Um dia eu vou ser rico
Um dia eu vou me dar bem
Nas tetas da mãe pátria vai mamar feito um neném
Na zona do perigo
Algum dia eu sou alguém
Surfista Leopoldina vindo lá da Funabem
A voz da consciência inevitável da razão
Palavras não são, gestos somem na imensidão
Vergonhas tão discretas disfarçando a emoção
Propostas tão concretas abstratas de tesão
Porque sou bem pretinho
Pensam que sou marginal
No fundo bem no fundo é a vergonha nacional
Vivi muita inocência
Fui metido a bam-bam-bam
Católico apostólico soterrado no divã
Preto vota “em branco”
Contestando a razão
A gente é branco e preto
Preto e branco… É tudo irmão
No nosso abecedário não existe abolição
O branco é sempre preto
O preto é branco
É tudo igual
– Aí, Don Ivo, cumé que tá?
– Parado aqui, malvisto ali, barrado lá…
– Aí meu irmão, sai dessa nóia
Levanta poeira, nós somos Mangueira
Nós somos vitória!!
É tratando tragédia
Como se fosse um carnaval!!
Isso é Brasil!
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