Autor: Júlia Costines
Do mês de Maio a luz do sol mais brando
Desce do espaço em leves frocos de ouro,
E, pelos frios ares ondulando,
Envolve a mata e espelha o sorvedouro.
Se enrola o raio aveludado e louro
Pelos ramos, aos quais, se aproximando
As horas do crepúsculo, cantando
Voltam as aves em alegre coro.
Mas nem sequer eu na janela assomo.
Só vejo a natureza morta, como
Uma sombria e desolada estepe.
É que longe de mim está: sem vê-lo,
Trago a minha alma sepultada em gelo,
Trago o meu coração envolto em crepe.