Poeta: Carolina Maria de Jesus
Nascida em Sacramento, no interior de Minas Gerais, Carolina Maria de Jesus veio ao mundo no dia 14 de março de 1914. Filha de uma lavadeira analfabeta e neta de escravos, Carolina foi criada em uma família com mais sete irmãos. Morando em um barraco na favela quando adulta, durante a noite trabalhava como catadora de papel e durante o dia lia tudo que recolhia.
Estava sempre escrevendo no seu dia a dia. Sonhando em ser escritora, em 1941, decidiu ir até a redação do jornal Folha da Manhã com um poema que escreveu. No dia seguinte, o seu poema, um louvor a Getúlio Vargas, foi oficialmente publicado no jornal. A partir daí, Carolina continuou produzindo regularmente seus poemas e os levando para a redação do jornal – foi popularmente apelidada de “A Poetisa Negra” e era muito admirada pelos leitores.
Graças ao sucesso das vendas de suas obras, Carolina recebe homenagens da Academia Paulista de Letras e da Academia de Letras da Faculdade de Direito de São Paulo. Em 1961, a autora também é agraciada na Argentina com o prêmio “Orden Caballero Del Tornillo”. Entre as principais publicações de Carolina estão: Casa de Alvenaria: Diário de uma Ex-favelada (1961), Pedaços da Fome (1963), Provérbios(1965), entre outras.
Muitas fugiam ao me verPensando que eu não percebiaOutras pediam pra lerOs versos que eu escrevia Era papel que eu catavaPara custear o meu viverE no lixo eu encontrava livros para lerQuantas coisas eu quiz fazerFui tolhida pelo preconceitoSe eu extinguir quero renascerNum país que predomina o preto Adeus! Adeus, eu vou morrer!E deixo esses …
Muitas fugiam ao me ver… – Carolina Maria de Jesus Leia mais »
Sonhei que estava mortaVi um corpo no caixãoEm vez de flores eram IivrosQue estavam nas minhas mãosSonhei que estava estendidaNo cimo de uma mesaVi o meu corpo sem vidaEntre quatro velas acesas Ao lado o padre rezavaComoveu-me a sua oraçãoAo bom Deus ele imploravaPara dar-me a salvaçãoSuplicava ao Pai EternoPara amenizar o meu sofrimentoNão me …
Sonhei – Carolina Maria de Jesus Leia mais »
Quando infiltrei na literaturaSonhava so com a venturaMinhalma estava chêia de hiantoEu nao previa o pranto. Ao publicar o Quarto de DespejoConcretisava assim o meu desejo.Que vida. Que alegria.E agora… Casa de alvenaria.Outro livro que vae circularAs tristêsas vão duplicar.Os que pedem para eu auxiliarA concretisar os teus desejosPenso: eu devia publicar…– o ‘Quarto de …
Quarto de despejo – Carolina Maria de Jesus Leia mais »
Eu sou a flor mais formosaDisse a rosaVaidosa!Sou a musa do poeta. Por todos su contempladaE adorada. A rainha predileta.Minhas pétalas aveludadasSão perfumadasE acariciadas. Que aroma rescendente:Para que me serve esta essência,Se a existênciaNão me é concernente… Quando surgem as rajadasSou desfolhadaEspalhadaMinha vida é um segundo.Transitivo é meu viverDe ser…A flor rainha do mundo.– Carolina …
A rosa – Carolina Maria de Jesus Leia mais »
No campo em que eu repousarSolitária e tenebrosaEu vos peço para adornarO meu jazigo com as rosas As flores são formosasAos olhos de um poetaDentre todas são as rosasA minha flor predileta Se a afeiçoares aos versos inocentesQue deixo escritos aquiE quiseres ofertar-me um presenteDá-me as rosas que pedi. Agradeço-lhe com fervorDesde já o meu …
Dá-me a rosa – Carolina Maria de Jesus Leia mais »
Depôis de conhecer a humanidadesuas perversidadessuas ambiçõesEu fui envelhecendoE perdendoas ilusõeso que predomina é amaldadeporque a bondade:Ninguem praticaHumanidade ambiciosaE gananciosaQue quer ficar rica!Quando eu morrer…Não quero renasceré horrivel, suportar a humanidadeQue tem aparência nobreQue encobreAs pesimas qualidades Notei que o ente humanoÉ perverso, é tiranoEgoista interesseirosMas trata com cortêziaMas tudo é ipocresiaSão rudes, e trapaçêiros– …
Humanidade – Carolina Maria de Jesus Leia mais »
Poeta, em que medita?Por que vives triste assim?É que eu a acho bonitaE você não gosta de mim.Poeta, tua alma é nobreÉs triste, o que o desgosta?Amo-a. Mas sou tão pobreE dos pobres ninguém gosta. Poeta, fita o espaçoE deixa de meditar.É que… eu quero um abraçoE você persiste em negar.Poeta, está triste eu vejoPor …
Poeta – Carolina Maria de Jesus Leia mais »
Poeta, em que medita?Por que vives triste assim?É que eu a acho bonitaE você não gosta de mim.Poeta, tua alma é nobreÉs triste, o que o desgosta?Amo-a. Mas sou tão pobreE dos pobres ninguém gosta. Poeta, fita o espaçoE deixa de meditar.É que… eu quero um abraçoE você persiste em negar.Poeta, está triste eu vejoPor …
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