Autor: Júlia Costines
Pesa a calma da noite em derredor.
Um choro Brando às súbitas soa
No silêncio, que após um tumultuoso coro
De soluços e de ais e de gritos povoa:
– Vão e eterno clamor da humana criatura,
Presa da desventura.
Quanta dor a gemer nessa orquestra assombrosa!
Revoltado e dorido,
Vibra o grito de alguém, numa selva cheirosa
Pelo ascoso réptil da perfídia mordido;
De alguém, franco e viril, que a luta não abate,
Vencido sem combate.
Ouço o rouco estertor do soldado, que, exangue,
Após a árdua refrega,
Agoniza num solo embebido de sangue,
Enquanto ao seu olhar, que às ilusões se apega,
Se transmuda o fulgor da sagrada bandeira
Numa sombra embusteira…
Júlia Cortines