É proibido pisar na grama

Acordei com uma vontade de saber como eu ia
E como ia meu mundo
Descobri que além de ser um anjo eu tenho cinco inimigos

Preciso de uma casa para minha velhice
Porém preciso de dinheiro pra fazer investimentos
Preciso às vezes ser durão
Pois eu sou muito sentimental meu amor

Procuro falar com alguém que precise de alguém
Pra falar também
Preciso mandar um cartão postal para o exterior
Pra meu amigo Pichioni
Preciso falar com aquela menina de rosa
Pois preciso de inspiração

Preciso ver uma vitória do meu time
Se for possível vê-lo campeão
Preciso ter fé em Deus
E me cuidar e olhar minha família
Preciso de carinho pois eu quero ser compreendido

Preciso saber que dia e hora ela passa por aqui
E se ela ainda gosta de mim
Preciso saber urgentemente
Porque é proibido pisar na grama


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2 comentários em “É proibido pisar na grama”

  1. É, sem sombra de dúvidas, uma música muito linda e particularmente, para mim, uma das minhas preferidas do Jorge Ben Jor.
    Enfim, acredito que o resto da música seja bem fácil de compreender, pois são todas coisas que pensam na nossa cabeça no dia a dia: uma casa para velhice, dinheiro para fazer investimentos ou mesmo ser mais forte emocionalmente.
    A primeira parte da música, que, acredito eu, é a mais enigmática. Primeiramente, começa com a vontade não necessariamente súbita, mas certamente uma necessidade de entender a si e ao mundo em que vive. Essa parte é fazê-lo com outra música, “Descobri que eu sou um anjo”, que fala sobre autovalorização do eu e autodescoberta, tema bem recorrente nessa música também.

    Mas o misterioso é a parte dos cinco inimigos. Primeiramente, o que é um inimigo? Para as definições da Oxford, é alguém que faz oposição. Oposição a quê, nesse sentido da música? Provavelmente a descoberta que eu lírico desejo saber. E quem seria o inimigo de uma pessoa que quer descobrir isso? Porque, como se um inimigo já não bastasse, existem cinco! Aí é que eu te respondo, que muito provavelmente esses cinco inimigos se referem aos cinco sentidos: tato, olfato, audição, visão e paladar.

    Quem responde o porquê deles serem nossos inimigos nessa vertente é Immanuel Kant, um filósofo iluminista. Não sou um filósofo nem estudo sobre de uma maneira veemente, mas o que ele afirma é que tudo que aprendemos é partir do nosso aparelho corporal. Sentimos, ouvimos, olhamos, tocamos e cheiramos. Então, se pudéssemos somar tudo o que podemos aprender usando nossos sentidos, chegaríamos ao total de coisa que podemos aprender, não? Pois, se não fosse por eles, não poderíamos aprender nada. Mas e se existir algo que não possamos aprender usando as ferramentas do sentido? Pois certamente existem essas coisas. Um gás, por exemplo, que não enxergamos nem ouvimos, e podemos também não conseguir cheirar, mas ele pode ser mortal.

    É nesse sentido – não necessariamente de não conseguir sentir o gás mortal rs – que o eu lírico afirma ter cinco inimigos, pois eles fazem a oposição para a descoberta. Os sentidos vão obstruir o descobrimento, pois ele não pode conhecer com totalidade nem o mundo, nem a si, por possuir limites.

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