Skip to main content

Caras e bocas

Quando canto um segredo
Quando mostro algum medo
Ou mais
Quando falo de amor ou desejo
Minha boca se mostra macia
Vermelha
Mas se desce a garganta
Das cordas escondidas
Nesse peito sufocado
Desse coração atrapalhado
Surge uma nota brilhante
De cristal transparente
Minha cara invade a cena
Rasga a vida
Mostra o brilho agudo musical

Da maior importância

Foi um pequeno momento, um jeito
Uma coisa assim
Era um movimento que aí você não pode mais
Gostar de mim direito
Teria sido na praia, medo
Vai ser um erro
Uma palavra, a palavra errada
Nada, nada
Basta nada, nada
E eu já quase não gosto e já nem gosto
Do jeito que de repente você foi olhada por nós
Porque eu sou tímido e teve um negócio
De você perguntar o meu signo
Quando não havia signo nenhum
Escorpião, Sagitário, não sei que lá
Ficou um papo de otário, um papo
Ia sendo bom
É tão difícil, tão simples, difícil, tão fácil
De repente ser uma coisa tão grande
Da maior importância
Deve haver uma transa qualquer pra você e pra mim
Entre nós
E você jogando fora e agora vá embora, vá
Deve haver um jeito qualquer, uma hora
Há sempre um homem para uma mulher
Há dez mulheres para cada um
Uma mulher é sempre uma mulher, etc. e tal
Assim como existe disco voador e o escuro do futuro
Pode haver no que está dependendo
De um pequeno momento puro de amor
Mas você não teve pique e agora não sou eu quem vai
Lhe dizer que fique, você não teve pique
E agora não sou eu quem vai lhe dizer que fique
Mas você não teve pique e agora não sou eu quem vai
Lhe dizer que fique, não sou eu quem vai
Você não teve pique
Não sou eu quem vai
Lhe dizer que fique
Não sou eu quem vai
Não sou eu quem vai lhe dizer que você não teve pique
Não sou eu

Segunda

Segunda é dia de branco
Vou arrastar meu tamanco
Quem não tem dinheiro em banco
Madruga e Deus não ajuda

Sexta-feira eu dou o arranco
No sábado aguento o tranco
Chega no domingo estanco
Na segunda tudo muda

Digo isso com alegria
Não vejo o nascer do dia
Mas pela Virgem Maria
Tenho dinheiro e patrão

Eu mesmo sou mei galego
O meu chefe no emprego
É que é mulato pra nego:
Só ecos da escravidão

Se conhece pela bunda
Pela tristeza profunda
Mas é só dele a segunda
Eu foi que herdei a senzala

Mas agora a minha sala
Tem geladeira de gala
À dele quase se iguala
Muda o mundo em barafunda

Vou arrastar meu tamanco
Que amanhã volto à peleja
Quem não me mata me beija
Mas ninguém morre de inveja

Essa é a última cerveja
Bendigo quem vai à igreja
Quem não vai, louvado seja
Segunda é dia de branco

Neguinho

Neguinho não lê, neguinho não vê, não crê, pra quê?
Neguinho nem quer saber
O que afinal define a vida de neguinho

Neguinho compra o jornal, neguinho fura o sinal
Nem bem nem mal, prazer
Votou, chorou, gozou: o que importa, neguinho?

Rei, rei, neguinho rei
Sim, sei, neguinho
Rei, rei, neguinho é rei
Sei não, neguinho

Se nego pensa que é difícil, fácil, tocar bem esse país
Só pensa em se dar bem – neguinho também se acha
Neguinho compra 3 TVs de plasma, um carro, um GPS
E acha que é feliz
Neguinho também só quer saber de filme em shopping

Rei, rei, neguinho rei
Sim, sei, neguinho
Rei, rei, neguinho é rei
Sei não, neguinho

Se o mar do Rio tá gelado
Só se vê neguinho entrar e sair correndo azul
Já na Bahia nego fica den’dum útero
Neguinho vai pra Europa, States, Disney
E volta cheio de si
Neguinho cata lixo no Jardim Gramacho

Neguinho quer justiça e harmonia
Para se possível todo mundo
Mas a neurose de neguinho vem e estraga tudo
Nego abre banco, igreja, sauna, escola
Nego abre os braços e a voz
Talvez seja sua vez:
Neguinho que eu falo é nós

Rei, rei, neguinho rei
Sim, sei, neguinho
Rei, rei, neguinho é rei
Sei não, neguinho

Vaca profana

Respeito muito minhas lágrimas
Mas ainda mais minha risada
Escrevo, assim, minhas palavras
Na voz de uma mulher sagrada

Vaca profana, põe teus cornos
Pra fora e acima da manada
Vaca profana, põe teus cornos
Pra fora e acima da manada

Ê, ê, ê
Dona de divinas tetas
Derrama o leite bom na minha cara
E o leite mau na cara dos caretas

Segue a movida Madrileña
Também te mata Barcelona
Napoli, pino, pi, pau, punks
Picassos movem-se por Londres

Bahia, onipresentemente
Rio e belíssimo horizonte
Bahia, onipresentemente
Rio e belíssimo horizonte

Ê, ê, ê
Vaca de divinas tetas
La leche buena toda en mi garganta
La mala leche para los puretas

Quero que pinte um amor Bethânia
Stevie Wonder, Andaluz
Mas do que tive em Tel-Aviv
Perto do mar, longe da cruz

Mas em composição cubista
Meu mundo thelonius monk’s blues
Mas em composição cubista
Meu mundo thelonius monk’s blues

Ê, ê, ê
Dona das divinas tetas
Quero teu leite todo em minha alma
Nada de leite mau para os caretas

Sou tímido e espalhafatoso
Torre traçada por Gaudi
São Paulo é como o mundo todo
No mundo, um grande amor perdi

Caretas de Paris, New York
Sem mágoas, estamos aí
Caretas de Paris e New York
Sem mágoas estamos aí

Ê, ê, ê
Vaca das divinas tetas
Teu bom só para o oco, minha falta
E o resto inunde as almas dos caretas

Mas eu também sei ser careta
De perto, ninguém é normal
Às vezes, segue em linha reta
A vida que é meu bem, meu mal

No mais, as ramblas do planeta
Orxata de xufa, si us plau
No mais, as ramblas do planeta
Orchata de chufa, si us plau

Ê, ê, ê
Deusa de assombrosas tetas
Gotas de leite bom na minha cara
Chuva do mesmo bom sobre os caretas

La mala leche para los puretas
Nada de leite mau para os caretas
E o leite mau na cara dos caretas
Chuva do mesmo bom sobre os caretas
E o resto inunde as almas dos caretas

Luz do sol

Luz do sol
Que a folha traga e traduz
Em verde de novo
Em folha, em graça , em vida em força, em luz
Céu azul que venha até onde os pés
Tocam na terra e a terra inspira e exala seus azuis
Reza, reza o rio ,
Córrego pro rio, rio pro mar
Reza correnteza , roça a beira a doura areia
Marcha um homem sobre o chão
Leva no coração uma ferida acesa
Dono do sim e do não
Diante da visão da infinita beleza
Finda por ferir com a mão essa delicadeza coisa mais querida
A gló…..ria da vida
Luz do sol
Que a folha traga e traduz
Em verde de novo
Em folha, em graça, em vida, em força , em luz
Reza, reza o rio
Córrego pro rio , rio pro mar
Reza correnteza roça a beira a doura areia
Marcha o homem sobre o chão
Leva no coração uma ferida acesa
Dono do sim e do não
Diante da visão de infinita beleza
Finda por ferir com a mão
Essa delicadeza a coisa mais querida
A gló……ria da vida
Luz do sol
Que a folha traga e traduz
Em verde de novo

Dom de iludir

Não me venha falar na malícia
De toda mulher
Cada um sabe a dor e a delícia
De ser o que é
Não me olhe como se a polícia
Andasse atrás de mim
Cale a boca
E não cale na boca
Notícia ruim

Você sabe explicar
Você sabe entender
Tudo bem
Você está, você é ,
Você faz, você quer,
Você tem
Você diz a verdade
E a verdade, o seu dom de iludir
Como pode querer que a
mulher vá viver sem mentir

Massa real

Hoje eu só quero você
Seja do jeito que for
Hoje eu só quero alegria
É meu dia, é meu dia
Hoje eu só quero amor
Hoje eu só quero prazer
Hoje vai ter que pintar
Só quero a massa real
É o meu carnaval
Hoje eu só quero amar
Hoje eu não quero sofrer
Não quero ver ninguém chorar
Hoje eu não quero saber
De ouvir dizer que não vai dar
Vai ter que dar, vai ter que dar
Esse é o meu carnaval
Vai ter que dar, vai ter que dar

Força estranha

Eu vi o menino correndo eu vi o tempo
Brincando ao redor do caminho daquele menino
Eu pus os meus pés no riacho
E acho que nunca os tirei
O sol ainda brilha na estrada e eu nunca passei

Eu vi a mulher preparando outra pessoa
O tempo parou pra eu olhar para aquela barriga
A vida é amiga da arte
É a parte que o sol me ensinou
O sol que atravessa essa estrada que nunca passou

Por isso uma força me leva a cantar
Por isso essa força estranha
Por isso é que eu canto não posso parar
Por isso essa voz tamanha

Eu vi muitos cabelos brancos na fronte do artista
O tempo não pára e no entanto ele nunca envelhece
Aquele que conhece o jogo
Do fogo das coisas que são
É o sol
É a estrada
É o tempo
É o pé
E é o chão
Eu vi muitos homens brigando ouvi seus gritos
Estive no fundo de cada vontade encoberta
E a coisa mais certa de todas as coisas
Não vale um caminho sob o sol
E o sol sobre a estrada
É o sol sobre a estrada
É o sol

Por isso uma força me leva a cantar
Por isso essa força estranha
Por isso é que eu canto não posso parar
Por isso essa voz tamanha

Por isso uma força me leva a cantar
Por isso essa força estranha
Por isso é que eu canto não posso parar
Por isso essa voz tamanha

Tigresa

Uma tigresa de unhas negras e íris cor de mel
Uma mulher, uma beleza que me aconteceu
Esfregando a pele de ouro marrom
Do seu corpo contra o meu
Me falou que o mal é bom e o bem cruel

Enquanto os pelos dessa deusa tremem ao vento ateu
Ela me conta sem certeza tudo o que viveu
Que gostava de política em mil novecentos e sessenta e seis
E hoje dança no Frenetic Dancin’ Days

Ela me conta que era atriz e trabalhou no Hair
Com alguns homens foi feliz com outros foi mulher
Que tem muito ódio no coração, que tem dado muito amor
E espalhado muito prazer e muita dor

Mas ela ao mesmo tempo diz que tudo vai mudar
Porque ela vai ser o que quis inventando um lugar
Onde a gente e a natureza feliz, vivam sempre em comunhão
E a tigresa possa mais do que o leão

As garras da felina me marcaram o coração
Mas as besteiras de menina que ela disse não
E eu corri pra o violão num lamento
E a manhã nasceu azul
Como é bom poder tocar um instrumento

London, London

I’m wandering round and round, nowhere to go
I’m lonely in London, London is lovely so
I cross the streets without fear
Everybody keeps the way clear
I know, I know no one here to say hello
I know they keep the way clear
And I am lonely in London without fear
I’m wondering round and round here nowhere to go

While my eyes
Go looking for flying saucers in the sky
While my eyes
Go looking for flying saucers in the sky

On Sunday, Monday, Autumn pass by me
And people hurry on so peacefully
A group approaches a policeman
He seems so pleased to please them
It’s good at least to live and I agree
He seems so pleased at least
And it’s so good to live in peace and
Sunday, Monday years and I agree

While my eyes
Go looking for flying saucers in the sky
While my eyes
Go looking for flying saucers in the sky

I don’t know what I left so far away
I don’t think, I don’t ask and I don’t pray
I do not want to make a mess
And I know about nothing that possess
I came around to say yes, and I say
I do not want to make a mess
And I know about nothing that possess
I came around to say yes, and I say

While my eyes
Go looking for flying saucers in the sky
While my eyes
Go looking for flying saucers in the sky

Meu bem, meu mal

Você é meu caminho
Meu vinho
Meu vício
Desde o início
Estava você

Meu bálsamo benigno
Meu signo
Meu guru
Porto seguro
Onde eu voltei

Meu mar
E minha mãe
Meu medo
E meu champagne

Visão
Do espaço sideral
Onde o que eu sou
Se afoga!
Meu fumo e minha ioga
Você é minha droga
Paixão e carnaval

Meu Zem!
Meu Bem!
Meu Mal!

Meu Zem!
Meu Bem!

Você é meu caminho
Meu vinho
Meu vício
Desde o inicio
Estava você

Meu bálsamo benigno
Meu signo
Meu guru
Porto seguro
Onde eu vou ter

Meu mar
E minha mãe
Meu medo
E meu champagne

Visão
Do espaço sideral
Onde o que eu sou
Se afoga!
Meu fumo e minha ioga
Você é minha droga
Paixão e carnaval

Meu Zem!
Meu Bem!
Meu Mal!

A rã

Coro de cor
Sombra de som de cor
De mal me quer
De mal me quer de bem
De bem me diz
De me dizendo assim
Serei feliz
Serei feliz de flor
De flor em flor
De samba em samba em som
De vai e vem
De verde verde ver
Pé de capim
Bico de pena pio
De bem te vi
Amanhecendo sim
Perto de mim
Perto da claridade
Da manhã
A grama a lama tudo
É minha irmã
A rama o sapo o salto
De uma rã

As ayabás (Caetano Veloso e Gilberto Gil)

Nenhum outro som no ar pra que todo mundo ouça
Eu agora vou cantar para todas as moças
Eu agora vou bater para todas as moças
Eu agora vou dançar para todas as moças
Para todas Ayabás, para todas elas
Eu agora vou cantar para todas as moças
Eu agora vou bater para todas as moças
Eu agora vou dançar para todas as moças
Para todas Ayabás, para todas elas

Iansã comanda os ventos
E a força dos elementos
Na ponta do seu florim
É uma menina bonita
Quando o céu se precipita
Sempre o princípio e o fim
Iansã comanda os ventos
E a força dos elementos
Na ponta do seu florim
É uma menina bonita
Quando o céu se precipita
Sempre o princípio e o fim

Obá – Não tem homem que enfrente
Obá – A guerreira mais valente
Obá – Não sei se me deixo mudo
Obá – Numa mão, rédeas, escudo
Obá – Não sei se canto ou se não
Obá – A espada na outra mão
Obá – Não sei se canto ou se calo
Obá – De pé sobre o seu cavalo
Obá – De pé sobre o seu cavalo
Obá – De pé sobre o seu cavalo
Obá – De pé sobre o seu cavalo
Obá – De pé sobre o seu cavalo
Obá – De pé sobre o seu cavalo
Obá – De pé sobre o seu cavalo

Euá, Euá
É uma moça cismada
Que se esconde na mata
E não tem medo de nada
Euá, Euá
Não tem medo de nada
O chão, os bichos
As folhas, o céu
Euá, Euá
Virgem da mata virgem
Virgem da mata virgem
Dos lábios de mel
Euá, Euá
É uma moça cismada
Que se esconde na mata
E não tem medo de nada
Euá, Euá
Não tem medo de nada
O chão, os bichos
As folhas, o céu
Euá, Euá
Virgem da mata virgem
Virgem da mata virgem
Dos lábios de mel

Oxum… Oxum…
Doce mãe dessa gente morena
Oxum… Oxum…
Água dourada, lagoa serena
Oxum… Oxum…
Beleza da força da beleza da força da beleza
Oxum… Oxum…
Oxum… Oxum…
Doce mãe dessa gente morena
Oxum… Oxum…
Água dourada, lagoa serena
Oxum… Oxum…
Beleza da força da beleza da força da beleza
Oxum… Oxum…
Oxum… Oxum..

Bonina (Caetano Veloso e Capinan)

A bonina que é flor roxa
Tô preso no pelourinho
Se me soltar ê ê ê ê
Eu vou-me embora

Menina, minha menina
Não solte o seu canarinho
Se soltar quero pegar
Nas asas do passarinho

Me traga um limão maduro
Para matar minha sede
Vim precisado de tudo
De água, ternura e rede

A bonina que é flor roxa
Tô preso no pelourinho
Se me soltar ê ê ê ê
Eu vou-me embora

Menina, minha menina
Tô preso por gente fina
Só por causa de um limão
E as asas de um passarinho
Se me soltar ê ê ê ê
Eu vou-me embora

Me cortaram o coração
Só por um beijo na boca
A bonina que é flor roxa
Na hora da precisão

A bonina que é flor roxa
Tô preso no pelourinho
Se me soltar ê ê ê ê
Eu vou-me embora

Menina, minha menina
Me solta do pelourinho
Se me soltar vou-me embora
Vou riscar o meu caminho
Vou sem mágoas da senhora

Menina, minha menina
Pr’ onde for só levo as penas
Das asas do passarinho
A bonina que é flor roxa
Tô preso no pelourinho
Se me soltar ê ê ê ê
Eu vou-me embora ê ê ê ê

Big bang bang (Caetano Veloso e Zé Miguel Wisnik)

Se tudo começou no big bang
Tinha que acabar no big mac
Só tinha que acabar no big mac

Se tudo começou no big bang
Tinha que acabar no big mac
Que acabar no big mac

Mas se a partida já estava começada
Quarenta minutos antes do nada
Então, é fla-flu

Então é maracanã lotado de pulsão
De mais!
E o sopro divino criador cantou fla-flu
Faça-se a luz

Flato-flou
Flight-flucht
Fiat lux
Ptyx

E expulsou o universo do universo
Uh!!

As várias pontas de uma estrela (Milton Nascimento e Caetano Veloso)

Estrela de cinco pontas
Cinco estrelas no cruzeiro
Trilhões de estrelas no céu
Três pontas mil corações
E o menino brasileiro
Com os olhos duas contas
Atravessa o imenso véu
De brilhos e escuridões

Que Deus segue esse menino
Que deuses o seguirão
Meu verso de sete patas
Notas desta melodia
Quem me ensina essa lição
Quem me explica esse destino
Que grito dentro das matas
Agora responderia

Não sei mas ando com ele
Às vezes voamos juntos
Pedras superpreciosas
De aves nas alturas tontas
Tocamos vários assuntos
Às vezes roço-lhe a pele
E somos estrelas rosas
Três, quatro, cinco mil pontas
Pontas, pontas, pontas

As ayabás (Caetano Veloso e Gilberto Gil)

Nenhum outro som no ar
Pra que todo mundo ouça
Eu agora vou cantar
Para todas as moças
Eu agora vou bater
Para todas as moças
Eu agora vou dançar
Para todas as moças
Para todas ayabás
Para todas elas

Iansã comanda os ventos
E a força dos elementos
Na ponta do seu florim
É uma menina bonita
Quando o céu se precipita
Sempre o princípio e o fim

Obá
Não tem homem que enfrente
Obá
A guerreira mais valente
Obá
Não sei se me deixo mudo
Obá
Numa mão, rédeas, escudo
Obá
Não sei se canto ou se não
Obá
A espada na outra mão
Obá
Não sei se canto ou se calo
Obá
De pé sobre o seu cavalo

Aracaju (Caetano Veloso, Tomás Improta e Vinícius Cantuária)

Céu todo Azul
Chegar no Brasil por um atalho
Aracaju
Terra cajueiro papagaio
Araçazu
Moqueca de cação no João do Alho
Aracaju
Voltar ao Brasil por um atalho
Ser feliz
O melhor lugar é ser feliz
O melhor é ser feliz
Mas
Onde estou
Não importa tanto aonde vou
O melhor é ter amor
Aracaju
Cajueiro arara cor de sangue
Nordeste-Sul
Centro da cidade bangue-bangue
Aracaju
Menos o Sergipe e mais o mangue
Ser feliz
O melhor lugar é ser feliz
O melhor é ser feliz
Onde estou
Não importa tanto aonde vou
O melhor é ter amor

Aquele frevo Axé

Que fazer?
Meu pensamento está preso àquele carnaval
Volto a pisar este chão
Enceno um drama banal
Tento refazer a trama
Mas o desfecho é igual
E você?
Será que canta calada aquele frevo axé
Que não me deixa dormir
Ou terá perdido a fé
No que ficou prometido
Sem nos falarmos sequer
Meu amor
Ando na praça vazia e espero o sol se por
Vejo o clarão se extinguir
Por trás da mão do poeta
Nosso amor não vai sumir
Veja onde a gente se achou
Estrelas já vão luzir
Na noite da baía preta
Queria tanto você aqui
Que fazer?..

Ângulos (Arrigo Barnabé, Eduardo Gudin e Caetano Veloso)

Curvas dos sapatos
Espelhando esquinas
Números exatos
Cortam-se na brisa
Sóis luzem nos dentes
Você me diz
Vamos parar
Os ângulos retos
Domam seus cabelos
Automóveis pretos
Refletem sapatos
Lábios quase opacos
Você me diz
Vamos parar
Na sua voz
Passam tantas notas
Que não param pra notar
Dedos na mão
Que dorme à sombra do momento
Contam tempos soltos pelo bar
E o amor
Nuvem nos topos
Não encontra lagos
A curva dos copos
Reflete automóveis
Olhos quase secos
Você me diz
Vamos parar
Lágrima no pelo
Espelhando a nuvem
Álcool sobre o gelo
Nenhuma palavra
Unhas sobre a louça
Você me diz
Vamos parar

Acrilirico (Rogério Duarte, Caetano Veloso e Rogério Duprat)

Olhar colírico
Lirios plásticos do campo e do contracampo
Telástico cinemascope teu sorriso tudo isso
Tudo ido e lido e lindo e vindo do vivido
Na minha adolescidade
Idade de pedra e paz

Teu sorriso quieto no meu canto

Ainda canto o ido o tido o dito
O dado o consumido
O consumado
Ato
Do amor morto motor da saudade

Diluído na grandicidade
Idade de pedra ainda
Canto quieto o que conheço
Quero o que não mereço
O começo
Quero canto de vinda
Divindade do duro totem futuro total
Tal qual quero canto
Por enquanto apenas mino o campo ver-te
Acre e lírico o sorvete
Acrilíco Santo Amargo da Putrificação

Acordar pra voce (Caetano Veloso e Belô Velloso)

Fico pensando o que posso dizer
Sonho um dia acordar pra você
Mas, se o vento o que trouxe, levou
O que é que eu posso fazer?
Lembro do dia em que noite chegou
Sem que se visse o verão acabou
Mas, se o amor pode amanhecer
Serei só eu e você
Nada apaga um sorriso seu
Nada cobre meu luar
E saudade ainda posso Ter
Deixar chover ao meu redor
Lembro do dia que a noite chegou
Sem que se visse o verão acabou
Mas, se o amor pode amanhecer
Serei só eu e você
Serei só eu e você

A terceira margem do rio (Milton Nascimento e Caetano Veloso)

Oco de pau que diz:
Eu sou madeira, beira
Boa, dá vau, triztriz
Risca certeira
Meio a meio o rio ri
Silencioso, sério
Nosso pai não diz, diz:
Risca terceira

Água da palavra
Água calada, pura
Água da palavra
Água de rosa dura
Proa da palavra
Duro silêncio, nosso pai

Margem da palavra
Entre as escuras duas
Margens da palavra
Clareira, luz madura
Rosa da palavra
Puro silêncio, nosso pai

Meio a meio o rio ri
Por entre as árvores da vida
O rio riu, ri
Por sob a risca da canoa
O rio viu, vi
O que ninguém jamais olvida
Ouvi, ouvi, ouvi
A voz das águas

Asa da palavra
Asa parada agora
Casa da palavra
Onde o silêncio mora
Brasa da palavra
A hora clara, nosso pai

Hora da palavra
Quando não se diz nada
Fora da palavra
Quando mais dentro aflora
Tora da palavra
Rio, pau enorme, nosso pai

Como dois e dois

Quando você me ouvir cantar
Venha não creia eu não corro perigo
Digo não digo não ligo, deixo no ar
Eu sigo apenas porque eu gosto de cantar
Tudo vai mal, tudo
Tudo é igual quando eu canto e sou mudo
Mas eu não minto não minto
Estou longe e perto
Sinto alegrias tristezas e brinco

Meu amor
Tudo em volta está deserto tudo certo
Tudo certo como dois e dois são cinco

Quando você me ouvir chorar
Tente não cante não conte comigo
Falo não calo não falo deixo sangrar
Algumas lágrimas bastam pra consolar
Tudo vai mal, tudo
Tudo mudou não me iludo e contudo
A mesma porta sem trinco, o mesmo teto
E a mesma lua a furar nosso zinco

Meu amor
Tudo em volta está deserto tudo certo
Tudo certo como dois e dois são cinco
Meu amor
Tudo em volta está deserto tudo certo
Tudo certo como dois e dois são cinco
Meu amor
Tudo em volta está deserto tudo certo
Tudo certo como dois e dois são cinco

Cinco

Eles (Caetano Veloso e Gilberto Gil)

Em volta da mesa
Longe do quintal
A vida começa
No ponto final
Eles têm certeza
Do bem e do mal
Falam com franqueza do bem e do mal
Crêem na existência do bem e do mal
O porão da América
O bem e o mal
Só dizem o que dizem
O bem e o mal
Alegres ou tristes
São todos felizes durante o Natal
O bem e o mal
Têm medo da maçã
A sombra do arvoredo
O dia de amanhã
Eis que eles sabem o dia de amanhã
Eles sempre falam num dia de amanhã
Eles têm cuidado com o dia de amanhã
Eles cantam os hinos no dia de amanhã
Eles tomam bonde no dia de amanhã
Eles amam os filhos no dia de amanhã
Tomam táxi no dia de amanhã
É que eles têm medo do dia de amanhã
Eles aconselham o dia de amanhã
Eles desde já querem ter guardado
Todo o seu passado no dia de amanhã
Não preferem São Paulo, nem o Rio de Janeiro
Apenas tem medo de morrer sem dinheiro
Eles choram sábados pelo ano inteiro
E há só um galo em cada galinheiro
E mais vale aquele que acorda cedo
E farinha pouca, meu pirão primeiro
E na mesma boca senti o mesmo beijo
E não há amor como o primeiro amor
Como primeiro amor
Que é puro e verdadeiro
E não há segredo
E a vida é assim mesmo
E pior a emenda do que o soneto
Está sempre à esquerda a porta do banheiro
E certa gente se conhece no cheiro
Em volta da mesa
Longe da maçã
Durante o natal
Eles guardam dinheiro
O bem e o mal

Pro dia de amanhã
Que maravilhoso país o nosso, onde se pode contratar
quarenta músicos para tocar um uníssono
(Miles Davis, durante uma gravação)

Onde andarás (Ferreira Gullar e Caetano Veloso)

Onde andarás nesta tarde vazia
Tão clara e sem fim
Enquanto o mar bate azul em Ipanema
Em que bar, em que cinema te esqueces de mim
Enquanto o mar bate azul em Ipanema
Em que bar, em que cinema te esqueces…
Eu sei, meu endereço apagaste do teu coração
A cigarra do apartamento
O chão de cimento existem em vão
Não serve pra nada a escada, o elevador
Já não serve pra nada a janela
A cortina amarela, perdi meu amor
E é por isso que eu saio pra rua
Sem saber pra quê
Na esperança talvez de que o acaso
Por mero descaso me leve a você
Na esperança talvez de que o acaso
Por mero descaso
Me leve… eu sei

No dia em que eu vim me embora (Gilberto Gil e Caetano Veloso)

No dia em que eu vim-me embora minha mãe chorava em ai
Minha irmã chorava em ui e eu nem olhava pra trás
No dia que eu vim-me embora não teve nada de mais
Mala de couro forrada com pano forte brim cáqui
Minha avó já quase morta, minha mãe até a porta
Minha irmã até a rua e até o porto meu pai
O qual não disse palavra durante todo o caminho
E quando eu me vi sozinho, vi que não entendia nada
Nem de pro que eu ia indo nem dos sonhos que eu sonhava
Senti apenas que a mala de couro que eu carregava
Embora estando forrada fedia, cheirava mal
Afora isto ia indo, atravessando, seguindo
Nem chorando nem sorrindo sozinho pra Capital
Nem chorando nem sorrindo sozinho pra Capital
Sozinho pra Capital
Sozinho pra Capital
Sozinho pra Capital…

Linha do Equador

Luz das estrelas
laço do infinito
gosto tanto dela assim
rosa amarela
voz de todo grito
gosto tanto dela assim
esse imenso, desmedido amor
vai além de seja o que for
vai além de onde eu vou
do que sou, minha dor
minha linha do equador
esse imenso, desmedido amor
vai além de seja o que for
passa mais além do
céu de brasília
traço do arquiteto
gosto tanto dela assim
gosto de filha música de preto
gosto tanto dela assim
essa desmesura de paixão
é loucura do coração
minha foz do iguaçu
polo sul, meu azul
luz do sentimento nu
esse imenso, desmedido amor
vai além de seja o que for
vai além de onde eu vou
do que sou, minha dor,
minha linha do equador
mas é doce morrer nesse mar
de lembrar e nunca esquecer
se eu tivesse mais alma pra dar
eu daria, isso para mim é viver

É proibido proibir

A mãe da virgem diz que não
E o anúncio da televisão
E estava escrito no portão
E o maestro ergueu o dedo
E além da porta
Há o porteiro, sim…

E eu digo não
E eu digo não ao não
Eu digo: É!
Proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir…

Me dê um beijo meu amor
Eles estão nos esperando
Os automóveis ardem em chamas
Derrubar as prateleiras
As estantes, as estátuas
As vidraças, louças
Livros, sim…

E eu digo sim
E eu digo não ao não
E eu digo: É!
Proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir…

Me dê um beijo meu amor
Eles estão nos esperando
Os automóveis ardem em chamas
Derrubar as prateleiras
As estátuas, as estantes
As vidraças, louças
Livros, sim…

E eu digo sim
E eu digo não ao não
E eu digo: É!
Proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir…

Cajuína

Existirmos: a que será que se destina?
Pois quando tu me deste a rosa pequenina
Vi que és um homem lindo e que se acaso a sina
Do menino infeliz não se nos ilumina
Tampouco turva-se a lágrima nordestina
Apenas a matéria vida era tão fina
E éramos olharmo-nos intacta retina
A cajuína cristalina em Teresina

(mais…)

Bat Macumba

bat macumba ê ê, bat macumba oba
bat macumba ê ê, bat macumba oba
bat macumba ê ê, bat macumba oba
bat macumba ê ê, bat macumba o
bat macumba ê ê, bat macumba
bat macumba ê ê, bat macum
bat macumba ê ê, batman
bat macumba ê ê, bat
bat macumba ê ê, ba
bat macumba ê ê
bat macumba ê
bat macumba
bat macum
batman
bat
ba
bat
bat ma
bat macum
bat macumba
bat macumba ê
bat macumba ê ê
bat macumba ê ê, ba
bat macumba ê ê, bat
bat macumba ê ê, batman
bat macumba ê ê, bat macum
bat macumba ê ê, bat macumba
bat macumba ê ê, bat macumba o
bat macumba ê ê, bat macumba oba
bat macumba ê ê, bat macumba oba
bat macumba ê ê, bat macumba oba
(mais…)

Panis et circenses

Eu quis cantar
Minha canção iluminada de sol
Soltei os panos sobre os mastros no ar
Soltei os tigres e os leões nos quintais
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer

Mandei fazer
De puro aço luminoso um punhal
Para matar o meu amor e matei
Às cinco horas na avenida central
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer

Mandei plantar
Folhas de sonho no jardim do solar
As folhas sabem procurar pelo sol
E as raízes procurar, procurar

Mas as pessoas na sala de jantar
Essas pessoas na sala de jantar
São as pessoas da sala de jantar
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer
(mais…)

Tropicália

Sobre a cabeça os aviões
Sob os meus pés, os caminhões
Aponta contra os chapadões, meu nariz

Eu organizo o movimento
Eu oriento o carnaval
Eu inauguro o monumento
No planalto central do país

Viva a bossa, sa, sa
Viva a palhoça, ça, ça, ça, ça

O monumento é de papel crepom e prata
Os olhos verdes da mulata
A cabeleira esconde atrás da verde mata
O luar do sertão
O monumento não tem porta
A entrada é uma rua antiga,
Estreita e torta
E no joelho uma criança sorridente,
Feia e morta,
Estende a mão

Viva a mata, ta, ta
Viva a mulata, ta, ta, ta, ta

No pátio interno há uma piscina
Com água azul de Amaralina
Coqueiro, brisa e fala nordestina
E faróis
Na mão direita tem uma roseira
Autenticando eterna primavera
E no jardim os urubus passeiam
A tarde inteira entre os girassóis

Viva Maria, ia, ia
Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia

No pulso esquerdo o bang-bang
Em suas veias corre muito pouco sangue
Mas seu coração
Balança a um samba de tamborim
Emite acordes dissonantes
Pelos cinco mil alto-falantes
Senhoras e senhores
Ele pões os olhos grandes sobre mim

Viva Iracema, ma, ma
Viva Ipanema, ma, ma, ma, ma

Domingo é o fino-da-bossa
Segunda-feira está na fossa
Terça-feira vai à roça
Porém, o monumento
É bem moderno
Não disse nada do modelo
Do meu terno
Que tudo mais vá pro inferno, meu bem
Que tudo mais vá pro inferno, meu bem

Viva a banda, da, da
Carmen Miranda, da, da, da, da

(mais…)

Sampa

Alguma coisa acontece
No meu coração
Que só quando cruzo a Ipiranga
E a Avenida São João…

É que quando eu cheguei por aqui
Eu nada entendi
Da dura poesia
Concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta
De tuas meninas…

Ainda não havia para mim Rita Lee
A tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruzo a Ipiranga
E a Avenida São João…

Quando eu te encarei
Frente a frente
Não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi
De mau gosto, mau gosto
É que Narciso acha feio
O que não é espelho
E a mente apavora
O que ainda não é mesmo velho
Nada do que não era antes
Quando não somos mutantes…

E foste um difícil começo
Afasto o que não conheço
E quem vem de outro sonho
Feliz de cidade
Aprende de pressa a chamar-te
De realidade
Porque és o avesso
Do avesso, do avesso, do avesso…

Do povo oprimido nas filas
Nas vilas, favelas
Da força da grana que ergue
E destrói coisas belas
Da feia fumaça que sobe
Apagando as estrêlas
Eu vejo surgir teus poetas
De campos e espaços
Tuas oficinas de florestas
Teus deuses da chuva…

Panaméricas
De Áfricas utópicas
Túmulo do samba
Mais possível novo
Quilombo de Zumbi
E os novos baianos
Passeiam na tua garoa
E novos baianos
Te podem curtir numa boa…

(mais…)

O Leãozinho

gosto muito de te ver leãozinho
caminhando sob o sol
gosto muito de você leãozinho
para desentristecer leãozinho
o meu coração tão só
basta eu encontrar você no caminho

um filhote de leão raio da manhã
arrastando o meu olhar como um ímã
o meu coração é o sol pai de toda cor
quando ele lhe doura a pele ao léu

gosto de te ver ao sol leãozinho
de te ver entrar no mar
tua pele tua luz tua juba
gosto de ficar ao sol leãozinho
de molhar minha juba
de estar perto de você e entrar numa

(mais…)

Alegria, Alegria

Caminhando contra o vento
Sem lenço e sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou…

O sol se reparte em crimes
Espaçonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
Eu vou…

Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e Brigitte Bardot…

O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou…

Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou
Por que não, por que não…

Ela pensa em casamento
E eu nunca mais fui à escola
Sem lenço e sem documento,
Eu vou…

Eu tomo uma coca-cola
Ela pensa em casamento
E uma canção me consola
Eu vou…

Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome, sem telefone
No coração do Brasil…

Ela nem sabe até pensei
Em cantar na televisão
O sol é tão bonito
Eu vou…

Sem lenço, sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou…

Por que não, por que não…
Por que não, por que não…
Por que não, por que não…
Por que não, por que não…
(mais…)

Não Enche

Me larga, não enche
Você não entende nada
E eu não vou te fazer entender…

Me encara, de frente
É que você nunca quis ver
Não vai querer, nem vai ver
Meu lado, meu jeito
O que eu herdei de minha gente
Eu nunca posso perder
Me larga, não enche
Me deixa viver, me deixa viver
Me deixa viver, me deixa viver…

Cuidado, oxente!
Está no meu querer
Poder fazer você desabar
Do salto, nem tente
Manter as coisas como estão
Porque não dá, não vai dá…

Quadrada! Demente!
A melodia do meu samba
Põe você no lugar
Me larga, não enche
Me deixa cantar, me deixa cantar
Me deixa cantar, me deixa cantar…

Eu vou
Clarificar
A minha voz
Gritando
Nada, mais de nós!
Mando meu bando anunciar
Vou me livrar de você…

Harpia! Aranha!
Sabedoria de rapina
E de enredar, de enredar
Perua! Piranha!
Minha energia é que
Mantém você suspensa no ar
Prá rua! se manda!
Sai do meu sangue
Sanguessuga
Que só sabe sugar
Pirata! Malandra!
Me deixa gozar, me deixa gozar
Me deixa gozar, me deixa gozar…

Vagaba! Vampira!
O velho esquema desmorona
Desta vez prá valer
Tarada! Mesquinha!
Pensa que é a dona
E eu lhe pergunto
Quem lhe deu tanto axé?
À-toa! Vadia!
Começa uma outra história
Aqui na luz deste dia “D”
Na boa, na minha
Eu vou viver dez
Eu vou viver cem
Eu vou vou viver mil
Eu vou viver sem você…(2x)

Eu vou viver sem você
Na luz desse dia “D”
Eu vou viver sem você…

(mais…)

Você é linda

Fonte de mel
Nos olhos de gueixa
Kabuki, máscara
Choque entre o azul
E o cacho de acácias
Luz das acácias
Você é mãe do sol
A sua coisa é toda tão certa
Beleza esperta
Você me deixa a rua deserta
Quando atravessa
E não olha pra trás

Linda
E sabe viver
Você me faz feliz
Esta canção é só pra dizer
E diz
Você é linda
Mais que demais
Vocé é linda sim
Onda do mar do amor
Que bateu em mim

Você é forte
Dentes e músculos
Peitos e lábios
Você é forte
Letras e músicas
Todas as músicas
Que ainda hei de ouvir
No Abaeté
Areias e estrelas
Não são mais belas
Do que você
Mulher das estrelas
Mina de estrelas
Diga o que você quer

Você é linda
E sabe viver
Você me faz feliz
Esta canção é só pra dizer
E diz
Você é linda
Mais que demais
Você é linda sim
Onda do mar do amor
Que bateu em mim

Gosto de ver
Você no seu ritmo
Dona do carnaval
Gosto de ter
Sentir seu estilo
Ir no seu íntimo
Nunca me faça mal

Linda
Mais que demais
Você é linda sim
Onda do mar do amor
Que bateu em mim
Você é linda
E sabe viver
Você me faz feliz
Esta canção é só pra dizer
E diz
(mais…)