Aí o pessoal saiu do Largo da Banana, que não tinha mais, e foram parar lá na Rua Aimoré, na rua das tabocas. Alí naquele pedaço maldito, que quando chegava agosto o mulheril fazia uma caravana e iam tudo para Pirapora. Iam levar cachaça para o Bom Jesus de Pirapora beber. E onde vai mulher, vai vagau. E o Geraldão ia atrás. Lá em Pirapora era assim. De dia coisas com o Santo, todo mundo rezando, todo mundo agradecendo os milagres do ano, todo mundo pagando promessa, todo mundo seguindo procissão. De noite festa de gente, festa no barracão, muita cachaça, muito samba e foi aí que o Geraldão aprendeu e ganhou as divisas de grande sambista, a valentia, porque em Pirapora o mais bobo fazia e acontecia. Tinha um tal de João Diogo que só tinha uma perna e jogava capoeira! Se apoiava na muleta e dava com a outra: Tome!
E aí em Pirapora era assim:
Pirapora, ê! Pirapora, ê!
Bate o bumbo nêgo
Quero ouvir o boi gemer
À margem do lendário Tietê
Uma nova cidade surgiu
De toda parte vinha romaria
Festejar o grande dia
E cantar em seu louvor
Trazemos nesta avenida colorida
Festa do povo e costumes tradicionais
Dar ao povo o que é do povo
O que fazemos neste carnaval
Pirapora, ê! Pirapora, ê!
Bate o bumbo nêgo
Quero ouvir o boi gemer
Lá no jardim era festa de branco
A banda tocava um dobrado
As negras gritavam pregões
E as moças casadoiras procuravam namorado
No barracão a raça sambava a noite inteira
Batia zabumba, jogava rasteira
Ô, oôoô, cantando alegre a loa de um trovador
Tem branco no samba? Tem sim senhor
Ele é batuqueiro, Sandinha, ou é cantador?
Pirapora, ê! Pirapora, ê!
Bate o bumbo nêgo
Quero ouvir o boi gemer
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