Conheço o meu lugar

O que é que pode fazer o homem comum
Neste presente instante senão sangrar?
Tentar inaugurar
A vida comovida
Inteiramente livre e triunfante?

O que é que eu posso fazer
Com a minha juventude
Quando a máxima saúde hoje
É pretender usar a voz?

O que é que eu posso fazer
Um simples cantador das coisas do porão?
Deus fez os cães da rua pra morder vocês
Que sob a luz da lua
Os tratam como gente – é claro! – aos pontapés

Era uma vez um homem e o seu tempo
Botas de sangue nas roupas de Lorca
Olho de frente a cara do presente e sei
Que vou ouvir a mesma história porca
Não há motivo para festa: Ora esta!
Eu não sei rir à toa!

Fique você com a mente positiva
Que eu quero é a voz ativa (ela é que é uma boa!)
Pois sou uma pessoa
Esta é minha canoa: Eu nela embarco
Eu sou pessoa!
A palavra pessoa hoje não soa bem
Pouco me importa!

Não! Você não me impediu de ser feliz!
Nunca jamais bateu a porta em meu nariz!
Ninguém é gente!
Nordeste é uma ficção! Nordeste nunca houve!

Não! Eu não sou do lugar dos esquecidos!
Não sou da nação dos condenados!
Não sou do sertão dos ofendidos!
Você sabe bem: Conheço o meu lugar!


Letra Composta por: Belchior
Melodia Composta por:
Álbum:
Ano:
Estilo Musical:

6 comentários em “Conheço o meu lugar”

  1. Irineu Roberto de Oliveira

    Essa música além de ter uma melodia muito bonita, faz a gente viajar numa reflexão profunda sobre o seu eu e o nossa região Nordeste tão discriminada no sudeste.

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    1. Maria Pinheiro

      Vdd! Ele, nos deixou muitas reflexões através de suas letras , tinha uma mente filosófica para além da compreensão de muitos!

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  2. Essa música projeta uma crítica ao sistema a que somos subjugados, a partir de uma alegoria do que ocorreu com a fabricação do Nordeste no Estado Novo, relegando a região ao lugar do “artesanato”, dos subdesenvolvidos, da seca, dos pobres em troca do silencio das Oligarquias políticas que fizeram de sua terra natal uma Belíndia (Bélgica/ Índia), onde uma pequena parcela vive na luxúria e a maioria da populaçao na extrema pobreza. É uma critica direta a Nova Ordem Mundial ao menos para lhe encarar e dizer: “Não, eu não sou do lugar dos oprimidos…conheço o meu lugar”. O lugar, portanto de um pensador que, apesar de viver no sistema, possui uma mente livre para criar valores a partir de suas convicções.

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    1. Uma das análises possíveis, de fato, mas Blechior era gigante, não tenho certeza se suas preocupações com esta canção era voltada em essência aos problemas com a “Ditadura militar”, como sugere o comentador no vídeo. Sem dúvidas, abre leques para reflexão.

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  3. João Evangelista Amaral Lopes

    Quando ele fala em botas de sangue nas roupas de Lorca, faz referência a Frederico Lorca, morto por nacionalistas espanhóis antes do início da ditadura Franquia tá, que durou mais de 3 décadas. E quando se refere a mesma história porca, fica clara a comparação com a ditadura no Brasil. O cara foi um gênio, dentro desta canção existe, ainda, vários outros aspectos expressados, como a discriminação dos nordestinos e as dificuldades encontradas por eles nos grandes centros mais ao sul do Brasil.

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