Jorge de Lima
Conhecido como Jorge de Lima, Jorge Mateus de Lima nasceu em União dos Palmares (AL) no dia 23 de abril de 1895. Jorge de Lima foi um importante poeta brasileiro que fez parte do Segundo Tempo Modernista. Foi também, biógrafo, ensaísta, historiador, médico, pintor, prosador e fotógrafo.
Mudou-se para Maceió, em 1902 e estreou na literatura, em 1914, com “XIV Alexandrinos”, obra poética com estrutura da escola parnasiana. Retornou em 1915 para Maceió e passou a se dedicar exclusivamente a Medicina. Lecionou e também foi diretor da saúde pública do estado. A carreira como poeta de Jorge de Lima foi heterogenia, passou por várias fases literárias, iniciou-se no Movimento Parnasiano, e no final da década de 20 já demonstrava características e técnicas do Modernismo, em especial do versos livres.
Jorge de lima abordou temas relacionados à paisagem nordestina, como a flora e a fauna local, além do folclore, a infância e a miséria do povo. Entre suas principais obras estão: XIV Alexandrinos (1914). O Mundo do Menino Impossível (1925), Poemas (1927), Novos Poemas, (1927), Salomão e as Mulheres (1927), Poemas Escolhidos, (1932), O Anjo (1934), entre outras.
Para Cândido Portinari Vejo sangue no ar, vejo o piloto que levava uma flor para a noiva, abraçado com a hélice. E o violinista em que a morte acentuou a palidez, despenhar-se com sua cabeleira negra e seu estradivárius. Há mãos e pernas de dançarinas arremessadas na explosão. Corpos irreconhecíveis identificados pelo Grande Reconhecedor. Vejo […]
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O grande desastre aéreo de ontem – Jorge de Lima Read More »
Éguas vieram, à tarde, perseguidas, depositaram bostas sob as vides. Logo após as borboletas vespertinas, gordas e veludosas como urtigas sugar vieram o esterco fumegante. Se as vísseis, vós diríeis que o composto das asas e dos restos eram flores. Porque parecem sexos; nesse instante, os mais belos centauros do alto empíreo, pelas pétalas desceram
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XVIII – Jorge de Lima Read More »
Há uns eclipses, há; e há outros casos: de sementes de coisas serem outras, rochedos esvoaçados por acasos e acasos serem tudo, coisas todas. Lãs de faces, madeiras invisíveis, visão de coitos entre os impossíveis, folhas brotando de âmagos de bronze, demônios tristes choros nas bifrontes. Tudo é veleiro sobre as ondas íris, condores podem
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XXVII – Jorge de Lima Read More »
Ora, se deu que chegou (isso já faz muito tempo) no bangüê dum meu avô uma negra bonitinha, chamada negra Fulô. Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! Ó Fulô! Ó Fulô! (Era a fala da Sinhá) — Vai forrar a minha cama pentear os meus cabelos, vem ajudar a tirar a minha roupa, Fulô! Essa
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Essa Negra Fulô – Jorge de Lima Read More »
Tempo da infância, cinza de borralho,tempo esfumado sobre vila e rioe tumba e cal e coisas que eu não valho,cobre isso tudo em que me denuncio. Há também essa face que sumiue o espelho triste e o rei desse baralho.Ponho as cartas na mesa. Jogo frio.Veste esse rei um manto de espantalho. Era daltônico o
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Anjo daltônico – Jorge de Lima Read More »
A tristeza era tanta, tanta a mágoa que seu anjo da guarda resolvera lutar com ele, lutar para lutar, que o interesse da vida perecera. Ave e serpente, círculo e pirâmide, os olhos em fuzil e os doces olhos, os laços, os vôos livres e as escamas. Que doida simetria nesses ódios! Que forças transcendentes
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A tristeza era tanta, tanta a mágoa – Jorge de Lima Read More »
Mulher proletária — única fábricaque o operário tem, (fabrica filhos)tuna tua superprodução de máquina humanaforneces anjos para o Senhor Jesus,forneces braços para o senhor burguês. Mulher proletária,o operário, teu proprietáriohá de ver, há de ver:a tua produção,a tua superprodução,ao contrário das máquinas burguesassalvar o teu proprietário. Jorge de Lima Autor: Jorge de Lima
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Mulher proletária – Jorge de Lima Read More »
Lá vem o acendedor de lampiões de rua! Este mesmo que vem, infatigavelmente, Parodiar o Sol e associar-se à lua Quando a sobra da noite enegrece o poente. Um, dois, três lampiões, acende e continua Outros mais a acender imperturbavelmente, À medida que a noite, aos poucos, se acentua E a palidez da lua apenas
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O acendedor de lampiões – Jorge de Lima Read More »
As cantigas lavam a roupa das lavadeiras. As cantigas são tão bonitas, que as lavadeiras ficam tão tristes, tão pensativas! As cantigas tangem os bois dos boiadeiros! ¬ Os bois são morosos, a carga é tão grande! O caminho é tão comprido que não tem fim. As cantigas são leves … E as cantigas levam
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Cantigas – Jorge de Lima Read More »
À senhora Heitor Usai Alta noite, quando escreveis um poema qualquer sem sentirdes o que escreveis, olhai vossa mão — que vossa mão não vos pertence mais; olhai como parece uma asa que viesse de longe. Olhai a luz que de momento a momento sai entre os seus dedos recurvos. Olhai a Grande Mão que
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Alta noite quando escreveis – Jorge de Lima Read More »
A garupa da vaca era palustre e bela, uma penugem havia em seu queixo formoso; e na fronte lunada onde ardia uma estrela pairava um pensamento em constante repouso. Esta a imagem da vaca, a mais pura e singela que do fundo do sonho eu às vezes esposo e confunde-se à noite à outra imagem
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XV – Jorge de Lima Read More »
Vinha boiando o corpo adolescente, belo pastor e sonho perturbado. Deus abaixou-lhe os cílios alongados para que ele dormindo flutuasse. Ressuscita-o, Senhor, essa medusa de sangue juvenil em rosto impúbere, desterrado da vida, flor perdida, irmão gêmeo de Apolo trimagista. Seca-lhe a espuma que lhe inunda o peito e as convulsões mortais que o imolaram
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Vinha boiando o corpo adolescente… – Jorge de Lima Read More »
Jorge de Lima 1. Um barão assinalado sem brasão, sem gume e fama cumpre apenas o seu fado: amar, louvar sua dama, dia e noite navegar, que é de aquém e de além-mar a ilha que busca e amor que ama. Nobre apenas de memórias, vai lembrando de seus dias, dias que são as histórias,
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Invenção de Orfeu – Jorge de Lima Read More »