Corvos Do Paraíso

Palavras mais palavras
Malditas, desgraçadas…
Outra vez jogadas contra o vento
Tudo aquilo que senti
Já não vale mais nada
Agora que vejo o quão tolo foi acreditar
Que o calor humano da revolução
Jamais queimaria minhas mãos
"Solidariedade proletária" escorrer
Ver o sangue nas costas de meus irmãos…

Agora que se contam corpos como grãos
Com os mortos enterramos nossos ideais
Como não alimentar
O ódio em meu olhar
Se a dor da traição aumenta cada vez
Que lembro de teu discurso febril
Escondendo a foice em teus olhos
E me sinto tão usado, infantil
E tão culpado, imundo, vazio, doente, imbecil
Tudo por ter acreditado uma vez


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2 comentários em “Corvos Do Paraíso”

  1. Peguei em uma comunidade do orkut, resposta dada por Fernando Schultz Aldado:

    é uma clara crítica ao socialismo russo.

    Palavras mais palavras, malditas, desgraçadas… outra vez jogadas contra o vento.

    Na teoria (palavras), o marxismo pode dar certo. Porém, na prática, isso não passa de mera utopia. E toda a teorização e lindas palavras sobre uma sociedade igualitária (Marx e Engels) não passaram de palavras, porque o que foi imposto na prática não foi isso.

    Tudo aquilo que senti já não vale mais nada agora que vejo o quão tolo foi acreditar que o calor humano da revolução jamais queimaria minhas mãos

    Expressa bem a desilusão de pessoas que antes eram entusiastas da filosofia comunista. Talvez o próprio Nenê Altro tenha passado por isso, muita gente passa…
    Esse trecho fala da ingenuidade de pensar que a transição de um sistema capitalista para um marxistas aconteceria pacificamente e de forma intelectual, quando na URSS ocorreram revoluções sangrentas.

    e vejo a “solidariedade proletária” escorrer pelo sangue nas costas de meus irmãos…

    É aqui que dá para perceber do que a música fala. O proletariado é uma expressão bem usada no marxismo. “Solidariedade proletária” é uma alusão ao sistema econômico marxista baseado no cooperativismo, sem a concorrência capitalista em que um poderia ter mais que o outro. Sangue escorrendo, é o sangue do proletariado russo que sofreu durante o regime socialista, muitas mortes, ao invés da utopia.

    Agora que se contam corpos como grãos, com os mortos enterramos nossos ideais.

    Ótimo trocadilho. “Grãos” é para simbolizar a grandeza de mortos durante o regime socialista, assim como se vêem grãos de areia na praia, viam-se corpos no solo russo, uma analogia interessante. Enquanto enterravam os mortos, ali acabava toda hipocrisia de um governo do povo em um sistema cooperativo. Ou seja, é quando eles enxergam a prática que percebem que a teoria está errada.

    Como não alimentar o ódio em meu olhar se a dor da traição aumenta cada vez que lembro de teu discurso febril escondendo a foice em teus olhos, e me sinto tão usado, infantil e tão culpado, imundo, vazio, doente, imbecil, tudo por ter acreditado uma vez.

    “Como não alimentar o ódio”, é algo como: Como viver como se tudo não tivesse acontecido? Ele se sente traido porque, como já coloquei, a teoria socialista foi oposta a prática. “Discurso febril”, declarações emotivas da teoria marxista. “Foice em seus olhos”, o discurso era falso, os olhos enxergavam uma revolução sangrenta.

    O título Corvos do Paraíso não é muito claro. Tenho duas hipóteses:
    – Os corvos seriam as pessoas mortas pela revolução, que estão agora se sentindo cupadas, usadas, imbecis, infatis, doentes, imundas por estar vendo toda a realidade, assim como os corvos se alimentam dos mortos.

    – Os corvos podem ser os idealizadores como Stalin, que estavam em alto calão (Paraíso) enriquecendo sua revolução com a morte de pessoas assim como os corvos usam as pessoas para sua alimentação. O paraíso seria a utopia, o lugar belo que todos eles desejavam, mas eram como corvos.

    Acredito que a segunda hipótese é mais válida.

    Abraços.

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  2. Li e concordo plenamente com o que foi comentado por “Andreza”. Tem tudo uma ideia voltada ao regime implantado na antiga união soviética. Mas observando a letra da forma que ELA comentou, eu não deixaria de perceber que isto serve a qualquer “república” mundial, pois na sua grande maioria a luta para se fazer a conquista veio com “Palavras mais palavras
    Malditas, desgraçadas.” com, “Agora que vejo o quão tolo foi acreditar.” (Os ancestrais dos poucos restantes índios que vivem em nosso território devem pensar assim). “Agora que se contam corpos como grãos”, (isso pode ser utilizado para explicar qualquer guerra, capitalista). E “Que lembro de teu discurso febril
    Escondendo a foice em teus olhos”, esta parte da música mostra bem que ele se refere ao comunismo, mas fazendo uma troca da foice por ferramenta, (referência a revolução industrial), daria pra se estabelecer uma critica ao nosso atual sistema Capitalista.

    PS. conheço a pouco a banda, mas estou me questionando muito. Por que demorei tanto para conhece-la?

    Abraço

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