A fábrica do poema

Sonho o poema de arquitetura ideal
Cuja própria nata de cimento
Encaixa palavra por palavra, tornei-me perito em extrair
Faíscas das britas e leite das pedras.
Acordo;
E o poema todo se esfarrapa, fiapo por fiapo.
Acordo;
O prédio, pedra e cal, esvoaça
Como um leve papel solto à mercê do vento e evola-se,
Cinza de um corpo esvaído de qualquer sentido
Acordo, e o poema-miragem se desfaz
Desconstruído como se nunca houvera sido.
Acordo! os olhos chumbados pelo mingau das almas
E os ouvidos moucos,
Assim é que saio dos sucessivos sonos:
Vão-se os anéis de fumo de ópio
E ficam-me os dedos estarrecidos.
Metonímias, aliterações, metáforas, oxímoros
Sumidos no sorvedouro.
Não deve adiantar grande coisa permanecer à espreita
No topo fantasma da torre de vigia
Nem a simulação de se afundar no sono.
Nem dormir deveras.
Pois a questão-chave é:
Sob que máscara retornará o recalcado?


Letra Composta por: Adriana Calcanhotto e Wally Salomão
Melodia Composta por:
Álbum: A fábrica do poema
Ano: 1994
Estilo Musical:

12 comentários em “A fábrica do poema”

  1. Bom… essa musica fala de quando ela era pequena e bebia leite da teta da cabrita… na parte em que falo “faiscas das britas e leite das pedras” significa que gostava de botar fogo na cabeça do brito(brito era o pai dela… só que ela escreveu britas ali porque o pai dela era meio afeminado e andava em bando…) e também significa que tomava leite da cabrita (pedras eram os nomes que ela colocava nas cabritinhas que tinha no sitio dela… todas chamavam pedra…).
    Ela também fala que era muito dorminhoca (isso se persebe pelos “acordo” que ela escreve) e fala das artes que ela fazia… rasgava poemas da mae dela, pixava o predio dela com pedra e cal, jogava os poemas da mae dela no vento, botava fogo, comia mingau… E sempre acordando porque ela dormia muito!!! Ela também ressalta na musica, que ela gostava muito de fazer acordos com os maconheiros que consumia ópio!
    Na musica também fala sobre seu amor pelo português… pelas metonímias, aliterações, metáforas, oxímoros e blablabla…
    Ela fala que via muito fantasma na torre de vigia em frente a sua casa e que mesmo depois de ter crescido ainda dormia pra caramba, assistia o chaves e gostava de ver o máscara reclamando (na musica está escrito recalcado mas na verdade ela quis dizer reclamando… deu branco na hora que ela foi escreve dai acabo saindo isso dai…)
    moral da historia: o peito do pé do pedro é preto porque o pai dele é relaxado e não cuida do filho direito!

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  2. Criatividade???? Axei isso mto foi besta mesmo.
    E isso não eh Canabis não meu amigo, eh mta bosta na infancia. Uma letra tão linda dessa!!!

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  3. Isso é um poema do Wally Salomão musicado, ele falou que cada vez colocava mais figuras de linguagens e palavras um tanto quanto esquisitas, acreditando que Calcanhotto não conseguiria musicar e cada vez ela deixava mais lindo, aí ele disse que se apaixonou por ela nesse momento. Vi o próprio Wally contando isso em uma entrevista do final dos anos 90.

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