Alphonsus de Guimaraens

Alphonsus de Guimaraens foi um dos mais relevantes representantes do Movimento Simbolista no Brasil. Sua poesia é quase toda marcada pelo tema da morte da mulher amada, influência da morte de sua prima e amada Constança. Todos os temas que explorou como a natureza, religião e arte, se relacionam de alguma forma, com o mesmo tema da morte.

A poesia do autor projetou-se no panorama literário pela musicalidade e pelo sentimentalismo de seus versos. Os temas predominantes, o amor e a morte, chamavam muita atenção na época que foram escritos. Em uma visita ao Rio Alphonsus de Guimaraens conheceu Cruz e Souza, poeta que já admirava e que, junto com Alphonsus, e Augusto dos Anjos se tornariam os principais nomes do Simbolismo no Brasil.

Entre as principais obras de destaque do autor estão: Setenário das Dores de Nossa Senhora (1899). Dona Mística (1899), Câmara Ardente (1899), Kiriale (1902), Mendigos (1920), Pauvre Lyre (1921), Pastoral aos Crentes do Amor e da Morte (1923), Nova Primavera, Escada de Jacó, Pulvis (1938), entre outras.

XXXIII – ISMÁLIA – Alphonsus de Guimaraens

Quando Ismália enlouqueceu,Pôs-se na torre a sonhar…Viu uma lua no céu,Viu outra lua no mar. No sonho em que se perdeu,Banhou-se toda em luar…Queria subir ao céu,Queria descer ao mar… E, no desvario seu,Na torre pôs-se a cantar…Estava perto do céu,Estava longe do mar… E como um anjo pendeuAs asas para voar…Queria a lua do […]

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Ai dos que vivem, se não fora o sono – Alphonsus de Guimaraens

VIII Ai dos que vivem, se não fora o sono!O sol, brilhando em pleno espaço, caiEm cascatas de luz; desce do tronoE beija a terra inquieta, como um pai. E surge a primavera. O áureo patronoDa terra é sempre o mesmo sol. Mas aiDa primavera, se não fora o outono,Que vem e vai, e volta,

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Árias e canções – Alphonsus de Guimaraens

IV Ouvindo um trio de violino, violeta e violonceloSimbolicamente vestida de roxo(Eram flores roxas num vestido preto)Tão tentadora estava que um diabo coxoFez rugir a carne no meu esqueleto. Toda a pureza do meu amor por elaSe foi num sopro tombar no pó.Os seus olhos intercederam por ela…Mais uma vez eu vi que não me

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Catedral – Alphonsus de Guimaraens

Entre brumas, ao longe, surge a aurora.O hialino orvalho aos poucos se evapora,Agoniza o arrebol.A catedral ebúrnea do meu sonhoAparece, na paz do céu risonho,Toda branca de sol. E o sino canta em lúgubres responsos:“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!” O astro glorioso segue a eterna estrada.Uma áurea seta lhe cintila em cadaRefulgente raio de luz.A catedral

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A passiflora – Alphonsus de Guimaraens

XII A Passiflora, flor da Paixão de Jesus,Conserva em si, piedosa, os divinos Tormentos:Tem cores roxas, tons magoados e sangrentosDas Chagas Santas, onde o sangue é como luz. Quantas mãos a colhê-la, e quantos seios nusVêm, suaves, aninhá-la em queixas e lamentos!Ao tristonho clarão dos poentes sonolentos,Sangram dentro da flor os emblemas da Cruz… Nas

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Árias e canções – Alphonsus de Guimaraens

III A suave castelã das horas mortasAssoma à torre do castelo. As portas,Que o rubro ocaso em onda ensangüentara,Brilham do luar à Luz celeste e clara.Como em órbitas de fatais caveirasOlhos que fossem de defuntas freiras,Os astros morrem pelo céu pressago…São como círios a tombar num lago.E o céu, diante de mim, todo escurece…E eu

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