Soneto para construir janelas

Autor: Gregório Duvivier


 para Paulo Henriques Brítto

Erguer antes de tudo uma parede –

a parede no caso é importantíssima,

pois as janelas só existem sobre

paredes, as janelas sobre nada

são também nada e não são sequer vistas.

Em seguida, quebrá-la até fazer

nela um grande buraco, não maior

que a parede, pois precisamos vê-la,

nem menor que seus braços – as janelas

sobre as quais não se pode debruçar

não são janelas, são buracos. Pronto.

Ou quase: agora basta construir

um mundo do outro lado da parede,

para que possas vê-lo, emoldurado.

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