo? era ser a luva brancaQue essa tua gentil mãozinha aperta:A camélia que murcha no teu seio,O anjo que por te ver do céu deserta…. Meu desejo? era ser o sapatinhoQue teu mimoso pé no baile encerra….A esperança que sonhas no futuro,As saudades que tens aqui na terra…. Meu desejo? era ser o cortinadoQue …

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Malva maça – Álvares de Azevedo

De teus seios tão mimososQuem gozasse o talismã!Que ali deitasse a fronteCheia de amoroso afã!E quem nele respirasseA tua malva-maçã! Dá-me essa folha cheirosaQue treme no seio teu!Dá-me a folha… hei de beijá-laSedenta no lábio meu!Não vês que o calor do seioTua malva emurcheceu… (…) Descansar nesses teus braçosFora angélica ventura:Fora morrer — nos teus …

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A caridade – Augusto dos Anjos

No universo a caridadeEm contraste ao vicio infandoÉ como um astro brilhandoSobre a dor da humanidade! Nos mais sombrios horroresPor entre a mágoa nefastaA caridade se arrastaToda coberta de flores! Semeadora de carinhosEla abre todas as portasE no horror das horas mortasVem beijar os pobrezinhos. Torna as tormentas mais calmasOuve o soluço do mundoE dentro …

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Sentimento do mundo – Carlos Drummond de Andrade

Tenho apenas duas mãose o sentimento do mundo,mas estou cheio de escravos,minhas lembranças escorreme o corpo transigena confluência do amor.Quando me levantar, o céuestará morto e saqueado,eu mesmo estarei morto,morto meu desejo, mortoo pântano sem acordes.Os camaradas não disseramque havia uma guerrae era necessáriotrazer fogo e alimento.Sinto-me disperso,anterior a fronteiras,humildemente vos peçoque me perdoeis.Quando os …

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Despedida – Álvares de Azevedo

Se entrares, ó meu anjo, alguma vezNa solidão onde eu sonhava em ti,Ah! vota uma saudade aos belos diasQue a teus joelhos pálido vivi! Adeus, minh’alma, adeus! eu vou chorando…Sinto o peito doer na despedida…Sem ti o mundo é um deserto escuroE tu és minha vida… Só por teus olhos eu viver podiaE por teu …

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Eutanásia – Álvares de Azevedo

Ergue-te daí, velho! ergue essa fronte onde o passado afundou suas rugas como o vendaval no Oceano, onde a morte assombrou sua palidez como na face do cadáver, onde o simoun do tempo ressicou os anéis louros do mancebo nas cãs alvacentas de ancião?Por que tão lívido, ó monge taciturno, debruças a cabeça macilenta no …

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Fantasia – Álvares de Azevedo

Quanti dolci pensier, quanto disio!DANTE C’est alors que ma voixMurmure un nom tout bas… c’est alors que je voisM’apparaître à demi, jeune, voluptueuse,Sur ma couche penchée une femme amoureuse!………………………..Oh! toi que j’ai rêvée,Femme à mes longs baisers si souvent enlevée,Ne viendras-tu jamais?………………………..CH. DOVALLE À noite sonhei contigo…E o sonho cruel maldigoQue me deu tanta ventura.Uma …

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Fragmento de um canto em cordas de bronze – Álvares de Azevedo

Deixai que o pranto esse palor me queime,Deixai que as fibras que estalaram doresDesse maldito coração me vibremA canção dos meus últimos amores! Da delirante embriaguez de bardoSonhos em que afoguei o ardor da vida,Ardente orvalhos de febris pranteios,Que lucro à alma descrida? Deixai que chore pois. — Nem loucas venhamConsolações a importunar-me as dores:Quero …

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Idéias íntimas – Álvares de Azevedo

FRAGMENTO.La chaise ou je m’assieds, la natte ou je me couche,La table ou je t’écris, ……………………….…………………………………………….Mes gros souliers ferrés, mon bâton, mon chapeau,Mes livres pêle-mêle entassés sur leur planche……………………………………………..De cet espace étroit sont tout l’ameublement.LAMARTINE. Jocelyn. I Ossian o bardo é triste como a sombraQue seus cantos povoa. O LamartineE’ monótono e belo como a …

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Via Láctea – Olavo Bilac

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto, Que, para ouvi-las, muita vez desperto E abro as janelas, pálido de espanto… E conversamos toda a noite, enquanto A Via Láctea, como um pálio aberto, Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, Inda as procuro pelo céu …

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Amor – Álvares de Azevedo

Amemos! Quero de amorViver no teu coração!Sofrer e amar essa dorQue desmaia de paixão!Na tu’alma, em teus encantosE na tua palidezE nos teus ardentes prantosSuspirar de languidez! Quero em teus lábio beberOs teus amores do céu,Quero em teu seio morrerNo enlevo do seio teu!Quero viver d’esperança,Quero tremer e sentir!Na tua cheirosa trançaQuero sonhar e dormir! …

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Anjinho – Álvares de Azevedo

And from her fresh and unpolluted fleshMay violets spring!HAMLET Não chorem! que não morreu!Era um anjinho do céuQue um outro anjinho chamou!Era uma luz peregrina,Era uma estrela divinaQue ao firmamento voou! Pobre criança! dormia:A beleza reluziaNo carmim da face dela!Tinha uns olhos que choravam,Tinha uns risos que encantavam!Ai meu Deus! era tão bela! Um anjo …

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Camisa amarela

Encontrei o meu pedaço na avenidaDe camisa amarelaCantando a FlorisbelaA FlorisbelaConvidei-o a voltar pra casa em minha companhiaExibiu-me um sorriso de ironiaE desapareceu no turbilhão da galeriaNão estava nada bomO meu pedaço na verdadeEstava bem mamadoBem chumbado, atravessadoFoi por aí cambaleandoSe acabando num cordãoCom um reco-reco na mãoMais tarde o encontrei num café do rapaDo …

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Música Brasileira

Artistas mais acessados Adoniran Barbosa Adriana Calcanhotto Alceu Valença Ana Carolina Anavitoria Armandinho Arnaldo Antunes Belchior Beto Guedes Caetano Veloso Capital Inicial Cartola Cassia Eller Cazuza Charlie Brown Jr Chico Buarque Chico Cesar Chico Science e Nação Zumbi Cidade Negra Clara Nunes Criolo Djavan Elis Regina Engenheiros do Hawaii Fagner Gal Costa Gabriel o Pensador …

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Tigresa

Uma tigresa de unhas negras e íris cor de melUma mulher, uma beleza que me aconteceuEsfregando a pele de ouro marromDo seu corpo contra o meuMe falou que o mal é bom e o bem cruel Enquanto os pelos dessa deusa tremem ao vento ateuEla me conta sem certeza tudo o que viveuQue gostava de …

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Barato total

Lá, lá, lá, lá, lá, lá, láLá, lá, lá, lá, lá, lá, lá Quando a gente tá contenteTanto faz o quenteTanto faz o frioTanto fazQue eu me esqueça do meu compromissoCom isso e aquiloQue aconteceu dez minutos atrás Dez minutos atrás de uma ideia já deuPra uma teia de aranha crescer e prenderSua vida na …

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Parque industrial

Retocai o céu de anilBandeirolas no cordãoGrande festa em toda a naçãoDespertai com oraçõesO avanço industrialVem trazer nossa redenção Tem garotas propagandaAeromoças e ternura no cartazBasta olhar na paredeMinha alegria num instante se refazPois temos o sorriso engarrafadoJá vem pronto e tabeladoÉ somente requentar e usarÉ somente requentar e usarO que é made, made, madeMade …

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Autobiografia

EITO que ressoa no meu sanguesangue do meu bisavô pinga de tua foicefoice da tua violaçãoainda corta o grito de minha avó LEITO de sangue negroemudecido no espantoclamor de tragédia não esquecidacrime não punido nem perdoadoqueimam minhas entranhasPEITO pesado ao peso da madrugada de chumboorvalho de fel amargoorvalhando os passos de minha mãena oferta compulsória …

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Caminhos do mar

Iemanjá, odoyáOdoyá, rainha do marIemanjá, odoyáOdoyá, rainha do mar O canto vinha de longeDe lá do meio do marNão era canto de genteBonito de admirar O corpo todo estremeceMuda a cor do céu, do luarUm dia ela ainda apareceÉ a rainha do mar Iemanjá, odoyáOdoyá, rainha do marIemanjá, odoyáOdoyá, rainha do mar Quem ouve desde …

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Canta Brasil

As selvas te deram nas noites teus ritmos bárbarosE os negros trouxeram de longe reservas de prantoOs brancos falaram de amor em suas cançõesE dessa mistura de vozes nasceu o teu cantoBrasil, minha voz enternecidaJá adorou os seus brasõesNa expressão mais comovidaDas mais ardentes cançõesTambém na beleza desse céuOnde o azul é mais azulNa aquarela …

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Garoto de pobre

Garoto de pobresó pode estudarem escola de sambaOu ficar pelas ruasjogado ao léu implorando a bondade dos homensaguardando a justiça do céu Seu lápis é sua baquetaque bate o seu tamborimninguém olha este coitadoSenhor qual será o seu fim? Na escola de samba da vilaé onde ele vai estudarensaia o ano inteirotem provas no carnaval …

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São Paulo menino grande

Lembrar, deixa-me lembrar, laiarálalaiálaiá São Paulo, menino grandeCresceu não pode mais pararE o pátio do colégio quem lhe viu nascerUm velho ipê parece chorarNão tem a sua mãe pretaNa rua com seu pregãoCafezinho quentinho, sinhô,Pipoca, pamonha e quentão. Lembrar, deixa-me lembrar, laiarálalaiálaiá Agora que o menino cresceuPerdeu sua simplicidadeDesprezou o seu amor perfeitoE um cravo …

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Tradição

Quem nunca viu o samba amanhecerVai no Bexiga pra verVai no Bexiga pra ver O samba não levanta mais poeiraAsfalto hoje cobriu o nosso chãoLembrança eu tenho da SaracuraSaudade tenho do nosso cordão Bexiga hoje é só arranha-céuE não se vê mais a luz da LuaMas o Vai-Vai está firme no pedaçoÉ tradição e o …

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Tebas ”O Escravo” (Praça da Sé)

Tebas, negro escravoProfissão: AlvenariaConstruiu a velha SéEm troca pela carta de alforriaTrinta mil ducados que lhe deu padre JustinoTornou seu sonho realidadeDaí surgiu a velha SéQue hoje é o marco zero da cidadeExalto no cantar de minha genteA sua lenda, seu passado, seu presentePraça que nasceu do idealE braço escravoÉ praça do povoVelho relógio, encontro …

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Silêncio no Bexiga

Silêncio o sambista está dormindoEle foi mas foi sorrindoA notícia chegou quando anoiteceuEscolas eu peço o silêncio de um minutoO Bexiga está de lutoO apito de Pato n’água emudeceu (2x) Partiu não tem placa de bronze não fica na históriaSambista de rua morre sem glóriaDepois de tanta alegria que ele nos deuAssim, um fato repete …

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Canção do amor armado

EiaAteia esta candeiaJoga a saia é branca a areiaSob o céu que se incendeiaNa vermelha onda do mar Se eu fosse algum pescadorTe enredeava de amorContando lendas encantosFeitiços, quebrantosDo marmarejar Se eu fosse algum plantadorTe acalantava com a florColhida nos pés dos versosDos cantos dispersosDo sertanejar Mas só trago o amargo rumorQue o asfalto rumorejouSó …

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Enquanto a tristeza não vem

Tristeza mora na favelaÀs vezes ela sai por aíFelicidade entãoQue era saudade sorriBrinca um pouquinhoEnquanto a tristeza não vem CantaCantaNasceu uma rosaNa favela CantaCantaNasceu uma rosaNa favela Tristeza mora na favelaÀs vezes ela sai por aíFelicidade entãoQue era saudade sorriBrinca um pouquinhoEnquanto a tristeza não vem CantaCantaNasceu uma rosaNa favela Felicidade entãoQue era saudade sorriBrinca …

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São João Barroco

Ê-undô, undá-erêÊ-undô, undá-diro, undá-undáÊ-undô, undá-erêÊ-undô, undá-diro, undá-undá Eu tive um sonhoCom um anjo barrocoFoi um sonho curtoTrilhado entre o sim e o nãoO anjo rebeldeVoou pro infernoE eu para o céuDo barroco São João São João padroeiroDas matas do OxossiSão João dos carneirosMenino dos olhos azuisSão João é a jóiaDo brilho primeiroNas glebas do reinoDa …

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Como flor

Subindo a colinaAo sol poenteHomem cansado curvadoPoeira no olharCaminho de voltaMeu pé de ventoSoprando mansoO descansoTe espera afinalJá se vêRosto amigo felizA te esperarVeste branco um sorrisoE brilha em seu olharUm resto de esperançaQue a vida deixouSó pra quem sofreuChorou sem saberQue o amorNesse chão que é seuComo flor nasceuViveu sem saberQue o amorNesse chão …

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Saga da Amazônia

Era uma vez na Amazônia a mais bonita florestaMata verde, céu azul, a mais imensa florestaNo fundo d’água as Iaras, caboclo lendas e mágoasE os rios puxando as águas Papagaios, periquitos, cuidavam de suas coresOs peixes singrando os rios, curumins cheios de amoresSorria o jurupari, uirapuru, seu porvirEra: Fauna, flora, frutos e flores Toda mata …

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Novena

Sei que são nove dias, nove apenasEnquanto espero, aumentamO mundo se faz esquecidoNa terra dos homens de luzesColoridasEnquanto família reza a novenaAs notíciasQue montam cavalos ligeirosVão tomando todo o mundoNa casa, no larEsquecidos, todos ficam longeDe saber o que foi que aconteceuE ali ninguém percebeuTanta pedra de amor cairTanta gente se partirNo azul dessa incrível …

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Meu sentido era na bela

Meu pai era buticárioTinha dinheiro na burraUm dia, deu-me uma surraMe botou num seminárioComprou logo um rosárioE, audispois, uma batinaDe fazenda muito fina Mas meu sentido era na Bela, ai aiFia da sinhá Barbina(Meu sentido era na Bela) hum hum(Filha da sinhá Barbina) Cheguei até istudáO ingrês e o francêsO latrim e o purtuguêsSempre gostei …

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Sambolero

Quero voltarA ver meu céuA ver meu sol,Minhas estrelas a brilharVer minha luaBrincar na areiaAreia quenteQue está sempre a queimarQuero voltar a ver meu céuA ver meu sol,Minhas estrelas a brilharVer minha luaBrincar na areiaAreia quenteQue está sempre a queimarQuero sentir seus braços me apertandoQuero sentir seus lábios a me beijarQuero sentir na olhadaDos teus …

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Sagarana

A ver, no em-sidoPelos campos-claro: estóriasSe deu passado esse casoVivência é memóriaNos GeraisA honra é-que-é-que se aprazCada quãoSabia sua distinçãoVai que foi sobreEsse era-uma-vez, ‘sas passagensEm beira-riachoMorava o casal: personagensPersonagens, personagensA mulherTinha o morenês que se querVerdeolharDos verdes do verde invejarDentro lá delesDiz-que existia outro geraisQuem o qual, dono seuEsse era erroso, no à-ponto-de ser …

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Viagem

Oh! tristeza me desculpeEstou de malas prontasHoje a poesiaVeio ao meu encontroJá raiou o diaVamos viajarVamos indo de caronaNa garupa leveDo vento macioQue vem caminhandoDesde muito longeLá do fim do mar Vamos visitar a estrelaDa manhã raiadaQue pensei perdidaPela madrugadaMas que vai escondidaQuerendo brincarSenta nessa nuvem claraMinha poesiaAnda se preparaTraz uma cantigaVamos espalhandoMúsica no ar …

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Retrovisor

Onde a máquina me levaNão há nadaHorizontes e fronteirasSão iguaisSe agora tudoQue eu mais queroJá ficou prá trás… Qualquer um que leva a vidaNessa estradaSó precisa de uma sombraPrá chegarA saudade vai batendoE o coração dispara… Mas de repenteA velocidade choraNão vejo a horaDe voltar prá casaA luz do teu olharNo fim do túnelE no …

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