Autor: Alphonsus de Guimaraens Filho
Se não for pela poesia, como crer na eternidade?
Os ossos da noite doem nos mortos.
A chuva molha cidades que não existem.
O silêncio punge em cada ser acordado pelos cães invisíveis [do assombro.
Os ossos da noite doem nos vivos.
A escuridão lateja como um seio.
E uma voz (de onde vem?) repete incessante, incessantemente:
Se não for pela poesia, como crer na eternidade?
– Alphonsus de Guimaraens Filho, em “Poemas. Alphonsus de Guimaraens Filho”. [Organização de Afonso Henriques Neto]. Rio de Janeiro: Sette Letras, 1998.