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Pour Elis

Agora, o braço não é mais
O braço erguido num grito de gol
Agora, o braço é uma linha, um traço
Um rastro espelhado e brilhante
O rascunho, de um rascunho
Uma forma nebulosa, feita de luz e sombra
Como uma estrela agora, sou uma estrela

Agora retiram de mim a cobertura de carne
Escorrem todo o sangue
Afinam os ossos em fios luminosos
E aí estou: Pelo salões, pelas casas
Cidades, parecida comigo

E assim dizem, recontam a vida
E assim dizem, recontam a vida

E todas as figuras são assim
Desenhos de luz, agrupamentos de pontos
De partículas, um quadro de impulsos
Um processamento de sinais
E aí estou: Pelo salões, pelas casas
Cidades, parecida comigo

E assim dizem, recontam a vida
E assim dizem, recontam a vida

Geração Y

Aí,ai
Meu bem
Tire a calcinha
Aí, ai
Galope meu laptop
Oi, oi
Me clone
Aí no seu smartphone
Me bote online, não me largue
Ipad, Ipad, Ipod, aí pode
Vem depressa, porque
Meu bem, meu bem, meu bem, meu bem

Daqui a alguns anos
Vamos ter de governar (ah, ah!)
Daqui a alguns anos
Vamos ter de governar (ah, ah!)
Daqui a alguns anos
Infelizmente governar

Oh, e os nossos ideais, ai, quem diria
No mesmo camburão da burguesia
Uma renca de parentes atender
Nos ritos e delitos do poder

Puta, que tragédia
Desaba sobre nós!
Logo depois que a ilusão tem voz

Oh oh, yes!
Wireless
Um E.T
Dentro do HD
Mas, além disso
O ambiente é compromisso
Porque já somos o pós-humano
E o novo antropomórfico bando, ô

Vem depressa, porque
Meu bem, meu bem, meu bem, meu bem

Daqui a alguns anos
Vamos ter de governar (ah, ah!)
Daqui a alguns anos
Vamos ter de governar (ah, ah!)
Daqui a alguns anos
Infelizmente governar
Daqui a alguns anos
Infelizmente governar

São São Paulo

São, São Paulo
Quanta dor
São, São Paulo
Meu amor

São oito milhões de habitantes
De todo canto em ação
Que se agridem cortesmente
Morrendo a todo vapor
E amando com todo ódio
Se odeiam com todo amor
São oito milhões de habitantes
Aglomerada solidão
Por mil chaminés e carros
Caseados à prestação
Porém com todo defeito
Te carrego no meu peito

São, São Paulo
Quanta dor
São, São Paulo
Meu amor

Salvai-nos por caridade
Pecadoras invadiram
Todo centro da cidade
Armadas de rouge e batom
Dando vivas ao bom humor
Num atentado contra o pudor
A família protegida
Um palavrão reprimido
Um pregador que condena
Uma bomba por quinzena
Porém com todo defeito
Te carrego no meu peito

São, São Paulo
Quanta dor
São, São Paulo
Meu amor

Santo antônio foi demitido
Dos ministros de cupido
Armados da eletrônica
Casam pela TV
Crescem flores de concreto
Céu aberto ninguém vê
Em brasília é veraneio
No rio é banho de mar
O país todo de férias
E aqui é só trabalhar
Porém com todo defeito
Te carrego no meu peito

São, São Paulo
Quanta dor
São, São Paulo
Meu amor

Defeito 11 – Tangolomango

Rico chega na dança
de braço dado
O diabo enche a pança
de braço dado

O olho grande e a ganância
de braço dado
Ao dólar reverência
todo arriba-saiado
Aos juros, esconjuros
todo calça-arriado

Isso é o tangolomango

O rico hoje, coitado,
É preso, todo cercado
Arrodeado de grades
Porteiroguarda e alarme

Arranje, Senhor, um porto
Que ele não ‘steja acuado
Com um pouco de conforto
Pra ele estar sossegado

Mas a verbá, a verbé,
A verborrologia dessa politimerdia
É o tangolomango
E a cárdio-filosoporria
É o tangolomango

Bis E é nesse tangolomango
Que me voy pal pueblo

A pequena suburbana

A pequena suburbana naquela periferia
Uma simples vira lata no fundo da via láctea
Sem nome sem dinastia
Pois não é que essa vadia se pinta como distinta
E ainda pensa e pondera ai quem me dera
Sei lá… uma atmosfera

Mas vejam, vejam só que a dita cuja
É uma mera suburbana e dos ares que se dá
E a pose com que se abana na brisa que ela mesma
Criou pra se refrescar, pois esta louca cigana
Ainda pensa e pondera ai quem me dera
Sei lá.. Uma atmosfera

Pelos ares os quasares querem ter
O azul que nos teus mares dá-se a ver
Como tanta doidivanas desejar
Eles pedem muito menos sem ter mágoa
Luz e brilho trocaríam para levar
Uma simples e pequena gota d’água

Mas, receio, no coito que ela se entrega
Vai que afoita ela se esfrega numa ameba
Lá naquela lamacenta mistureba
E dispara um multiplicar sem regra
Pois a vida é suicida e quando pega
Não controla mais o barco que navega

A pequena suburbana