Autor: Raul Bopp
Meio-dia.
O morro coxo cochila.
O sol resvala devagarzinho pela rua torcida como uma costela.
Aquela casa de janelas com dor-de-dente amarrou um coqueiro do lado.
Um pé de meia faz exercícios no arame.
Vizinha da frente grita no quintal: – João! Ó João!
Bananeira botou as tetas do lado de fora.
Mamoeiros estão de papo inchado.
Negra acocorou-se a um canto do terreiro.
Pôs as galinhas em escândalo.
Lá embaixo passa um trem de subúrbio riscando fumaça.
À porta da venda negro bocejou como um túnel.
Raul Bopp