Autor: Alphonsus de Guimaraens Filho
A Mario Quintana
Mansa cantilena
num mundo que chora:
até me dá pena
te escutar agora.
Ao ouvir-te, tento
ir até ao fundo
de um deslumbramento
que ainda há no mundo
(pelo que segredas,
pelo que me falas),
tu que assim te quedas
em mim, se te calas,
— ai das cantilenas
num mundo de pranto! —
chama que asserenas
e em nós pões o encanto
de nem sei que dia
feito de inocência,
sopro de poesia
da mais pura ardência.
– Alphonsus de Guimaraens Filho, em “Nó: poemas”. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1984.