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Jogo do amor

Com meu dinheiro eu comprei de tudo
No jogo da vida eu nunca perdi
Mas o coração da mulher querida
Parece mentira mas não consegui

Ela desprezou a minha riqueza
Com toda franqueza me disse também
Que gosta de outro com toda pobreza
E do meu dinheiro não quer um vintém

Nas demandas que tive na vida
O dinheiro me fez vencedor
Mas agora perdi a partida
O meu ouro não teve valor

Meu rival é um pobre coitado
Não devia ser o ganhador
No entanto é o felizardo
E eu fui derrotado no jogo do amor

Compreendi que nem tudo é dinheiro
E nem tudo se pode comprar
O amor quando é verdadeiro
É de graça pra quem sabe amar

Tribunal do amor

Sei que sou um preso
Preso em liberdade
Confesso, não sou um covarde
Sempre fiz meu papel de homem

Não matei e nem roubei
Só sei que estou condenado
Eu pretendo ser julgado
Pelo tribunal do amor
Sou eu

Sou eu que vivo sofrendo
De paixão estou quase morrendo
Quem viveu comigo não me deu valor
Sou eu

Sou eu que vivo sofrendo
De despeito estou quase morrendo
Por eu ser um condenado do amor

O mineiro e o italiano

O mineiro e o italiano viviam às barras dos tribunais
Numa demanda de terra que não deixava os dois em paz
Só de pensar na derrota o pobre caboclo não dormia mais
O italiano roncava nem que eu gaste alguns capitais
Quero ver esse mineiro voltar de a pé pra Minas Gerais

Voltar de a pé pro mineiro seria feio pros seus parentes
Apelou para o advogado: Fale pro juiz pra ter dó da gente
Diga que nós somos pobres que meus filhinhos vivem doentes
Um palmo de terra a mais para o italiano é indiferente
Se o juiz me ajudar a ganhar lhe dou uma leitoa de presente

Retrucou o advogado: o senhor não sabe o que está falando
Não caia nessa besteira senão nós vamos entrar pro cano
Este juiz é uma fera, caboclo sério e de tutano
Paulista da velha-guarda família de 400 anos
Mandar a leitoa para ele é dar a vitória pro italiano

Porém chegou o grande dia que o tribunal deu o veredicto
Mineiro ganhou a demanda, o advogado achou esquisito
Mineiro disse ao doutor: Eu fiz conforme lhe havia dito
Respondeu o advogado que o juiz vendeu e eu não acredito
Jogo meu diploma fora se nesse angu não tiver mosquito

De fato, falou o mineiro nem mesmo eu tô acreditando
Ver meus filhinhos de a pé meu coração vivia sangrando
Peguei uma leitoa gorda foi Deus do céu me deu esse plano
De uma cidade vizinha para o juiz eu fui despachando
Só não mandei no meu nome mandei no nome do italiano

A sementinha

Lá na casa da fazenda onde eu vivia
Numa manhã de garoa e de céu nublado
Achei no chão do terreiro uma sementinha
Pensei logo em plantá-la no chão molhado
O tempo passou depressa e a mocidade
Chegou como chega a noite ao cair da tarde
Veio morar na fazenda uma caboclinha graciosa
Bela e meiga e na flor da idade

Iniciou-se um romance entre eu e ela
Na sombra aconchegante de uma paineira
Dei a ela uma rosa com muita esperança
Que eu colhi de um galhinho daquela roseira
Marcamos o casamento pro fim do ano
Pra mim só existia ela e pra ela só eu
Pouco mais de uma semana para o nosso idílio
A minha flor prometida doente morreu

Arranquei o pé de rosas na primavera
E plantei na sepultura de minha amada
Todas tardes eu molhava com o meu pranto
A roseira foi murchando e acabou-se em nada
A chuva foi embora e o sol ardente
Matou a minha roseira e secou meu pranto
Só não matou a saudade da caboclinha
Pois eu vejo sua imagem em todo canto

Por isso é que eu vivo longe da minha terra
Seguindo a longa estrada de minha vida
Procuro viver sorrindo mas no entanto
Eu choro ao me recordar a amada querida
O destino como sempre é caprichoso
É cheio de traições e de sonhos loucos
Tal qual aquela roseira e a minha amada
Eu pressinto que também vou morrendo aos poucos

Pombinha branca (Vola Colomba)

Se eu pudesse voar
Igual uma pombinha
Eu voaria em busca
Do meu bem
Eu pediria às nuvens
Eu pediria aos anjos
Que me ajudassem a encontrar
O meu grande amor

Voa pombinha branca, voa
Diz ao meu bem
Para voltar
Diz que eu estou
Triste chorando
Pra nunca mais
Me abandonar

Fomos felizes juntos
Sem separarmos
Foi testemunha o céu
O sol e o mar
Hoje só resta lembranças
Porque tu vives distante
Ecos de um dim dom
os Sinos do Amor

Estrada da vida

Nesta longa estrada da vida
Vou correndo e não posso parar
Na esperança de ser campeão
Alcançando o primeiro lugar
Na esperança de ser campeão
Alcançando o primeiro lugar

Mas o tempo cercou minha estrada
E o cansaço me dominou
Minhas vistas se escureceram
E o final da corrida chegou

Este é o exemplo da vida
Para quem não quer compreender
Nós devemos ser o que somos
Ter aquilo que bem merecer
Nós devemos ser o que somos
Ter aquilo que bem merecer

Mas o tempo cercou minha estrada
E o cansaço me dominou
Minhas vistas se escureceram
E o final desta vida chegou

Violeiro triste

Canta, canta bentivi
Pra mim ouvir
Canta, canta sabiá
Pra me consolá
Que a tristeza e a sodade
Tão me fazendo chorar.

Tem uma viola
Que nas noite de luar
Quando pego a pontear
Chora inté os passarinhos
E quando a lua, lá no céu
Me vê sozinho
Põe a sua luz prateada
Clareando o meu ranchinho.

Canta, canta bentivi
Pra mim ouvir
Canta, canta sabiá
Pra me consolá
Que a tristeza e a sodade
Tão me fazendo chorar.

Aqui na mata
Tenho tudo que eu quero
Tenho o canto do bodero
Tenho o céu e a natureza
E quando a lua vem saindo
Que beleza
Só me falta um amor
Pra matar minha tristeza.

Adeus meu pai

Adeus meu pai, adeus minha mãe
Adeus pessoal, estou indo embora
Pro mundo afora, dentro de um bornal
Levo um restinho de alegria
Um bocadinho de sal, que cai dos olhos
Que dentro deles, como uma saudade mortal.

Eu deixei minha família
De um jeito que tanto faz
Lá no sertão de goiás,
Boiadas marcadas a ferro
Com letras de outro patrão
Quando atravessa o rio grande
Não volta nunca mais não.

Adeus meu pai, etc

Eu deixei minha família, etc

Seresta

Meu violão em seresta à luz de um luar
A natureza em festa, tudo parece cantar
Só eu tristonho na rua, sozinho, sem ninguém

Vivo cantando pra lua a canção que é só tua meu querido bem
Vivo cantando pra lua a canção que é só tua meu querido bem

Porque não vens, não vens escutar o teu cantor a cantar
Esta canção que eu mesmo fiz por ser assim infeliz
Porque não vens não vens escutar o teu cantor a cantar
Esta canção que eu mesmo fiz por ser assim infeliz

Meu violão em seresta à luz de um luar
A natureza em festa, tudo parece cantar
Só eu tristonho na rua, sozinho, sem ninguém

Vivo cantando pra lua a canção que é só tua meu querido bem
Vivo cantando pra lua a canção que é só tua meu querido bem

Eu, a viola e Deus

Eu vim-me embora
E na hora cantou um passarinho
Porque eu vim sozinho
Eu, a viola e Deus

Vim parando assustado, espantado
Com as pedras do caminho
Cheguei bem cedinho
A viola, eu e Deus

Esperando encontrar o amor
Que é das velhas toadas canções
Feito as modas da gente cantar
Nas quebradas dos grandes sertões

A poeira do velho estradão
Deixou marcas no meu coração
E nas palmas da mão e do pé
Os catiras de uma mulher, ei…

Essa hora da gente ir-se embora é doída
Como é dolorida,
Eu, a viola e Deus

Eu vou-me embora
E na hora vai cantar um passarinho
Porque eu vou sozinho
Eu, a viola e Deus

Vou parando assustado, espantado
Com as pedras do caminho
Vou chegar cedinho
A viola, eu e Deus

Bonde camarão

aqui em sao paulo o que mais me amola
sao esses bondes que nem gaiola
cheguei abrir uma portinhola
levei um tranco e quebrei a viola
inda pus dinheiro na caixa da esmola
chegou um veio se faceirando
levou um tranco e foi cambeteando
beijou uma veia e saiu bufando
sentou de um lado e grrou suando
pra mode o vizinho ta catingando
entrou uma moca se arrequebrando
no meu colo ela foi sentando
pra mode o bonde que estava andando
sem a tal zinha estar esperando
eu falo claro eu fiquei gostando
entrou um padre bem barrigudo
levou um tranco dos bem graudo
deu um abraco num bigodudo
protestante dos carrancudo
que deu cavaco com o butinudo
eu vou-me embora pra minha terra
esta porquera inda me inguerra
este povo inda sobe a serra
pra mode a light que os dente ferra
nos passageiro que grita e berra

Lampião de gás

Lampião de gás
Lampião de gás
Quanta saudade
Você me traz

Da sua luzinha verde azulada
Que iluminava a minha janela
Do almofadinha lá na calçada
Palheta branca, calça apertada

Do bilboquê, do diabolô
Me dá foguinho, vai no vizinho
De pular corda, brincar de roda
De benjamim, jagunçu e chiquinho

Lampião de gás
Lampião de gás
Quanta saudade
Você me traz

Do bonde aberto, do carvoeiro
Do vossoureiro, com seu pregão
Da vovózinha, muito branquinha
Fazendo roscas, sequilhos e pão

Da garoinha fria, fininha
Escorregando pela vidraça
Do sabugueiro grande e cheiroso
Lá no quintal da rua da graça

Lampião de gás
Lampião de gás
Quanta saudade
Você me traz

Moda da pinga (marvada pinga)

Co’a marvada pinga é que eu me atrapaio
Eu entro na venda e já dô meu taio
Pego no copo e dali num saio
Ali mesmo eu bebo, ali mesmo eu caio
Só pra carregá é queu dô trabaio, oi lá!

Venho da cidade, já venho cantando
Trago um garrafão que venho chupando
Venho pros caminho, venho trupicando
Chifrando os barranco, venho cambeteando
E no lugar que eu caio já fico roncando, oi lá!

O marido me disse, ele me falô
Largue de bebê, peço pro favor
Prosa de home nunca dei valor
Bebo com o sor quente pra esfriá o calô
Se bebo de noite é pra fazer suadô, oi lá!

Cada vez que eu caio, caio deferente
Meaço pra trás e caio pra frente
Caio devagar, caio de repente
Vou de currupio, vou deretamente
Mas sendo de pinga eu caio contente, oi lá!

Pego o garrafão é já balanceio
Que é pra mode vê se tá mesmo cheio
Num bebo de vez por que acho feio
No primeiro gorpe chego inté no meio
No segundo trago é que eu desvazeio, oi lá!

Eu bebo da pinga porque gosto dela
Eu bebo da branca, bebo da amarela
Bebo no copo, bebo na tigela
Bebo temperada com cravo e canela
Seja quarqué tempo vai pinga na goela, oi lá!

Eu fui numa festa no rio Tietê
Eu lá fui chegando no amanhecê
Já me deram pinga pra mim bebê
Já me deram pinga pra mim bebê, tava sem fervê, oi lá!

Eu bebi demais e fiquei mamada
Eu caí no chão e fiquei deitada
Aí eu fui pra casa de braço dado
Ai de braço dado é com dois sordado
Ai, muito obrigado!

O fogo e a brasa (Tião Carreiro e Praiano)

A mulher do meu sonho é comprometida!
Também tenho outra, meu deus que loucura!
Amor proibido é o merengue da vida
Doce dos amantes até quando dura
A minha riqueza nos braços do outro
Um céu estrelado só vê noite escura
Quando está do meu lado no mundo do amor
Vê tudo brilhante se sente segura…

Fecho a porta do mundo com chave de ouro,
Para ninguém ver nossa grande aventura.

Ela é pro marido o remédio que mata,
Mas é para mim o veneno que cura!
Da janela eu vejo os seu apartamento!
E seus movimentos a cada ensejo!
Da sua janela ela também me vê,
Com o corpo a ferver de tanto desejo…
Os beijos da outra já não me aquecem,
O mesmo acontece com ela também
Lá fora nós somos “o fogo e a brasa”
Que dentro de casa a gente não tem

Da janela eu vejo o seu apartamento,
E seus movimentos a cada ensejo.
Da sua janela ela também me vê,
Com o corpo a ferver de tanto desejo.
Os beijos da outra já não me aquecem…
O mesmo acontece com ela também
Lá fora nós somos “o fogo e a brasa”
Que dentro de casa, a gente não tem.

Noites de angustia (co-autor Dino Franco)

Sei que nunca mais voltarei aos braços de quem eu tanto amo
Embora eu tenha que me esforçar para esquecer
Esta saudade que fere meu peito sempre me acompanha
E sei também que por muito tempo irei padecer

Amei de mais fui abandonado inocentemente
Por isso mesmo aquela mulher eu não quero ver
Ela foi cruel ao renunciar meu amor sincero
Agora do mundo nada mais espero
Nem mesmo que outra possa me querer

Que noites tão longas são as minhas noites
Vejo seu retrato não posso dormir
Daquele dia que você meu bem destruiu meu sonho
Esteja certa que por toda vida eu também morri