Estilo Musical: Choro

O choro é mais bem descrito em termos americanos como “o jazz do Brasil”. É uma forma musical popular complexa baseada na improvisação e, como o jazz e blues cresceu a partir de uma estrutura musical formalizada e de muitas influências. 

A palavra choro significa literalmente “chorar”, o que parece um nome irônico para uma música muitas vezes tão alegre e comemorativa. Na verdade, o termo se refere às qualidades cadenciadas ou “chorosas” do instrumento solo, geralmente uma flauta ou clarinete. Essa música, também chamada de chorinho, atingiu a maioridade no início do século XX nos cafés do Rio de Janeiro e outras grandes cidades do Brasil. 

As tradições que nutriram o choro no Rio no final do século XIX são praticamente as mesmas que originaram o danzón em Cuba, a beguina na Martinica e o ragtime nos Estados Unidos; países estavam desenvolvendo suas próprias músicas populares e começaram a misturar elementos de outras culturas, incluindo polca europeia e ritmos africanos. 

Musicalmente, o choro é baseado no que conhecemos como ritmos do estilo samba ou da bossa nova e tocado em um violão ou outro instrumento de cordas com trastes, flauta ou clarinete e percussão. Estruturalmente, é a música brasileira que mais se aproxima da música erudita europeia, mas mantém uma personalidade totalmente brasileira. Em sua estrutura exigente, o choro se destaca pelos grandes saltos melódicos e pelas velocidades vertiginosas, surpreendentes mudanças de harmonia e sonoridade improvisada. 

O choro foi desenvolvido como um estilo quase puramente instrumental ao invés de vocal devido ao amor absoluto dos músicos por tocar. As seções de música que duravam toda a noite, chamadas de sauras ou rodas de choro, tornaram-se muito comuns entre os anos 1920 e 1940, e nesses encontros os músicos formavam uma conexão quase espiritual com sua música. Para ser aceito nas rodas de choro, era necessário ser um músico bom o suficiente, além de compreender as “palavras-código” musicais, ou seja, a linguagem da improvisação.

Um dos mais importantes compositores de choro foi Pixinguinha, cujo “Segura Ele” é ouvido até hoje. Pixinguinha, um dos maiores flautistas e improvisadores de sua época, tem sido chamado de “o Bach do choro” pelos musicólogos pela quase perfeição de sua estrutura harmônica, seu virtuosismo e a complexidade de sua música. Ele estava no auge de sua carreira artística nas décadas de 1920, 1930 e 40. 

Em 1922 Pixinguinha foi para Paris com seu grupo, o primeiro brasileiro a ser contratado para se apresentar no exterior, e conquistou adeptos na França e também no Brasil. Outro mestre de choro foi Jacob do Bandolim, um dos maiores bandolinistas do Brasil. Apresentou e gravou sua música nas décadas de 40 e 50, e foi figura popular nas rádios brasileiras. Entre os hits populares estão “Carinhoso” (Pixinguinha), “Tico-Tico no Fubá” (Ademilde Fonseca) e “Odeon” (Ernesto Nazareth).

O choro começou a sair de moda em meados dos anos 1950 e nos anos 60 era difícil ouvir essa música em qualquer lugar do Brasil. Mas nos anos 70 ocorreu um renascimento e surgiu uma nova geração de músicos de choro. Esse avivamento tem continuado, no esforço de preservar a música que “é o Brasil” para quem a ouve e toca tanto naquele país como, para nossa sorte, no rádio.

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