Cora Coralina

Cora Coralina foi uma contista e poetisa brasileira. Publicou seu primeiro livro apenas quando já tinha 75 anos e tornou-se ao longo dos anos uma das figuras femininas mais relevantes da literatura nacional. Filha de Jacinta Luísa do Couto Brandão e de Francisco de Paula Lins dos Guimarães Peixoto, Ana Lins dos Guimarães Peixoto, conhecida como Cora Coralina, nasceu na cidade de Goiás (GO) em agosto de 1889.

Cora Coralina começou a redigir contos e poemas quando tinha apenas 14 anos. Chegou a publicá-los em 1908, no jornal de poemas “A Rosa”, criado por ela e algumas amigas. Seu conto “Tragédia na Roça” foi publicado em 1910 no “Anuário Histórico e Geográfico do Estado de Goiás”, usando pela primeira vez o pseudônimo de Cora Coralina. Nos últimos anos de sua vida, sua obra literária foi reconhecida pelo público e Cora passou a ser convidada para participar de programas de televisão e conferências públicas.

Durante este período também recebeu o prêmio “Juca Pato” da União Brasileira dos Escritores e em 1984 foi nomeada para a Academia Goiânia de Letras, ocupando a cadeira nº. 38. Entre suas principais obras estão: Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais (1965), Meu Livro de Cordel (1976), Vintém de Cobre: Meias Confissões de Aninha (1983), Estórias da Casa Velha da Ponte, contos (1985), Os Meninos Verdes (1980), entre outras.

Becos de Goiás – Cora Coralina

Becos da minha terra…Amo tua paisagem triste, ausente e suja.Teu ar sombrio. Tua velha umidade andrajosa.Teu lodo negro, esverdeado, escorregadio.E a réstia de sol que ao meio-dia desce fugidia,e semeias polmes dourados no teu lixo pobre,calçando de ouro a sandália velha, jogada no monturo. Amo a prantina silenciosa do teu fio de água,Descendo de quintais […]

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Cora Coralina, quem é você? – Cora Coralina

Sou mulher como outra qualquer.Venho do século passadoe trago comigo todas as idades. Nasci numa rebaixa de serraentre serras e morros.“Longe de todos os lugares”.Numa cidade de onde levaramo ouro e deixaram as pedras. Junto a estas decorrerama minha infância e adolescência. Aos meus anseios respondiamas escarpas agrestes.E eu fechada dentroda imensa serraniaque se azulava

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Meu destino – Cora Coralina

Nas palmas de tuas mãosleio as linhas da minha vida.Linhas cruzadas, sinuosas,interferindo no teu destino.Não te procurei, não me procurastes –íamos sozinhos por estradas diferentes.Indiferentes, cruzamosPassavas com o fardo da vida…Corri ao teu encontro.Sorri. Falamos.Esse dia foi marcadocom a pedra brancada cabeça de um peixe.E, desde então, caminhamosjuntos pela vida… Cora Coralina Autor: Cora Coralina

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Oferta de Aninha (aos moços) – Cora Coralina

Eu sou aquela mulhera quem o tempomuito ensinou.Ensinou a amar a vida.Não desistir da luta.Recomeçar na derrota.Renunciar a palavras e pensamentos negativos.Acreditar nos valores humanos.Ser otimista.Creio numa força imanenteque vai ligando a família humananuma corrente luminosade fraternidade universal.Creio na solidariedade humana.Creio na superação dos errose angústias do presente.Acredito nos moços.Exalto sua confiança,generosidade e idealismo.Creio nos

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Saber viver – Cora Coralina

Não sei…se a vida é curtaou longa demais para nós.Mas sei que nada do que vivemostem sentido,se não tocarmos o coração das pessoas. Muitas vezes basta ser:colo que acolhe,braço que envolve,palavra que conforta,silêncio que respeita,alegria que contagia,lágrima que corre,olhar que sacia,amor que promove. E isso não é coisa de outro mundo:é o que dá sentido

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Todas as vidas – Cora Coralina

Vive dentro de mimuma cabocla velhade mau-olhado,acocorada ao pé do borralho,olhando para o fogo.Benze quebranto.Bota feitiço…Ogum. Orixá.Macumba, terreiro.Ogã, pai de santo… Vive dentro de mima lavadeira do Rio Vermelho.Seu cheiro gostosod’água e sabão.Rodilha de pano.Trouxa de roupa,pedra de anil.Sua coroa verde de são-caetano. Vive dentro de mima mulher cozinheira.Pimenta e cebola.Quitute benfeito.Panela de barro.Taipa de

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Aninha e suas pedras – Cora Coralina

Não te deixes destruir…Ajuntando novas pedrase construindo novos poemas.Recria tua vida, sempre, sempre.Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.Faz de tua vida mesquinhaum poema.E viverás no coração dos jovense na memória das gerações que hão de vir.Esta fonte é para uso de todos os sedentos.Toma a tua parte.Vem a estas páginase não entraves

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Assim eu vejo a vida – Cora Coralina

A vida tem duas faces: Positiva e negativa O passado foi duro mas deixou o seu legado Saber viver é a grande sabedoria Que eu possa dignificar Minha condição de mulher, Aceitar suas limitações E me fazer pedra de segurança dos valores que vão desmoronando. Nasci em tempos rudes Aceitei contradições lutas e pedras como

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