Autor: Orides Fontela
Cego?
Não: livre.
Tão livre que não te importa
a direção da seta.
Alado? Irradiante.
Feridas multiplicadas
nascidas de um só
abismo.
Disseminas pólens e aromas.
És talvez a
primavera?
Supremamente livre
— violento —
não és estátua: és pureza
oferta.
Que forma te conteria?
Tuas setas armam
o mundo
enquanto — aberto — és abismo
inflamadamente vivo.
– Orides Fontela, em “Poesia Reunida [1969-1996]”. São Paulo: Cosac Naify; Rio de Janeiro: 7 Letras, 2006.
Orides Fontela