Mário Quintana

Filho de Virgínia de Miranda Quintana e de Celso de Oliveira Quintana, Mário Quintana nasceu na cidade de Alegrete (RS) no dia 30 de julho de 1906. Mário Quintana é frequentemente considerado um dos maiores poetas do século XX, atuou como tradutor, poeta e jornalista. Mestre do humor, das palavras e da síntese poética, em 1980 recebeu o “Prêmio Machado de Assis” e em 1981 foi presenteado com o “Prêmio Jabuti”.

Começou a trabalhar, em 1929, como tradutor no jornal “O Estado”. Em 1940, Mário Quintana publicou seu primeiro livro de sonetos intitulado “A Rua dos Cataventos”. 8 anos depois Mário Quintana publicou “Sapato Florido”, uma experiência que culmina na obra “Do Caderno H”, que reúne poemas curtos em prosa, mas com densidades e dimensões poéticas irônicas. Por 3 vezes Mário Quintana tentou fazer parte da Academia Brasileira de Letras e jamais perdoou a recusa dos acadêmicos.

A partir de 1988 Mário Quintana passou a publicar suas “Agendas Poéticas”, que se tornaram rapidamente um sucesso de vendas. A obra era basicamente um breve texto para cada dia do ano escrito pelo autor. Mário de Miranda Quintana faleceu em Porto Alegre (RS) no dia 5 de maio de 1994. Entre suas principais obras estão: A Rua dos Cataventos (1940), Espelho Mágico (1951), Canções (1945), Batalhão das Letras (1948), O Aprendiz de Feiticeiro (1950), Sapato Florido (1947), Poesias (1962), Pé de Pilão (1968), entre outras.

Presença – Mário Quintana

É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,teu perfil exato e que, apenas, levemente, o ventodas horas ponha um frêmito em teus cabelos…É preciso que a tua ausência trescalesutilmente, no ar, a trevo machucado,as folhas de alecrim desde há muito guardadasnão se sabe por quem nalgum móvel antigo…Mas é preciso, também, que seja como […]

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Segunda canção de muito longe – Mário Quintana

Havia um corredor que fazia cotovelo:Um mistério encanando com outro mistério, no escuro…Mas vamos fechar os olhosE pensar numa outra cousa… Vamos ouvir o ruído cantado, o ruído arrastado das correntes no algibe,Puxando a água fresca e profunda.Havia no arco do algibe trepadeiras trêmulas.Nós nos debruçávamos à borda, gritando os nomes uns dos outros,E lá

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O pobre poema – Mário Quintana

Eu escrevi um poema horrível!É claro que ele queria dizer alguma coisa…Mas o quê?Estaria engasgado?Nas suas meias-palavras havia no entanto uma ternura mansa como a que se vê nos olhos de uma criança doente, uma precoce, incompreensível gravidadede quem, sem ler os jornais,soubesse dos seqüestrosdos que morrem sem culpados que se desviam porque todos os

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Os poemas – Mário Quintana

Os poemas são pássaros que chegamnão se sabe de onde e pousamno livro que lês. Quando fechas o livro, eles alçam voocomo de um alçapão.Eles não têm pousonem portoalimentam-se um instante em cada par de mãose partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias,no maravilhado espanto de saberesque o alimento deles já estava em ti…

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Esperança – Mário Quintana

Lá bem no alto do décimo segundo andar do AnoVive uma louca chamada EsperançaE ela pensa que quando todas as sirenasTodas as buzinasTodos os reco-recos tocaremAtira-seE — ó delicioso voo!Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,Outra vez criança…E em torno dela indagará o povo:— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?E ela lhes dirá(É

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A Rua dos Cataventos – Mário Quintana

Da vez primeira em que me assassinaram,Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.Depois, a cada vez que me mataram,Foram levando qualquer coisa minha. Hoje, dos meus cadáveres eu souO mais desnudo, o que não tem mais nada.Arde um toco de Vela amarelada,Como único bem que me ficou. Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!Pois dessa

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Canção do dia de sempre – Mário Quintana

Tão bom viver dia a dia…A vida assim, jamais cansa… Viver tão só de momentosComo estas nuvens no céu… E só ganhar, toda a vida,Inexperiência… esperança… E a rosa louca dos ventosPresa à copa do chapéu. Nunca dês um nome a um rio:Sempre é outro rio a passar. Nada jamais continua,Tudo vai recomeçar! E sem

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Deixa-me seguir para o mar – Mário Quintana

Tenta esquecer-me… Ser lembrado é comoevocar-se um fantasma… Deixa-me sero que sou, o que sempre fui, um rio que vai fluindo… Em vão, em minhas margens cantarão as horas,me recamarei de estrelas como um manto real,me bordarei de nuvens e de asas,às vezes virão em mim as crianças banhar-se… Um espelho não guarda as coisas

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