No rancho fundo

No rancho fundo
Bem prá lá do fim do mundo
Onde a dor e a saudade
Contam coisas da cidade . . .
No rancho fundo
bem pra lá do fim do mundo
Um moreno canta as mágoas
Tendo os olhos rasos d’água . . .
Pobre moreno
Que de noite no sereno
Espera a lua no terreiro
Tendo um cigarro por companheiro
Sem um aceno
Ele pega na viola
E a lua por esmola
Vem pro quintal desse moreno!
No rancho fundo
Bem prá lá do fim do mundo
Nunca mais houve alegria
Nem de noite, nem de dia
Os arvoredos
Já não contam mais segredos
E a última palmeira
Já morreu na cordilheira
Os passarinhos
Internaram-se nos ninhos
De tão triste, essa tristeza
Cobre de treva a natureza
Tudo por que?
Só por causa do moreno
Que era grande, hoje é pequeno
Para uma casa de sapê.


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