Alberto de Oliveira

Conhecido como Alberto de Oliveira, Antônio Mariano Alberto de Oliveira nasceu em Palmital do Saquarema (RJ) no dia 28 de abril de 1857. Filho de Ana de Oliveira e José Mariano de Oliveira, estudou o primário em escola pública e formou-se, em 1884, em Farmácia. Além disso, estudou Medicina até o terceiro ano, onde conheceu e se tornou colega de Olavo Bilac.

A “tríade parnasiana” foi formada por Alberto de Oliveira, Olavo Bilac e Raimundo Correia. Alberto foi o que melhor adequou- se aos princípios parnasianos, logo tornou-se uma espécie de líder do movimento. Sua poesia é intelectualizada e fria, dando destaque ao preciosismo formal e linguístico. Já em pleno Modernismo, em 1924, sob a influência da Semana de Arte Moderna, Alberto de Oliveira foi eleito o “Príncipe dos Poetas”, no lugar ocupado anteriormente por Olavo Bilac. 

Embora tenha vivido 80 anos de profundas transformações econômicas, políticas, sociais e literárias, Alberto de Oliveira sempre foi fiel ao Parnasianismo. Foi considerado o mestre dessa estética e um dos mais perfeito parnasianos. Entre as principais obras de destaque estão: Canções Românticas (1878), Meridionais (1884), Sonetos e Poemas (1885), Versos e Rimas (1895), Série Poesias (1900), Poesias Escolhidas (1933), entre outras.

Aspiração – Alberto de Oliveira

Ser palmeira! existir num píncaro azulado,Vendo as nuvens mais perto e as estrelas em bando;Dar ao sopro do mar o seio perfumado,Ora os leques abrindo, ora os leques fechando; Só de meu cimo, só de meu trono, os rumoresDo dia ouvir, nascendo o primeiro arrebol,E no azul dialogar com o espírito das flores,Que invisível ascende […]

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Flor de caverna – Alberto de Oliveira

Fica às vezes em nós um verso a que a venturaNão é dada jamais de ver a luz do dia;Fragmento de expressão de idéia fugidia,Do pélago interior bóia na vaga escura. Sós o ouvimos conosco; à meia voz murmura,Vindo-nos da consciência a flux, lá da sombriaProfundeza da mente, onde erra e se enfastia,Cantando, a distrair

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A cancela da estrada – Alberto de Oliveira

Bate a cancela da estradaConstantemente. Cavaleiro, à disparada,Lá vai no cavalo ardente.Cavaleiro em descuidadaMarcha, lá vem indolente. Passa, ondeia levantadaA poeira, toldando o ambiente. Bate a cancela da estradaConstantemente. Bate, e exaspera-se e bradaOu chora contra o batente:(Ninguém lhe ouve na arrastada,Roufenha voz o que sente) — “Minha vida desgraçadaRepouso não me consente;Vivo a bater

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Horas mortas – Alberto de Oliveira

Breve momento após comprido diaDe incômodos, de penas, de cansaçoInda o corpo a sentir quebrado e lasso,Posso a ti me entregar, doce Poesia. Desta janela aberta, à luz tardiaDo luar em cheio a clarear no espaço,Vejo-te vir, ouço-te o leve passoNa transparência azul da noite fria. Chegas. O ósculo teu me vivificaMas é tão tarde!

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Afrodite – Alberto de Oliveira

I Móvel, festivo, trépido, arrolando,À clara voz, talvez da turba iriadaDe sereias de cauda prateada,Que vão com o vento os carmes concertando, O mar, — turquesa enorme, iluminada,Era, ao clamor das águas, murmurando,Como um bosque pagão de deuses, quandoRompeu no Oriente o pálio da alvorada. As estrelas clarearam repentinas,E logo as vagas são no verde

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Velha fazenda III – Alberto de Oliveira

— “… Vi um por um, oh! provação tremenda!Nunca me há de esquecer aquele dia!Debandar os escravos da fazenda. A esta, em idos tempos de alegria,Chamara, porque as tinha, de “Esperança”,“Desengano” melhor lhe chamaria. Ah! dor nenhuma, como a da lembrançaDa ventura que foi, na desventuraFerir mais fundo o coração alcança! Tanta grandeza há pouco!

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Terceiro canto – Alberto de Oliveira

I Embala-me, balanço da mangueira,Embala-me, que enquanto vou contigo,Contigo venho, o meu pesar esqueço.Rompe a luz da manhã rosada e linda,Tudo desperta. E essa por quem padeço,Lânguida e preguiçosa,Entre brancos lençóis repousa ainda.Embala-me, pendente da mangueira,Na tensa corda, meu balanço amigo!Em claro a noite inteiraPassei, pensando nela. Ah! que formosaEstava ontem à tarde no mirante,Um

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Os amores da estrela – Alberto de Oliveira

Já sob o largo pálio a tenebrosaNoite as estrelas nítidas e belasPrendera ao seio, como mãe piedosa. De umas as brancas lúcidas capelas,De outras o manto e as clâmides de linhoViam-se à luz da lua. Estas e aquelas, Todas no lácteo sideral caminhoDormiam, como bando alvinitenteDe aves, à sombra, nos frouxéis de um ninho. Vênus,

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Vaso grego – Alberto de Oliveira

Esta de áureos relevos, trabalhadaDe divas mãos, brilhante copa, um dia,Já de aos deuses servir como cansada,Vinda do Olimpo, a um novo deus servia. Era o poeta de Teos que o suspendiaEntão, e, ora repleta ora esvasada,A taça amiga aos dedos seus tinia,Toda de roxas pétalas colmada. Depois… Mas, o lavor da taça admira,Toca-a, e

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Os amores da estrela – Alberto de Oliveira

Já sob o largo pálio a tenebrosaNoite as estrelas nítidas e belasPrendera ao seio, como mãe piedosa. De umas as brancas lúcidas capelas,De outras o manto e as clâmides de linhoViam-se à luz da lua. Estas e aquelas, Todas no lácteo sideral caminhoDormiam, como bando alvinitenteDe aves, à sombra, nos frouxéis de um ninho. Vênus,

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Vaso chinês – Alberto de Oliveira

Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,Casualmente, uma vez, de um perfumadoContador sobre o mármor luzidio,Entre um leque e o começo de um bordado. Fino artista chinês, enamorado,Nele pusera o coração doentioEm rubras flores de um sutil lavrado,Na tinta ardente, de um calor sombrio. Mas, talvez por contraste à desventura,Quem o sabe?… de um velho mandarimTambém lá

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Fantástica – Alberto de Oliveira

Erguido em negro mármor luzidio,Portas fechadas, num mistério enorme,Numa terra de reis, mudo e sombrio,Sono de lendas um palácio dorme. Torvo, imoto em seu leito, um rio o cinge,E, à luz dos plenilúnios argentados,Vê-se em bronze uma antiga e bronca esfinge,E lamentam-se arbustos encantados. Dentro, assombro e mudez! quedas figurasDe reis e de rainhas; penduradasPelo

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A vingança da porta – Alberto de Oliveira

Era um hábito antigo que ele tinha:Entrar dando com a porta nos batentes.— Que te fez essa porta? a mulher vinhaE interrogava. Ele cerrando os dentes: — Nada! traze o jantar! — Mas à noitinhaCalmava-se; feliz, os inocentesOlhos revê da filha, a cabecinhaLhe afaga, a rir, com as rudes mãos trementes. Urna vez, ao tornar

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Confissão dos olhos – Alberto de Oliveira

Na sala, muita vez, junto aos que estão contigo,Noto entrando que ao ver-me, entre surpresa e enleioFicas, como se acaso um sofrimento antigoEu te viesse acordar lá no íntimo do seio. Por que enleio e surpresa? Olham-te, e empalideces;Pões a vista no chão, fazes que desconhecesEstar ao pé de ti quem te perturba; acasoVais distraída;

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Beija-flores – Alberto de Oliveira

Os beija-flores, em festa,Com o sol, com a luz, com os rumores,Saem da verde floresta,Como um punhado de flores. E abrindo as asas formosas,As asas aurifulgentes,Feitas de opalas ardentesCom coloridos de rosas, Os beija-flores, em bando,Boêmios enfeitiçados,Vão como beijos voandoPor sobre os virentes prados; Sobem às altas colinas,Descem aos vales formosos,E espraiam-se após ruidososPela extensão

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