Autor: Júlia Costines
Interrogaste a vida: interrogaste o arcano,
Misterioso sentir do coração humano;
A mesta palidez serena do luar;
O murmúrio plangente e soturno do mar;
O réptil, que rasteja; o pássaro, que voa;
A fera, cujo berro as solidões atroa;
A desenfreada fúria insana do tufão;
A planta a se estorcer numa atroz convulsão.
Interrogaste, enfim, tudo o que existe, tudo:
O que chora, o que vibra, o que é imoto, o que é mudo.
Do astro eterno baixaste à transitória flor.
Que encontraste, afinal?
– A dor! a dor! a dor!
Júlia Cortines