Autor: Júlia Costines
A esse som de trombeta e de alarma, quem há de Dormir?
Mortos, deixai a paz da sepultura
E acorrei: o que ouvis é o clarim da Saudade!
De pé! de pé! de pé!
Despedaçai a dura Lousa que sobre vós lançou o esquecimento,
Espectros do sofrer, fantasmas da ventura!
Ó divina ilusão, que um único momento
O fulgor da tua asa ante os meus olhos passe,
Deixando-os num enlevo e num deslumbramento!
Meu amor, meu amor, anima-te! renasce
Da cova em que a traição te sepultou um dia,
E une ainda uma vez a face à minha face!
Como o meu coração, em ânsias, se estorcia
Às tuas rudes mãos, fá-lo estorcer-se agora,
Minha lenta e penosa e tremenda agonia!
Todas vós que a minha alma agitastes outrora,
Ó esperança, ó alegria, ó tristeza, ó ansiedade,
Acudi a essa voz que, vibrante e sonora,
Faz rolar pelo espaço o clarim da Saudade!
Júlia Cortines