Amor – Hilda Hilst

Autor: Hilda Hilst


Que este amor não me cegue nem me siga.

E de mim mesma nunca se aperceba.

Que me exclua de estar sendo perseguida

E do tormento

De só por ele me saber estar sendo.

Que o olhar não se perca nas tulipas

Pois formas tão perfeitas de beleza

Vêm do fulgor das trevas.

E o meu Senhor habita o rutilante escuro

De um suposto de heras em alto muro.

Que este amor só me faça descontente

E farta de fadigas.

E de fragilidades tantas

Eu me faça pequena.

E diminuta e tenra

Como só soem ser aranhas e formigas.

Que este amor só me veja de partida.

Hilda Hilst

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *