Preciso não dormir
Até se consumar
O tempo da gente
Preciso conduzir
Um tempo de te amar
Te amando devagar e urgentemente
Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez
Que recolhe todo sentimento
E bota no corpo uma outra vez
Prometo te querer
Até o amor cair
Doente, doente
Prefiro então partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente
Depois de te perder
Te encontro com certeza
Talvez num tempo da delicadeza
Onde não diremos nada
Nada aconteceu
Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu.
Letra Composta por: Chico Buarque e Cristóvão Bastos
Melodia Composta por:
Álbum: Francisco
Ano: 1987
Estilo Musical:
Como ninguém comentou essa música?
Ela trata exatamente de um amor que, já gasto por inúmeros fatores na vida, precisa de um tempo separado para poder voltar com força! Ou seja, o amor voltará renovado e td que se passou de ruim será esquecido! Isso só o tempo é capaz de fazer!
Fantástica essa letra… A tentativa de reconciliação e tudo o que envolve esse processo. Estou vivendo isso.
Na linguagem popular.
O cara tá num hotel
com um tremendo avião
fica segurando o prazer
e quando acontece fica desejando que tivesse o mesmo fôlego
para amá-la até não conseguir mais
só que o cara não consegue e o melhor a fazer é dá um tempo. descansa…logo depois acorda e já passou da hora de sair do bordel, e como todo brasileiro dá mais umazinha e se realiza. Ela adorou porque nunca viu homem tão viril em sua vida.e fica soahando com esse principe para o resto de sua vida … gente isso é linguagem popular. Chico é para todos. Claro que há uma versão mais erudita. a da lily é a mais correta. Só coloquei isso aqui com a finalidade de avaliar as interpretações. Camões que o diga. Chico é sacana, erudito… Sería sua alma feminina?
Gostei dessa sua interpretação. Música é obra aberta às mais diversas interpretações. A mimosa parece que o que o homem quer mesmo é resgatar a chama do amor que se extinguiu. Dramaticamente ele reconhece que isso requer tempo e urgência que ele deverá orquestrar com sabedoria.
Achei boa a versão de Chico cotidiano sacana.
Mas depois de ler, voltei à música.
O cara tá no bordel pra satisfazer o desejo físico, mas ele é claramente um romântico em conflito.
Ele quer amar, devagar, mas está no bordel. Ali não é lugar pra amar, precisa recolher todo o sentimento pra satisfazer seu desejo.
Ele vive um conflito ao lado daquela que está ali para satisfazê-lo, mas sem amar. O amor precisa cair doente. Ele precisa perdê-la para enfim poder encontrar.
O desejo se satisfaz. No amor, nada aconteceu. Apenas seguirá como encantado ao lado dela.
Essa música é muito linda principalmente na voz de Verônica Sabino. Acredito que ela retrata um relacionamento onde as duas pssoas se gostam mas estão em momentos diferentes da vida,ou em lugares diferentes e por isso não está dando certo enquanto uma já está desistindo da relação talvez por não acreditar mais a outra procura meios para manter e acredita que em um momento certo tudo dará certo e os dois seguirão felizes juntos.
A música ele fez na separação com Marieta Severo, a qual mesmo separados são até hoje melhores amigos e respeitosos um com o outro.
Precisa ouvir com Monica Salmaso numa versão com o autor da melodia, Cristóvão Bastos ..belíssima you tube recente
Até o momento, é o melhor comentário sobre essa canção maravilhosa.
Que esta música é lindíssima não resta dúvidas. Eu a interpreto da seguinte maneira:Ela diz de um relacionamento forte, visceral, onde ambos vivem intensamente e se entregam, mergulham de cabeça na relação e querem vivê-la em todo seu esplendor. Porém não se esquecem que a vida não é uma novela, que contos de fadas não existem, por isso preparam-se para o tempo do desgaste da relação, que fatalmente acaba acontecendo. Entretanto, pensam em um futuro, onde voltarão a se encontrar, porque o sentimento não irá acabar, apenas aquela ânsia inicial, o furor. Sendo assim, perder-se-ão, mas com a esperança de num tempo mais apropriado, talvez com mais maturidade reencontrarem-se e se permitirem novamente reviver aquele amor, mas com mais serenidade, embora o encantamento permaneça. 14/07/2011
Entendo a música a partir de duas figuras utilizadas por Vinícius de Moraes e Guimarães Rosa para descrever a morte. O primeiro, diz que as pessoas não morrem, apenas dormem eternamente. O segundo, diz que ao morrer, as pessoas ficam eternamente “encantadas”. A canção trata, assim, da morte, de uma pessoa ou de um sentimento. O primeiro discurso é próprio de quem está morrendo. Quer viver tudo “devagar” e “urgentemente”, pois a morte se anuncia e a pessoa não tem certeza do que acontecerá a partir dali. Ela lida ao mesmo tempo com a necessidade de consumar o amor e de lidar com a morte. O segundo discurso é de uma pessoa que vê a pessoa que ama próxima da hora da morte. Prefere se distanciar, para que o fim inevitável não traga ainda mais sofrimento. Mas por não lidar diretamente com a morte, acredita que os dois se encontrarão “num tempo da delicadeza”, que sugere, a partir da figura criada por Guimarães Rosa, que eles seguirão juntos, em outro mundo.
Muitas pessoas acham que a canção não se refere à morte física, mas à morte do amor. Acho, pelas figuras explicadas, que é morte física, até pela presença constante dos autores na obra do Chico. De qualquer forma, é um movimento de morte o que narra a letra e os dois amantes.
É isso.
Concordo plenamente com vc, até porque na vida real Chico encontrou esse segundo amor já “idoso”, e tem que vivê-lo com mais urgência pela proxinidadr do fim. Eu estava no show em que ele cantou essa música em homenagem ao encontro desse novo amor.
Concordo plenamente com este comentário. Esta música é muito plena, só de ler eu choro. A melodia e a letra me remetem a perda de um filho que não nasceu, um aborto natural, o amor doente. Não poderá dizer nada, porque não houve vida exterior, nada aconteceu.
O protagonista terá que conduzir e administrar tudo isto e refazer no corpo uma vez mais, no devido tempo.
Minha interpretação vai na linha da sua.
Exatamente isso. Como interpretar uma das músicas mais profundas, melancólicas e poéticas de dois grandes autores senão como a descrição da morte, quando nos encontraremos, talvez num tempo da delicadeza onde seguiremos como Encantados, sem mais palavras ou dores… a afirmação de um amor eterno, nada de vida após a morte, mas sim energia amorosa fundindo-se pelo Universo.
Exatamente! E quando todo esse sentimento visceral, que os une, morrer, os dois poderão se encontrar serenamente no tempo da delicadeza. O tempo em que ambos já se desvencilharam um do outro
Interessante o comentário de Ivan Iunes sobre a idéia de morte, com quem vou concordar. Parece um discurso para quem está partindo e tem urgência de consumar uma relação devagar e urgentemente.
Creio, sem certeza, que se trata de um poema parecido com Pedaço de Mim, que o Chico dedicou ao filho. O discurso de Todo Sentimento parece ter a mesma idéia.
Não por acaso concordar, perdi minha filha de 06 anos no dia 21/02. Desde então essa música tem sido um alento pois a gente espera por um reencontro…
… talvez num tempo da delicadeza, onde não diremos nada, nada aconteceu. Apenas seguirei como encantado ao lado seu
” um poema não se interpreta, pois, ele já é uma interpretação” Millor Fernandes
Penso que várias das interpretações sugeridas são pertinentes, não importando o que o Chico pensou ao compor!
Isso acontece o tempo todo e é uma das maiores belezas da literatura e das artes em geral
Desde a primeira vez que ouvi,,,pensei em morte.
No caso morte de meu único filho aos 19 anos atropelado.
E a música fala de morte mesmo.
Morte de algo que passou,,,mas vai continuar no eterno.
Me faz bem crer nessa possibilidade:
A gente se encontrar no tempo da delicadeza….
E eu encantada ao lado dele….
Também perdi minha única filha. Ela teve uma doença rara que adoeceu o coração. Chorei com sua interpretação. Sinta-se abraçada, mãezinha! Seu menino e minha menina são anjos agora… E um dia, nos encontraremos todos novamente…
Adorei todas as respostas.
Essa foi a música do meu casamento e também é a música da minha viuvez. Gera um misto de sensações.
Também achei isso.
Minha interpetação seguiu a seguinte linha: Duas pessoas que se querem muito mas não se sentem preparadas para viver uma relação, resolvem se distanciar (antes que se envolvam mais e seja difícil se desvencilharem um do outro) para em um outro momento ( o da delicadeza) quando a paz estiver reinando, e as dúvidas tiverem sido sanadas, possam se reencontrar e reviver ou retomar este amor. Até lá o eu lírico segue amando devagar (evitando o sofrimento e a ansiedade), de forma madura, porém sem deixar morrer a esperança do reencontro (urgentemente) com a paixão e intensidade dos novos amantes . Da mesma forma que retrata o amor além do tempo, mostra também de forma não romantizada a fragilidade do mesmo, o quanto é efêmero e um dia acaba. Portanto não promete querer para sempre, mas até o amor cair. E mostra-se preocupado em conseguir perceber o momento certo (o último momento)para que no futuro possa retomar esse amor. Apesar disso, acho a interpretação da morte tão possível e bonita quanto.
É assim que a interpreto! Um casal que se reencontram, se amam e partem, pois cada um precisa viver suas vidas longe um do outro. Fizeram escolhas que envolve outras pessoas. Como ambos se amam, esperam um dia se encontrar no tempo da delicadeza, sem magoar ninguém. Tempo de delicadeza!
Concordo plenamente com os comentário da Fernanda do dia 29/08…acredito exatamente que seja uma paixão entre duas pessoas que não estão preparadas para vivê-la no momento atual, mas que apesar disso não querem se perder e pretendem fazê-lo em um outro momento em que ambos estejam em consonância…muito linda esta música…Chico é Chico
Pronto! É isso mesmo!!! Interpretações são subjetivas, não são?
Sinto assim…
ESTA MÚSICA INTERPRETA UM CASAL FELIZ A VIDA TODA E QUE NO LEITO DE MORTE DE UM DELES, UM DIA ELES VÃO SE REENCONTRAR EM ALGUMA OUTRA VIDA E CONTINUAR UM AO LADO DO OUTRO SEM LEMBRAR O QUE PASSOU NESTA VIDA, MAIS SEMPRE ESTARÃO UM JUNTO DO OUTRO SEJA AQUI OU APÓS A MORTE. ESTE É O VERDADEIRO AMOR, “AMOR DAS MINHAS VIDAS”
A letra retrata um amor intenso, não consumado ou não exaurido, o inconformismo de um dos amantes, que quer conduzir o destino para, no pouco tempo que lhe resta, refazer o que a vida desfez. Depois, ao perder o seu amor, porque este se esgotou ou porque a morte os separou nesta vida, preferirá partir para seguir ao seu lado.
Essa música é linda demais. Um casal que se ama, mas o amor se desgasta sim, mas nem por isso acaba. E um deles, num momento de torpor, rompe a relação. E depois se arrepende, mas ai não há mais tempo. É a morte sim, de algo que ainda pulsa. Linda demais.
Logo no primeiro verso encontramos a frase (preciso não dormir) ou seja o tempo é curto por isso e necessário estar atento, vivo… esse tempo precisa também ser bem conduzido porque os momentos de amor precisam ser bem proveitosos e sutis, porém há urgência por esse momento. Existe também a ideia de resgate por algo que se perdeu, algo que não se completou. A promessa de estar juntos mesmo nos últimos momentos de vida, na doença; e se desejar sempre da mesma forma. Por fim o encontro após a morte é citado dentro de um tempo em que as coisas que aqui nessa vida serviram de impedimento para esse amor acontecer não mais existirão, será um tempo delicado e nada do que aqui aconteceu será mencionado ou lembrado. Juntos seguirão envolvidos em um grande encantamento.
Fiquei surpresa com as interpretações postadas até agora, lindas. Mas confesso que desde a primeira vez que ouvi, imagino um casal que deseja muito viver um amor (Te amando devagar e urgentemente), mas que, por ser proibido, é preciso ser feito as pressas, mas nem por isso, deixe de ser prazeroso. Em ” depois de te perder”, entendo que se refere ao ato sexual e logo em seguida ” te encontro com certeza, talvez, num tempo da delicadeza” daquele momento depois do sexo, deitar no braço, ficar fazendo carinho em silêncio, como se nada tivesse acontecido… Bom, para mim, é isso. Valeu, pelos comentários.
Esta música retrata um casal avido por viver um amor urgente, sem tempo, proibido. E que tem hora pra acabar, tem data pra terminar. Amam-se tanto, prometem-se amor eterno,” até o amor cair doente”. Mas sabem que não viverão esse amor. É proibido e por isso necessário desvencilharem-se um do outro, mesmo sem querer. “Pretendo descobrir no último momento, um tempo que refaz o que desfez, que recolhe todo o sentimento e bota no corpo outra vez”. E “depois de te perder”, o relacionamento precisou terminar, abafaram esse amor :”te encontro com certeza, talvez no tempo da delicadeza”. O tempo da delicadeza é aquele onde somos delicados com as pessoas, mesmo sem conhecê-las. O ex casal se encontrará, casualmente, na rotina do dia, onde a delicadeza é apenas desejar um bom dia, uma boa tarde, é apenas um cumprimento, onde não dirão mais nada, nada aconteceu…apenas seguirão encantados, abafados de um amor que não se esgotou, mas precisou findar. Tudo se perdeu, mas eles se encontrarão e fingirão que nada aconteceu, serão delicados um com o outro, cumprimentar-se-ão, mas seguirão, encantados…como se nada houvesse acontecido.
Que interpretação legal!! Show!
sim, entendo assim também.
Ótima interpretação.
Trata-se de um amor desgastado e ele quer voltar com a mesma força, desejo, amor e valores que existiam porque o caminho é o mesmo só que tem que ser de maneira inovada, sem o desgaste antes acontecido…
A música fala de um amor que deu errado ou que não chegou a se concretizar, permaneceu na expectativa dos amantes. Mesmo assim, um deles faz planos de viver esse amor, inclusive passando pela fase da perda e conseguindo uma retomada de todo o sentimento que teria se perdido. Enfim, é a expressão do desejo de viver um grande amor, com o que de bom e ruim nisso. O verso mais lindo: PROMETO TE QUERER ATÉ O AMOR CAIR DOENTE. É uma promessa impossível de ser cumprida, pois a vida é longa e cheia de surpresas. Mas é um verso muito lindo.
Sem dúvida nenhuma o retrato de um casal que se ama TÃO INTENSAMENTE durante toda a vida que mesmo após a morte ele encontrará uma forma de estar ao lado dela mesmo que como encantado (sua alma) ao lado da mulher amada.
Gostei das diversas interpretações sugeridas, deixarei a minha também.
“Preciso não dormir
Até se consumar
O tempo da gente”
Aqui o eu lírico mostra que não quer perder tempo e sim aproveitar todo o tempo com a sua amada.
“”Preciso conduzir
Um tempo de te amar
Te amando devagar e urgentemente”
Ele quer saber guiar a relação deles de forma boa para amá-la intensamente.
“Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez
Que recolhe todo sentimento
E bota no corpo uma outra vez”
Nessa parte ele se mostra otimista ao dizer que vai dar um jeito se algo de errado e se for o caso vai fazê-la amá-lo novamente.
“Prometo te querer
Até o amor cair
Doente, doente”
Que mesmo que ocorra brigas, ele vai continuar a amá-la.
“Prefiro então partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente”
E que para os dois não deixarem de ser amar, prefere se afastar dela, como se fosse um rompimento, mas não por falta de amor, mas porque naquele momento eles não estão mais se entendendo.
“Depois de te perder
Te encontro com certeza
Talvez num tempo da delicadeza
Onde não diremos nada
Nada aconteceu
Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu”
Como eles se amam, ele tem certeza que irão reatar em algum tempo, e que vai parecer que nada aconteceu e se amarão pra todo o sempre.
Essa música é uma verdadeira declaração de amor consciente, que percebe que nenhuma relação é só flores, que haverá sempre brigas, mas quando se ama, se supera tudo.
“Preciso não dormir, até se consumar o tempo da gente
Preciso conduzir um tempo de te amar, te amando devagar e urgentemente”
O amante precisa aproveitar todo o tempo possível com sua amada, cuidando de cada detalhe para que tudo aconteça da melhor forma possível.
“Pretendo descobrir, o último momento, um tempo que refaz o que desfez
Que recolhe todo sentimento e bota no corpo uma outra vez”
Algo ruim aconteceu e rompeu este amor, agora ele busca formas de recuperar o que tinha, resgatar um momento de felicidade.
“Prometo te querer, até o amor cair doente, doente”
Até que o tempo de relacionamento dos dois chegue ao fim, o amor estará com eles, neles.
“Prefiro então partir, a tempo de poder a gente se desvencilhar da gente”
Que caso haja rompimento, eles se afastem enquanto há amor, mesmo que doa, é melhor levar o amor consigo e conseguir se desapegar aos poucos.
“Depois de te perder, te encontro com certeza, talvez num tempo da delicadeza
Onde não diremos nada. Nada aconteceu. Apenas seguirei como encantado ao lado teu.”
O verso mais intenso. Diz que quando este rompimento acontecer, os dois se encontrarão novamente, em outra existência, e o amor entre os dois terá continuidade, pois ele, o amante, seguirá como um fantasma ao lado de sua amada.
Nessa letra Chico está falando sobre a relação de amor que tem pelo Brasil e a tristeza da separação, de ter de deixá-lo, e a esperança de poder se encontrar novamente num tempo “mais delicado”, menos bruto, como foi a ditadura brasileira. Fala sobre a necessidade de “recolher” seus sentimentos, mas de amá-lo doentemente e a esperança do reencontro.
Acho que o Chico é mais abrangente quanto ao amor nessa canção. Também do amor do casal, mas fala de relações entre pessoas, relações humanas.
Só digo isto: é tanta beleza que me leva às lágrimas… Apenas e tão somente.
Entra profundamente na minha alma também… Também choro! Já escutei nas mais variadas versões: Oswaldo, Biafra, Verônica Sabino, Bethânia, Elba, Ney Matogrosso, Fafá, Ana Carolina… ME EMOCIONEI EM TODAS!
Hoje, que pensei o dia todo nesta música, e pelo momento que o país está vivendo, pelo que vamos passar, que são tantas incertezas, peço licença, e desculpas antecipadas, para dar, segundo minha interpretação, uma conotação política à música, embora saiba que o tema tem mais a ver com o que todos aqui opinaram: o amor entre duas pessoas em uma determinada circunstância de suas vidas. Refiro-me aqui à nossa relação de amor com a democracia. Passada a turbulência, os anos sombrios que, creio, viveremos, ela, a Democracia, ressurgirá em todo o seu esplendor, num tempo que será o da delicadeza. Sim, sim, sim acho que a análise que remete a uma relação entre duas pessoas seja a mais apropriada e mais bonita.
Por que quase todo mundo relaciona essa música como sendo feita sobre um casal, ou ex casal? Por que não de alguém, que perdeu uma pessoa que gosta muito, alguém que já morreu e a pessoa se sente sem vida e esperando o momento que um dia, de alguma maneira reencontrará ela?
É o amor do jeito que só o Chico sabe falar, um amor que é real, que não pode perder tempo. Um amor que, apesar do desgaste, precisa ser unido, há a necessidade desse amor existir. E os dois querem isso, os dois amantes, é preciso que a distância e o tempo cumpram seu papel para mostrar realmente a que o amor veio. Assim, com toda certeza, depois do desencontro, da separação, o infinito chega e o eu lírico mostra que tudo será esquecido e os dois seguirão juntos.
Eu acho que João e Maria fala de um amor na infância e Todo Sentimento de um amor na velhice, cada um elaborando suas próprias regras. Só.
Eu interpreto como depois de um tempo a morte vem e separa um grande amor “ seguir como encantado ao lado seu”
Parabéns, você foi mais fiel na interpretação. Sim é Brasil na época da ditadura. Grito de resistência e luta… do exilo e retornar no tempo de menos morte… isso aconteceu na Constituinte… linda a canção, linda a letra. É muito amor em todo esse lirismo revolucionário.
Essa canção retrata a trajetória revestida das várias nuances que o sentimento do amor apresenta com a passagem do tempo e das circunstâncias.
Duas pessoas, em algum momento da vida, encontram-se e e por esses mistérios da vida, percebem uma sintonia imediata, e consequente nascimento do amor.
Como todo início, este encontro de vidas, de almas, quiça, é marcado pelo desejo de vivenciar com calma e dedicação todas as possibilidades junto à pessoa amada. Existe uma preocupação de conhecer o outro/a com todo o cuidado de quem, sem pressa, deseja explorar as sensações, a anatomia, os detalhes, conhecendo cada pedacinho do outro. Ao mesmo tempo, existe a vontade de não perder nenhum segundo sequer, para que essa experiência sensorial, amorosa, cuidadosa, seja explorada com a plenitude e intensidade do desejo visceral e sensual.
O segundo momento, aponta que a intensidade e a urgência vai arrefecendo e o amante se compromete a reavivar, buscando na essência que um dia os uniu, a motivação para reavivar e manter o cultivar do sentimento. E promete fazer isso até o momento em que, percebendo o amor já adoecido pela incapacidade de ambos se entenderem, a fim de evitar que aquela linda base se dissolva, decide partir.
Então, no momento em que as mágoas, as máculas, as mazelas, não mais fizerem sentido diante da preciosidade que aquele amor encerra e significa, se consolida a promessa da retomada da proximidade no tempo permeado pela delicadeza, em que prevalece o vínculo inabalável do amor-amigo, do amor-zelo, dos pequeninos carinhos e atenções que alimentam e consolidam o amor, o sexo, o convívio, a vida. O amor verdadeiro, em todas as suas acepções, prevalece.
Neste momento, acontece o verdadeiro comprometimento porque aquele amor raro e precioso sobreviveu a todos os dissabores, para, então, ser vivido em toda a sua completude.
Quem não quer um amor assim?
o que sempre me intrigou nessa música é o “tempo da delicadeza”. De fato, tudo na letra seguia uma ordem cronológica natural, o amor seguia seu curso e, por fim, acabava, doente, podre. O protagonista amou até o fim e quando nada mais sobrava partia, ” a tempo da gente se desvencihar da gente”. Mas, o que seria o “tempo da delicadeza”, “onde não diremos nada, nada aconteceu, apenas seguirei como encantado ao lado seu”? O tempo da delicadeza é resultado do tempo criado pelo protagonista que “refaz todo o sentimento e bota no peito ainda uma outra vez”. Ou seja, só entende quem brigou com a esposa, o marido, a namorada. Quando tudo parece perdido e a gente está prestes a seguir um novo rumo, de repente , vem a reconciliação, a gente se abraça, se beija, esquece e perdoa. Quando tudo era caco, tristeza e amargura, a gente, nesse abraço, parece realmente estar criando um novo tempo, recolhendo todo o sentimento que se julgava perdido. Daí o tempo da delicadeza, o tempo da reconciliação. A música não fala portanto de um amor que acabou e sim dos amores que ainda não acabaram. É isso que eu acho fantástico no Chico, a sua sutileza, mas que ao mesmo tempo está na cara de todo mundo, no próprio título da música. Chico, meu querido, você é um mestre!,
Essa música me acompanha desde criança. Me lembro de tê-la escutado e, mesmo sem entender o que era dito, me tocava profundamente.
Na pré adolescência, eu a ouvia e o sentimento era o mesmo de não entendimento, porque ainda não conhecia o amor romântico, mas de compreensão profunda que me levava a chorar mesmo ouvindo repetidas vezes. Chorava em todas as vezes e depois de tanto ouvir e tanto chorar me sentia como um copo vazio mas cheio de paz. Era eu ainda muito ingênua. A inocência infantil.
Daí com 17 anos me apaixonei pela primeira vez e, desde o início, intuitivamente, sabia que não seria eterno como de fato não foi. Ganhei do namorado um CD (época dos cds kkkkk) do Chico Buarque vestido com uma casaco estilo Dick tracy. Meu namorado sabia que eu adorava essa música, mas só a tinha no vinil então não dava pra ouvir no carro (uno mille vermelho cintilante). Daí ele me deu o cd e ouvíamos essa música repetidas vezes. Sempre tive essa mania de ouvir várias vezes a mesma música. Enfim, namoramos quase 2 anos, mas o amor começou a cair doente já ao final do primeiro ano. Tínhamos uma diferença de idade relevante à época, eu 17 e ele, 12 anos mais velho, ou seja 29 anos quando iniciamos o namoro. No início, havia muito encantamento da minha parte com certeza. A presença dele me dava segurança que eu nunca havia experimentado e nossa conexão parecia mágica, ao menos pra mim, ainda muito ingênua.
Durante alguns anos após o término que ocorreu por eu haver percebido da parte dele uma perda significativa do interesse no relacionamento, de forma imatura, talvez, decidi terminar a fim de não perder as memórias iniciais que eram tão boas. Talvez o amor só estivesse mudando e eu não me adaptei e assim terminei na esperança de que, assim fazendo antes de começarem os desentendimentos, em algum tempo haveria o retorno pq acreditava que havia verdade naquilo.
Passados 2 anos nos reencontramos: ele estava namorando, mas foi me procurar sabe lá Deus pra quê?! Rs
Eu também tinha acabado de iniciar um namoro e, por isso, nada aconteceu e eu cheguei a questioná-lo se seria adequado ele me procurar quando já estava em outro relacionamento… nunca mais o vi.
Sinceramente, acho que nunca mais o verei.
Hoje entendo como funciona a mente de um homem e quão distinta é da de uma mulher.
Então, aos 42 anos, essa música é compreendida por mim como o amor que só os inocentes são capazes de sentir, primeiro na fase da inocência infantil (ingenuidade). Depois, essa capacidade de amor é perdida pelas desilusões (processo necessário e natural na vida) e, consequentemente, pela perda da inocência e a vida se tornando dura porque nos tornamos rígidos para defender nossos sentimentos sem perceber que essa defesa já os retira de nós quando são eles, os sentimentos que lubrificam a engrenagem da vida. Mas, com o tempo, surge a necessidade de se desfazer do ego construído/forjado pela necessidade de sobrevivência (que também é uma ilusão que tem origem no medo de se ferir) na vida real, porque a necessidade de retornar à inocência parece a única saída de uma vida que se torna mesquinha por tanta casca de proteção. Difícil arrancar cada casca, cada camada, mas chega um tempo -o da delicadeza – em que se retorna à origem da inocência e assim o sentimento do amor é novamente possível, mas desta vez de forma consciente e, não mais, por meio da inocência ignorante de uma criançaa qual não retorna mais. Volta-se a ser poroso, penetrável e vulnerável, sem que isso signifique uma exposição a riscos, mas ao contrário, um sinal de que crescemos e hoje somos fortes a ponto de poder amar com o significado mais amplo da palavra amor que não necessariamente precisa estar direcionado a algo ou alguém, mas que existe em nós por si mesmo e já basta. O que vier ou retornar só se for para somar.
Então, no final das contas essa música na minha humilde interpretação atual nada mais é do que o reencontro do meu ego com o meu verdadeiro eu que, unidos, me proporcionam uma caminhada suave e delicada pela vida que retorna ao encantamento e ao estado de presença dos tempos infantis, só que de uma forma consciente.
Mas, daqui a mais 42 anos, certamente, minha interpretação já terá mudado….