Sem título – Paulo Leminski
Eu tão isóscelesVocê ânguloHipótesesSobre o meu tesão Teses síntesesAntítesesVê bem onde pisesPode ser meu coração Paulo Leminski Autor: Paulo Leminski
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Paulo Leminski era filho de Áurea Pereira Mendes, de descendência africana, e de Paulo Leminski, militar de descendência polonesa, nasceu em Curitiba (PR) no dia 24 de agosto de 1944. Além de poeta, foi um importante professor, tradutor e escritor brasileiro. Fazia poesias sem grandes compromissos e se destacou com obras como “Catatau” e “Maldita”, ambos marcados pelo exacerbado experimentalismo narrativo e linguístico.
Na segunda metade do século XX Paulo Leminski tornou-se um dos mais importantes poetas brasileiros. Inventou sua própria forma de escrever poesias, fazendo brincadeiras e trocadilhos com ditados populares. Era profundamente fascinado pelo zen-budismo e pela cultura japonesa e graças a essa paixão escreveu a biografia de Matsuo Bashô. Leminsk também escreveu letras de músicas ao lado de cantores como Itamar Assumpção e Caetano Veloso.
Viveu ao lado da poetisa Alice Ruiz por 20 anos, sendo ela a responsável por organizar toda sua obra. No dia 7 de junho de 1989 Paulo Leminski faleceu em Curitiba (PR). Entre os principais destaques estão: Catatau (1976), 80 Poemas (1980), Caprichos e Relaxos (1983), Agora é Que São Elas (1984), Anseios Crípticos (1986), entre outras.
Eu tão isóscelesVocê ânguloHipótesesSobre o meu tesão Teses síntesesAntítesesVê bem onde pisesPode ser meu coração Paulo Leminski Autor: Paulo Leminski
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isso de quererser exatamente aquiloque a gente éainda vainos levar além Paulo Leminski Autor: Paulo Leminski
Incenso fosse música – Paulo Leminski Read More »
em mimeu vejoo outroe outroenfim dezenastrens passandovagões cheios de gente centenas o outroque há em mim é vocêvocêe você assim comoeu estou em vocêeu estou neleem nóse só quandoestamos em nósestamos em pazmesmo que estejamos a sós Paulo Leminski Autor: Paulo Leminski
Contranarciso – Paulo Leminski Read More »
Escrevo. E pronto.Escrevo porque preciso,preciso porque estou tonto.Ninguém tem nada com isso.Escrevo porque amanhece,E as estrelas lá no céuLembram letras no papel,Quando o poema me anoitece.A aranha tece teias.O peixe beija e morde o que vê.Eu escrevo apenas.Tem que ter por quê? Paulo Leminski Autor: Paulo Leminski
Razão de ser – Paulo Leminski Read More »
O sentido, acho, é a entidade mais misteriosa do universo.Relação, não coisa, entre a consciência, a vivência e as coisas e os eventos.O sentido dos gestos. O sentido dos produtos. O sentido do ato de existir.Me recuso (sic) a viver num mundo sem sentido.Estes anseios/ensaios são incursões em busca do sentido.Por isso o próprio da
Buscando o sentido – Paulo Leminski Read More »
Esta página, por exemplo,não nasceu para ser lida.Nasceu para ser pálida,um mero plágio da Ilíada,alguma coisa que cala,folha que volta pro galho,muito depois de caída. Nasceu para ser praia,quem sabe Andrômeda, AntártidaHimalaia, sílaba sentida,nasceu para ser últimaa que não nasceu ainda. Palavras trazidas de longepelas águas do Nilo,um dia, esta pagina, papiro,vai ter que ser
Aviso aos náufragos – Paulo Leminski Read More »
teu risoreflete no teu canto rima ricaraio de solem dente de ouro “everything is gonna be alright” teu risodiz simteu riso satisfaz enquanto o solque imita teu risonão sai Paulo Leminski Autor: Paulo Leminski
Riso para Gil – Paulo Leminski Read More »
Amar você é coisa de minutosA morte é menos que teu beijoTão bom ser teu que souEu a teus pés derramadoPouco resta do que fuiDe ti depende ser bom ou ruimSerei o que achares convenienteSerei para ti mais que um cãoUma sombra que te aqueceUm deus que não esqueceUm servo que não diz nãoMorto teu
Amar você é coisa de minutos… – Paulo Leminski Read More »
Já disse de nós.Já disse de mim.Já disse do mundo.Já disse agora,eu que já disse nunca. Todo mundo sabe,eu já disse muito. Tenho a impressãoque já disse tudo.E tudo foi tão de repente… Paulo Leminski Autor: Paulo Leminski
Já disse – Paulo Leminski Read More »
“words set to music” (Dantevia Pound), “uma viagem aodesconhecido” (Maiakóvski), “cernese medulas” (Ezra Pound), “a fala doinfalável” (Goethe), “linguagemvoltada para a sua própriamaterialidade” (Jakobson),“permanente hesitação entre som esentido” (Paul Valery), “fundação doser mediante a palavra” (Heidegger),“a religião original da humanidade”(Novalis), “as melhores palavras namelhor ordem” (Coleridge), “emoçãorelembrada na tranquilidade”(Wordsworth), “ciência e paixão”(Alfred de Vigny), “se
Poesia: – Paulo Leminski Read More »
O papel é curto. Viver é comprido. Oculto ou ambíguo, tudo o que eu digo tem ultrassentido. Se rio de mim, me levem a sério. Ironia estéril? Vai nesse ínterim, meu inframistério. Paulo Leminski Autor: Paulo Leminski
Suprassumo da quintessência – Paulo Leminski Read More »
Quando o mistério chegar,já vai me encontrar dormindo,metade dando pro sábado,outra metade, domingo.Não haja som nem silêncio,quando o mistério aumentar.Silêncio é coisa sem senso,não cesso de observar.Mistério, algo que, penso,mais tempo, menos lugar.Quando o mistério voltar,meu sono esteja tão solto,nem haja susto no mundoque possa me sustentar. Meia-noite, livro aberto.Mariposas e mosquitospousam no texto incerto.Seria
Adminimistério – Paulo Leminski Read More »
Amar você é coisa de minutosA morte é menos que teu beijoTão bom ser teu que souEu a teus pés derramadoPouco resta do que fuiDe ti depende ser bom ou ruimSerei o que achares convenienteSerei para ti mais que um cãoUma sombra que te aqueceUm deus que não esqueceUm servo que não diz nãoMorto teu
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Escrevia no espaço.Hoje, grafo no tempo,na pele, na palma, na pétala,luz do momento.Soo na dúvida que separao silêncio de quem gritado escândalo que cala,no tempo, distância, praça,que a pausa, asa, levapara ir do percalço ao espasmo. Eis a voz, eis o deus, eis a fala,eis que a luz se acendeu na casae não cabe mais
Sintonia para pressa e presságio – Paulo Leminski Read More »
não discutocom o destinoo que pintareu assino Paulo Leminski Autor: Paulo Leminski
Não discuto – Paulo Leminski Read More »
A lua foi ao cinema,passava um filme engraçado,a história de uma estrelaque não tinha namorado. Não tinha porque era apenasuma estrela bem pequena,dessas que, quando apagam,ninguém vai dizer, que pena! Era uma estrela sozinha,ninguém olhava pra ela,e toda a luz que ela tinhacabia numa janela. A lua ficou tão tristecom aquela história de amorque até
A lua no cinema – Paulo Leminski Read More »
O que quer dizer diz.Não fica fazendoo que, um dia, eu sempre fiz.Não fica só querendo, querendo,coisa que eu nunca quis.O que quer dizer, diz.Só se dizendo num outroo que, um dia, se disse,um dia, vai ser feliz. Paulo Leminski Autor: Paulo Leminski
O que quer dizer – Paulo Leminski Read More »
Os livros sabem de cormilhares de poemas.Que memória!Lembrar, assim, vale a pena.Vale a pena o desperdício,Ulisses voltou de Tróia,assim como Dante disse,o céu não vale uma história.um dia, o diabo veioseduzir um doutor Fausto.Byron era verdadeiro.Fernando, pessoa, era falso.Mallarmé era tão pálido,mais parecia uma página.Rimbaud se mandou pra África,Hemingway de miragens.Os livros sabem de tudo.Já
M. de memória – Paulo Leminski Read More »
Essa minha securaessa falta de sentimentonão tem ninguém que segure,vem de dentro.Vem da zona escuradonde vem o que sinto.Sinto muito,sentir é muito lento. Paulo Leminski Autor: Paulo Leminski
Parada cardíaca – Paulo Leminski Read More »
Um homem com uma dorÉ muito mais eleganteCaminha assim de ladoCom se chegando atrasadoChegasse mais adiante Carrega o peso da dorComo se portasse medalhasUma coroa, um milhão de dólaresOu coisa que os valha Ópios, édens, analgésicosNão me toquem nesse dorEla é tudo o que me sobraSofrer vai ser a minha última obra Paulo Leminski Autor:
Dor elegante – Paulo Leminski Read More »
Esta língua não é minha,qualquer um percebe.Quem sabe maldigo mentiras,vai ver que só minto verdades.Assim me falo, eu, mínima,quem sabe, eu sinto, mal sabe.Esta não é minha língua.A língua que eu falo travauma canção longínqua,a voz, além, nem palavra.O dialeto que se usaà margem esquerda da frase,eis a fala que me lusa,eu, meio, eu dentro,
Invernáculo – Paulo Leminski Read More »
No fundo, no fundo,bem lá no fundo,a gente gostariade ver nossos problemasresolvidos por decreto a partir desta data,aquela mágoa sem remédioé considerada nulae sobre ela — silêncio perpétuo extinto por lei todo o remorso,maldito seja quem olhar pra trás,lá pra trás não há nada,e nada mais mas problemas não se resolvem,problemas têm família grande,e aos
Bem no fundo – Paulo Leminski Read More »