Drão

Drão o amor da gente é como um grão
Uma semente de ilusão
Tem que morrer pra germinar
Plantar nalgum lugar
Ressuscitar no chão nossa semeadura
Quem poderá fazer aquele amor morrer!
Nossa caminhadura
Dura caminhada pela estrada escura
Drão não pense na separação
Não despedace o coração
O verdadeiro amor é vão, estende-se, infinito
Imenso monolito, nossa arquitetura
Quem poderá fazer aquele amor morrer!
Nossa caminhadura
Cama de tatame pela vida afora
Drão os meninos são todos sãos
Os pecados são todos meus
Deus sabe a minha confissão, não há o que perdoar
Por isso mesmo é que há de haver mais compaixão
Quem poderá fazer aquele amor morrer
Se o amor é como um grão!
Morre nasce, trigo, vive morre, pão
Drão


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3 comentários em “Drão”

  1. Nessa música Gilberto Gil fala do amor que vive, morre e nasce de outra maneira. Que não morre apenas se transforma.
    Drão era o apelido de sua terceira mulher Sandra, ele a escreveu quando eles se separaram, depois de uma relação que durou 17 anos.
    Quando ele fala da “cama de tatame” se refere a cama em que os dois dormiam.

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  2. Natália Queiroz

    Acho que ele fala sobre a importância de insistir no amor, numa relação que vale a pena ser vivida e que as vezes perdemos por orgulho, por não ter essa disposição para aparar arestas, para compreender o outro e por final acabar não sendo compreendido também.

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  3. Tatame é o acolchoado onde ocorrem as lutas de vários esportes. A “cama de tatame” se refere à dualidade entre as delícias do amor e as discussões de um casal, porque a letra trata do fim de um relacionamento. Há ainda um segundo significado, do embate físico do sexo.
    Quanto ao amor, que há de terminar e recomeçar num ciclo fechado, é exemplificado como um grão de trigo, cujo ciclo parte não do nascimento da semente, mas da própria morte da semente (morre e nasce trigo), que vira farinha e pão e tem outra utilidade, em outra configuração, (vive morre pão). Um amor tão especial não morre pois, apesar de transformado, continua sendo amor.
    E os filhos (meninos)? Não se preocupe: eles são todos saudáveis e capazes de seguir adiante mesmo com a separação. Reconheço todos como filhos naturais (os pecados são todos meus. Há uma ambiguidade aí com a culpa pela separação, que o autor também parece assumir (Deus sabe a minha confissão).
    Uma letra muito bonita, onde se diz muito com relativamente poucas palavras. É um texto relativamente enxuto com muitas ideias agregadas.

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