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Pelo telefone (Donga – Ernesto dos Santos – e Mauro de Almeida)

O chefe da folia,
Pelo telefone,
Mandou me avisar
Que com alegria
Não se questione
Para se brincar!

Ai, ai, ai!
Deixa as mágoas para trás,
Ó rapaz!
Ai, ai, ai, ai!
Fica triste se és capaz
E verás!

Tomara que tu apanhes!
Não tornes a fazer isso,
Tirar amores dos outros
Depois fazer teu feitiço!

Olha, a rolinha
(Sinhô! Sinhô!)
Se embaraçou
(Sinhô! Sinhô!)
Caiu no laço
(Sinhô! Sinhô!)
Do nosso amor
(Sinhô! Sinhô!)
Porque este samba
(Sinhô! Sinhô!)
É de arrepiar
(Sinhô! Sinhô!)
Põe perna bamba
(Sinhô! Sinhô!)
Mas faz gozar!

O chefe da polícia,
Pelo telefone,
Manda me avisar
Que, na Carioca,
Tem uma roleta
Para se jogar!
(bis)

Ai, ai, ai!…

Tomara que tu apanhes…

Olha a rolinha
(Sinhô! Sinhô!)
Se embaraçou
(Sinhô! Sinhô!)
É que a vizinha
(Sinhô! Sinhô!)
Nunca sambou
(Sinhô! Sinhô!)
Porque este samba
(Sinhô! Sinhô!)
É de arrepiar
(Sinhô! Sinhô!)
Põe perna bamba
(Sinhô! Sinhô!)
Mas faz gozar!

Moleque indigesto

 

Eta, moleque bamba
Pega a cabrocha
Pisca o olho
E cai no samba

Esse moleque
Sabe ser bom
Faz o “footing”
Lá no Leblon
Bebe, joga, fuma “Yolanda”
Toca trombone na banda

Esse moleque
É de encomenda
Já foi vaqueiro
Numa fazenda
Pega, pega, como ninguém
Aquelas vacas de cem…

Esse moleque
É bom rapaz
Tem um defeito
Come demais
Come, come, não deixa resto
Ó que moleque indigesto!

Samba de Orly

Vai, meu irmão
Pega esse avião
Você tem razão de correr assim
Desse frio, mas beija
O meu Rio de Janeiro
Antes que um aventureiro
Lance mão

Pede perdão
Pela duração dessa temporada
Mas não diga nada
Que me viu chorando
E pros da pesada
Diz que vou levando
Vê como é que anda
Aquela vida à toa
E se puder me manda
Uma notícia boa

Pede perdão
Pela omissão um tanto forçada
Mas não diga nada
Que me viu chorando
E pros da pesada
Diz que vou levando
Vê como é que anda
Aquela vida à toa
Se puder me manda
Uma notícia boa

Fita Amarela

Quando eu morrer, não quero choro nem vela
Quero uma fita amarela gravada com o nome dela
Se existe alma, se há outra encarnação
Eu queria que a mulata sapateasse no meu caixão

Não quero flores nem coroa com espinho
Só quero choro de flauta, violão e cavaquinho
Estou contente, consolado por saber
Que as morenas tão formosas a terra um dia vai comer.

Não tenho herdeiros, não possuo um só vintém
Eu vivi devendo a todos mas não paguei a ninguém
Meus inimigos que hoje falam mal de mim
Vão dizer que nunca viram uma pessoa tão boa assim.

O Meu Guri

Quando, seu moço, nasceu meu rebento
Não era o momento dele rebentar
Já foi nascendo com cara de fome
E eu não tinha nem nome pra lhe dar
Como fui levando, não sei lhe explicar
Fui assim, levando, ele a me levar
E na sua meninice
Ele um dia me disse que chegava lá

Olha aí!
Olha aí!

Olha aí!
Ai, o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega

Chega suado e veloz do batente
Traz sempre um presente pra me encabular
Tanta corrente de ouro, seu moço
Que haja pescoço pra enfiar
Me trouxe uma bolsa já com tudo dentro
Chave, caderneta, terço e patuá
Um lenço e uma penca de documentos
Pra finalmente eu me identificar, olha aí!

Olha aí!
Ai, o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega

Chega no morro com carregamento
Pulseira, cimento, relógio, pneu, gravador
Rezo até ele chegar cá no alto
Essa onda de assalto está um horror
Eu consolo ele, ele me consola
Boto ele no colo pra ele me ninar
De repente, acordo, olho pro lado
E o danado já foi trabalhar, olha aí!

Olha aí! (Ah, olha aí)
Ai, o meu guri, olha aí! (Ah, olha aí meu guri)
Olha aí! (Ah, meu guri)
É o meu guri e ele chega (olha aí meu guri)

Chega estampado, manchete, retrato
Com venda nos olhos, legenda e as iniciais
Eu não entendo essa gente, seu moço
Fazendo alvoroço demais
O guri no mato, acho que tá rindo
Acho que tá lindo de papo pro ar
Desde o começo, eu não disse, seu moço
Ele disse que chegava lá

Olha aí!
Olha aí!

Olha aí! (Ah, olha aí)
Ai, o meu guri, olha aí! (Ah, olha aí meu guri)
Olha aí! (Ah, meu guri)
É o meu guri (olha aí meu guri)

Olha aí! (Ah, olha aí)
Ai, o meu guri, olha aí! (Ah, olha aí meu guri)
Olha aí! (Ah, meu guri)
É o meu guri (olha aí meu guri)

Olha aí! (Ah, olha aí)
Ai, o meu guri, olha aí! (Ah, olha aí meu guri)
Olha aí! (Ah, meu guri)
É o meu guri (olha aí meu guri)

Olha aí! (Ah, olha aí)
Ai, o meu guri

(mais…)

Meu Caro Amigo

Meu caro amigo me perdoe, por favor
Se eu não lhe faço uma visita
Mas como agora apareceu um portador
Mando notícias nessa fita

Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock’n’roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol

Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

Muita mutreta pra levar a situação
Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça
E a gente vai tomando e também sem a cachaça
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo eu não pretendo provocar
Nem atiçar suas saudades
Mas acontece que não posso me furtar
A lhe contar as novidades

Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock’n’roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol

Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

É pirueta pra cavar o ganha-pão
Que a gente vai cavando só de birra, só de sarro
E a gente vai fumando que, também, sem um cigarro
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo eu quis até telefonar
Mas a tarifa não tem graça
Eu ando aflito pra fazer você ficar
A par de tudo que se passa

Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock’n’roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol

Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

Muita careta pra engolir a transação
E a gente tá engolindo cada sapo no caminho
E a gente vai se amando que, também, sem um carinho
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo eu bem queria lhe escrever
Mas o correio andou arisco
Se me permitem, vou tentar lhe remeter
Notícias frescas nesse disco

Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock’n’roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol

Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

A Marieta manda um beijo para os seus
Um beijo na família, na Cecília e nas crianças
O Francis aproveita pra também mandar lembranças
A todo o pessoal
Adeus
(mais…)

Apesar de voce

(Crescendo) Amanhã vai ser outro día x 3

Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão, não.
A minha gente hoje anda
Falando de lado e olhando pro chão.
Viu?
Você que inventou esse Estado
Inventou de inventar
Toda escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar o perdão.

(Coro) Apesar de você
amanhã há de ser outro dia.
Eu pergunto a você onde vai se esconder
Da enorme euforia?
Como vai proibir
Quando o galo insistir em cantar?
Água nova brotando
E a gente se amando sem parar.

Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros. Juro!
Todo esse amor reprimido,
Esse grito contido,
Esse samba no escuro.

Você que inventou a tristeza
Ora tenha a fineza
de “desinventar”.
Você vai pagar, e é dobrado,
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar.

(Coro2) Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia.
Ainda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria.

Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença.

E eu vou morrer de rir
E esse dia há de vir
antes do que você pensa.
Apesar de você

(Coro3)Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia.
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia.

Como vai se explicar
Vendo o céu clarear, de repente,
Impunemente?
Como vai abafar
Nosso coro a cantar,
Na sua frente.
Apesar de você

(Coro4)Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia.
Você vai se dar mal, etc e tal,
La, laiá, la laiá, la laiá…….
(mais…)